BOLETIM DE CONJUNTURA MACROECONÔMICA FEVEREIRO 2017 SEMANA 4 PAINEL DE CONJUNTURA MACROECONÔMICA
Atento ao quadro de instabilidade econômica e com o intuito de auxiliar nas tomadas de decisões do mercado, o ISAE reuniu profissionais das áreas financeira e econômica e criou o Comitê Macroeconômico, com o objetivo de agregar valor à sociedade por meio de pesquisas, análises e interpretações de dados macroeconômicos. O Comitê Macroeconômico é coordenado por Rodrigo Casagrande, professor do Mestrado em Governança e Sustentabilidade do ISAE, e Fabio Alves da Silva, executivo de finanças da Renault. É composto por profissionais que possuem competências complementares, provenientes de diferentes instituições, como ISAE, Banco Central do Brasil, Renault e SEBRAE. O comitê também conta com a participação de alunos do CFO Strategic, programa do ISAE em parceria com o IBEF (lnstituto Brasileiro de Executivos de Finanças), que capacita o profissional de finanças com foco nas pessoas que impulsionam as ações e potencializam os resultados, além de alunos do Programa de Mestrado em Governança e Sustentabilidade do ISAE. Equipe Técnica André Alves Adriano Bazzo Christian Bundt Luciano De Zotti Jefferson Marcondes Coordenação Técnica Fabio Alves da Silva Coordenação Geral Rodrigo Casagrande 01
Atividade Econômica: PIB 2017 e 2018: expectativas com viés de baixa. Confiança na economia: estabilidade na confiança das famílias em fevereiro - a mão está bem fechada. Preço e Juros: IPCA: sétima queda. SELIC: condições favoráveis para redução. Balança comercial e Câmbio: Resultado parcial do mês de fevereiro apresenta superávit. Cambio: Dólar apresenta queda em 2017 de 5%. Mercado de Trabalho: Setor de Comércio em 2016 cortou mais de 180 mil postos de trabalho. Setor Público: O Brasil voltou ao patamar de Maio/2015 Bom Pagador. 02
AGENDA DA SEMANA Dia Indicador / Evento 20/02 Sondagem Industrial (FGV) 20/02 Balança Comercial (MDIC) 22/02 Sondagem do Consumidor (FGV) 22/02 IPCA15 (IBGE) 23/02 IGPM (FVG) 23/02 Pnad Contínua 4º Trimestre (IBGE) Atividade econômica PIB 2017 e 2018: estabilidade com viés de baixa. Continuam estáveis as previsões sobre o PIB e produção industrial para 2017 e 2018. O Relatório Focus (BCB), de 17/02/2017, continua apontando em 0,48% o crescimento do PIB brasileiro em 2017, já há uma semana. Como dissemos na edição anterior, temos estabilidade com viés de baixa. O crescimento do PIB para 2018 também continua em 2,30% desde a semana passada. Mantemos firme nossa opinião sobre o PIB brasileiro, que crescerá menos de 1% em 2017. E que o PIB do Paraná crescerá de duas a três vezes mais. A expectativa dos pesquisados no Focus para a produção industrial, em 2017, continua firme em 1% há mais de cinco semanas. Para o ano de 2018, se confirma a expectativa de crescimento de pouco mais que 2%, em trajetória estável, começando a reverter a levíssima tendência de queda. Na linha de otimismo dos personagens ligados ao Palácio do Planalto, o chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, afirmou que o comércio terá um ano melhor que os dois últimos em função da percepção de recuperação ao longo de 2017, estimulado pela queda dos juros e melhora da renda real como resultado do recuo da inflação. O economista da CNC ainda ressaltou que o foco do Banco Central deveria ser a atividade econômica. Será? Na próxima edição do boletim vamos examinar o índice de atividade econômica divulgado pelo Banco Central do Brasil e compará-lo ao PIB e produção industrial. Quem sabe assim temos novidades ou afirmações do cenário dos otimistas ou dos pessimistas. 03
