2. O PROGRAMA REDE SOCIAL NO CONCELHO DE ARCOS DE VALDEVEZ



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Transcrição:

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 2. O PROGRAMA REDE SOCIAL NO CONCELHO DE ARCOS DE VALDEVEZ Fotografia 2.1.: Ponte Medieval sobre o Rio Vez (Ponte da Vila)

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 16 2.1. Princípios e metodologia de intervenção no âmbito da implementação do Programa Rede Social Perante a complexidade das formas e mecanismos de exclusão social, o pensamento convencional parece ter esgotado sua possibilidade de dar resposta a interrogações cada vez mais amplas. Daí, a necessidade de recuperar a capacidade de pensar de forma criativa, aprendendo com a realidade e diligenciando novos estratégias de intervenção. É nesse âmbito que surge a Rede Social surge em Portugal com o objectivo de contribuir para a erradicação da pobreza e da exclusão social e para a promoção do desenvolvimento social, apoiando-se nas tradições nacionais no campo de entre-ajuda familiar e das solidariedades sociais. 1 Neste ponto aborda-se a concepção da Rede Social à luz da Resolução do Conselho de Ministros n.º197/97, os princípios em que assenta o Programa Rede Social (PRS), os objectivos, produtos e impactos esperados do mesmo. A aprovação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 197/97 de 18 de Novembro deu início, oficialmente, à implementação do Programa Piloto Rede Social em Portugal. A noção de Rede Social ficou assim alicerçada na tradição secular de entre-ajuda familiar e de solidariedade mais alargada que está na base da acção de várias instituições particulares, como pequenas unidades de produção familiares e iniciativas de acção social espalhados pelo país. São redes de entre-ajuda ao nível das famílias, vizinhança, vida profissional, cultural e desportiva e das fortes tradições de associativismo de todo o país. 1 Castro, José Luís, Rede Social, Módulos PROFISS Projecto de Formação Inicial Qualificante para a Solidariedade e Segurança Social, Lisboa, Instituto do Emprego e Formação Profissional e Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, 2000, p.5.15.

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 17 Esta é a filosofia de base da Rede Social, apoiando-se nos valores da solidariedade social já existente no país, em diversos âmbitos de intervenção, fomentando, assim, a consciência colectiva e responsável dos problemas sociais. 2 A Rede Social é um incentivo ao aparecimento de redes de apoio social integrado ao nível local que possam contribuir para activar os meios e agentes de resposta, conjugar esforços de diferentes entidades com intervenção social, optimizar as respostas existentes a nível local e inovar a concretização das medidas de política social. É por isso considerada um fórum de congregação e de articulação de esforços (recursos e acções do âmbito social), baseado na adesão livre das autarquias e das entidades públicas e privadas sem fins lucrativos que nela queiram participar 3. Assim, a Rede Social define-se como o conjunto das diferentes formas de entre-ajuda, bem como das entidades particulares sem fins lucrativos e dos organismos públicos que trabalham no domínio da acção social e articulam entre si e com o governo a respectiva actuação, com vista à erradicação ou atenuação da pobreza e exclusão social e à promoção do desenvolvimento social. 4 A partir da referida Resolução do Conselho de Ministros surge, em finais de 1999, a implementação do Programa Piloto da Rede Social, com a duração de um ano, que vem dar corpo à noção de Rede Social. Implementado em 41 concelhos, pretende constituir parcerias estratégicas alargadas, nos concelhos e nas freguesias, coordenadas pelos presidentes das autarquias, visando a articulação das intervenções dos diferentes parceiros de acordo com planos de desenvolvimento social de âmbito local, definidos de forma consensual por todos os parceiros. Esta fase experimental deu lugar ao alargamento do 2 Idem, p.5.2. 3 4

