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Transcrição:

Stomatos ISSN: 1519-4442 ppgpediatria@ulbra.br Universidade Luterana do Brasil Brasil Buj, Mariana; Ardenghi Vargas, Ivana; González Hernández, Pedro Antonio O uso de implantes para ancoragem em Ortodontia Stomatos, vol. 11, núm. 20, enero-junio, 2005, pp. 43-50 Universidade Luterana do Brasil Río Grande do Sul, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=85017119007 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Mariana Buj Ivana Ardenghi Vargas Pedro Antonio González Hernández O uso de implantes para ancoragem em Ortodontia The use of implants as anchorage in orthodontics RESUMO Com a finalidade de auxiliar na terapêutica ortodôntica, o uso de implantes osseointegrados tem se mostrado uma forma de ancoragem intra-oral bastante eficiente, principalmente em casos de pacientes adultos com áreas edêntulas na região posterior ou quando o uso de ancoragem extra-oral não é aceito por estes. O objetivo deste trabalho é fazer um breve histórico dos implantes em ortodontia e destacar através de uma revisão de literatura as indicações, tipos de implantes, local de instalação, tipos de movimentos, dimensões, tempo de osseointegração e vantagens e desvantagens da utilização de implantes como ancoragem em ortodontia. Palavras-chave: implantes, ancoragem, ortodontia. ABSTRACT With the purpose to help in the orthodontic treatment, the use of the osseointegrated implants have been shown an eficient form of intraoral anchorage, mainly in cases of adults pacients with missing posterior teeth or when they don t accept with the use of the extraoral appliance. The objective of this article is describe a brief review of the history of implants in orthodontics, remarking the main indications, types an dimension of implants, place of instalation, types of moviments, time of osseointegration and the advantages and disadvantages of the implants utilized as anchorage in orthodontics. Key words: implants, anchorage, orthodontics. INTRODUÇÃO Em ortodontia a ancoragem são procedimentos intra ou extra-orais em que um ou mais dentes são utilizados para movimentar outros dentes. Uma das maiores preocupações em ortodontia é conse- Mariana Buj é especialista em Ortodontia pela Universidade Luterana do Brasil Ivana Ardenghi Vargas é Professora de Ortodontia do Curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil Pedro Antonio González Hernández é Professor de Graduação e Pós-graduação do Curso de Odontologia da ULBRA Endereço para correspondência: Mariana Buj Rua Tomé de Souza 547, ap. 302 Canoas - Fones: (51) 9121.1270 / (51) 3478.3282 - E-mail: marianabuj@hotmail.com Stomatos Canoas v. 11 n.20 jan./jun. 2005 p.43-50

guir uma ancoragem satisfatória durante o tratamento. O uso de ancoragem extra-oral, talvez a maneira mais efetiva de se conseguir movimento dentário, é limitada pela necessidade de colaboração do paciente. Por outro lado, a intra-bucal, por não utilizar pontos fixos, se torna instável e resulta na movimentação dos dentes âncoras. Além disso, pode tornar-se difícil nos casos em que o paciente apresenta áreas edêntulas, principalmente na região posterior. Devido a essas limitações, por vezes os pacientes são submetidos a alternativas pouco conservadoras, como extrações dentárias. Se existirem pontos de ancoragem intraorais com estabilidade durante o período do tratamento, que sejam biocompatíveis e confortáveis, o design do aparelho poderá ser bastante simplificado e mais eficiente. Com esse objetivo, a utilização de implantes osseointegrados tornou-se uma realidade na ortodontia. A osseointegração é análoga à situação de um dente anquilosado que pode ser submetido a forças ortodônticas sem sofrer movimentação, ou seja, pode servir como unidade de ancoragem estável já que a ausência de ligamento periodontal não permite as alterações celulares que resultariam na movimentação. Muitas pesquisas têm sido realizadas e novos tipos de implantes têm sido criados para auxiliar no alcance de uma ancoragem adequada em ortodontia. Assim sendo, o objetivo deste trabalho é fazer uma revisão de literatura para analisar os diferentes aspectos inerentes a esse assunto. REVISÃO DE LITERATURA Histórico dos implantes em Ortodontia Em 1945, Gainsforth, Higley sugeriram pela primeira vez a utilização de parafusos de vitálio e fios de aço