Confiança na economia: estabilidade na confiança das famílias em fevereiro - a mão está bem fechada. A CNC, na sua pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), aponta estabilidade com levíssima alta em relação ao mês anterior, mas ainda é menor que em fevereiro de 2016 e abaixo dos 100 pontos. Nesta edição de fevereiro, o ICF marcou 77,1 pontos, 1,2% maior que janeiro/17 e 2,1% menor que fevereiro de 2016. Na apuração mensal só um dos sete indicadores teve variação negativa. O ICF vai de zero a 200 pontos, sendo 100 o limite entre a confiança e a falta de confiança. A seguir o quadro comparativo mostra os componentes do ICF em janeiro e fevereiro de 2017. Quadro 1: Intenção de consumo das Famílias Na opinião dos pesquisados, fica perceptível a piora de 2016 para 2017 sob a ótica da renda atual, além da pesquisa apontar cautela com as compras a prazo. Esses dois indicadores têm relação entre si: se não há renda ou ela está menor ou em perigo, evita-se as compras a prazo e o nível de compras atual. Ao mesmo tempo, o consumidor se mostra mais animado para as compras futuras, é o que demonstra o aumento do indicador perspectiva de consumo na comparação mensal e anual. 04
Preço e Juros IPCA muito próximo do centro da meta. O relatório Focus traz a expectativa de redução do IPCA pela sétima vez este ano, de 4,47% para 4,43% pela mediana agregado. A mediana - top 5 das expectativas de mercado, aponta no médio prazo 4,10% para o IPCA 2017. A expectativa para 2018 segue firme e constante em 4,50% pela 30ª semana consecutiva na mediana agregado e 4,30% na mediana - top 5, ligeiro aumento em relação aos 4,21% da semana passada. A meta está em 4,5% desde 2005 e parece haver movimentação para que em junho se reduza para 4,25%, aproveitando as condições favoráveis. As boas novas são por conta da safra agrícola e do comportamento do câmbio. No acumulado de 12 meses o índice fechou em 5,35%, ante o 6,29% de 2016. O gráfico abaixo mostra a trajetória do IPCA. Gráfico 1: IPCA acumulado 12 meses 05
SELIC: Condições favoráveis para redução. A expectativa é para a reunião do COPOM de 22.02. Os sinais muito positivos da inflação, a safra agrícola e o câmbio indicam condições muito favoráveis para uma redução acentuada na taxa básica de juros. O ajuste na SELIC deverá indicar o ritmo de corte para as próximas reuniões. O mercado se manteve na posição da SELIC em 9,5% para fechar 2017 e 9,0%, para 2018. Mesmo com as condições favoráveis, poucos apostam em um corte acima de 0.75 p.p. pois defendem que a credibilidade do BCB possa ser colocada à prova em caso de movimentos mais bruscos. Por outro lado, o ajuste possível e tempestivo da taxa básica, com a aceleração do ritmo de corte, deveria demonstrar a eficiência do órgão e pode dar condições para que as estimativas do PIB se concretizem. Gráfico 2: Projeção da taxa SELIC 06
Balança Comercial: resultado parcial do mês de fevereiro apresenta superávit. As exportações de fevereiro até a 2ª semana apresentam um aumento de 8,8% em relação ao mesmo período de 2016, atingindo o volume de US$6,110 bilhões, com um superávit de US$1,167 bilhões. A razão foi o aumento nas vendas de duas das três categorias de produtos. Os básicos subiram 14,3%, com destaque para o petróleo cru, minério de ferro e carnes. Os manufaturados, tais como óleos combustíveis, hidrocarbonetos, polímeros plásticos, entre outros, subiram 7,1%. Já os semimanufaturados caíram 1,5%, tendo como carro chefe a celulose, seguidos do alumínio e açúcar. As importações atingiram o volume de US$4,943 bilhões, 14% acima da média de fevereiro/2016. Nesse comparativo, os gastos se concentraram principalmente com combustíveis lubrificantes (57,7%), cereais (39%), adubos (24,8%), entre outros. A balança comercial registrou