Seminários Plano Diretor de Recursos Hídricos da Macrometrópole Paulista

Documentos relacionados
Simpósio Recursos Hídricos na Região Sudeste: Segurança Hídrica, Riscos, Impactos e Soluções

Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista

Agência de Água PCJ. O processo de elaboração do Plano das Bacias PCJ. Corpos d Água nas bacias PCJ. Eduardo Cuoco Léo Analista em Gestão Ambiental

OFERTA DE ÁGUA E DEMANDAS SETORIAIS EM BACIAS INDUSTRIALIZADAS

Monica Porto Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo PHD2537 Água em Ambientes Urbanos

SEGURANÇA HÍDRICA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NA MACROMETRÓPOLE PAULISTA

DESAFIO HÍDRICO: A SUSTENTABILIDADE DA MACROMETROPOLE PAULISTA

GRUPO TÉCNICO DE ASSESSORAMENTO PARA GESTÃO DO SISTEMA CANTAREIRA GTAG - CANTAREIRA COMUNICADO Nº 7-16/05/2014

MESA TEMÁTICA AGÊNCIA DAS BACIAS PCJ. Eduardo Cuoco Léo Coordenador de Sistema de Informações Fundação Agência das Bacias PCJ

SISTEMA CANTAREIRA : Reservatório Jaguari, abril, 2014 ÁGUA : E AGORA?

A Crise de Água O que podemos fazer como pais, educadores e cidadãos para enfrentar a escassez de água e construir soluções de curto e longo prazo?

PLANO DA BACIA DO RIO MOGI GUAÇU

Comitê de Meio Ambiente CTC ÚNICA. "O Setor Sucroenergético e a Crise Hídrica Avanços com Boas Práticas" COMITÊ DE MEIO AMBIENTE (CMA) CTC-UNICA

Bacia do Alto Tietê FABHAT 18/05/2011

PROGRAMAS DE REUSO DE ÁGUA NAS BACIAS PCJ. Sergio Razera Diretor Presidente Fundação Agência das Bacias PCJ

SEMINÁRIO FIESP GESTÃO DA ÁGUA A CRISE NÃO ACABOU

Água. O Pagamento dos Serviços Ambientais e os Recursos Hídricos Malu Ribeiro Coordenadora da Rede das Águas Fundação SOS Mata Atlântica

Outubro de 2014 (o ano da crise)

GRUPO TÉCNICO DE ASSESSORAMENTO PARA GESTÃO DO SISTEMA CANTAREIRA GTAG - CANTAREIRA. COMUNICADO N o 1 18/02/14

O Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos - SP -SIGRH-

Painel: Desafios e Metas de Abastecimento de Água e Tratamento de Esgoto

URBAN AGE SÃO PAULO WORKSHOP APRIL 2008

COMUNICADO Nº 10 30/6/2014

4. REVISÃO DAS METAS E AÇÕES DO PLANO DE BACIAS 2000/2003

GESTÃO DO CRESCIMENTO URBANO: PROTEÇÃO DE MANANCIAIS E RECUPERAÇÃO URBANA. 5 de Dezembro de 2012

Entendendo o setor de Saneamento

Seminário PDMAT - PLANO DIRETOR DE MACRODRENAGEM DO ALTO TIETÊ

Oportunidades econômicas da água e abastecimento seguro para consumo humano

Encontro Gestão Eficiente de Água e Energia

BACIAS HIDROGRÁFICAS E REDISTRIBUIÇÃO FINANCEIRA EM AÇÃO

POLÍTICAS NACIONAL E ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

RESOLUÇÃO N o 70, DE 19 DE MARÇO DE 2007

A Crise Hídrica no Estado de São Paulo Políticas Públicas e Programas para Conservação de Água

Recursos Hídricos: situação atual e perspectivas

Gestão e segurança dos recursos hídricos AGO 2018

PLANEJAMENTO E GESTÃO INTEGRADA DE RECURSOS HÍDRICOS - APLICAÇÕES NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO - RMSP

Algumas Ações Integradas de Governo

Ambiente Institucional

FUNDAÇÃO AGÊNCIA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ. AGÊNCIA DAS BACIAS PCJ

A POLÍTICA DE ENERGIA E DE RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO

OUTORGA DO SISTEMA CANTAREIRA

UMA AGENDA PARA AVANÇAR NO GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS DO NORDESTE

SESSÃO 1 ARTICULAÇÃO METROPOLITANA

RESOLUÇÃO N o 49, DE 21 DE MARÇO DE 2005 (a publicar)

Água no Mundo. Calotas Polares 68,9% Rios e Lagos 0,3% Água Subterrânea 29,9% Outros Reservatórios 0,9% ANA Águas Brasil (2011) 2,5% Água Doce

PERSPECTIVAS NA GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS. Prof. José Carlos Mierzwa.