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 18 Programa de forma faseada, prevendo-se que em 2006 todos os concelhos de Portugal continental tenham realizado a sua implementação. O Programa Rede Social apresenta-se, igualmente, como um instrumento de intervenção em rede potencialmente mais abrangente no contexto das políticas sociais em Portugal, dado pretender-se que, através da introdução da dimensão do planeamento, venha a consolidar-se a coordenação da intervenção social nas suas diversas dimensões, integrando também as diversas redes sectoriais locais já constituídas, de que são exemplos as Comissões Locais de Acompanhamento do Rendimento Mínimo Garantido/ Rendimento Social de Inserção e as Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, entre outras. Em termos operacionais, a Rede Social materializa-se na constituição de Conselhos Locais de Acção Social (CLAS) 5, de âmbito concelhio, e de Comissões Sociais de Freguesia (CSF) 6. São estas estruturas que elaboram diagnósticos e planos de desenvolvimento social nas suas esferas territoriais de acção e concebem formas de articulação das diferentes parcerias existentes, rentabilizando recursos conjuntos e optimizando respostas sociais no plano local. 7 São de destacar, também, os princípios orientadores do Programa Rede Social: integração, articulação, subsidiariedade, inovação e participação. O princípio de integração assenta nas seguintes bases: convergência das medidas económicas, sociais e ambientais, entre outras, com vista à 5 É composto pela Câmara Municipal (presidido pelo Presidente da Câmara), Juntas de Freguesia, organismos da administração pública central implantados na área e entidades particulares sem fins lucrativos. Ver PNAI, Plano Nacional de Acção para a Inclusão, Portugal 2001-2003, Lisboa, Ministério do Emprego e Solidariedade Social, 2001, p. 85. 6 Podem ser compostas pelas Juntas de Freguesia (e, em princípio, presididas pelos seus Presidentes), organismos da administração pública central implantados na área, outras entidades privadas sem fins lucrativos e representantes de grupos sociais, com relevância na intervenção social. Ver PNAI, Plano Nacional de Acção para a Inclusão, Portugal 2001-2003, p.85. 7 Castro, José Luís, Op. Cit., p.5.16.

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 19 promoção das comunidades locais, através de acções planificadas, executadas e avaliadas de uma forma conjunta; convergência de ajustamentos recíprocos das pessoas, grupos sociais e da própria sociedade; incremento de projectos locais de desenvolvimento, fazendo apelo à participação de todos os intervenientes locais e à congregação dos recursos de todos, para resolução dos problemas sociais. Os seus pressupostos são a competência social e a adaptação social; competência social é a capacidade que a sociedade deve ter de integrar todos os seus membros, investindo em acções que visam as mudanças necessárias, adaptação social é a capacidade que cada um tem de utilizar os mecanismos facilitadores dessa adaptação, com vista à sua autonomia pessoal. 8 O princípio da integração implica a conjugação das políticas sociais, da saúde, emprego, educação, habitação e outras, uma concepção de desenvolvimento do território com visão global e a participação dos cidadãos. 9 O princípio de articulação refere-se à necessidade de articular numa parceria efectiva e dinâmica a intervenção social dos diferentes parceiros com actividade num determinado território (articulação dos parceiros). Por tudo isto, a Rede Social deve ser um suporte para a acção, criar sinergias entre os recursos existentes e potenciar as competências existentes na comunidade, fornecendo uma logística comum aos diversos parceiros e promovendo projectos sem substituir a acção dos departamentos e/ou entidades parceiras. A parceria, construída na base de um objectivo comum, pressupõe: definir o objecto da cooperação e equacionar, em conjunto, o contributo de cada parceiro; organizar a parceria de acordo com modelos operacionais e eficazes, através de um esquema participativo mais reduzido ou mais alargado de parceiros, consoante os momentos e o tipo de acções a desenvolver; traduzir concretamente a parceria através de acções que permitam ajustar os diferentes modos de intervenção e proporcionar uma aprendizagem da cooperação; corresponsabilizar os parceiros envolvidos no 8 Idem, p.5.4. 9

