Manutenção de bancos de germoplasma de hortaliças não convencionais e plantas medicinais do IFMG - campus Bambuí.



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Transcrição:

Manutenção de bancos de germoplasma de hortaliças não convencionais e plantas medicinais do IFMG - campus Bambuí. Fernando Bruno XAVIER¹; Ricardo Monteiro CORREA²; Luciano Donizete GONÇALVES²; Isaac Alves TONACO³; Saulo Gomes COSTA³ ¹Estudante do curso de Agronomia e bolsista de iniciação científica da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG ²Professores do IFMG - campus Bambuí ³Estudantes de Agronomia do IFMG campus Bambuí RESUMO Banco de Germoplasma é uma área destinada à conservação de espécies de uso imediato ou futuro. Para se evitar as perdas ou extinção as ações integradas de coleta e conservação destes acessos são de fundamental importância para um melhor e mais duradouro aproveitamento do potencial deste ramo. O objetivo do presente trabalho é a mantença do banco de germoplasmas de plantas medicinais e condimentares existente no IFMG Campus Bambuí. As principais medidas tomadas para realização do trabalho foram as seguintes: coleta, identificação, manutenção, introdução e conservação. Este esforço em organizar uma rede de bancos de germoplasma dentro de uma instituição de ensino permite ao corpo docente uma melhor utilização destas espécies, bem como a preservação dos materiais. O trabalho foi realizado no setor de Olericultura do Instituto Federal de Minas Gerais Campus Bambuí. Os acessos foram coletados em diferentes localidades da região do estado mineiro. Após a coleta, os materiais foram colocados em casa de vegetação para emissão das brotações e posteriormente seu transplantio para o horto. Ao final de seis meses de trabalho foi possível coletar e introduzir 28 novas espécies medicinais e condimentares no horto, tais como Açafrão (Crocus sativus), Babosa (Aloe vera (L) Burm f), Balsamo (Sedum dendroideum), Beldroega (Portulaca oleracea), Boldo-do-chile (Peumus boldus), Cana-de-macaco (Costus spiralis), Cavalinha (Equisetum arvense ou E. Giganteum), Erva cidreira brasileira (Lippia alba), Erva-macaé (Leonurus sibiricus), Feijão jacatupé (Pachyrhizus erosus), Funcho (Foeniculum vulgare), Gengibre (Zingiber officinale), Hortelã vick (Mentha arvensis), Jiló (Solanum gilo), Manjericão (Ocimum basilicum L.), Marcela-do-campo (Achyrocline satureioides (Lam.), Melissa (Melissa officinalis), Mertiolate (Jatropha multifida L.), Mil folhas (Achilllea millefolium), Orapro-nobis (Pereskia aculeata), Orégano (Origanum vulgare), Palma Forrageira (Opuntia ficusindica), Pimenta biquinho (Capsicum chinense), Poejo (Mentha pulegium), Saião (Kalanchoe brasiliensis Cambess), Tanchagem (Plantago major), Anador (Alternanthera brasiliensis) e Vinagreira (Hibiscus sabdariffa), sendo todas adaptadas à região apresentando 100% de pegamento. Palavras chave: Horto medicinal, Hortaliças não convencionais, Acessos, Resgate alimentar, Propagação.

