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Transcrição:

FORMAÇÃO CONTINUADA EM LÍNGUA PORTUGUESA ROTEIRO DE ATIVIDADES 9º ANO 2º BIMESTRE AUTORIA LOURENA DA SILVEIRA COSTA Rio de Janeiro 2013

TEXTO GERADOR I Para realizar as atividades propostas neste Roteiro de Atividades, o aluno deverá fazer a leitura de dois contos, sendo o primeiro deles: O caso do espelho. Esse conto é da tradição popular oral. Para melhor saboreá-lo, é importante que ele seja lido em voz alta, com toda a expressividade que um contador de histórias ou causos (narração, geralmente falada, relativamente curta, que trata de um acontecimento real) usaria. A leitura oral feita com bastante expressividade é uma forma de interpretar o texto. Este história é uma versão escrita por Ricardo Azevedo de um conto popular em prosa e para conhecer esse gênero de texto, analisaremos a forma como foi construído, sua organização, sua linguagem. Uma das características do conto popular é o humor.por se tratar de um texto humorístico, a dramatização propiciará um momento de descontração e leveza. A dramatização do texto estruturado em diálogos toma possível destacar alguns vestígios da oralidade: linguagem espontânea, interjeições, expressões próprias da fala. O CASO DO ESPELHO Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata. Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho nas mãos: Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui? 2

Isso é um espelho explicou o dono da loja. Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai. Os olhos do homem ficaram molhados. O senhor... Conheceu meu pai? perguntou ele ao comerciante. O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira. É não! respondeu o outro. Isso é o retrato do meu pai. É ele, sim! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito? O homem quis saber o preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho. Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira. A mulher ficou só olhando. No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando. Ah, meu Deus! gritava ela desnorteada. É o retrato de outra mulher! Meu marido não gosta mais de mim! A outra é linda demais! Que olhos bonitos! Que cabeleira solta! Que pele macia! A diaba é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu! Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher, chorando sentada no chão, não tinha feito nem a comida. 3

Que foi isso, mulher? Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca lá no retrato? Que retrato? perguntou o marido, surpreso. Aquele mesmo que você escondeu na gaveta da penteadeira! O homem não estava entendendo nada. Mas aquilo é o retrato do meu pai! Indignada, a mulher colocou as mãos no peito: Cachorro sem-vergonha, miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e uma jabiraca safada e horrorosa? A discussão fervia feito água na chaleira. Velho lazarento coisa nenhuma! gritou o homem, ofendido. A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não consegue mais voltar pra casa. Que é isso, menina? Aquele cafajeste arranjou outra! Ela ficou maluca berrou o homem, de cara amarrada. Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá do quarto, mãe! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá! É o retrato de outra mulher! A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato. Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada. 4

Só se for o retrato da bisavó dele! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia, velha, cacarenta, murcha, arruinada, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que eu já vi até hoje! E completou, feliz, abraçando a filha: Fica tranquila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova! AZEVEDO, Ricardo. O caso do espelho: In: Nova Escola, maio1999. P. 28-9 ATIVIDADES DE LEITURA QUESTÃO 1 Você leu uma história que é a versão escrita por Ricardo Azevedo de um conto popular. Vamos conhecer melhor esse gênero de texto, analisar a forma como foi construído, sua organização, sua linguagem. Com base na leitura atenciosa do conto acima, preencha o quadro abaixo com as informações referente à mesma: FOCO NARRATIVO ESPAÇO TEMPO PERSONAGENS CONFLITO 5

