Regime Diferenciado de Contratações - RDC Lei Federal nº 12.462/11 Regimes de execução dos contratos e contratação integrada Professor Augusto Dal Pozzo Copyright by Augusto Dal Pozzo
Regimes de execução de obras e serviços de engenharia
1. Panorama geral dos regimes de execução RDC LEI 8.666 Art. 2º Na aplicação do RDC, deverão ser observadas as seguintes definições: I - empreitada integral: quando se contrata um empreendimento em sua integralidade, compreendendo a totalidade das etapas de obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas às finalidades para a qual foi contratada; EPC engineering (engenharia), procurement (procura e compra) and construction (construção civil e montagem) II - empreitada por preço global: quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo e total; III - empreitada por preço unitário: quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades determinadas; Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se: (...) VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) a) empreitada por preço global - quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo e total; b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades determinadas; (...) e) empreitada integral - quando se contrata um empreendimento em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas às finalidades para que foi contratada; 3
2. Regimes de execução de obras e serviços de engenharia RDC LEI 8.666 Art. 8º Na execução indireta de obras e serviços de engenharia, são admitidos os seguintes regimes: I - empreitada por preço unitário; II - empreitada por preço global; III - contratação por tarefa; IV - empreitada integral; ou V - contratação integrada. Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas seguintes formas: II - execução indireta, nos seguintes regimes: a) empreitada por preço global; b) empreitada por preço unitário; c) (Vetado). d) tarefa; e) empreitada integral. IMPORTANTE: Âmbito de aplicação do artigo 8º concerne a obras e serviços de engenharia outros serviços que não sejam de engenharia deverão render observância ao artigo 2º do RDC; 4
3. Regime de Preferência - RDC estabelece um regime de preferência entre os regimes de execução para obras e serviços de engenharia (art. 8º, 1º); - empreitada por preço global (art. 8º, II) - empreitada integral (art. 8º, IV) - contratação integrada (art. 8º, V) - Ponderação: - Nas licitações disciplinadas pela Lei 8.666/93 a maioria da doutrina entende se tratar de competência vinculada a fixação do regime elementos técnicos demonstrariam com inequívoca clareza a fixação de um regime ou de outro - Será objeto da contratação (em duplo aspecto: características técnicas e econômicas) que levam a escolha do melhor regime de execução para o caso concreto - Trata-se, portanto de exercício de competência discricionária. - Esse sistema obriga o administrador a indicar expressamente os motivos pelos quais deixou de adotar qualquer dos regimes que possuem preferência - No caso de inviabilidade de aplicação dos regimes de execução acima, poderá ser adotado outro regime (art. 8º, 2º) - empreitada por preço unitário - tarefa - Há expressa menção na lei de que, no processo administrativo, devem ser inseridos os motivos que justificaram a exceção RDC Art. 8º Na execução indireta de obras e serviços de engenharia, são admitidos os seguintes regimes: (...) 1º Nas licitações e contratações de obras e serviços de engenharia serão adotados, preferencialmente, os regimes discriminados nos incisos II (empreitada por preço global), IV (empreitada integral) e V (contratação integrada) do caput deste artigo. 2º No caso de inviabilidade da aplicação do disposto no 1º deste artigo, poderá ser adotado outro regime previsto no caput deste artigo (empreitada por preço unitário e tarefa), hipótese em que serão inseridos nos autos do procedimento os motivos que justificaram a exceção. 5
4. Orçamento: SINAPI e SICRO - ORÇAMENTO (art. 8º, 3º) - SINAPI: Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - IBGE coleta mensalmente de, pelo menos, 27 Unidades Geográficas de Informação (UGI) os preços de materiais, serviços e equipamentos de construção e os salários dos profissionais - CEF é responsável pelo cadastro dos insumos e da manutenção da base técnica de engenharia - SICRO: Sistema de Custos de Obras Rodoviárias - DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre) responsável pela implementação e manutenção - Referências: - Art. 125 da Lei 12.465, de 12 de agosto de 2011 (Lei de Diretrizes Orçamentárias) - Jurisprudência do TCU LEI DO RDC Art. 8º Na execução indireta de obras e serviços de engenharia, são admitidos os seguintes regimes: (...) 3º O custo global de obras e serviços de engenharia deverá ser obtido a partir de custos unitários de insumos ou serviços menores ou iguais à mediana de seus correspondentes ao Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), no caso de construção civil em geral, ou na tabela do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias (SICRO), no caso de obras e serviços rodoviários. - Ponderação - Orçamento é o preço máximo para contratação (art. 4º, V do RDC) - Sistemas de preços são uma média dos valores coletados no Brasil - Pode não retratar as peculiaridades da obra - Brasil possui realidades distintas - Itens com complexidades distintas (ex. asfalto aeroporto asfalto rodovia) 6