INTRODUÇÃO Bancos de germoplasma são coleções de material vivo, em forma de sementes, pólen, tecidos ou indivíduos cultivados, que visam a conservação da diversidade genética das espécies vegetais, especialmente daquelas de importância sócio-econômica que estejam ameaçadas pela erosão genética e/ou que demandem ações para o melhoramento genético. Com o crescente aumento da erosão dos recursos genéticos vegetais, a preocupação principal, por parte dos melhoristas é com a diminuição ou perda da variabilidade genética de espécies cultivadas e seus parentes silvestres, bem como de variedades locais, gerando o estreitamento da base genética (Hallauer & Miranda, 1988). A vulnerabilidade resultante do estreitamento da base genética só pode ser evitada com variabilidade, a qual depende dos recursos genéticos disponíveis, ou seja, do germoplasma da espécie (Casali, 1969). Para evitar a perda da diversidade, pela extinção de espécies não convencionais, é fundamental realizar a coleta de germoplasma, a sua conservação e o uso sustentável da variabilidade genética. Em realidade, os bancos de germoplasma não possuem apenas a função de armazenar o material genético, sendo também responsável pelas atividades de prospecção, coleta, introdução, intercâmbio, quarentena, caracterização, conservação, inspeção, multiplicação e regeneração do germoplasma (RAMALHO, 2000). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população mundial depende da medicina tradicional para atender às suas necessidades de cuidados primários de saúde e grande parte desta medicina tradicional envolve o uso de plantas medicinais, seus extratos vegetais ou seus princípios ativos (IUCN, 1993). Os alimentos não-convencionais são ricos em um ou mais nutrientes benéficos à saúde, podendo ajudar a combater as carências nutricionais da população brasileira (ALIMENTOS REGIONAIS BRASILEIROS, 2008). Com isso a criação deste banco de germoplasma serve de apóio não somente para a instituição de ensino, mas também para a saúde da comunidade Bambuiense. O objetivo do presente trabalho é a manutenção do banco de germoplasmas de plantas medicinais e condimentares do IFMG Campus Bambuí, para servirem de base à futuros estudos científicos que serão propostos pelo corpo docente, alem de resgatar as pessoas o hábito de consumirem estas hortaliças não condimentares. MATERIAL E MÉTODO O Banco de germoplasma está localizado no setor de Olericultura do IFMG - Campus Bambuí, Latitude 20 02 15.55 S e Longitude 46 00 30.13 O, onde o trabalho se encontra em realização. Os acessos foram coletados em diferentes regiões do estado, tais como, Patrocínio, Serra do Salitre, Lavras, Piuí, Bambuí e no próprio IFMG - Campus Bambuí. A área do horto é composta de 5 canteiros de 10 m de comprimento, 1 m de largura e 20 cm de altura, feitos com auxílio de encanteiradeira. A limpeza da área infestada de plantas daninhas foi realizada através da capina manual e roçada mecânica, em seguida, as plantas que se apresentavam definhadas foram podadas para se revigorarem. Todas as espécies foram fertilizadas com esterco bovino na proporção de 5 kg/m² de

esterco bovino, 3 kg/m² de composto orgânico. O controle de pragas e doenças foi feito com extratos de plantas, tais como, alho, pimenta, fumo e neem, sem a aplicação de agrotóxicos. Os acessos foram coletados em diferentes localidades da região mineira, onde as espécies doadas por instituições parceiras como Emater, IAC, Embrapa, UFLA, UFV e coletados na região foram introduzidas no horto medicinal obedecendo ao tipo de propagação para cada espécies. Os acessos recebidos em forma de propágulos foram cortados em forma de bisel para se evitar o acúmulo de água no caule e consequentemente o apodrecimento e colocados para emissão das brotações; as sementes foram semeadas em bandejas de 128 células contendo substrato comercial Bioplant e as demais formas de propagação tais como, rizomas, mudas e/ou touceiras foram plantadas no local definitivo do horto. As espécies foram observadas quanto ao crescimento, produção de matéria seca, fenologia e tolerância à pragas e doenças. As plantas suscetíveis, menos vigorosas foram eliminadas deixando apenas as plantas tolerantes, adaptadas as condições locais para coleta de materiais propagativos. RESULTADO E DISCUSSÃO No ano de 2009 iniciou-se o projeto de estabelecimento de banco de germoplasma de hortaliças não convencionais e plantas medicinais no campus Bambuí. Hoje no decorrer do trabalho o banco conta com um acréscimo de 28 espécies. A tabela 1 ilustra as principais espécies de plantas medicinais e hortaliças não convencionais introduzidas no horto do campus. Tabela 1: Principais espécies introduzidas no banco de germoplasmas de plantas medicinais e hortaliças não convencionais do IFMG Campus Bambuí em 2010. PLANTAS MEDICINAIS Nome Comum Nome Científico Indicações Erva cidreira Lippia alba Tranqüilizante e sedativa brasileira Erva-macaé Leonurus sibiricus Calmante Feijão jacatupé Pachyrhizus erosus Vias urinárias, febre, nefrite. Gengibre Zingiber officinale Dores de cabeça e na coluna, congestão nasal, cólicas menstruais e previne o câncer(cancro) de intestino e ovário. Vick Mentha arvensis Descongestionante nasal, gases do aparelho digestivo, sedativo do estômago, náuseas, vômitos Manjericão Ocimum basilicum Infecções da pele e vias respiratórias, rachaduras nos mamilos, bronquite, cólicas, febres, insônia, problemas digestivos. Mil folhas Achilllea millefolium Acne,afecções da pele (abscessos, feridas, eczemas, etc.); afecções urinárias, e muitas outras. Mertiolate Jatropha multifida L. Hematoma, hemorragia, hemorróida, hidropsia, inflamação. HORTALIÇAS NÃO CONVENCIONAIS Nome Comum Nome Científico Uso Açafrão Crocus sativus Temperos e coloração na culinária. Orégano Origanum vulgare Tempero Hortelã Mentha spicata Aromatizante e óleo essencial