CÂMARA TÉCNICA DE MONITORAMENTO HIDROLÓGICO - CTMH

II WORKSHOP INTEGRA Desafios da Gestão de Recursos Hídricos Dezembro

RECURSOS FLORESTAIS E HÍDRICOS NA RMC

Os avanços e as lacunas do sistema de gestão sustentável dos Recursos Hídricos no Brasil

Recursos Hídricos. A interação do saneamento com as bacias hidrográficas e os impactos nos rios urbanos

DISPONIBILIDADE HÍDRICA DO SISTEMA CANTAREIRA PARA A BACIA DOS RIOS PIRACICABA CAPIVARI E JUNDIAÍ. CIESP CAMPINAS 17 DE Julho 2014

Uso Racional e Reúso da Água NECESSIDADES E DESAFIOS

Perspectivas sobre a gestão da água no Brasil frente às variações climáticas e eventos hidrológicos extremos

Projeto Integração de Informações sobre Água subterrânea na UGRHI 11 Ribeira de Iguape e Litoral Sul.

GERENCIAMENTO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

INDICADOR 2 - PLANEJAMENTO E GESTÃO. 2A1 e 2C - IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DAS BACIAS PCJ

Seminário franco-brasileiro sobre saúde ambiental : água, saúde e desenvolvimento. 1ª sessão : Água, saúde e desenvolvimento : que direitos?

Seminário do Planejamento à Prática: Uso Sustentável dos Recursos Hídricos 10 de novembro de 2015

Estruturação do Complexo Metropolitano Expandido

PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS. Monica Porto Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Planos Diretores de Drenagem Urbana

O COMITÊ GRAVATAHY E SEU TERRITÓRIO DE IRRIGAÇÃO E USOS MÚLTIPLOS DA ÁGUA

TOMADA DE ÁGUA DO CANTAREIRA EM

Projeto de Parceria Público-Privada Audiência i Pública

Unidade 2: Legislação sobre Recursos Hídricos Prof. Dr. Hugo Alexandre Soares Guedes

AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DAS BACIAS PCJ 2010 A 2020 NO ANO DE 2013

Planejamento Hídrico para Habitação, Abastecimento e Saneamento

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS A POLÍTICA DE RECURSOS HÍDRICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO

A utilização dos modelos matemáticos de simulação para a realização de balanços quali-quantitativoss de recursos hídricos.

INDICADOR 4 OPERACIONALIZAÇÃO DA COBRANÇA. Indicador 4B Cadastro de Usuários RELATÓRIO ANUAL COM O ESTADO DA ARTE DOS CADASTROS DE USUÁRIOS

PAINEL 2 USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA. São Paulo, 23 de março de 2009

DECRETO N DE 18 DE JUNHO DE 2004

Desastres Ambientais e Interfaces com o Sistema de Gestão de Recursos Hídricos. Fernando Meirelles DRH/SEMA

Plano das Bacias PCJ 2010 a 2020

Código ANÁLISE DA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES DO PDRH- GRAMAME (2000) E PERSPECTIVAS PARA SUA ATUALIZAÇÃO

26º Congresso Técnico. A Crise da Água e suas Consequências no Século XXI

Política de Combate a Inundações de Belo Horizonte. Prefeitura de Belo Horizonte

Perspectivas do Setor Usuários

Exemplos de Planos Diretores de Abastecimento de Água

COLETA E PRESERVAÇÃO DE AMOSTRAS DE ÁGUA E SEDIMENTO

Gestão da seca e estratégias para a operação. San Francisco Public Utilities Commission - SABESP