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 20 desenvolvimento e sucesso do conjunto das acções, pressupondo que os vários agentes definam, para além dos interesses respectivos e até das suas divergências, uma estratégia comum 10. Através do princípio de subsidiariedade pretende-se activar uma lógica de resolução dos problemas nas instâncias de âmbito mais reduzido (micro), evitando a sua transferência para instâncias de âmbito mais amplo, garantindo, assim, o apoio destas às primeiras, quando necessário. Serve de modelo ao funcionamento da Rede Social, uma vez que é no local que os problemas terão que se resolver, próximo das populações, de uma forma concertada, articulada e preventiva 11, garantindo uma lógica de planeamento descendente. As vantagens da subsidiariedade na intervenção local são as seguintes: possibilitar identificar necessidades, recursos e capacidades dos agentes de mudança; conhecer os efeitos reais das políticas sectoriais e globais; visualizar novas oportunidades e iniciativas, pela implicação dos diferentes agentes locais no desenvolvimento de projectos próprios; ensaiar, inovar, enraizar e integrar as acções; criar espaços de autonomia, organizá-los e geri-los; possibilitar a criação de condições de exercício de solidariedade e de intervenção colectiva, estrategicamente participada, planeada e avaliada; adquirir condições efectivas para o ressurgimento de processos de crescimento harmoniosos e controlados, onde as dimensões económica, cultural, social e ambiental se cruzam numa finalidade comum, a melhoria de vida e realização das pessoas, famílias e comunidade em geral. 12 Consentaneamente, o espaço privilegiado de desenvolvimento de processos participativos é o local, no exercício da democracia participada e de formas de regulação social, em que o Estado, sociedade civil organizada e cidadãos 10 Idem, pp.5.5-5.6. 11 Idem, p.5.6. 12

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 21 se juntam afim de criarem factores de mudança propiciadores da inserção dos mais desfavorecidos. 13 O princípio de participação assenta na perspectiva de que o combate à pobreza e à exclusão social é tanto mais efectivo quanto mais resulte de um processo amplamente participado pelas populações, onde as organizações de base associativa constituam instrumentos de reforço dos elos sociais 14. Este mesmo princípio parece caracterizar a própria estratégia de planeamento para o desenvolvimento no seu todo, na medida em que se vê surgir um novo contexto mais alargado, sistémico e integrado, que constitui hoje o terreno das políticas públicas - desenvolvimento local, luta contra a segregação e exclusão, promoção identitária, garante de patrimónios identitários, etc.. As autoridades locais ampliam o seu campo de acção e alimentam novas iniciativas no domínio do urbanismo, da organização urbana, das políticas sociais, da cultura, da acção económica, etc.. Este desenvolvimento das responsabilidades locais é resultado quer de transferências institucionais de competências, quer da difusão de novas práticas accionadas pelos novos problemas, procedimentos por vezes experimentais de início, mas progressivamente estabilizados. Estas experiências têm em comum alguns procedimentos de parceria e de negociação que caracterizam o início do processo: discussão inicial do desenho do projecto, acordo sobre o programa de acção e um calendário de realizações, co-financiamento pelos destinatários, etc.. As políticas contratuais colocam em contacto o Estado, as colectividades locais e a «sociedade civil» sem relações tutelares (embora não necessariamente igualitárias) previstas, ou não, pela lei. Entram na cena uma pluralidade de actores, de configuração e legitimidade social diversa - públicos e privados; centrais, regionais, locais; económicos, sociais, culturais, etc. - e as «negociações» adquirem nova visibilidade e legitimidade. 13 Idem, p.5.7. 14