4. Orçamento ORÇAMENTO: COMENTÁRIOS - Inviabilidade da utilização da SICRO e SINAPI devem ser utilizados (art. 8º, 4º): - tabela de referência aprovada por entidade das administração federal; - publicações técnicas especializadas; - sistema específico instituído para o setor; - pesquisa de mercado. - Pergunta: há ordem de preferência? - Não havendo recursos da União, nas contratações pelo RDC dos governos municipais, estaduais e DF poderão ser utilizados outras referências de preços já adotados pelos respectivos entes e aceito pelos respectivos Tribunais de Contas. RDC Art. 8º Na execução indireta de obras e serviços de engenharia, são admitidos os seguintes regimes: 4º No caso de inviabilidade da definição dos custos consoante o disposto no 3º deste artigo, a estimativa de custo global poderá ser apurada por meio da utilização de dados contidos em tabela de referência formalmente aprovada por órgãos ou entidades da administração pública federal, em publicações técnicas especializadas, em sistema específico instituído para o setor ou em pesquisa de mercado. 6º No caso de contratações realizadas pelos governos municipais, estaduais e do Distrito Federal, desde que não envolvam recursos da União, o custo global de obras e serviços de engenharia a que se refere o 3º (SINAPI e SICRO) deste artigo poderá também ser obtido a partir de outros sistemas de custos já adotados pelos respectivos entes e aceitos pelos respectivos tribunais de contas. 7
4. Orçamento: SINAPI e SICRO ORÇAMENTO: - BDI BONIFICAÇÕES E DESPESAS INDIRETAS - Ponderações: COMENTÁRIOS 1) Dever ser utilizado também o parâmetro SICRO e SINAPI? - Divergência entre percentuais - TCU (28,87% - Acórdão 325/2007 TCU - Plenário) - SICRO (27,84%) -Divergência entre os itens que o compõe - Administração local: custo direto (TCU) ou indireto (incluso BDI)? 8
5. Projeto Básico e Executivo - Projeto básico COMENTÁRIOS - Obrigatoriedade de elaboração do projeto básico pela Administração, com exceção do regime de contratação integrada (art. 8º, 6º) - Projeto Executivo - Obrigatoriedade de elaboração de projeto executivo, qualquer que seja o regime adotado (art. 8º, 7º) LEI DO RDC Art. 8º Na execução indireta de obras e serviços de engenharia, são admitidos os seguintes regimes: (...) 5º Nas licitações para a contratação de obras e serviços (de engenharia??), com exceção daquelas onde for adotado o regime previsto no inciso V do caput deste artigo, deverá haver projeto básico aprovado pela autoridade competente, disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório 7º É vedada a realização, sem projeto executivo, de obras e serviços de engenharia para cuja concretização tenha sido utilizado o RDC, qualquer que seja o regime adotado. 9
Contratação Integrada
1. Precedente e Conceito 1.1) O instituto da contratação integrada foi inspirado no Regulamento de Licitações da PETROBRÁS: 1.9. Sempre que economicamente recomendável, a PETROBRÁS poderá utilizar-se da contratação integrada, compreendendo realização de projeto básico e/ou detalhamento, realização de obras e serviços, montagem, execução de testes, pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto, com a solidez e segurança especificadas. - TCU entende pela inconstitucionalidade do Decreto - STF examinou a questão em vários mandados de segurança (liminar suspensão decisões TCU) - Recurso Extraordinário (RE 441280) - Julgamento está 1 x 1. - Provendo-o (Ministro Marco Aurélio) e desprovendo-o (Ministro Toffoli). 1.2) Contratação integrada: Art. 9º, 1º. A contratação integrada compreende a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto. - Contrário ao regime geral da Lei de Licitações que veda a promoção de licitação desprovida do projeto básico (art. 7º, 2º da Lei 8.666/93). 11
2. Projeto Básico X Anteprojeto de Engenharia 2.1) Substituição do projeto básico pelo anteprojeto de engenharia - Detalhamento da peça técnica perfeita caracterização do objeto Pergunta: Qual a diferença substancial entre ambos os documentos técnicos? Requisitos técnicos de engenharia exigidos para conformação do projeto básico são muito mais amplos e caracterizam de maneira mais precisa e detalhada o objeto a ser contratado Crítica Será que uma peça técnica mais simplificada permitirá a correta identificação do objeto a ser licitado? - pressuposto lógico do certame: completa caracterização do objeto licitado. - perigo! pode propiciar o oferecimento de propostas com valores inexequíveis de plano ou muito acima do valor que se poderia conseguir orçamento é sigiloso - dever de planejar da Administração fase interna - Ministério das Cidades orientações para operacionalização - CAIXA 12
2. Projeto Básico X Anteprojeto de Engenharia APRESENTAÇÃO DO PROJETO BÁSICO PELA CONTRATANTE Apresentação do Projeto Básico pela Contratada Aceite da Administração Pública Não Aceite da Administração Pública Administração Pública não assume responsabilidade técnica sobre o projeto 3º, art. 66, Decreto 7.581 Administração Pública impõe solução técnica Problemas na execução contratual - Responsabilidade da Administração? Administração Pública impõe que seja encontrada nova solução técnica 13 Custos? A quem incorre?