Habilidade trabalhada Identificar foco narrativo (narrador), espaço, tempo, personagens e conflito. Resposta comentada Por ser uma narrativa curta, geralmente o conto apresenta apenas um conflito, e poucos personagens. O espaço em que atuam esses personagens é restrito, limitado, e o episódio localizado passa-se num curto lapso de tempo (horas ou dias). Sabemos que foco narrativo se refere à presença de um elemento que relata a história como participante (1º pessoa) ou como observador (3º pessoa), portanto o conto em estudo está sendo narrada em 3ª pessoa, tendo portanto um narrador observador. Embora não seja determinado o tempo de forma exata, podemos inferir que as ações transcorreram em um tempo passado através das seguintes expressões: Era um homem..., Um dia..., Naquele dia..., No outro dia.... Não há como precisar a duração dos fatos, talvez uma semana, pouco mais ou menos, por isso, o levantamento de hipóteses, o espaço é o local em que os fatores são narrados e onde se desenrolam, destacamos a casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata, os personagens são seres criados pelo autor com características físicas e psicológicas determinadas, no texto em questão temos como personagens o homem que não sabia quase nada, o dono da loja, a mulher e a mãe da moça, e, por último, temos o conflito que é a situação de tensão entre os elementos da narrativa, em que no conto temos o seguinte: o engano cometido pelos personagens principais, em que confundem o espelho com um retrato. ATIVIDADES DE USO DA LÍNGUA QUESTÃO 2 Releia o fragmento do texto 1: O senhor... conheceu meu pai? perguntou ele ao comerciante. 6

Quanto ao uso das reticências no trecho acima, é CORRETO dizer: a) ( ) Indica introdução de uma fala num diálogo. b) ( ) Indica a interrupção da fala do personagem. c) ( ) Para sugerir o prolongamento da frase. d) ( ) Para indicar o contrário do que se afirma. Habilidade trabalhada Reconhecer e usar adequadamente a paragrafação e a pontuação. Resposta comentada Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os textos e procuram estabelecer as pausas e as entonações da fala. O objetivo desta questão é que o aluno seja capaz de: construir um comportamento revisor em relação a seu próprio texto e ao dos outros; perceber que a pontuação é um recurso utilizado pelo autor para orientar o entendimento do leitor e constatar que, na maioria das vezes, há mais de uma possibilidade de pontuação. Sendo assim, a resposta correta é a letra B, em que se encontra correta o uso das reticências. TEXTO GERADOR II Leia o conto A Moça Tecelã, de Marina Colassanti. Colasanti retrata um diferente tipo de perfil feminino nesse conto, por recursos de uma fábula, a mulher independente, que constrói a cada dia seus sonhos, a mulher que se basta por si mesma, que consegue perceber a interferência negativa do homem em sua vida, e muda a situação a tempo, porém também 7

retrata a mulher apaixonada cega de amores pelo seu homem, que faz seus gostos por amor, por acreditar em seus sonhos, para tê-lo ao seu lado. Após a leitura do segundo texto gerador, responda às questões que se seguem: A MOÇA TECELÃ Marina Colasanti Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear. Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela. Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza. Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias. Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila. 8

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado. Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta. Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida. Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade. E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar. Uma casa melhor é necessária disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer. Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente. Para que ter casa, se podemos ter palácio? perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata. Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira. 9

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre. É para que ninguém saiba do tapete ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos! Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer. E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo. Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear. Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela. A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu. Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte. Extraído do livro Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento, Global Editora, Rio de Janeiro, 2000. 10

QUESTÃO 3 Aponte no texto o parágrafo construído basicamente por prosopopeia e explique o efeito de sentido que essa figura de linguagem emprega ao texto. Habilidade trabalhada estudados. Identificar a presença de figuras de palavra, pensamento e de sintaxe nos gêneros Resposta comentada Nesta questão espera-se que o aluno reconheça que as figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico. Posto isso, o quinto parágrafo é construído basicamente por prosopopeia. Essa figura de linguagem está a serviço do gênero conto de fadas onde, geralmente, tudo cria vida e passa a compor um quadro único. No texto, em questão, a natureza cria vida a partir do tear e das mãos da moça tecelã e passa a interagir com ela em perfeita harmonia. ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL QUESTÃO 4 Segue abaixo o início de três contos de escritores brasileiros. Escolha um deles e dê continuidade à narrativa. Se preferir, escreva um conto com um assunto diferente dos propostos. O conto literário consta dos mesmos elementos que o conto oral e é, como este, o relato de uma história bastante interessante e suficientemente breve para que absorva toda a nossa atenção. (Horacio Quiroga) 11

