SIMULADOR GERENCIAL PARA ADMINISTRADORES RURAIS RESUMO MANAGEMENT SIMULATOR FOR FARM MANAGERS ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO



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Transcrição:

SIMULADOR GERENCIAL PARA ADMINISTRADORES RURAIS RESUMO WAGNER LUIZ LOURENZANI 1 HILDO MEIRELLES DE SOUZA FILHO 2 O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma ferramenta para suprir deficiências em atividades de gestão por parte de administradores rurais. A partir da técnica do Balanced Scorecard e da metodologia de Dinâmica de Sistemas foi elaborado um modelo de simulação dinâmica representativo de um empreendimento agropecuário. A construção de uma interface amigável possibilitou transformar o modelo em um laboratório gerencial. Este simulador permite experimentações que proporcionam aprendizado e auxiliam no processo de tomada de decisão dos administradores rurais. PALAVRASCHAVE: administração rural; simulação; dinâmica de sistemas MANAGEMENT SIMULATOR FOR FARM MANAGERS ABSTRACT This paper presents a tool which was developed in order to reduce deficiencies in managerial activities conduced by rural managers. A dynamic simulation model representing a rural enterprise was built from Balanced Scorecard and System Dynamics methodologies. A friendly interface was built, so the model could be used as a managerial laboratory. The simulator allows experimentations, leading the rural managers into a learning process and helping with the decision making process. KEYWORDS: farm management; simulation; system dynamics 1. INTRODUÇÃO O desempenho de empreendimentos rurais é determinado por um conjunto grande de variáveis, sejam decorrentes das políticas públicas e da conjuntura macroeconômica, sejam decorrentes de especificidades locais e regionais. Muitas dessas variáveis fogem ao controle da unidade de produção mas, outras, como a gestão da produção, estão mais diretamente vinculadas ao seu controle. 1 Doutorando em Engenharia de Produção UFSCar, Professor da Unesp/Tupã. Pesquisador CEPEAGRO (Centro de Pesquisas em Administração e Agronegócios). Av. Domingos da Costa Lopes, 780. CEP 17602660. TupãSP. 2 Ph.D. em Economia Agrícola, Professor do Dep. de Engenharia de Produção da UFSCar, Rod. Washington Luís, Km 235. CEP 13560970. São Carlos SP.

É possível encontrar produtores rurais em áreas bastante desenvolvidas do país, onde existe amplo mercado, disponibilidade de crédito, fornecedores, agroindústrias, mas com projetos produtivos fracassados. Do ponto de vista técnico, tratase muitas vezes de projetos mal concebidos, associados à adoção de opções produtivas inconsistentes. Este problema, corriqueiro na administração de estabelecimentos rurais, revela a forte deficiência em atividades de gestão. Os administradores rurais tomam decisões dentro de ambientes incertos e dinâmicos, o que requer ferramentas para navegar neste ambiente complexo (BOEHLJE, 1999). FISHER et al. (2000) argumenta que os resultados de decisões no agronegócio não são conhecidos exante e, geralmente, não são prontamente observados. A natureza sazonal da agricultura revela que as decisões realizadas hoje (relacionadas a investimentos, adoção de tecnologia e desenvolvimento de mercado) podem levar, meses, anos e até décadas, para gerar resultados. Essas características, aliadas à racionalidade limitada dos tomadores de decisão, levam os produtores a formular modelos mentais do seu ambiente e se basearem neles, em parte, durante o processo de tomada de decisão (HUFF, 1990). Para uma correta tomada de decisão organizacional são necessárias informações acuradas e prontamente disponíveis. Dado o avanço das tecnologias de informação, coletar informações não é problema; mas, utilizálas de maneira eficiente e eficaz é um desafio. A organização depende, portanto, de mecanismos para disseminar, filtrar e utilizar as informações apropriadas e, assim, criar um processo de aprendizagem contínua. Nesse contexto, esse trabalho propõe uma ferramenta para suprir deficiências em atividades de gestão por parte de administradores rurais. Ferramenta esta, que representa a complexidade de um empreendimento rural, permite a compreensão da interdependência das diversas variáveis que regem esse empreendimento e, finalmente, auxilia na aprendizagem e na tomada de decisão de administradores rurais. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Baseado em revisões teóricas sobre Administração Rural e Sistema de Produção, além de uma pesquisa empírica sobre o processo de gestão executado por um grupo de produtores rurais, foi possível levantar as variáveis gerenciais fundamentais que regem o empreendimento agropecuário.