RESOLUÇÃO CONJUNTA ANA/DAEE Nº 614, DE 09 DE NOVEMBRO DE 2010

FUNDAÇÃO AGÊNCIA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ AGÊNCIA DAS BACIAS PCJ

A CRISE HÍDRICA DE SÃO PAULO E AS OPORTUNIDADES PARA A GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS. Monica Porto

O Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul - CEIVAP. Vera Lúcia Teixeira Vice-Presidente do CEIVAP

FUNDAÇÃO AGÊNCIA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ AGÊNCIA DAS BACIAS PCJ

POLITICAS PÚBLICAS NO CONTEXTO DOS EVENTOS EXTREMOS

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS EM EMPREENDIMENTOS HIDRELÉTRICOS

PLANOS DE RECURSOS HÍDRICOS

Plano de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O plano de bacias tem como objetivo a programação de ações no âmbito de cada bacia hidrográfica.

CAPACITAÇÃO REGIONAL OPORTUNIDADES E REALIDADES DAS BACIAS PCJ

EVENTOS HIDROLÓGICOS EXTREMOS: A CRISE COMO OPORTUNIDADE PARA TRANSFORMAÇÕES NAS BACIAS PCJ PIRACICABA SESC 25/06/2015

Segurança hídrica no Sudeste: soluções de longo prazo

Gestão Ambiental nas Bacias PCJ - Instrumentos e estratégias para integração

Seminários EXEMPLOS DE PLANOS DIRETORES DE DRENAGEM URBANA

OUTORGA DE USO DOS RECURSOS HÍDRICOS: ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS.

Destaque: Horizonte Operador Nacional do Sistema Elétrico Diretoria de Planejamento Programação da Operação

Termos de Referência para contratação de serviços para elaboração do Relatório de Situação dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas dos rios

Transcrição:

Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA PHA2537 Água em Ambientes Urbanos Seminários Plano Diretor de Recursos Hídricos da Macrometrópole Paulista Carlos Carnavalle E. Gonçalves - 5694755 Thiago Bernardes Queiroz - 5351300 Thiago Ribeiro Nogueira - 5945052 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Prof. Dr. José Rodolfo Scarati Martins Profa. Drª. Monica Ferreira do Amaral Porto 2013

Sumário 1. Plano Diretor: Conceito e Definição... 1 2. Região Metropolitana de São Paulo: Necessidades de um PDRH... 1 3. A Macrometrópole Paulista... 2 4. O PDRH da Macrometrópole Paulista... 3 4.1 Problema e Soluções Propostas pelo PDRH de São Paulo... 4 5. Recomendações propostas e agenda para ações futuras... 7 6. Bibliografia... 7

1. Plano Diretor: Conceito e Definição O Plano Diretor de Recursos Hídricos (PDRH) é formalmente definido como um instrumento de Gestão estabelecido pela Lei 13.199/99, e é considerado como principal instrumento da Política Estadual para se promover uma gestão de administração social, ambiental e econômica efetiva, voltada principalmente para garantir equilíbrio entre a oferta e demanda das águas, mas também para recuperar, manter e conservar a biodiversidade aquática. A sua elaboração é muito difícil, pois além de ser limitada pelo volume de água fornecido pela Bacia, é altamente disputada por macro setores como agricultura, energia e meio ambiente. As ações iniciais se resumem em dimensionar a quantidade ofertada pela natureza e avaliar as modificações já feitas pelo homem, obter informações sobre o uso da água, sobre a ocupação do solo e principalmente sobre como é feita a utilização das águas pela sociedade que mora e trabalha na unidade territorial sob gestão do planejamento em questão. E para tal concepção inicial, um plano diretor que integre várias unidades da federação torna este trabalho ainda mais difícil. Considerando essas dificuldades, em 1997 foi definida em lei a Política Pública das Águas, que estabelece a necessidade de implantação de outros instrumentos de gestão que devem trabalhar em sintonia com o Plano Diretor. São eles: Outorga, Cobrança pelo Uso, Classificação e Enquadramento das Águas e Sistema de Informações. O PDRH é fundamental para que o governo e a sociedade possa se antecipar a problemas futuros e planejar as ações a serem realizadas dentro de uma área imensa como a região metropolitana de São Paulo. E extrapolando a execução de um planejamento para as bacias restantes do país, pode-se criar um crescimento real e sustentável, onde a gestão da água se consolida como um assunto que impacta a realidade das políticas públicas. 2. Região Metropolitana de São Paulo: Necessidades de um PDRH Os mananciais localizados na área metropolitana de São Paulo, geridos e operados pela Sabesp, estão próximos a exaustão. Os conflitos de interesse entre bacias vizinhas, a impossibilidade de a Sabesp realizar obras hidráulicas fora da área metropolitana e a redução da dependência do Sistema Cantareira trouxeram à tona preocupações de ordem técnica e política no gerenciamento dos recursos hídricos da região. Tendo em vista este cenário de escassez hídrica e seus respectivos efeitos sociais e econômicos para o Estado de São Paulo, que apontam para a necessidade de estruturação de um plano de contingências específico para a Macrometrópole Paulista, o governo do estado de São Paulo deu início ao desenvolvimento do Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista. 1