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 22 Por fim, o princípio de inovação impõe-se, uma vez que, ao surgirem novas problemáticas e mutações sociais a um ritmo acelerado, é urgente uma mudança de mentalidades e de atitudes e a aquisição de novos saberes. É imprescindível inovar nos processos de trabalho, descentralizar os serviços, desburocratizar, visando uma informação activa através de um sistema de comunicação fácil e acessível entre os serviços e os cidadãos, possibilitando a partilha de informação. 15 De forma concreta, pode-se considerar que os objectivos gerais da Rede Social são a erradicação da pobreza e da exclusão social, a promoção do desenvolvimento social, a concepção e avaliação de políticas sociais e a inovação de estratégias de intervenção. 16 Os objectivos estratégicos do Programa de implementação da Rede Social são os seguintes: promover a integração e coordenação das intervenções ao nível concelhio; promover a racionalidade na adequação das respostas/ equipamentos, recursos e agentes às necessidades locais; promover o desenvolvimento integrado; induzir o diagnóstico e o planeamento participados; atingir maior eficácia social através da articulação das intervenções. 17 Os objectivos específicos no plano da concretização directa das políticas e programas sociais são: a actuação concertada na prevenção e solução de problemas sociais; a adopção de prioridades; a procura de soluções para os problemas de pessoas e famílias consideradas (em situação de pobreza e exclusão social); a cobertura adequada do concelho por serviços e equipamentos; a eliminação de sobreposições e lacunas de actuação. 18 15 16 Idem, p.5.7. 17 Idem, pp.5.7-5.10. 18

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 23 A metodologia de planeamento estratégico integrado e participado, subjacente à implementação da Rede Social, é operacionalizada através da elaboração do Diagnóstico Social de forma participada, da elaboração e operacionalização do Plano de Desenvolvimento Social e de Planos de Acção de forma participada, da implementação de um Sistema de Informação e de um Plano de Avaliação. 19 Os impactos estratégicos esperados são a obtenção de formas de complementaridade e entrosamento eficazes entre medidas e programas nacionais e os instrumentos de planeamento locais, potenciando os resultados de ambos. 20 Relativamente a outros impactos, nomeadamente a nível local, assinalam-se os seguintes: aumento da capacidade de detecção e resolução de problemas individuais, gerando respostas específicas para necessidades específicas; transformação da cultura e práticas dos serviços e instituições locais, no sentido de uma maior transparência e da abertura às outras entidades e às populações; implantação de sistemas de informação locais eficazes, capazes de viabilizar a produção e actualização de diagnósticos locais, bem como a difusão de informação a todos os agentes interessados; incremento significativo da mobilização e participação dos destinatários dos programas e projectos de intervenção social, numa lógica de empowerment. 21 19 20 21

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 24 2. 2. Dificuldades e potencialidades do trabalho em rede O Programa Rede Social, cuja génese se constitui, por excelência, na metodologia de trabalho em rede, concebendo a inserção social e o combate à pobreza e à exclusão como um processo planeado, é, como tal, receptáculo e, simultaneamente, gerador das dificuldades e potencialidades das redes sociais enquanto processos de trabalho no domínio do desenvolvimento social. É pertinente, por isso, enunciar algumas daquelas dificuldades e potencialidades, consideradas mais comuns neste tipo de trabalho. As principais dificuldades são as de carácter estrutural, relacionadas com a organização (difícil consenso, tensões, incompreensões e constrangimentos), as de carácter cultural ou de contradições do sistema (é difícil compatibilizar os vários universos simbólicos em presença), de carácter funcional (ao nível da gestão de recursos humanos, gestão do tempo, gestão dos recursos materiais, gestão de estratégias e metodologias, gestão da gestão e gestão da avaliação) e de carácter psicossocial (experiências profissionais de difícil adaptação ao contexto das redes). A comunicação aberta e as atitudes de escuta aberta e de reflexividade no seio das redes devem permitir ultrapassar estas dificuldades. 22 As principais potencialidades observam-se na transformação das práticas profissionais, na atitude de escuta activa, na sistemática clarificação de princípios e objectivos, na predisposição à surpresa, ao questionamento, à interrogação e à reflexividade, na potenciação da participação alargada e qualificada, capacitando para a negociação e co-responsabilização, e na 22 Idem, pp.3.12-3.13.