Utilizandose da teoria da Abordagem Sistêmica da Administração e da técnica do Balanced Scorecard, foi desenvolvido um modelo conceitual sistêmico sob quatro perspectivas diferentes: financeira, dos processos internos, do cliente e do crescimento e aprendizado. Por meio da utilização da metodologia de Dinâmica de Sistemas (System Dynamics) e do software Powersim Constructor, operacionalizouse o modelo conceitual na forma de um simulador, disponibilizandoo como uma ferramenta aplicada de apoio à tomada de decisão e auxílio à aprendizagem um laboratório gerencial. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com LOURENZANI et al. (2003), a abordagem sistêmica traz uma ampliação na visão dos problemas organizacionais característicos da empresa rural. Seu caráter integrativo revela a complexidade gerencial e os efeitos sinérgicos da organização, tão importantes na tomada de decisão do administrador rural. Dentro de um ambiente dinâmico, os sistemas de medidas de desempenho são ferramentas desenvolvidas especificamente para explorar e revelar informações organizacionais dentro de uma abordagem estratégica. Ressaltase que o termo medida de desempenho representa uma maneira de como a performance da organização pode ser entendida, mas não necessariamente controlada (TODD, 2000). Tradicionalmente, a avaliação do desempenho de um empreendimento rural é baseada apenas em perspectivas financeiras e produtivas. Portanto, a implantação de um Balanced Scorecard (KAPLAN e NORTON, 1992) permite que a organização estabeleça uma estrutura de indicadores de desempenho baseada em 4 perspectivas principais: a perspectiva financeira, a perspectiva do cliente, a perspectiva dos processos internos e, finalmente, a perspectiva do aprendizado e crescimento. Assim, baseado nos trabalhos de SHADBOLT e RAWLINGS (2000) e de uma pesquisa empírica sobre o processo decisório de produtores rurais, foi elaborado um Balanced Scorecard (BSC) de uma organização agropecuária. Esta estrutura de avaliação permite que os objetivos, as metas e as ações dos indicadores utilizados para avaliar seu desempenho sejam descritos e ilustrados, em linguagem clara e visual. O Quadro 1 caracteriza o BSC de uma organização rural, sob a perspectiva dos processos internos.

Quadro 1 Objetivos, indicadores, metas e ações para administradores rurais familiares, sob a perspectiva dos processos internos. Objetivos Indicadores Metas Ações Elevar a produtividade do processo produtivo Produtividade Aumentar a eficiência produtiva da atividade Utilizar técnicas e equipamentos que melhorem a produtividade Elevar o nível de qualidade dos produtos Fonte: LOURENZANI et al (2005). Nível de qualidade percebida Elevar a qualidade percebida pelo cliente Reconhecer o nível de qualidade desejado pelo cliente; Tomar decisões que elevem a qualidade percebida pelo cliente Através de um arcabouço visual comum, os diferentes itens do Balanced Scorecard de uma organização podem ser inseridos numa cadeia de causa e efeito o mapa estratégico, conectando os resultados almejados com os respectivos impulsionadores (KAPLAN e NORTON, 1996). A Figura 1 ilustra o mapa estratégico sistêmico proposto para um empreendimento rural. Esse mapa tem o objetivo de fornecer informações relevantes, sob as quatro perspectivas diferentes, e que, quando analisadas conjuntamente, revelam aos administradores rurais uma visão holística do seu negócio. Através da identificação de indicadores, financeiros e nãofinanceiros, considerados críticos para o sucesso do empreendimento, bem como suas interrelações de causa e efeito, o mapa de BSC conduz os administradores a visualizarem se a melhoria, em uma determinada área, é alcançada às custas de outras. Entretanto, enquanto a mente humana é perfeitamente capaz de visualizar os loops, avaliar mentalmente os resultados das mudanças de um elemento dentro de uma estrutura complexa é mais difícil (FORRESTER, 1994). Sistemas mais complexos se opõem a soluções intuitivas. Os modelos mentais não conseguem processálos e interpretálos com tal grau de variedade e complexidade, ainda mais quando se consideram nãolinearidades e defasagens de tempo entre causa e efeito. Esses sistemas não estão em equilíbrio, e os seus estados mudam continuamente em função do tempo, apresentando caráter dinâmico. A metodologia de Dinâmica de Sistemas (System Dynamics FORRESTER, 1961) é a ferramenta apropriada que permite processar e interpretar sistemas complexos e dinâmicos (RICHARDSON, 1991). Assim, a partir do diagrama de influência (modelo conceitual) desenvolvido e por meio da utilização do software Powersim Constructor, foi elaborado um