Este estudo foi contratado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) da Secretaria de Saneamento e Energia com o objetivo de analisar alternativas de novos mananciais para o suprimento de águas para a região até o ano de 2035. O seminário final foi realizado em 23 de outubro de 2013, na Sabesp, e o material pode ser acessado pelo site: www.comitespcj.org.br. 3. A Macrometrópole Paulista Segundo o relatório de elaboração do Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista, o termo Macrometrópole Paulista é definido como: Região com área aproximada de 52 mil quilômetros quadrados e população superior a 30,8 milhões de habitantes (75% da população estadual), distribuídos em 180 municípios, a Macrometrópole Paulista demonstra, pela grande densidade populacional, ampla relevância econômica, diversidade de atividades e dimensões de desafios públicos, em um patamar único no País e com poucos paralelos no mundo. A região, que abriga uma vasta, importante e complexa malha de empreendimentos industriais, agrícolas e de serviços, responde por cerca de 83% do PIB do Estado de São Paulo ou 28% em termos nacionais. A região da Macrometrópole Paulista compreende áreas de oito Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHIS que compõem a organização estadual para a gestão de recursos hídricos. Estão inseridas nessa área quatro Regiões Metropolitanas (São Paulo, Baixada Santista, Campinas e a do Vale do Paraíba e Litoral Norte), três aglomerações urbanas (Jundiaí, Piracicaba e Sorocaba) e duas microrregiões (São Roque e Bragantina). O crescimento da população na Macrometrópole Paulista, que deverá alcançar 37 milhões de pessoas até 2035 (Tabela 1- projeção da Fundação Seade), e a expansão das atividades industriais e de irrigação terão forte impacto sobre a demanda de água. Tabela 1 Projeções de população, por UGRHI. 2

Atualmente, as demandas de água da região da Macrometrópole somam 222,96 m³/s, distribuídos de acordo com a tabela 2: Tabela 2 Demandas2008, por tipo de uso da água e por UGRHI envolvida. Os resultados das projeções populacionais para a Macrometrópole, desagregadas por Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI), para os anos de 2008, 2018, 2025 e 2035, são apresentados na tabela 2: O estudo prevê então, que a densidade demográfica na Macrometrópole crescerá de forma substantiva nos próximos anos, passando dos 579 habitantes por quilômetro quadrado de 2008 para 640 hab/km2 em 2018 e para 695 hab/km2 em 2035 (projeções com base em estudo da Fundação Seade). As bacias que deverão registrar maior aumento da população até 2035 são a do Alto Tietê, com 3,4 milhões de pessoas, e a de Piracicaba/Capivari/Jundiaí, com cerca de 1,2 milhões de pessoas. 4. O PDRH da Macrometrópole Paulista O Plano Diretor de Recursos Hídricos da Macrometrópole Paulista vem sendo realizado desde 2008, e visa garantir a questão da segurança hídrica por meio da criação de mecanismos que possibilitem o suprimento, presente e futuro, de água bruta às demandas totais da Macrometrópole (mesmo em períodos de seca), além de aumentar o desenvolvimento de tal região. Portanto, o PDRH aborda o abastecimento de água em diversas esferas, como residências, indústrias, comércios, hospitais, agronegócios e geração de energia. O Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista projeta o crescimento da demanda por água, apresenta as alternativas para a expansão da oferta e propõe as medidas necessárias para garantir a sustentabilidade do abastecimento público e demais usos dos recursos hídricos na região até o horizonte de 2035. O Plano, iniciado em 2008 e agora concluído, é pioneiro ao incluir nas análises e projeções o conceito da segurança hídrica da Macrometrópole. Também como parte da estratégia de garantia da segurança hídrica, foi verificada a necessidade da estruturação de programas permanentes da gestão da demanda de água, com atuações em: 3