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 25 implicação na construção de referenciais de avaliação explícitos. Estas são dimensões geradoras de processos de aprendizagem e de mudança social. 23 As redes sociais devem ser estruturas abertas às oportunidades e desafios quotidianos da complexa realidade actual, com vista a uma intervenção activa, esclarecida e também esclarecedora, apoiada na circulação de informações e de conhecimentos. As autoras 24 Helena Cavaco e Manuela Tavares referem que, Esbatendo fronteiras e hierarquias as redes mobilizam interesses e vontades, envolvimento pessoal e empenhamento cívico, contribuindo assim para dar sentido ao vivido e construir a coesão social. As redes sociais têm uma importância crescente na agregação dos indivíduos e especialmente na metodologia-processo de trabalho de intervenção, optimizando eficazmente sinergias. 25 Assim, o funcionamento em rede deve ser o lugar onde se redefine a acção e se dá uma resposta, envolvendo todos os participantes, sendo o lugar onde cada um tece a história da sua própria dinâmica relacional. Neste sentido, o trabalho em rede implica vários níveis de redes: o das redes primárias, face a face, e o das redes secundárias de serviços, actuando tanto nas relações interpessoais como nas colectivas. O trabalho de redes é um paradigma de acção à medida que aprofunda a estrutura relacional dos vínculos sociais nas suas tensões e trocas. A questão relacional é fundamental numa estratégica metodológica de redes, sobretudo porque atesta uma preocupação mais vinculada à prática de que a uma teoria das relações sociais. Assim, será importante ter em consideração a interacção entre "observador e observado", definindo a relação como tendo origem nela mesma. Reforce-se que uma rede não se deve tornar numa espécie de mecanismo promotor de assistência ou de terapia, deve implicar o empowerment dos 23 Idem, p.3.14. 24 Cit. in Castro, José Luis, Op. Cit., p.3.1. 25 Idem,

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 26 sujeitos para que estes se tornem numa fonte de potencialidades ao facilitar as relações entre pessoas, colocando-as em movimento. Trata-se de passar de uma escuta individual a uma escuta colectiva reforçando a autonomia dos sujeitos no colectivo, desconstruindo as formas de trabalho individual isolado e a tese de que se pode resolver problemas com o esforço pessoal e a omnipotência profissional. A rede tem uma dinâmica própria, exigindo do profissional trabalho técnico, mas, ao mesmo tempo, expressões subjectivas, suportes e recursos, inter-relações, deixando de lado a directividade e adoptando o respeito pela dinâmica colectiva e compreendendo as limitações e possibilidades de cada nível de intervenção (redes primárias e redes secundárias, por exemplo), em busca da autonomia no colectivo 26. Esse trabalho é exigente, levando muitas vezes ao confronto entre a perspectiva institucional e a perspectiva dos colectivos. Uma das possibilidades poderá ser, a título exemplificativo, a mudança do local das reuniões, da instituição para o meio onde a rede se desenvolve. É preciso que se faça, permanentemente, a análise de redes, dos seus processos e do desdobramento teórico-prático do trabalho 27. O assistencialismo é uma prática cultural fortemente enraizada tanto nas lógicas sociais das populações excluídas como nas das populações incluídas, cujo combate não tem necessariamente a ver com a definição de políticas renovadas em prol da participação cívica 28, assim, ( ) do lugar dos integrados, os excluídos tendem historicamente, a ser avaliados com medo, com pena, ou com uma combinação dos dois sentimentos. Mais raramente se poderá falar de solidariedade 29. 26 Cfr. Duarte, Jorge Carlos Silveira. REDES SOCIAIS: Uma estratégia de acção local para o desenvolvimento; S. Paulo, Setembro 2000 no âmbito das suas funções como gestor do projecto Rede Social do Senac, 2000. 27 Cfr. Redes Locales Frente a la Violencia Familiar - Série: Violencia Intrafamiliar y Salud Publica. Documento de Análise n.º 2. La Asociación de Solidaridad para Países Emergentes (ASPEm) / OPAS, Perú, Junho de 1999. 28 Cfr. Guerra, Paula, Recomposição social e espacial do tecido urbano portuense. O Bairro do Cerdo do Porto enquanto espaço de análise, in III Congresso Português de Sociologia, Lisboa, Fevereiro de 1996, Oeiras, Celta Editora, 2000 (cd-rom). 29 Almeida, João Ferreira de, Integração social e exclusão social: algumas questões, in Análise Social, vol. XXVIII, n.ºs 123-4, 1993, p. 830.