Funcho Foeniculum vulgare aromatizante As plantas foram conduzidas de acordo com a exigência de cada espécie. O feijão jacatupé, por exemplo, pelo seu hábito rasteiro necessitou de um suporte para seu crescimento. O resgate e a valorização de hortaliças não convencionais irão favorecer a utilização de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversidade de cultivos, o menor uso de insumos industriais, bem como a preservação das tradições culturais, da culinária regional e do patrimônio genético. Pesquisas de Fátima Agra et al (2008) revelaram a importância de ter um banco de germoplasma para estudar as espécies medicinais. Estes autores fizeram um levantamento das principais espécies medicinais utilizadas na região nordeste e concluiu que grande parte destas plantas tem sido utilizada pela população da região sendo que muitas ainda carecem de estudos botânicos e farmacológicos. Muitas espécies possuem elevada diversidade genética possuindo ampla base genética para futuros trabalhos de melhoramento. Segundo Bertoni et al. (2008) trabalhando com a espécie Zeyheria montana Mart, uma espécie medicinal do cerrado, elaborou um banco de germoplasma de indivíduos, representando a variabilidade desta espécie. Este mesmo autor concluiu que as informações levantadas no projeto serão estratégias para dar suporte a programas de conservação de Z. montana. As pesquisas com plantas medicinais e hortaliças não convencionais se fortaleceram bastante nestes últimos meses sendo que o campus de Bambuí poderá se tornar um centro avançado em plantas medicinais e olericultura devido ao corpo docente qualificado, área disponível para cultivos, parcerias já firmadas com outros centros de pesquisa como a UFLA, UFV, IAC e Embrapa. CONCLUSÕES As caracterizações preliminares dos acessos do Banco de Germoplasma de plantas medicinais e condimentares tiveram como resultado um acréscimo significativo de espécies que contribuirão para futuras pesquisas e intercâmbio com outras instituições. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG pela concessão da bolsa de iniciação científica para execução do projeto em questão. Ao setor de Olericultura por permitir a utilização de suas instalações e materiais e aos colegas pela leitura crítica e formatação do texto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALIMENTOS REGIONAIS BRASILEIROS: Tabelas de propriedades. p. 132-138. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/partes/aliment_reg8.pdf. Acesso em: 15 dez. 2009. BERTONI, B. W.; ASTOLFI FILHO, S.; MARTINS, E. R.; DAMIÃO FILHO, C. F.; FRANÇA, S. C; PEREIRA, A. M. S; TELLES, M. P. C; DINIZ FILHO, J. Genetic variability in natural populations of Zeyheria montana mart. from the Brazilian Cerrado. Scientia Agrícola. v.64, n.4, 2007. CASALI, V.W.D. Banco de germoplasma de hortaliças. Seminário do Curso de Pós-Graduação em Fitotecnia. Viçosa, MG: UFV, 1969. 8 p. (Mimeografado). FÁTIMA AGRA, M.; SILVA, K. N; BASÍLIO, I. J. L. D; FREITAS, P. F. BARBOSA-FILHO, J. M. Survey of medicinal plants used in the region Northeast of Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia. V. 18, n. 2. 2008. HALLAUER, A.R.; MIRANDA, J.B. Germplasm. In: HALLAUER, A.R.; MIRANDA, J.B. Quantitative genetics in maize breeding. 2. ed., 1988. Cap. 11, p.375-396 IUCN THE INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE AND NATURAL RESOURCES. Guidelines on the conservation of medicinal plants Gland: Switzerland. 1993. 50 p. RAMALHO, M.A.P.; SANTOS, J.B.; PINTO, C.A.B.P. Genética na agropecuária. Lavras: Editora UFLA, 2000. 472 p.