Controles de perdas Uso racional da água Educação ambiental Comunicação social Políticas tarifárias Áreas de ocupação irregular No ponto de vista de longo prazo, a principal diretriz é promover a alocação de água bruta para os diferentes segmentos de usuários, reduzindo o acirramento dos conflitos de interesse provenientes da relação entre oferta e demandas hídricas. Para tal, o PDRH em questão pressupõe a necessidade de uma nova modelagem institucional. Essa nova modelagem institucional passa pelo fortalecimento das estruturas atuais que compõem o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos de São Paulo SIGRH, particularmente os comitês de bacias, as agências de águas e outras entidades estatais responsáveis pela gestão dos recursos hídricos, a exemplo do Departamento de Águas e Energia Elétrica DAEE e as Secretarias de Saneamento e Recursos Hídricos SSRH. A recomendação para criação de um operador estadual de recursos hídricos, qualquer que seja a sua personalidade jurídica, não deve disputar atribuições e responsabilidades com as instituições pré-existentes, mas sim cuidar do fortalecimento do sistema de gestão como um todo, por meio da institucionalização de uma capacitação técnica voltada à produção de estudos e subsídios necessários ao processo de planejamento e ao equacionamento de conflitos. 4.1 Problema e Soluções Propostas pelo PDRH de São Paulo A análise que verificou a capacidade necessária para o sistema abastecer todas as demandas da região, principalmente as futuras, se mostrou um desafio significativo: a projeção realizada pelo presente Plano estima que, até o ano 2035, será necessário um acréscimo de oferta de 60 m³/s de água contra uma demanda de 283 m³/s solicitada por 6,5 milhões de pessoas, assumindo a totalidade do abastecimento urbano e atendimento ao setor industrial e à irrigação. Para assegurar o abastecimento hídrico da região, tendo em vista os dados projetados e possíveis condições hidrológicas desfavoráveis, cenários de esgotamento das atuais disponibilidades de água bruta foram analisados e foi identificada a necessidade de prover novas fontes de suprimento de água e de ampliação dos volumes de reservação de água bruta. 4

As análises realizadas para a elaboração do Plano Diretor evidenciam que a atual configuração de estruturas hidráulicas na região da Macrometrópole não dispõe de capacidade para garantir as vazões necessárias ao atendimento, no médio e no longo prazo, do aumento da demanda projetada e para enfrentar uma situação hidrológica muito desfavorável. Destaca-se, nesse contexto, a necessidade de um novo sistema produtor de água de grande capacidade voltado, principalmente, para o abastecimento urbano. Um exemplo de evidência, que apoiou à conclusão global sobre a incapacidade futura do sistema de prover recursos suficientes para determinados setores da sociedade, é descrita abaixo para observações levantadas na Bacia do Médio Tietê: Na bacia hidrográfica do Médio Tietê Sorocaba observa-se duas situações distintas. Na bacia hidrográfica do rio Sorocaba, as zonas de demanda situadas a montante do reservatório de Itupararanga apresentam deficiência quanto ao atendimento das atividades de irrigação, que somente podem ser equacionadas mediante a implantação dos arranjos de grande porte, de abrangência regional. Na bacia hidrográfica do rio Tietê observa-se que todas as zonas de demanda a montante do município de Itu dependem das soluções de grande porte. Para dar atendimento às demandas incrementais e dar início à busca por alternativas de fontes de abastecimento, foi levantado o inventário dos mananciais disponíveis para a Macrometrópole, denominados Esquemas Hidráulicos, de acordo com as regiões apresentadas na Figura 1: Figura 1 - Separação das áreas para os esquemas hidráulicos 5