inoxidável que foram implantados na mandíbula de cães para obtenção de ancoragem ortopédica. Mesmo não alcançando sucesso, esses resultados incentivaram outros pesquisadores a estudar formas de contornar essas deficiências a fim de demonstrar a possibilidade real de se conseguir ancoragem através de implantes. Foi em 1965 que Branemark et al., através da colocação de implantes de titânio no fêmur de coelhos, observaram que era possível se obter uma ancoragem firme do titânio ao osso sem resposta tecidual adversa. Mais tarde Branemark e associados colocaram implantes de titânio endósseo em áreas de cicatrização pós-extrações na arcada superior e inferior de cães. Os resultados desse estudo demonstraram que os implantes de titânio permaneceram estáveis por períodos maiores que cinco anos sem sinais de rejeição ou injúria, mesmo se submetidos à carga excessiva. Os implantes se tornaram osseointegrados e firmemente aderidos ao osso. A partir desses estudos iniciais, Branemark et al. (1970; 1983) avaliaram o uso de implantes de titânio para a reconstrução mandibular em humanos e como pilares para suportar próteses fixas e removíveis. Essas pesquisas mostraram que esse sistema de implantes era altamente favorável em Odontologia e que o sucesso poderia ser atribuído à natureza do material do implante (titânio) e a técnica de inserção. Em 1984, Roberts et al. realizaram um extenso estudo de implantes de titânio em coelhos. Os resultados mostraram que os implantes desenvolveram uma interface rígida com o osso e que permaneceram estáveis com as contínuas aplicações de cargas. Como conclusão, essas pesquisas ressaltaram que os implantes endósseos de titânio têm potencial para uma firme ancoragem óssea para ortodontia e Ortopedia dento-facial. Indicações do uso de implantes em Ortodontia Segundo Shapiro, Kokich (1988), o problema ortodôntico intra-arcos que mais pode ser beneficiado pelo uso dos implantes são os casos com dentes posteriores ausentes. Sem suficiente ancoragem ou suporte posterior é difícil movimentar dentes anteriores para a posição desejada, por isso, um implante na região posterior do arco dentário irá providenciar uma excelente ancoragem que permitirá o movimento dos dentes remanescentes dentro do arco. Pacientes com a falta do primeiro ou segundo molares e concomitante inclinação mesial do terceiro molar também se beneficiarão com o uso de implantes. Esses mesmos autores ressaltaram a utilização de implantes para a correção de problemas inter-arcos quando se quer evitar o movimento dentário recíproco gerado pelas forças de molas e elásticos que ligam dentes superiores e inferiores. Além disso, os implantes poderiam ser colocados em outros ossos da face, como o 44 Stomatos v.11, n.20, jan./jun. 2005

zigomático, com a intenção de amenizar as desarmonias esqueléticas decorrentes de distúrbios de desenvolvimento, tais como hemiperplasia facial. Para Roberts, Nelson, Goodacre (1994), fechar um espaço de extração do primeiro molar é ainda mais difícil do que fechar o espaço de um segundo molar faltante quando o arco está intacto de primeiro molar a primeiro molar. Por isso, nesses casos, a utilização de um implante na região retromolar é uma excelente opção de ancoragem. Tratamentos realizados em pacientes parcialmente dentados mostraram resultados satisfatórios, além do fato de que os implantes puderam ser conservados como pilares para próteses fixas depois de realizada a movimentação ortodôntica (KRAUT, HAMMER, WHEELER, 1988; SMAL- LEY, 1995). Goodacre, Brown, Roberts (1997) ressaltaram que o tratamento ortodôntico pré-protético com o uso de implantes é de fundamental importância nos casos de correção de linha média, redistribuição de espaçamentos na região anterior e fechamento de espaços. Isso reduz a necessidade de próteses e melhora a biomecânica e bioestática, favorecendo o restabelecimento da localização antero-posterior e médio-lateral de molares mal posicionados, a intrusão e extrusão, a correção de relações oclusais reversas e de mordidas abertas, a protrusão/retrusão de grupos de dentes ou de toda a dentição e a estabilização de dentes com suporte ósseo reduzido. Tipos de implantes utilizados para ancoragem em Ortodontia Variados tipos de implantes e materiais foram utilizados por inúmeros autores. Em 1970, Linkow utilizou implantes endósseos em forma de lâmina. Smith (1979) e Gray (1983) usaram o implante do tipo bioglass. Sherman em 1978 usou o carbono vítreo. Creekmore, Eklund (1983) e Gray (1983) avaliaram o uso de implantes do tipo vitallium. Enquanto Glatzmaier, Wehrbein, Diedrich em 1983 estudaram o bios, tipo de copolímero biodegradável para ancoragem em ortodontia. Porém a maioria dos estudos foi realizada com implantes de titânio. Entre os quais poderíamos citar: orthosistem, onplant, sas, gips, miniimplante, miniparafuso, microimplante, pilar de titânio, parafusos biocorticais e os implantes osseointegrados utilizados normalmente para reabilitação protética. Local de instalação dos implantes Para corrigir uma maloclusão em sete adultos, Higuchi, Slack (1991) utilizaram implantes Branemark colocados na região retromolar ou na região de terceiros molares quando estes estavam ausentes. Num caso clínico de perda do primeiro molar no qual se quer a mesialização do segundo e terceiro molares, um implante do tipo Branemark Standard foi colocado na região retromolar a cinco milímetros distal do terceiro molar (ROBERTS, NELSON, GOODACRE, 1994). Conforme Shapiro, Kokich (1988), nos casos de perda do segundo molar e inclinação mesial do terceiro molar inferior, a colocação de um implante na região mesial do pré-molar pode ser usado como ancoragem para permitir a mesialização e verticalização do terceiro molar sem afetar os dentes inferiores remanescentes. Kanomi (1997) relatou que os implantes para ancoragem em ortodontia devem ser pequenos o suficiente para serem colocados em qualquer área do osso alveolar, inclusive no osso apical. Nos casos de curva de Spee acentuada e mordida profunda, em que se planeja a intrusão dos incisivos, um mini-implante pode ser usado como ancoragem quando colocado na região apical dos incisivos. Segundo esse autor, os mini-implantes podem ser colocados entre as raízes mesial e distal do molar para servirem como ancoragem para a intrusão desses dentes. Se colocado no palato, pode promover ancoragem para a distalização do molar. Wehrbein, Merz (1998) e Wehrebein, Merz, Diedrich (1999) avaliaram os aspectos do uso de implantes endósseos colocados na sutura palatina mediana. Segundo esses autores, essa região é um local favorável para a inserção de implantes com o objetivo de providenciar um ponto estável na maxila para a correção ortodôntica em casos de pacientes com dentição completa ou que apresentem espaços para serem fechados. No estudo realizado por Costa, Raffaini, Melsen (1998), em que foram usados os miniparafusos para ancoragem em ortodontia, foi relatado que esse tipo de implante pode ser usado tanto na maxila quanto na mandíbula. Na maxila poderia ser colocado na crista infrazigomática, na sutura palatina mediana e na superfície inferior da espinha nasal anterior. Na mandíbula os implantes poderiam ser inseridos na região de sínfise mandibular, em áreas edêntulas do processo alveolar e na região retromolar. Stomatos v.11, n.20, jan./jun. 2005 45

Em 2001, Park et al. planejaram a utilização de microparafusos de titânio que foram implantados no osso alveolar vestibular entre os segundos pré-molares e os primeiros molares superiores. Já na mandíbula, os microparafusos foram colocados entre os primeiros e os segundos molares. Para evitar qualquer dano às raízes, os microparafusos foram implantados em um ângulo de 60 com os dentes. Segundo Favero, Brollo, Bressan (2002), a seleção do local de inserção de um implante envolve diversos fatores: o objetivo primário do implante, isto é, se é exclusivamente ortodôntico ou se também irá ser usado proteticamente; a idade óssea do paciente e a quantidade e qualidade do osso presente. Se o implante será usado para fins exclusivamente ortodônticos, o local de inserção pode ser longe do mecanismo ortodôntico programado e o implante usado pode ser bem pequeno. No final do tratamento, pode ser removido ou mantido no local (sleeping fixture). Caso o implante tenha duplo objetivo, ortodôntico e protético, o local de instalação deve satisfazer dois requisitos: deve ser feito um acurado setup nos modelos para que não ocorram interferências com o movimento ortodôntico programado e no final do tratamento ele deve manter uma posição que possibilite a reabilitação protética. Segundo os autores, em relação custo-benefício, o uso de implantes com função ortodôntica e protética seria