TEXTO 1 Subitamente, não sabia mais como se ata o nó da gravata. Era como se enfrentasse uma tarefa desconhecida, com que nunca tinha tido qualquer familiaridade. Recomeçou do princípio. Uma vez, outra vez e nada. Suspirou com desânimo e olhou atento aquele pedaço de pano dependurado no seu pescoço. Vagarosamente, tentou dar a primeira volta e de novo parou, o gesto sem sequência. Viu-se no espelho, rugas e suor na testa: a mão esquerda era a direita, a mão direita era a esquerda. (Otto Lara Resende. In: Italo Moriconi, org. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. P. 315) TEXTO 2 Ele se encontrava sobre a estreita marquise do 18º andar. Tinha pulado ali a fim de limpar pelo lado externo as vidraças das salas vazias do conjunto 1801/5, a serem ocupadas em breve por uma firma de engenharia. Ele era um empregado recém-contratado da Panamericana Serviços Gerais. O fato de haver se sentado à beira da marquise, com as pernas balançando no espaço, se devera simplesmente a uma pausa para fumar a metade de cigarro que trouxera no bolso. Ele não queria dispersar este prazer misturando-o com o trabalho. Quando viu o ajuntamento de pessoas lá embaixo, apontando mais ou menos em sua direção, não lhe passou pela cabeça que pudesse ser ele o centro das atenções (...) (Sérgio Sant Anna. In: Italo Moriconi, org., op. cit., p. 402) 12

TEXTO 3 Ouvi primeiro o ruído de cascos pisando a grama, mas continuei deitado de bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti nitidamente o cheiro acre, muito próximo. Virei-me devagar, abri os olhos. O cavalo erguia-se interminável à minha frente. Em cima dele havia uma espingarda apontada para mim e atrás da espingarda um velhinho de chapéu de palha, que disse logo o seguinte:[...] (Wander Piroli. In: Malcolm Silverman. O novo conto brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 1985. p. 203.) Ao produzir seu texto, siga as instruções: CONTO E RELATO [...] o contar não é simplesmente um relatar acontecimentos ou ações. Pois relatar implica que o acontecido seja trazido outra vez, isto é: re (outra vez) mais latum (trazido), que vem de fero (eu trago). Por vezes é trazido outra vez por alguém que ou foi testemunha ou teve notícia do acontecido. O conto, no entanto, não se refere só ao acontecido. Não tem compromisso com o evento real. Nele, realidade e ficção não têm limites precisos. Um relato, copia-se; um conto, inventa-se [...] (Nádia Battella Gotlib. Teoria do conto. 5. ed. São Paulo: Ática, 1990. p.12.) Tenha em mente que seu conto será lido por alguém. 13

Antes de escrever, imagine o conflito, ou seja, a situação problemática que as personagens viverão, e como ocorrerá sua superação. Além disso, planeje a organização dos fatos, estruturando o enredo em partes (introdução, complicação, clímax e desfecho) ou encontrando uma maneira de subverter essa estrutura. No caso de sua escolha ter recaído sobre um dos inícios sugeridos, a introdução já está feita. Ao redigir, empregue uma variedade de acordo com a norma-padrão da língua ou outra, dependendo de quem é o narrador. Faça inicialmente um rascunho e, antes de passar seu conto a limpo, revise-o cuidadosamente, seguindo as orientações do boxe Avalie seu conto. Refaça o texto quantas vezes achar necessário. Avalie seu conto Observe se seu conto é uma narrativa ficcional curta; se apresenta poucas personagens, poucas ações e tempo e espaço bem reduzidos; se o enredo está estruturado em introdução, complicação, clímax e desfecho (ou se subverte intencionalmente essa estrutura); se a linguagem empregada está de acordo com o perfil do narrador e das personagens. Habilidade trabalhada Planejar e produzir um texto narrativo curto dos gêneros estudados. Comentário Considerando a leitura das introduções dos contos sugeridos, que são citadas acima, como motivadores, o aluno deverá optar por um e redigir um texto narrativo curto de acordo com as características referentes ao gênero em estudo, seguindo os padrões da norma culta. 14