2. Projeto Básico X Anteprojeto de Engenharia 2.2) Orçamento (flexibilização) - projeto básico: - orçamento detalhado (com todos os custos unitários insumos e serviços) - anteprojeto de engenharia: - orçamento sintético (art. 9º, 2º, II - não obriga detalhar os custos unitários) - desconhecimento do valor a ser pago pela Administração - terá disponibilidade financeira? - dificuldade de fiscalização (possibilita eventual jogo de planilha - TCU) - não há preferência para adoção de SICRO e SINAPI - os preços serão calculados com base nos valores praticados pelo mercado; - valores pagos pela administração pública em serviços e obras similares; - será realizada uma avaliação do custo global da obra. 14
3. Remuneração do contratado: relatório de medição formalização - Relatórios de Medição execução contratual forma de apresentação - fiscalização - Os relatórios de serviços executados (medição) serão apresentados de acordo com o regime de execução adotado pela Administração - Exemplos: - Empreitada por preço unitário: apresentação do relatório detalhado, discriminando os quantitativos executados no período em referência administração deverá aferir se os serviços foram efetivamente executados - Empreitada por preço global: apresentação do relatório contendo etapas periódicas de obra fases da obra - Contratação integrada: - Como será apresentado o relatório de medição? Não há previsão! 15
4. Critério de Julgamento: Técnica e preço - Critério de Julgamento (art. 9º, III do RDC) - Técnica e preço. Inovação! - serviços predominantemente intelectuais no regime da Lei 8.666/93 e em projetos que envolvam concessão de serviço público ou PPP. - Tribunais de Contas: parâmetros de 70/30 e respectivas súmulas - Dificuldade: estabelecer objetividade de critérios de julgamento da proposta técnica - Permitida apresentação de metodologias diferenciadas de execução da obra ou serviço de engenharia (art. 9º, 3º do RDC) - dependendo da metodologia o valor pode variar de maneira amplíssima imprecisão - definição da tecnologia deve ser prévia - edital estabelecerá critérios objetivos para avaliação e julgamento das propostas dificuldades! 16
5. Termo Aditivo COMENTÁRIOS IMPORTANTE: As hipóteses são taxativas ou exemplificativas? Será possível prorrogar o prazo contratual? O equilíbrio econômico-financeiro do contrato é assegurado pela Constituição Federal poderia a legislação infraconstitucional reduzir seu âmbito de aplicação? Caso fortuito: evento da natureza (tufão) Força maior: evento humano imprevisível e inevitável (greve na fabricação de produto) - matriz de riscos alocação valores medidas mitigadores art. 75, 1º Decreto TCU (Acórdão 1310/2013 Plenário) LEI DO RDC Art. 9º Nas licitações de obras e serviços de engenharia, no âmbito do RDC, poderá ser utilizada a contratação integrada, desde que técnica e economicamente justificada. (...) 4º Nas hipóteses em que for adotada a contratação integrada, é vedada a celebração de termos aditivos aos contratos firmados, exceto nos seguintes casos: I - para recomposição do equilíbrio econômicofinanceiro decorrente de caso fortuito ou força maior; e II - por necessidade de alteração do projeto ou das especificações para melhor adequação técnica aos objetivos da contratação, a pedido da administração pública, desde que não decorrentes de erros ou omissões por parte do contratado, observados os limites previstos no 1º do art. 65 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. 17