a solução ideal para o tratamento dos pacientes. Além das condições locais (idade, qualidade do osso, patologias e estruturas anatômicas), a seleção do local de instalação dos implantes para ancoragem é determinada por requisitos biomecânicos e por indicações terapêuticas específicas. Tipos de movimentos que podem ser realizados quando da utilização de implantes como ancoragem em Ortodontia Os miniparafusos podem ser colocados em diversos locais da mandíbula e maxila (COSTA, RAFFAINI, MELSEN, 1988). Quando são colocados na superfície inferior da espinha nasal anterior, os miniparafusos podem servir de ancoragem para a proclinação dos incisivos. Já quando colocados na sutura palatina mediana, servem para a ancoragem na retração e intrusão dos incisivos e também para auxiliar no fechamento de espaços. Também podem ser usados como ancoragem para o movimento mesial dos pré-molares e molares. Quando colocados na crista infrazigomática, podem servir como ancoragem para a intrusão de dentes posteriores como também para a retração e intrusão de dentes anteriores. Ainda para esses autores, quando utilizados na mandíbula, os miniparafusos podem ser colocados na região retromolar estabelecendo uma ancoragem satisfatória para o movimento mesial de molares. Em áreas edêntulas do processo alveolar a utilização do microparafuso teria o objetivo de poder movimentar um único dente sem interferir no resto da dentição. Podem ser inseridos lateralmente na região de molares e pré-molares e podem servir de ancoragem para o movimento vertical e/ou transverso de pré-molares e molares. Na região anterior da mandíbula, esses implantes podem ser colocados na sínfise servindo assim como ancoragem para a intrusão ou protrusão dos incisivos inferiores. Nos casos de perda de primeiros e segundos molares, com inclinação mesial do terceiro molar, a tentativa de verticalização desse dente é difícil e por isso a sua movimentação para distal dentro do ramo mandibular é quase inevitável. Um implante, segundo Shapiro, Kokich (1988), colocado estrategicamente na distal do pré-molar, pode ser usado como ancoragem permitindo movimento mesial e vertical do terceiro molar sem afetar os dentes remanescentes inferiores. No trabalho de Roberts et al. (1990) foi utilizado um implante na região retromolar de um paciente com o objetivo de auxiliar no fechamento de áreas edêntulas, na correção do overjet assimétrico, na redução do overbite, na manutenção da oclusão do lado direito (não provocar alterações) e no alcance de uma ótima interdigitação com o mínimo de mecânica interarcos. Através da utilização do implante como ancoragem, foi conseguida a intrusão do terceiro molar em um período de seis meses. O espaço de 10 a 12 mm que havia entre o segundo pré-molar inferior esquerdo e o segundo e terceiro molares do mesmo lado foi fechado com o movimento para mesial e de verticalização dos molares. Foi evitado a distalização do segundo pré-molar ancorando esse dente no implante. Em 1991, Haanaes et al. utilizaram implantes de titânio colocados em áreas edêntulas, que foram usados em duas fases. Na primeira delas, como 46 Stomatos v.11, n.20, jan./jun. 2005

ancoragem para a correção de terceiros molares impactados e na segunda etapa, os implantes juntamente com os terceiros molares bem posicionados, serviram para a reabilitação protética das regiões edêntulas. Nos três casos apresentados, os terceiros molares foram expostos cirurgicamente e um artefato foi colado nesses dentes. Utilizando os implantes como ancoragem, foi conseguido movimento de extrusão e de mesialização dos terceiros molares impactados. Conforme Roberts, Nelson, Goodacre (1994), o uso de implantes na região retromolar está indicado para os casos de perda do primeiro molar inferior auxiliando na ancoragem para o movimento de mesialização do segundo e terceiro molares. No estudo realizado por Park et al. (2001), microparafusos de titânio foram colocados no osso alveolar interseptal. Na maxila foram implantados entre o segundo pré-molar e o primeiro molar e na mandíbula entre o primeiro e segundo molares. O caso foi tratado com a extração dos quatro primeiros pré-molares. Biomecanicamente, a força na maxila foi aplicada próxima do centro de resistência dos seis dentes anteriores. Isso permitiu uma intrusão e retração de corpo. Segundo os autores, para manter ou reduzir