modelo formal (matemático) de simulação dinâmica representativo de um empreendimento rural. Perspectiva Financeira RESULTADO Custo Fixo Custo Variável MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO Receita Total DEMANDA Perspectiva dos Processos Internos PRODUTIVIDADE QUALIDADE PREÇO SATISFAÇÃO DO CLIENTE Perspectiva do Cliente NÍVEL DE CAPACITAÇÃO Investimentos MOTIVAÇÃO DO TRABALHADOR Perspectiva do Crescimento e Aprendizado Legenda: indicadores relação indireta de causalidade relação direta de causalidade delay Figura 1: Mapeamento estratégico sistêmico de um empreendimento rural. O processo de modelagem é a tradução da descrição do problema (etapa anterior) para a linguagem matemática, de forma a tornar a descrição não ambígua. O modelo é representado graficamente pelo analista, e o software gera automaticamente o sistema de equações diferenciais correspondente, cuja solução, também automática, descreverá o comportamento das variáveis de interesse em função do tempo. Um sistema dinâmico é composto de três componentes principais: variáveis de estado (estoques), variáveis de controle (fluxos) e loops de realimentação (feedback). A Figura 2 ilustra um diagrama de estoques e fluxos integrante do modelo de simulação proposto neste

trabalho. Verificase que, por meio de um mecanismo de simbologia gráfica, é possível modelar o processo dinâmico de funcionamento do empreendimento. Esta ferramenta possibilita ainda construir uma interface amigável de forma a tornar fácil o processo de experimentação, caracterizando assim um protótipo de simulador (Management Flight Simulator). O simulador tem a finalidade de promover a aprendizagem através da experimentação interativa (FORD, 1999). Podendo ser associada a toda e qualquer variável de interesse e em diversas condições, o simulador permite apresentar, visualmente, os parâmetros adotados e os resultados obtidos na forma de gráficos e tabelas. A Figura 3 ilustra um painel de resultados do simulador gerencial proposto neste trabalho. MODELO PRODUTOS EM PROCESSO (kg) não_vendidos produção colheita produtos_em_produção produtos_acabados comercialização demanda plantio produtividade ciclo_produtivo PAINEL DE CONTROLE Figura 2: Exemplo de um diagrama de estoques e fluxos do modelo. Esta ferramenta possibilita ainda construir uma interface amigável de forma a tornar fácil o processo de experimentação, caracterizando assim um protótipo de simulador (Management Flight Simulator). O simulador tem a finalidade de promover a aprendizagem através da experimentação interativa (FORD, 1999). Podendo ser associada a toda e qualquer variável de interesse e em diversas condições, o simulador permite apresentar, visualmente, os parâmetros adotados e os resultados obtidos na forma de gráficos e tabelas. A Figura 3 ilustra um painel de resultados do simulador gerencial proposto neste trabalho.