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 27 Esta prática reproduz situações de dependência e não potencia a emergência de projectos de vida autónomos por parte dos habitantes. Este padrão cultural de relacionamento com o excluído, com o pobre, está directamente relacionado com as possibilidades de classificação das classes incluídas/ dominantes e com a reprodução temporal dessas mesmas possibilidades que se estende para além dos projectos e das políticas. A dinamização local, o partenariado, a contratualização só se conseguem efectivar em sociedades com altos níveis de organização da sociedade civil. O que foi dito anteriormente não pretende invalidar a existência de associativismo activo e participante em determinados espaços desqualificados, mas afirma-se mais enquanto traço geral. Ainda em termos de envolvimento associativo de base local, é importante considerar-se que ele tende a ser maior e mais intenso em relação a determinadas camadas da população não tão desintegradas e excluídas, reproduzindo e cristalizando situações de apatia e de atomização previamente existentes, acentuando lideranças e criando imagens desfocadas de participação 30. 2.3. A montagem do Programa Rede Social no concelho de Arcos de Valdevez O Conselho Local de Acção Social (CLAS) de Arcos de Valdevez foi criado em Janeiro de 2000 no âmbito da implementação do Programa Piloto da Rede Social e tomou como objectivo fundamental a elaboração do Diagnóstico Social concelhio. 30 Cfr. Guerra, Paula, Art. Cit..

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 28 Como estratégia inicial, foi constituído um Grupo de Trabalho do CLAS 31 no qual se fizeram representar entidades do Conselho Local de Acção Social (CLAS), consideradas representativas dos diversos âmbitos de actuação social concelhia, às quais competiria, primeiramente, a prossecução daquele documento e, posteriormente, dos restantes produtos esperados da implementação da Rede Social. Foram os seguintes os objectivos inicialmente definidos para a elaboração do Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez: analisar e interpretar a realidade social do concelho identificando necessidades e problemas mas, também, recursos e potencialidades, definindo áreas prioritárias de intervenção, procurando criar respostas sustentadas de forma a transformar situações problemáticas; construir um instrumento que permita a tomada de decisões, concertadas e estratégicas; facilitar a actualização periódica do conhecimento da realidade social; contribuir para a consolidação das parcerias e consequentemente do CLAS. O presente Diagnóstico Social decorre do processo enunciado e constitui o primeiro produto esperado da implementação da Rede Social, que dará origem ao Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Arcos de Valdevez. Trata-se do resultado de uma primeira aproximação ao tecido social concelhio, a consubstanciação do tão esperado retrato primeiro da geografia social local. Nele se procurou, em primeira instância, preencher uma plataforma mínima de caracterização do concelho de Arcos de Valdevez ao nível das diversas áreas temáticas em abordagem, a partir da recolha e análise de informação relativa a indicadores inicialmente estabelecidos. 31 A sua composição está enunciada no Capítulo 1 do presente Diagnóstico Social.

