GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO DO INGLÊS NO 1.º e 2.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO RELATÓRIO Agrupamento de Escolas Levante da Maia Distrito do Porto Concelho da Maia Data da intervenção: de 16-04-2018 a 20-04-2018 Área Territorial de Inspeção Norte
ENQUADRAMENTO DA AÇÃO As políticas educativas nacionais espelham a relevância conferida à língua inglesa e o forte investimento na melhoria das competências linguísticas dos alunos no que concerne a esta língua estrangeira. Após a implementação do ensino do Inglês no 1.º ciclo do ensino básico (CEB), através das atividades de enriquecimento curricular, generalizadas aos quatro anos, seguindo a tendência dos sistemas educativos na Europa, a disciplina de Inglês foi integrada no currículo do 1.º CEB. Assim, o Decreto-Lei n.º 176/2014, de 12 de dezembro, introduz o ensino da língua inglesa com carácter obrigatório para todos os alunos que ingressaram no 3.º ano de escolaridade no ano letivo de 2015/2016, e, a partir de 2016/2017, para o 3.º e 4.º anos, estabelecendo ainda a possibilidade de as escolas poderem proporcionar o complemento ou a iniciação anterior do estudo desta língua. A Portaria n.º 197/2017, de 23 de junho, que repristina a Portaria n.º 260-A/2014, de 15 de dezembro, redefine a correspondência entre os níveis de proficiência do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas e os anos de escolaridade para a aprendizagem do Inglês entre o 3.º e o 12.º anos. O Despacho n.º 9442/2015, de 19 de agosto, homologa as Metas Curriculares para o 1.º, 2.º e 3.º CEB. Tais iniciativas traduzem o reconhecimento da importância da iniciação precoce do ensino da língua inglesa, patente ainda no investimento que tem vindo a ser realizado ao nível da formação dos docentes e da criação de um grupo de recrutamento específico para o 1.º CEB, o 120. Em maio de 2017, um estudo da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, centrado no 2.º CEB e no ano letivo de 2014/2015, destaca as disciplinas de Inglês e de Português como ocupando o segundo e terceiro lugares, respetivamente, de maior número de classificações negativas a nível nacional entre os alunos matriculados no 5.º e 6.º anos de escolaridade. Tais resultados afiguram-se preocupantes, atendendo às políticas educativas anteriormente descritas, implementadas no sentido da melhoria das competências linguísticas dos alunos. Com esta atividade, a IGEC procura conhecer e acompanhar o desenvolvimento do ensino do Inglês no 1.º e 2.º CEB e pretende contribuir para a construção de uma atuação estratégica orientada para o sucesso da disciplina de Inglês. OBJETIVOS Apreciar o planeamento, o desenvolvimento e a avaliação da ação educativa, no âmbito do ensino do Inglês curricular no 1.º e 2.º ciclos do ensino básico. Promover práticas pedagógicas e didáticas, com vista a adequar a ação educativa às finalidades do perfil de competências dos alunos. Incentivar a reflexão crítica, o trabalho colaborativo, a supervisão da prática pedagógica, a implementação de diversificadas estratégias de ensino ajustadas aos ritmos de aprendizagem dos alunos, bem como a autoavaliação das práticas. 2
Contribuir para uma gestão do currículo mais eficaz, promovendo a articulação e a sequencialidade entre os diversos níveis de ensino, de modo a garantir a melhoria das experiências de aprendizagem com impacto nos resultados dos alunos. Identificar boas práticas no âmbito do ensino da língua inglesa. O presente relatório apresenta à escola as conclusões relativas aos aspetos mais positivos e aqueles a melhorar, no que concerne a três domínios e tem como finalidade contribuir para uma gestão do currículo mais eficaz ao nível do ensino do Inglês, com impacto positivo nas aprendizagens e nos resultados dos alunos. PLANEAMENTO CURRICULAR NO ÂMBITO DA DISCIPLINA DE INGLÊS NO 1.º e 2.º CEB Aspetos mais positivos - A definição de objetivos e metas para o processo de ensino e de aprendizagem da língua inglesa, entre outras áreas disciplinares, nos documentos de referência do Agrupamento (projeto educativo e plano de articulação entre ciclos), bem como de estratégias, atividades e modalidades de avaliação nos documentos de planeamento específico da disciplina. - O trabalho colaborativo desenvolvido pelos docentes do 1.º e 2.º CEB, com incidência na sequencialidade de anos e ciclos, realizado no âmbito da implementação da medida organizativa reunião de área disciplinar (RAD) e possibilitada pela fixação, nos seus horários, de um tempo semanal comum. - A identificação dos fatores de insucesso e a reflexão realizada sobre os resultados dos alunos que conduziram à seleção, pelo Agrupamento, da solução organizativa que consiste na marcação nos horários das turmas do 2.º CEB de um tempo semanal simultâneo de Português e Inglês, com desdobramento nas duas disciplinas, com vista à realização de trabalho numa lógica de oficina para o desenvolvimento da oralidade e da produção escrita. - A descrição, nos critérios de avaliação da disciplina, de um perfil de aprendizagens específicas para cada ano de escolaridade e/ou ciclo, por referência aos vários domínios constantes nas Metas Curriculares, considerando, também, as competências elencadas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. - A identificação das necessidades e o investimento em formação específica na área disciplinar de Inglês, bem como o desenvolvimento de formas de partilha interna da formação realizada pelos docentes. - A rentabilização da medida organizativa RAD, nomeadamente para a definição de linhas orientadoras que vincule a ação docente e as práticas letivas no que concerne, entre 3