o ângulo do plano mandibular durante o tratamento, microparafusos poderiam ser utilizados na mandíbula. Nesse caso, os microimplantes mandibulares induziriam um movimento para frente e para cima do mento pela intrusão e verticalização dos molares inferiores. No caso tratado pelos autores, houve uma redução do FMA do paciente em 5. Wehrbein, Merz (1998) utilizaram implantes do tipo Straumann Orthosystem colocados na sutura palatina mediana de dois pacientes. No tratamento do primeiro paciente, esses implantes serviram como ancoragem para a retração de caninos e para a retração em massa de incisivos superiores. Houve redução do overjet em 8 mm, estabelecendo uma relação de caninos em classe I favorecendo o perfil do paciente. No segundo caso, uma mecânica assimétrica utilizando-se o implante promoveu a distalização do molar estabelecendo condições de simetria antes da paciente ser encaminhada para realizar cirurgia ortognática. Dimensões dos implantes utilizados para ancoragem em Ortodontia Segundo Favero, Brollo, Bressan (2002), a fixação de implantes deve atender a demanda da estabilidade e efetividade para suportar forças que agem sobre eles. A máxima quantidade de carga que pode ser aplicada ao implante é proporcional a quantidade de osseointegração que está na dependência da área de superfície de contato osseoimplante-tecido. Como os implantes geralmente são cilíndricos, os parâmetros que contribuem na superfície de contato são a largura, diâmetro e forma. A combinação dessas variáveis deve produzir uma superfície de contato suficiente para as necessidades ortodônticas ou protéticas, causar a mínima obstrução e requerer o mínimo trauma possível. Por outro lado deve facilitar a higiene, permitir a distribuição da carga dentro do osso através de linhas fisiológicas de força e evitar reabsorções patológicas. As dimensões dos implantes devem respeitar a quantidade de osso disponível no ponto de inserção. Os autores relatam ainda que a relação entre comprimento e diâmetro é inversamente proporcional, ou seja, o implante deve ter uma área de superfície disponível para osseointegração para suportar as forças da tração ortodôntica. Portanto se o comprimento diminui, o diâmetro deve aumentar. Em 1990, Roberts, Marshall, Mozsary utilizaram um implante endósseo de titânio que tinha 6,9 mm de comprimento e 3,85 mm de diâmetro. Triaca et al. (1992) usaram um implante do tipo parafuso com um comprimento de 3mm e um diâmetro de 7,5mm. Em 1994, Roberts, Nelson, Goodacre utilizaram implantes do tipo Branemak Standard com 3 mm de diâmetro por 7 mm de comprimento. Já Wehrbein et al. (1997) fizeram uso de um implante com um pequeno diâmetro, 3,3mm e com comprimento de 4 a 6 mm. Kanomi (1997) utilizou em seu trabalho mini-implantes com 1,2 mm de diâmetro por 6 mm de comprimento. Costa, Raffaini, Melsen (1998) usaram o miniparafuso de titânio (Cizeta) que apresentava 2 mm de diâmetro e 9 mm de comprimento. No mesmo ano, Wehrbein, Merz (1998) utilizaram o implante Straumann Orthosystem que tinha 6 mm de comprimento por 2 a 4,5 mm de diâmetro. No estudo realizado por Park et al. em 2001, foram empregados microparafusos que mediam 1,2 mm de diâmetro por 6 mm de comprimento. Tempo de osseointegração No caso clínico apresentado por Roberts, Marshall, Mozsary (1990), o implante foi colocado na região retromolar em julho de 1982 e o Stomatos v.11, n.20, jan./jun. 2005 47

tratamento ortodôntico ativo iniciou em janeiro de 1983. O implante foi utilizado como ancoragem até abril de 1986 e em agosto desse ano foi removido. Segundo Shapiro, Kokich (1988), depois que o implante tenha sido submergido no alvéolo, ele deve ficar imóvel por 10 a 12 semanas para permitir a osseointegração. Nos estudos de Odman (1994), Higuchi, Slack (1991) e Roberts et al. (1984), em que foi testado o uso de implantes em humanos, foi demonstrada a necessidade de se esperar por um longo período de tempo após a inserção do implante para obter resultados clínicos e histológicos ideais. Nesses estudos, movimentos ortodônticos foram sempre alcançados e a osseointegração mantida até o final do tratamento. Em um estudo clínico piloto realizado com seis pacientes utilizando-se implantes endósseos para ancoragem, Wehrebein et al. (1997), esperaram três meses para iniciar um estágio ativo de tratamento. Durante os nove meses de estágio