A IMPORTÂNCIA DA DANÇA ORIENTAL NO PROCESSO SOCIOINTERACIONISTA DO INDIVÍDUO



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Transcrição:

25 A IMPORTÂNCIA DA DANÇA ORIENTAL NO PROCESSO SOCIOINTERACIONISTA DO INDIVÍDUO Alexandra Aparecida dos Santos Noronha (alexandranoronha@hotmail.com), Amélia Cavalcante Ferreira Ramos (ameliakavalcanti@gmail.com), Jacqueline de Oliveira Mendes Simões (jackmendes@ig.com.br), Janusa Diniz de Matos (janusadinniz@hotmail.com) Acadêmicos do curso de Pedagogia Centro Universitário Uniseb Polo de Betim/MG José Urbano Brochado Junior - Mestre em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda (joseurbano@uniseb.com.br); Docente do Centro Universitário Uniseb/Estácio. Resumo Esta pesquisa consiste no objetivo de verificar como o indivíduo se desenvolve intelectualmente sofrendo influências através do meio histórico-sócio-cultural em que está inserido. Para isso, procurou-se investigar a teoria sociointeracionista de Vygotsky. Na promoção do artigo, utilizou-se pesquisa bibliográfica. A Dança Oriental pode ser considerada relevante ao desenvolvimento do indivíduo, uma vez que ela é uma arte milenar, envolve aspectos psicológicos, sociais e históricos, também oferece diversos benefícios à praticante. Palavras-Chave: dança oriental, indivíduo, teoria sociointeracionista. 1. Introdução O presente artigo busca analisar a importância da Dança Oriental no processo sociointeracionista do indivíduo e apresentar a expressão corporal voltada para aprendizagem. Identifica-se a dança no espaço escolar e não escolar, e a forma em que a mesma é executada. Para fundamentação teórica desse artigo foi relacionado à teoria sociointeracionista de Vygotsky (1991) ao desenvolvimento do aprendizado através do ensino da Dança Oriental. Procurou-se abordar as obras das autoras Bencardini (2009) e Buonaventura (2010), dentre outras, que contribuíram para o conhecimento dessa dança, relatando a sua história, os benefícios e problemas encontrados ao ensino e divulgação da Dança Oriental. Justifica-se a pesquisa para contribuição e difusão da Dança Oriental, popularmente conhecida como Dança do Ventre, nos espaços escolares e não escolares, pois essa dança é uma manifestação cultural, social, possuindo fundamentos históricos, além de trazer diversos benefícios aos praticantes.

26 Os fatores dificultadores da dança são a falta de conhecimento e o preconceito sobre a Dança Oriental. Entretanto, no oriente é vista como cultura dos países árabes, mas no ocidente, infelizmente a visão é diferente, é identificada popularmente como sensual. Os pressupostos para este artigo são os benefícios obtidos pelo sujeito, através do qual é possível socializar o indivíduo e auxiliá-lo na constituição da aprendizagem. No início do trabalho desenvolveremos a maneira em que a Dança Oriental auxilia no processo sociointeracionista do indivíduo e, a partir disso, como esse processo desenvolve a aprendizagem. Na sequência aponta-se o ensino da Dança Oriental no espaço escolar e não escolar, as dificuldades e problemas encontrados. Para finalizar, no último tópico propõe-se levantar os benefícios adquiridos aos praticantes da Dança Oriental. 2. Dança oriental como processo sociointeracionista e contexto histórico A Dança Oriental é uma arte milenar, na qual não se tem com precisão o tempo de existência dessa dança, por esse fato os historiadores e pesquisadores estimam em torno de 5 a 7 mil anos. Ela teve diversas modificações com o passar do tempo, sendo praticada quase que no mundo todo e possui muitos adeptos no Brasil. Utilizamos o conceito de Dança Oriental exposto por Abrão e Pedrão (2005), que é o seguinte: Conhecida há 6 mil anos, a dança do ventre surgiu, ao mesmo tempo, no Egito, na Mesopotâmia e na região do Pacífico. Pela necessidade de oferecer um ritual totalmente dedicado às deusas Isis (no Egito), Isthar e Inana (na Mesopotâmia), nos templos, durante as festas religiosas, surgiu essa dança, também usada na iniciação sexual das jovens e na preparação do parto. A dança oriental é popularmente conhecida em nosso país como dança do ventre, sendo conhecida também pelos populares termos estrangeiros, tais como: Belly Dance, na língua inglesa, Danse Du Ventre, na língua francesa, mas para o presente trabalho utiliza-se o termo mais adequado, qual seja Dança Oriental, que traduzido para o idioma árabe é: "Raqs Sharqui". Buonaventura (2010, p.9), relata: The terms cabaret and the old colonial belly dance are both widely used to describe the commercial Westernised form found in hotels, nightclubs and restaurants. But professional artists often object to being characterized under these terms because of certain degrading historical connotations, and have adopted the term oriental dance instead. Em Bencardini (2009) a história da Dança Oriental está ligada aos tempos primitivos, aos rituais de adoração dos deuses e a natureza, o que leva essa dança a possuir vários