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 29 O prosseguimento da pesquisa não foi linear ao longo de todo o processo e desenvolveu-se de forma distinta nas diversas áreas temáticas. Alguns dos constrangimentos encontrados foram comuns às diversas áreas, outros inerentes à sua especificidade. Deles se procura dar conta ao longo deste Diagnóstico, nomeadamente na nota metodológica que integra a maioria dos seus capítulos. A propósito da criação e/ ou consolidação de dinâmicas de participação, sob a égide das quais se espera, como já referido, a prossecução dos produtos da Rede Social, o Grupo de Trabalho do CLAS, procurou, ao longo deste processo, a implementação e/ ou consolidação das Comissões Sociais de Freguesia (CSF) no sentido destas se virem a dinamizar internamente e, simultaneamente, participarem activamente na elaboração do Diagnóstico Social. A emissão de pareceres por parte do CLAS relativamente a candidaturas efectuadas por instituições concelhias à implementação de projectos em diversos domínios de intervenção constituiu, apesar das dificuldades levantadas pelo facto de não existir um diagnóstico concluído para orientar a sua fundamentação, uma experiência inovadora para a consolidação da Rede Social, na medida em que contribuiu, de forma única, para o amadurecimento da capacidade reflexiva dos envolvidos e para a consolidação das práticas de participação e implicação no processo de desenvolvimento social local. Como já referido, o processo de implementação da Rede Social não tem sido e, por certo, continuará a não ser, isento de constrangimentos, ou não se tratasse, essencialmente, de um processo de aprendizagem muito específico e ambicioso porque só se reveste de sentido se constituir, ele próprio, em processo de efectiva mudança. Em última instância, trata-se de um processo de autoconsciencialização progressiva por parte dos agentes directamente envolvidos, que deverá

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 30 culminar numa apropriação efectiva de sentido relativamente ao papel da Rede Social nos processos desejados de transformação social. A primeira fase desta evolução constituiu-se na tomada de consciência da necessidade de implementar e desenvolver o diálogo com outros agentes a um nível local mais micro, nomeadamente as freguesias, facto que levou ao estabelecimento e/ ou fortalecimento das relações de parceria. Cedo esta consciencialização deu lugar à identificação das dificuldades inerentes a este processo, permitindo a capacitação das potencialidades e limitações de cada um dos parceiros. Adquirindo cada vez um maior grau de objectivação no terreno, e porque da prossecução de um diagnóstico social se tratava, a prioridade centrou-se, entretanto, em aspectos técnicos e metodológicos, como o registo exaustivo de informação, a uniformização de conceitos e de discursos e o levantamento e rentabilização dos documentos existentes através de processos de recolha, tratamento e sistematização da informação. Decorrentemente, foi-se gerando uma dinâmica de sensibilização das entidades envolvidas para a modernização dos seus sistemas de informação. Estavam, então, criadas as primeiras condições para o surgimento de novas perspectivas de trabalho conjunto e regular, futuramente facilitadoras do planeamento e da intervenção. Daí o surgimento de um novo patamar de necessidades a exigir a optimização do tempo e das potencialidades dos agentes e o reforço de recursos que incluiu a contratualização, quer a nível humano, quer material. Assim se foi consubstanciando a prática de um modelo de funcionamento menos hierárquico, implicando uma mudança organizacional e de relacionamento interinstitucional caracterizada por uma integração horizontal e pela partilha de responsabilidades. A materialização dos produtos esperados afigura-se, no entanto, factor vital para a manutenção e desenvolvimento de dinâmicas de participação e