ativo, nenhum sinal de mobilidade ou inflamação foi percebido. Conforme Costa, Raffaini, Melsen (1998) e Melsen, Verna (1999), o implante pode ser submetido à carga após 4 semanas sem esperar pela completa cicatrização do osso. Esses autores acreditam que a estabilidade do implante é suficiente para sustentar as cargas normais das forças ortodônticas. Além disso, a presença de tecido fibroso ao redor do implante facilita a sua remoção cirúrgica no fim do tratamento. No estudo feito por Park et al. (2001), no qual foram utilizados microparafusos para a retração de caninos e incisivos, a aplicação de forças começou duas semanas após a implantação dos mesmos. Vantagens da utilização de implantes como ancoragem em Ortodontia A colocação de implantes na região retromolar é um procedimento clínico viável que produz resultados estáveis, compatíveis com saúde bucal a longo prazo. O fechamento de espaço através da movimentação ortodôntica utilizando-se o implante nessa região tem se mostrado a opção de melhor relação custo-benefício entre todas as opções de tratamento (ROBERTS, NELSON, GOODACRE, 1994). Como vantagens dos mini-implantes, Kanomi (1997) ressalta que o uso desse artefato não causa danos irreversíveis por serem pequenos, podendo ser removidos a qualquer hora que ortodontista ou o paciente desejarem. Uma das maiores limitações da mecânica ortodôntica é que para cada ação existe uma reação. Isto é, o movimento planejado para um dente ou grupo de dentes causará um movimento recíproco no dente que está sendo usado para ancorar o sistema de forças. Os ortodontistas planejam sua mecânica sabendo dessa interação. Porém, em algumas situações, seria vantajoso ter um objeto imóvel para se ancorar essa força. Os implantes de titânio osseointegrados podem servir para esse propósito (SHAPIRO, KOKICH, 1998). Segundo Costa, Rafaini, Melsen (1998), as vantagens na utilização dos microparafusos como ancoragem seriam a sua facilidade na inserção e remoção, sendo ambos os procedimentos podendo ser realizados pelos ortodontistas. A aplicação de cargas pode ser iniciada imediatamente, reduzindo o tempo de tratamento. A irritação local é limitada e, se presente, pode ser controlada pela aplicação de clorexidina local. Conforme Mazzocchi, Bernini (1998), o conforto do paciente, a melhor estética devido ao uso de provisórios e uma baixa ocorrência de quebras seriam algumas vantagens da utilização de implantes em ortodontia. Wehrebein, Merz (1998) afirmam que o uso de implantes como ancoragem em ortodontia promovem uma série de benefícios tanto para os ortodontistas quanto para os pacientes. Uma delas seria a falta de necessidade da utilização de outros aparelhos para ajudar na ancoragem extra ou intra-oral como é o caso do aparelho extrabucal ou os elásticos intermaxilares. Possíveis efeitos colaterais adversos do uso de elásticos de classe II podem ser evitados e a visibilidade dos aparelhos pode ser diminuída. Além disso, uma dentição mandibular bem alinhada permanece intocada durante o tratamento dos dentes superiores. A ancoragem pode ser controlada graças ao comportamento previsível da ancoragem dentária suportada por um implante e um arco transpalatino. Outra vantagem, segundo os autores, seria a redução do tempo de tratamento. Byllof et al. (2000) ressaltam como vantagens a diminuição no tempo de tratamento, a pos- 48 Stomatos v.11, n.20, jan./jun. 2005

sibilidade de aplicar forças em um curto período de tempo e de promover diferentes ativações, além de apresentar grande estabilidade. Conforme Park et al. (2001), os microparafusos são pequenos o suficiente para serem colocados em qualquer área. São fáceis de serem implantados e removidos e não são muito caros. Além disso, a aplicação de forças pode começar quase imediatamente após a implantação. Ainda segundo esses autores, o uso de microimplantes no tratamento ortodôntico teria as seguintes vantagens: não está na dependência da colaboração do paciente no uso de aparelhos extra-orais; produz melhora no perfil rapidamente, dando ao paciente mais incentivo para cooperar; diminui o tempo de tratamento pela retração simultânea dos seis dentes anteriores; reduz o tempo de cadeira e produz ancoragem absoluta para o movimento dentário ortodôntico. Desvantagens da utilização de implantes como ancoragem em Ortodontia Kanomi (1997) relata que os implantes dentais