27 aspectos, por ser tão antiga se confunde com a história das civilizações ao mesmo tempo desperta várias formas do conhecimento humano. Os fatos acima relacionados provavelmente geraram controvérsias a respeito da Dança Oriental, cujos benefícios são conhecidos na maioria das vezes pelos praticantes e estudiosos dessa forma de manifestação artística. Segundo Vygotsky (1988) a história da linguagem mostra claramente que o pensamento por complexos com todas as suas peculiaridades é o próprio fundamento do desenvolvimento linguístico. A dança é uma forma de linguagem, que se desenvolve por meio das experiências vividas, como fatos, lembranças, imagens e qualquer situação vivenciada no convívio social surgindo o desenvolvimento linguístico do indivíduo. De acordo com Kussunoki (2011) a dança é considerada a mais antiga das artes, uma vez que o ser humano se expressou primeiramente pela linguagem do corpo e depois pela fala e escrita. Ainda segundo Kussonoki (2011) a dança do ventre é a primeira dança feminina de que se tem registro, conforme imagens verificadas em desenhos encontrados nas cavernas préhistóricas. Para o desenvolvimento desse artigo é de suma importância a concepção sociointeracionista de Vygotsky (1984), para quem o desenvolvimento cognitivo se dá pelo processo de internalização da interação social com materiais fornecidos pela cultura, de acordo com o mesmo autor, através da interação social o sujeito entrará em contato com elementos mediadores e também fará uso deles, fazendo surgir os processos mentais. Conforme a teoria de Vygotsky (1991), o indivíduo adquire o conhecimento à medida que ele interage com o meio em que vive, sendo assim, a dança é uma forma de socialização do indivíduo e consequentemente favorece o desenvolvimento cognitivo do mesmo. Esse desenvolvimento ocorre conforme as influências sociais, históricas e culturais que o ser humano recebe durante toda a vida. O ensino da Dança Oriental é de grande relevância, pois através dela o indivíduo se socializa, aprimora o desenvolvimento linguístico, conhece outra cultura, desenvolve melhor o aprendizado, além de outros benefícios. Na verdade, à medida que o indivíduo se socializa ele adquire o aprendizado, por meio do desenvolvimento cognitivo eleva a autoestima, adquire o autoconhecimento e promove um processo constante de socialização.