Através desta ferramenta os diferentes usuários do sistema em estudo podem compartilhar suas visões compartimentadas de um mesmo mundo real (modelos mentais). Simulando, ao longo do tempo, o comportamento dinâmico de tais modelos, podese validálos e utilizálos para pensar estrategicamente. Temse, portanto, um laboratório gerencial de um empreendimento rural. Através do entendimento e o gerenciamento deste sistema, é possível simular estratégias e cenários para o empreendimento, levantando idéias e incitando novas questões. Devese ressaltar que a interpretação do modelo de simulação dinâmica deve ser concebida de maneira qualitativa, já que a metodologia de Dinâmica de Sistemas não foi projetada para prever o valor de uma variável no futuro, ou seja, não é uma ferramenta de predição. Mais do que indicadores ou padrões de desempenho, esta metodologia se refere ao entendimento do motivo do comportamento desse desempenho. I I Kg/alface 395 DEMANDA PROD. COMERCIALIZADOS 392 Kg/alface NÍVEL DE CAPACITAÇÃO dia mês ano BAIXO MÉDIO ALTO 30 12 2014 Kg / alface Tempo de Simulação QUALIDADE mensal bimestral semestral 360 720 1,080 1,440 1,800 2,160 2,520 2,880 3,240 3,600 dias Primeira Especial Extra anual sem parar 20,000 RESULTADO MENSAL SATISFAÇÃO 15,000 Ruim Normal Boa 10,000 NÍVEL TECNOLÓGICO 5,000 DECISÕES 0 BAIXO MÉDIO ALTO PAINEL DE CONTROLE 360 720 1,080 1,440 1,800 2,160 2,520 2,880 3,240 3,600 dias Figura 3: Painel de resultados do simulador gerencial.

4. CONCLUSÕES É imperativo que os produtores adotem o processo de aprendizagem de todo um conjunto de atividades gerenciais, buscando compreender o funcionamento de seu empreendimento e da interação deste com o ambiente que o cerca. O laboratório gerencial proposto neste trabalho permite a simulação e a interpretação de cenários que auxiliam a tomada de decisão dos administradores rurais, pois permitem compreender comportamentos em diferentes condições e visualizar conseqüências de políticas antes de serem implementadas. Inevitavelmente, a interpretação e o entendimento de um sistema complexo apenas se dará perante a análise de inúmeras simulações de políticas e estratégias adotadas. Através da elaboração de cenários, podese observar o efeito das mudanças de condições de todas as variáveis, mantendose, pelo menos, uma delas constante. Esperase que esse seja um ponto de partida para a geração de modelos que tenham maior flexibilidade para indicar métodos e procedimentos que devem ser considerados na gestão de qualquer outro sistema de produção. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOEHLJE, M. Structural changes in the agricultural industry: how do we measure, analyze and understand them? American Journal of Agricultural Economics, 81, 1999. p. 10281041. FISHER, D.K.; NORVELL, J.; SONKA, S.; NELSON, M.J. Understanding technology adoption through system dynamics modeling: implications for agribusiness management. International Food and Agribusiness Management Review, 3, 2000. p.281296. FORD, A. Modeling the environment: an introduction to system dynamics modeling of environment systems. Washington, DC: Island Press, 1999. FORRESTER, J.W. Industrial dynamics. Cambridge, MA: M.I.T. Press, 1961. 464 p. FORRESTER, J.W. Policies, decisions and information sources for modeling. In: MORECROFT, J.D.W.; STERMAN, J.D. (Eds.). Modeling for learning organizations. Portland: Productivity Press, 1994. 400p. HUFF, A. H. Mapping strategic thought. New York: John Wiley & Sons, 1990. KAPLAN, R.S.; NORTON, D.P. The Balanced Scorecard: translating strategy into action. Boston, Massachusetts: Harvard Business School Press, 1996. KAPLAN, R.S.; NORTON, D.P. The balanced scorecard: measures that drive performance. Harvard Business Review. 1992. 70 (1), p. 7179.

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