convencionais somente podem ser colocados na região retromolar ou em áreas edêntulas, sendo inseridos na região de crista alveolar. Segundo o autor, é muito largo para a tração ortodôntica horizontal. Por isso, para alguns pacientes pode causar problemas pela sensibilidade da cirurgia, desconforto inicial e pela dificuldade de higiene oral. Como desvantagens do uso de implantes para ancoragem, Costa, Raffaini, Melsen (1998), citam o risco de infecção inerente a todo o tipo de ancoragem transmucosal. O risco de perfuração do seio maxilar quando o microparafuso é colocado na crista infrazigomática deveria normalmente ser antecipado. Complicações podem ocorrer em outras áreas se não se toma cuidado para se evitar o contato com raízes e nervos. E por fim, outra desvantagem seria a perda do miniparafuso durante o tratamento. Para Mazzocchi, Bernini (1998) as desvantagens seriam o aumento no custo do tratamento, o tempo de osseointegração, a idade mínima de 18 anos para a sua realização e a necessidade de procedimento cirúrgico. Já para Byllof et al. (2000) uma desvantagem no uso de implantes estritamente como ancoragem seria a necessidade de sua remoção no final do tratamento. Entre as limitações no uso de implantes endósseos, conforme Park et al. (2001), estão a necessidade de espaço, custo e intervalo de tempo entre a implantação e a aplicação da força ortodôntica. CONSIDERAÇÕES FINAIS O alto grau de integração entre o tecido ósseo e os implantes de titânio lhes fornece estabilidade adequada para servirem de ancoragem em ortodontia. Uma das principais vantagens quanto ao uso de implantes em ortodontia está nas situações em que se necessita ancoragem máxima, principalmente nos casos de pacientes que não aceitam o uso do aparelho extra-oral ou que possuem áreas edêntulas na região posterior. A utilização desse mecanismo é ainda mais indicada quando além de servir como ancoragem, o implante será utilizado como pilar protético no final do tratamento ortodôntico. Nesse caso é importante planejar cuidadosamente o local de colocação do implante com o protesista. Outras vantagens do uso de implantes em ortodontia seriam o conforto do paciente, melhor estética, diminuição do tempo de tratamento pela aplicação de forças em um curto período de tempo, fácil inserção, grande estabilidade e a possibilidade de promover diferentes ativações. Como desvantagens são relatadas: aumento do custo do tratamento, tempo de osseointegração, necessidade de procedimento cirúrgico, risco de infecções e de contato com raízes e nervos, idade mínima de 18 anos para a sua realização e a necessidade de remoção do implante quando utilizado estritamente para ancoragem. Os implantes podem ser colocados em diversos locais da maxila e mandíbula, tais como regiões edentadas, região abaixo da espinha nasal anterior, palato e sutura palatina, septo interdental entre segundo pré-molar e primeiro molar, qualquer região do osso alveolar, região retromolar, cortical externa da mandíbula ou maxila, face inferior da crista zigomática, porção inferior dos processos zigomáticos da maxila e sínfise. Através da utilização de implantes como ancoragem em ortodontia podem ser conseguidos diferentes movimentos dentários como intrusão, extrusão, torque, translação e inclinação. Dessa Stomatos v.11, n.20, jan./jun. 2005 49

maneira resolvem-se problemas como fechamento de espaços, correção de linha média, correção de mordida aberta, entre outros. Não se observou padronização por parte dos autores com relação à dimensão dos implantes utilizados. Também existe uma variação entre os estudos com relação ao tempo de espera para a osseointegração. REFERÊNCIAS BRANEMARK, P. I. et al. Intraosseous anchorage of dental prostheses. I. Experimental studies. Scand J Plast Reconstr Surg, v.3, p.81-100, 1964. BRANEMARK, P. I. et al. Repair of detcts in mandible. Scand J Plast Reconstr Surg, v.4, p.100-108, 1970. BRANEMARK, P. I. et al. Titanium implants permanently penetrating human skin. Scand J Plast Reconstr Surg, v.16, p.17-21, 1982. BREINE, U., BRANEMARK, P. I. Reconstruction of alveolar jaw bone. An experimental and clinical study of immediate and preformed autologous bone grafts in combination with osseointegrated implants. Scand J Plast Reconstr Surg, v.14, p.23-48, 1980. BYLOFF, F. K. et al. 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