outros, aos seguintes aspetos: atividades concretas a desenvolver no âmbito do desdobramento semanal para trabalho de oficina de oralidade e de produção escrita; tipo de experiências de aprendizagem a proporcionar e privilegiar; formas de organização dos alunos e, ainda, o uso da língua inglesa como língua de comunicação na sala de aula. DESENVOLVIMENTO CURRICULAR NO ÂMBITO DA DISCIPLINA DE INGLÊS NO 1.º e 2.º CEB Aspetos mais positivos - O investimento na articulação entre ciclos que possibilita o conhecimento, pelos docentes dos 1.º e 2.º CEB, dos conteúdos lecionados em cada um dos ciclos, bem como a identificação das lacunas com que os alunos transitaram. - A organização e gestão da sala de aula, concretamente no que respeita a momentos frequentes de verificação da compreensão dos conteúdos lecionados, de consolidação dos mesmos, e de retorno por parte do professor, com observância do respeito pelos erros e confusões naturais na aprendizagem de uma língua estrangeira. - A diversidade de atividades e tarefas propostas, em contexto de sala de aula, por alguns docentes, favorecedoras de uma maior motivação e gosto pela aprendizagem da língua inglesa e promotoras do desenvolvimento de aprendizagens mais significativas. - O recurso a estratégias de diferenciação pedagógica e a abordagens dirigidas quer às dificuldades concretas de alguns alunos, quer ao desenvolvimento do potencial de desempenho linguístico de outros, de modo a melhorar a qualidade das aprendizagens e a promover o sucesso de todos, em detrimento da proposta regular de soluções externas ao Agrupamento. - A reflexão sobre os constrangimentos identificados pelos docentes no desenvolvimento do processo de ensino, quer no que respeita a recursos tecnológicos alocados a algumas escolas do 1.º CEB, quer no que concerne à distribuição da carga horária e ao tempo letivo que é atribuído à área disciplinar. - O incremento de projetos e atividades comuns e interciclos, designadamente para o desenvolvimento do domínio intercultural previsto nas Metas Curriculares, e a sua inscrição no plano anual de atividades do Agrupamento. - A promoção de atividades de sala de aula mais centradas nos alunos, bem como de estratégias com maior enfoque no desenvolvimento da sua competência comunicativa, que podem passar pelo incentivo a uma maior interação entre os discentes, nomeadamente através de utilização, com maior frequência, de modalidades de trabalho em pares e em grupos. AVALIAÇÃO CURRICULAR NO ÂMBITO DA DISCIPLINA DE INGLÊS NO 1.º e 2.º CEB 4
Aspetos mais positivos - A fixação de critérios de avaliação para cada ano e ciclo, enquanto referenciais comuns a todos os intervenientes, e a sua divulgação à comunidade educativa, no que respeita ao 2.º CEB. - A aferição, entre os docentes, da avaliação dos progressos das aprendizagens dos alunos, nomeadamente nos momentos periódicos de reflexão conjunta sobre os resultados da avaliação. - A divulgação, na página eletrónica do Agrupamento, dos documentos de referência relativos à gestão curricular e aos critérios de avaliação do 1.º CEB, à semelhança dos outros ciclos de ensino. - O recurso a formas de recolha de informação mais diversificadas, que possibilitem uma avaliação da evolução das aprendizagens dos alunos através da utilização de diferentes técnicas e instrumentos, adequados aos diferentes domínios previstos nas Metas Curriculares em vigor. - A implementação, pelo grupo/departamento de área disciplinar, de rotinas de avaliação das práticas pedagógicas com vista à consolidação ou reajustamento de metodologias, estratégias, e processos de gestão da sala de aula, apoiadas em mecanismos de supervisão regular da prática letiva. Data: 20-04-2018 A Equipa Inspetiva: Ana Margarida Penha Manuela Parente Concordo. À consideração do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência, para homologação. A Chefe de Equipa Multidisciplinar da Área Territorial de Inspeção do Norte Maria Madalena Moreira 2018-06-28 Homologo. O Subinspetor-Geral da Educação e Ciência Por subdelegação de competências do Senhor Inspetor-Geral da Educação e Ciência nos termos do Despacho n.º 10918/2017, de 15 de novembro, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 238, de 13 de dezembro de 2017 5