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 31 implicação, apesar da orientação descendente que prevaleceu em todo o processo de construção do Diagnóstico Social, ou seja, partindo da abordagem das problemáticas a nível concelhio para atingir as especificidades das freguesias, sendo que a abordagem do tecido social ficou exclusivamente confinada à consulta institucional. É fundamental, assim, haver a consciência de que, e não obstante todo o esforço e empenho colocado por todos os que, mais ou menos directamente, se têm querido envolvidos na construção desta nova forma de entender os processos de desenvolvimento, a mudança apenas teve o seu início, constituindo este Diagnóstico a sua primeira grande materialização. E, a este nível, os resultados deixam antever um vasto território a explorar, uma parte dele já conhecida e sobre a qual existem ideias concretas capazes de objectivar formas de actuação, e uma outra, ainda obscura, sobre a qual são ainda vagas as ideias, causando, simultaneamente, o receio característico do desconhecimento e o desejo de saber, inerente ao amadurecimento. Perspectiva-se, assim, a conclusão da execução do Programa de Apoio à Implementação da Rede Social e, com ele, a consubstanciação do Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Arcos de Valdevez, no qual estarão contempladas as principais orientações de actuação definidas neste Diagnóstico, bem como as principais acções que as operacionalizarão. Constituir-se-ão, então, as condições para a entrada numa nova fase da vida da Rede Social em que se procurará a progressiva exploração da sua génese através de uma dialéctica de lançamentos de novas redes e de apropriação daquelas que já existem, a níveis cada vez mais profundos da realidade social. Será necessário o desenvolvimento de formas criativas de aproximação à comunidade que exigirão, possivelmente, a continuidade do esforço já encetado de mudança por parte das instituições, tanto nas suas formas de funcionamento interno como nas dinâmicas de relacionamento interinstitucional. As Comissões Sociais de Freguesia e o universo associativo

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 32 constituem instrumentos fundamentais na concretização neste ambicioso intento de que as pessoas sintam como necessidade incontornável a implicação nos processos de melhoria da sua própria qualidade de vida. Incontornável é igualmente a percepção de que o desenvolvimento que se pretende integrado e sustentado exige, como processo necessariamente planeado, a construção/ reconstrução de instrumentos de trabalho através de uma dialéctica constante de aproximação/ distanciamento face à realidade social de que ninguém se pode excluir. Este Diagnóstico Social pretende constituir a primeira resposta a essa exigência. Aliás, e quando confrontados, no trabalho de campo desenvolvido no concelho durante o primeiro semestre de 2003, os agentes sociais do concelho consideraram que uma rede para funcionar deve criar mecanismos de circulação de informação entre os parceiros. Sem essa circulação perde-se o risco de perder o seu potencial impacto. Assim, é muito importante que esta articulação entre diversas instituições aconteça, porque a partilha de informação, conhecimentos e de experiências facilita a identificação das necessidades locais, permitindo chegar mais perto das reais necessidades da população e o planeamento da intervenção pode ser efectivo no terreno. Na opinião dos diferentes actores locais, este trabalho em parceria permite que os procedimentos/estratégias que se têm que optar para o concelho sejam justificados, credibilizados e as suas opções sejam tomadas conscientemente e só assim é que o Programa poderá contribuir para o desenvolvimento equilibrado e para a justiça social do concelho. Relativamente ao contributo que os diferentes intervenientes sociais locais podem disponibilizar para a constituição da Rede Social arcuense, a maioria respondeu que é através do conhecimento e das experiências que se adquirem no contacto directo com as populações que poderão contribuir para um melhor funcionamento do Programa.

Diagnóstico Social do Concelho de Arcos de Valdevez 33 Refira-se que o CLAS do concelho de Arcos de Valdevez é composto pelas seguintes entidades: Câmara Municipal de Arcos de Valdevez; Associação Cultural Recreativa Amadora Proselense; Associação Social e Recreativa Juventude de Vila Fonche; Centro de Emprego de Arcos de Valdevez; Centro de Saúde de Arcos de Valdevez; Centro Social e Paroquial de Arcos de Valdevez; Centro Social e Paroquial de Soajo; Centro Social e Paroquial do Vale; Centro Social Nossa Senhora do Castelo; Coordenação Concelhia do Ensino Recorrente; Delegação Escolar de Arcos de Valdevez; Ministério da Educação.(Coordenação da Área Educativa); Ministério da Justiça; Núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa de Arcos de Valdevez; Residência St. André; Santa Casa da Misericórdia de Arcos de Valdevez; Serviço Sub-Regional de Segurança Social de Viana do Castelo.