ENCONTRO TÉCNICO DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES PARA OUTORGA NA BACIA DO RIO SÃO MARCOS. Goiânia, 03 de agosto de 2016

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Transcrição:

ENCONTRO TÉCNICO DEFINIÇÃO DE PRIORIDADES PARA OUTORGA NA BACIA DO RIO SÃO MARCOS Goiânia, 03 de agosto de 2016

Desde as nascentes do ribeirão Samambaia (ponto extremo mais ao norte) até a foz do São Marcos (ponto extremo mais ao sul), a bacia hidrográfica do rio São Marcos possui um relevo bastante heterogêneo.

Nos trechos superior e médio superior o relevo é plano a ondulado, em contraste com o trecho médio inferior e parte do inferior, caracterizado pelo relevo acidentado e montanhoso.

Na porção superior da bacia do São Marcos dadas as características de relevo plano, altitude média superior a mil metros, boa disponibilidade hídrica e proximidade com grandes centros consumidores (Brasília Uberlândia e Goiânia) se desenvolveu e desenvolve boa parte da agricultura irrigada na bacia.

A condição de relevo heterogêneo da bacia, com condições ideais para a agricultura tecnificada na parte superior e condições propícias para a geração de energia hidrelétrica sua porção inferior, transformou-se em palco de uma significativa disputa pelos recursos hídricos.

De um lado UHE Batalha no rio São Marcos, com potência instalada mínima de 52,5 MW (direito de uso da água outorgado a Furnas Centrais Elétricas por meio da Resolução ANA nº489/08).

Do outro Lado... Temos a expectativa de agricultores irrigantes, instalados e que pretendem instalar-se, em expandir as áreas irrigadas sem um projeto global de ocupação devidamente aprovado ou registrado junto aos órgãos gestores, nesta região que é considerada ímpar para a produção de sementes, grãos e hortícolas de alto valor agregado, devido às excepcionais características de clima, relevo e solos.

Em 2010 a Agência Nacional de Águas-ANA promoveu alteração na outorga inicialmente concedida para o funcionamento da UHE Batalha em 2008 pela necessidade de compatibilização entre os usos de irrigação e energia elétrica na bacia do São Marcos e, ato contínuo, estabeleceu um Marco Regulatório do Uso da Água na Bacia do São Marcos, entre o órgão gestor de recursos hídricos goiano (antiga SEMARH/GO), mineiro (IGAM/MG) e a própria ANA.

O referido Marco Regulatório previa um limite de 64.068 ha de áreas irrigadas a montante da usina de Batalha para o ano de 2015, entretanto, com um crescimento médio de 2.655 ha/ano em novas áreas irrigadas, o limite estabelecido para 2015 foi ultrapassado já em 2011 (66.081 ha).

PROBLEMAS APONTADOS PELO GT SÃO MARCOS

a) Subestimação da Área Irrigada: Durante os estudos desenvolvidos pela ANA em 2005, que resultaram na Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica DRDH, fornecida em favor da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, considerou-se uma área irrigada muitas vezes menor que aquela existente. Os dados utilizados, da base do IBGE, não refletiam a realidade e nem foram solicitadas informações de organização dos produtores como os Sindicatos da Classe em Unaí, Paracatu ou Cristalina. Esta DRDH foi revertida em outorga em favor de Furnas Centrais Elétricas Ltda. (Relatório Técnico Monteplan)

Na DRDH pelos dados do IBGE (2005), para a Margem Goiana, foram considerados 9.303,5ha, quando na realidade já haviam instalados 26.461ha irrigados. É evidente que tamanho erro de diagnóstico levaria a enormes discrepâncias na construção de cenários futuros.

b) Utilização da UHE como Reguladora de Vazão: Os estudos técnicos desenvolvidos pela ANA, demonstram claramente que o potencial de geração de energia da usina é baixo e que, mesmo nessa condição é proposto um reservatório maior, que será utilizado para regularização da vazão do rio, permitindo o ganho energético em cascata, pelas diversas usinas ao longo do rio Paranaíba, principalmente. Decorre disso que, apenas o trecho em questão (Alto São Marcos) será penalizado pela produção de água de toda a bacia.

Segundo o Relatório do GT São Marcos, a partir de um erro de diagnóstico, incorreu-se em outro subsequente ao não observar o USO PREPONDERANTE NA BACIA, a irrigação e seu potencial de crescimento, impondo outro uso concorrente, instalando na mesma uma UHE com um reservatório superdimensionado visando regularizar vazões à jusante.

ha Área irrigada por pivôs na Bacia do São Marcos 90.000 80.000 80.762 70.000 60.000 Alto São Marcos (1986 a 2011): 2.634 ha/ano 65.232 66.081 50.000 52.331 40.000 37.788 30.000 20.399 30.504 20.000 10.289 15.301 10.000 14.681 12.901 523 7.180 5.098 7.284 0 244 3.180 1986 279 1991 1996 2001 2006 2011 Baixo São Marcos Alto São Marcos Bacia do São Marcos

Entre 2013 e 2015, houve um expressivo aumento da área irrigada, alcançando 82.231 ha área irrigada quase 30% maior que a estabelecida no Marco regulatório para o ano de 2015.

Unidade Territorial nº pivos 2013 2014 2015 Área Irrigada nº pivos Área Irrigad a nº pivos Área Irrigada nº pivos Crescimento 2013-2015 Área Irrigada (ha) (ha) (ha) (ha) % Distrito Federal 12 843 13 931 16 1.051 4 208 10,4 Minas Gerais 401 33.705 436 38.67 0 448 39.541 47 5.836 14,7 Goiás 466 36.196 498 40.418 508 41.639 42 5.443 11,7 Alto São Marcos 879 70.744 947 80.02 0 972 82.231 93 11.487 13,1

Definir o uso para irrigação como prioritário na bacia, desenvolvendo as seguintes ações: 1 - Revisão dos critérios de cálculo de demanda hídrica; 2 - Desenvolver instrumentos que permitam a outorga sazonal (outubro a maio); 3 - Critério de outorga único na bacia; 4 - Integração entre os órgãos gestores da bacia, por meio de um plano de ação e sala de situação operacional envolvendo ANA, SECIMA, IGAM, CBH PARANAÍBA e Usuários, visando: - Monitoramento: dos usos, das vazões, áreas irrigadas, geração de energia e usos consuntivos; - Planejamento da evolução dos usos; - Fiscalização e cumprimento dos pactos firmados; - Apoio à gestão, desenvolvimento, capacitação e organização dos usos e usuários; - Limitação de vazões a serem utilizadas pelos setores. 5 Determinação imediata das áreas irrigáveis, através de estudo contratado pela ANA;

Obrigado!!! Bento de Godoy Neto aguasdegoias@gmail.com