28 2. O Ensino da Dança Oriental no Espaço Escolar e não Escolar Esta pesquisa pretende apresentar o ensino da Dança Oriental no espaço escolar e não escolar destinado ao público infanto-juvenil (dos 06 anos até os 14 anos), especificamente o feminino, devido ao fato das meninas terem maior interesse em praticá-la. No espaço não escolar o ensino da dança possui características mais relevantes e vai além do simples fato de ser uma atividade física ou expressão corporal. Dessa forma, é essencial para o desenvolvimento e aprendizado das alunas inserirem de forma significativa o ensino da dança, especificamente a Dança Oriental, no espaço escolar, conforme o caderno de Artes - PCNS (BRASIL, 1997, p.49): A atividade da dança na escola pode desenvolver na criança a compreensão de sua capacidade de movimento, mediante um maior entendimento de como seu corpo funciona. Assim, poderá usá-lo expressivamente com maior inteligência, autonomia, responsabilidade e sensibilidade. Segundo Vargas (2009) na dança o que se busca trabalhar não é o corpo-objeto, onde somente interessa a execução do movimento; buscamos a participação dos meninos e meninas, vivendo, expressando-se e pensando seu próprio movimento, atuando com sua subjetividade, para que dessa forma possa criar e atuar com autonomia podendo realmente mudar nossa sociedade. Mediante a isso, Strazzacappa e Morandi (2013), informam que os professores envolvidos em atividades com dança, muitas vezes, são os mesmos das outras disciplinas que acabam assumindo o papel de coreógrafos para dar conta das festas escolares. Ainda conforme Vargas (2009) o profissional da dança deve estar preparado para trabalhar a dança em todas as suas possibilidades, sendo ela artística, cultural, educativa, física ou recreativa, adequando métodos e estratégias de acordo com os objetivos estabelecidos pelos diferentes grupos e interesses. De acordo com Marques (2011) existe um desafio de compreender mais efetivamente o papel do artista-docente, ou seja, pensar e formar profissionais que dançando educam e educando dançam. 3. Os Benefícios da Dança Oriental São inúmeros os benefícios adquiridos pela prática da Dança Oriental, no plano emocional e terapêutico, a criança desenvolve a coordenação motora e a consciência corporal, tomando posse do corpo e do espaço ao seu redor; adquire confiança e maturidade,

29 desenvolvendo habilidade e facilidade em se sociabilizar; boa postura e habilidade corporal; compreensão da relação entre música, ritmo e movimento; aprende a manifestar seus sentimentos, liberar as emoções reprimidas e desbloquear seus medos; desenvolve a autoestima e a confiança, bem como a sensibilidade criativa e previne as depressões. Mediante a isso, a expressão corporal pode ser utilizada como uma das ferramentas que auxiliam nas ações que exigem memória e atenção, assim favorece o aprendizado da aluna. Os signos externos são imagens e representações e a Dança Oriental se utiliza desses signos para exteriorizar ações que posteriormente serão interiorizadas nos indivíduos. Vygotsky (1991, p.41) afirma que: A transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal é o resultado de uma longa série de eventos ocorridos ao longo do desenvolvimento. O processo, sendo transformado, continua a existir e a mudar como uma forma externa de atividade por um longo período de tempo, antes de internalizar-se definitivamente. Para muitas funções, o estágio de signos externos dura para sempre, ou seja, é o estágio final do desenvolvimento. A Dança Oriental envolve muitos aspectos importantes para o desenvolvimento da criança, é uma forma de socialização e constituição do aprendizado do aluno. Conforme Bencardini (2009), aprender dança do ventre também traz informações sobre outra cultura e pode colaborar na formação dessa criança. Ela aprende a respeitar as diferenças sociais e culturais, e tende a se tornar um adulto mais sociável e compreensível. Ainda podemos destacar que toda atividade artística envolve sentimentos, a dança é uma forma de expor sentimentos internos e externos, auxiliando no autoconhecimento do indivíduo. Vygotsky (1998) acredita que as emoções externas são parciais, no entanto, dependendo do indivíduo pode ser mais intensos: as emoções estéticas são parciais, vale dizer, não tendem a passar à ação e, apesar de si, podem atingir o mais elevado nível de intensidade dos sentimentos. 4. Considerações Finais A Dança Oriental, além de ser uma expressão corporal é uma forma de comunicação humana, simplesmente a manifestação cultural de um povo. A própria história da linguagem está ligada as formas de comunicações gestuais. Desse modo, a Dança Oriental existe desde os povos primitivos, antes de falar o indivíduo já dançava, com o passar do tempo ela se cresceu e se consolidou. Diversos são os benefícios recebidos pelas alunas que praticam essa arte milenar, dentre eles podemos