Em sequência, foram quantificados e dimensionados os esquemas hidráulicos capazes de, mediante obras e intervenções, satisfazerem o critério global de integração aos sistemas de abastecimento existentes, passíveis de serem combinados em arranjos e prover soluções integradas de resolução dos déficits hídricos, ou como é descrito no relatório: Arranjos Alternativos. Para o equacionamento do atendimento às demandas hídricas do território que requerem soluções integradas, o Plano Diretor concebeu, pré-dimensionou e orçou dez arranjos alternativos, que foram submetidos a uma avaliação multicriterial. Para a seleção dos arranjos alternativos, tendo em vista a conceituação das soluções para as áreas que demandam soluções integradas foram estabelecidos os seguintes critérios: Limites de falhas aceitáveis, para o ano de 2035, dentro dos limites estabelecidos, a partir dos resultados das simulações de Balanço Hídrico; A composição dos arranjos deu-se pela combinação, dentro do sistema de suporte a decisão, dos esquemas hidráulicos previamente estudados. Metodologicamente, o estudo de cada arranjo alternativo foi iniciado com a inclusão de um aproveitamento de grande capacidade ou alcance, sendo introduzidos, sucessivamente, outros esquemas hidráulicos, de menor capacidade ou alcance, até que os limites de falhas aceitáveis fossem atingidos; A escolha dos esquemas hidráulicos para cada arranjo teve como base a capacidade de fornecimento de água, o alcance geográfico para solução dos déficits de abastecimento e os resultados da avaliação integrada dos aspectos técnico, institucional e ambiental de cada esquema. Dentre os Arranjos Alternativos propostos, alguns apresentaram as melhores perspectivas de configuração, estruturação e solução de abastecimento de curto e longo prazo. Dentro desses arranjos, são descritos como exemplos as seguintes intervenções: Destacam-se, nesse sentido, duas intervenções previstas no Plano Diretor que devem ser implementadas no curto prazo, visando o horizonte de 2018. A primeira delas, a ser empreendida pela Sabesp, é a implantação, em vias de se iniciar, do Sistema Produtor São Lourenço (esquema hidráulico São Lourenço França ETA Cotia) com capacidade de 4,7 m³/s, suprindo grande parte da demanda da zona oeste da Região Metropolitana de São Paulo. A obra será concluída até 2018. A outra intervenção relevante, anunciada pelo governador do Estado de São Paulo, é composta pelas barragens Pedreira e Duas Pontes (esquema hidráulico Barragem Pedreira e Duas Pontes), localizadas nos rios Jaguari e 6

Camanducaia, na bacia do rio Piracicaba. Essas barragens se incorporam nas negociações e discussões, em andamento, acerca da renovação da outorga do Sistema Cantareira. 5. Recomendações propostas e agenda para ações futuras A discussão do aproveitamento dos recursos hídricos deve ocorrer de forma integrada com as expectativas de desenvolvimento socioeconômico regional, dada a proeminência da Macrometrópole Paulista na geração da riqueza nacional. No processo de viabilização das intervenções necessárias, haverá, evidentemente, conflitos entre usuários e entre regiões, que poderão ser solucionados por meio de processos de acordos e negociações interinstitucionais. Convém destacar a importância de serem imediatamente iniciados os estudos sobre as intervenções sugeridas no Plano Diretor. Os estudos apontaram as obras necessárias para os anos de 2018, 2025 e 2030. Resta, portanto, um período curto para a tomada de decisões, realização dos estudos preliminares, detalhamento dos projetos básicos e executivos e implementação de obras, serviços e intervenções. A configuração final do sistema somente ficará definitivamente caracterizada a partir dos processos de discussão e de decisão que definirão as obras que, ao longo do tempo, serão efetivadas. Portanto, os cenários finais constituem-se em referências e subsídios aos processos de discussão. Durante os próximos ciclos de planejamento, deverá ocorrer a reavaliação dos diversos parâmetros incorporados na presente etapa, tais como, as demandas (que podem ser fortemente influenciadas pelos programas de gestão de demandas), as alternativas de aproveitamento de águas de reúso e as regras operacionais que incidem sobre todo o sistema. 6. Bibliografia (Relatório: Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista, no Estado de São Paulo agosto de 2013) 7