superávit de US$3,892 bilhões com exportações de US$21,022 bilhões e importações em US$17,129 bilhões no acumulado do ano, até a 2ª semana de fevereiro de 2017. Com este resultado devemos obter o segundo superávit do ano. Câmbio: Dólar apresenta queda em 2017 de 5%. O dólar comercial apresenta uma queda de 5% em 2017. O mercado esta vivendo um momento de forte expectativa de entrada de recursos, em função das expectativas de investidores externos com os sinais de recuperação da economia brasileira. A cotação fechou o dia 17/02 a R$/US$3,09 depois de atingir a cotação de R$/US$3,06. Quando do fechamento do mercado, ocorreu um ajuste após romper a barreira de R$/US$3,10. O mercado deverá seguir testando níveis mais baixos em função do aumento dos preços das commodities e do melhor ritmo comercial da China. 07
Balança Comercial do Paraná: soja não foi a protagonista em janeiro. Segundo os dados divulgados pelo MDIC, referente as exportações do Paraná no mês de janeiro/17, os produtos básicos representaram 44% do total exportado e apresentaram queda de 6% comparativamente com janeiro/16. Os produtos industrializados representaram 56% das exportações totais do estado, fechando com crescimento de 28% em relação ao mesmo período de 2016. Contrariando a regra, a soja não apareceu na liderança. Os produtos mais exportados foram pedaços e miudezas de frango e carnes de frango totalizando 19,62% do total exportado. A soja triturada, em óleo/resíduos apareceram em terceiro e quarto, respectivamente. Automóveis apareceram em quinto lugar, seguidos de açúcar e milho. Esses produtos representaram 44% dos produtos exportados no período. Mercado de Trabalho Setor de Comércio em 2016 cortou mais de 180 mil postos de trabalho. Em 2016 o comércio varejista brasileiro teve um ano negativo, pois de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC) em sua pesquisa mensal de comércio (janeiro a novembro de 2016), o volume de vendas apresentou uma queda de (-8,8%) no ano e de (-9,1%) em 12 meses para o comércio ampliado, que reflete em aproximadamente 182 mil postos de trabalhos fechados em 2016. 08
PAINEL DE CONJUNTURA MACROECONÔMICA Gráfico 3: Vagas de emprego geradas no comércio. A redução de vagas geradas pelo comércio teve seu inicio em 2010 para 2011, onde houve uma queda de 141 mil vagas de trabalho. Com o agravamento da crise, em 2015, houve uma redução de 329 mil vagas quando comparado ao ano anterior. Em 2016 houve uma redução de 182 mil vagas, sendo um dos piores resultados desde que a pesquisa vem sendo realizada. Estima-se que este quadro se estabilize em 2017, onde a expectativa da retomada da geração de empregos no comercio se dê a partir de meados do segundo semestre deste ano. 09
Setor Público Credit Default Swap do Brasil voltou ao patamar de Maio/2015 Bom Pagador. Já é possível observar em boa parte das análises econômicas o termo saída do atoleiro, por conta dos sinais animadores, especialmente no tocante às contas externas do Brasil. Após dois anos de recessão, em que a realidade foi de contração dos negócios, desemprego em alta, consumo em baixa e investimento produtivo em queda livre, notícias auspiciosas começam a ser publicadas. O Credit Default Swap (CDS) do Brasil, que é uma espécie de seguro contra o calote dos países, voltou ao patamar de maio/2015, época na qual o Brasil era considerado um bom pagador pelas agências de avaliação de crédito. A melhora do CDS reflete o otimismo dos investidores com relação às políticas de austeridade e limites de gastos aprovadas pelo governo. O Brasil também é beneficiado por um cenário externo favorável. No último ano o preço do barril de petróleo aumentou 67% e do minério de ferro 97%. 10