30 destacar: favorecimento do raciocínio e desenvolvimento cognitivo, aumento da flexibilidade corporal, trabalha ritmos e musicalidade, desenvolve autoestima e autoconfança, trabalha no processo de socialização do indivíduo. A prática da dança no espaço escolar leva mais em consideração a atividade física, muitas vezes, está direcionada para as festas nas escolas, vista como atividade extraclasse. Existe uma carência de profissionais capacitados para o ensino da dança nas escolas. A visão do público ofertado e dos demais profissionais do ambiente escolar são fatores agravantes. A falta de conhecimento, o preconceito, pouca estrutura e materiais são alguns problemas encontrados para o ensino da Dança Oriental nas escolas, o que no espaço não escolar funciona de forma diferente. É importante ressaltar que o pouco investimento em relação à estrutura física e a renumeração do profissional no espaço escolar são inferiores aos recursos aplicados nas escolas especializadas, na qual encontramos maior valorização desse profissional, melhor estrutura para funcionar e investimento no aluno. Contudo, um espaço adequado favorece o aprendizado, o aluno tem maior interesse, além de não causar lesões ao corpo físico. Outra questão importante está entre a diferença de recursos técnicos entre o amador e o profissional especializado em dança, situação que é de grande relevância, uma vez que o profissional capacitado conhece aspectos funcionais do corpo, tem maior conteúdo e didática diferenciada, além de saber aplicá-la ao contexto. O ensino Dança Oriental consiste em transformar cidadãos, ampliar os horizontes e tornar o indivíduo mais crítico, vai muito além de uma atividade física. Em suma, melhora o relacionamento interpessoal e intrapessoal do indivíduo e favorece simultaneamente o aprendizado do aluno. Afinal, quando o indivíduo se socializa, ele troca experiências e desenvolve cognitivamente, proporciona o autoconhecimento e eleva a autoestima. Referências ABRÃO, Ana Carla Peto e PEDRÃO, Luiz Jorge. A contribuição da dança do ventre para a educação corporal, saúde física e mental de pessoas que frequentam uma academia de ginástica e dança. Revista Latino Americana de Enfermagem. Vol. 13, número 2. Ribeirão Preto, março/abril 2005. Extraído do site www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104... Acesso em 20/02/2013. BENCARDINI, Patrícia. Dança do ventre: ciência e arte. São Paulo: Ed. Baraúna, 2009.

31 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais, Arte. Ministério da Educação. Brasília: MEC/SEF, 1997. BUONAVENTURA, Wendy. Serpent of the Nile: women and dance in the arab word. (A Serpente do Nilo: a mulher e a dança no mundo árabe). Northampton: Interlink Books, 2010. KUSSUNOKI, Sandra. A dança e o ventre: aparência corporal na contemporaneidade o mito da barriga. Jundiaí: Paco Editorial, 2011. MARQUES, Isabel A. Ensino da dança hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez Editora, 2011. STRAZZACAPPA, Márcia e CARLA, Morandi Entre a arte e a docência: a formação do artista na dança. Campinas: Papirus, 2013. VARGAS, Lizete Arnizaut Machado de. Escola em dança: movimento, expressão e arte. Porto Alegre: Mediação, 2009. VYGOTSKY, L.S.A. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998. VYGOTSKY, L.S.A. Psicologia da Arte. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998. VYGOTSKY, L.S.A. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1991.