GUIA INFORMATIVO PARA COMEÇAR A ENTENDER OS ATAQUES DE PÂNICO
ANTES DE QUALQUER COISA... Este guia tem NÃO tem o objetivo de dar qualquer tipo de diagnóstico. Acredito que precisamos entender que qualquer diagnóstico deve vir de um profissional adequado. Mas com esse material em mãos, você terá informações básicas do que é um ataque de pânico e também terá conhecimento de algumas técnicas para que o ataque de pânico não se torne tão assustador e fique cada vez menos disfuncional. Então vamos começar com as primeiras coisas que precisamos saber sobre os ataques de pânico. Pessoas que sofrem de ataque de pânico, geralmente, pensam que tem algo MUITO errado acontecendo e que estão ficando loucas. Porém, o que pode ajudar bastante é saber o que de fato ocorre em nosso corpo que pode gerar um ataque de pânico. Durante os ataques, alguns pensamentos catastróficos tomam conta da cabeça como uma rebentação na beira da praia. A sensação é de que o controle da mente foi perdido. Mas é possível reprogramar esses pensamentos que NÃO SÃO FATOS. O AP TEM CURA. Com o acompanhamento profissional correto e com o apoio necessário, esse problema é completamente superável. No final do tratamento o pânico irá te ajudar a melhorar e muito sua qualidade de vida e da sua família. ETENDA O QUE ACONTECE DURANTE O ATAQUE DE PÂNICO ESSE GUIA TE AJUDARÁ A PENSAR DE FORMA REALISTA O TRATAMENTO DE ATAQUE DE PÂNICO É POSSIVEL QUEM SOU EU... Meu nome é George e sou casado com Ingrid, sou natural de Recife, Pernambuco. Fui diagnosticado com ataque de pânico no dia 25 de Junho de 2018. Tive a iniciativa de criar a REDE UM PELO OUTRO após entender que muita gente sofria o mesmo que eu. As informações reunidas nesse guia fazem parte de uma coletânia de conhecimentos e técnicas que me ajudaram nos primeiros dias de intensas crises. Muita gente sofre em silêncio e sem informação adequada e o meu desejo é poder ajudar, pelo menos um pouco, outras pessoas a encontrarem o caminho da cura assim como eu encontrei.
O QUE ACONTECE COM O NOSSO CORPO... Os dois pensamentos mais frequentes de quem sofre de ataque de pânico são: Estou enlouquecendo e eu vou morrer! São pensamentos compreensiveis já que durante um ataque são experimentados diversos sintomas físicos que nos assustam. Esses dois pensamentos nos travam, nos deixam incapazes de voltar ao nosso cotidiano. Uma das coisas que me ajudou bastante durante o tratamento foi entender melhor o que estava acontecendo com o meu corpo e a minha mente. E o motivo de compartilhar isso é que percebi que muita gente sofria, mas não tinham as informações corretas. Basicamente o ataque de pânico é uma desrregulada que acontece em nosso corpo e em nossa mente. Nosso cérebro passa a entender que estamos sempre em perigo e nos prepara para fugir ou lutar. Isso faz parte de um mecanismo normal do nosso corpo para nos proteger, porém, em excesso, nos faz experimentar sensações desagradáveis por conta de substâncias e neurotransmissores que são liberados toda vez que nossa mente entende que estamos em perigo. Junto com isso, nossa capacidade de raciocínio e tomada de decisão fica comprometida e a parte do cérebro que fica mais ativa durante um ataque é a parte responsável por nossas reações automáticas. Ou seja, nosso cérebro acha que corremos perigo, libera substâncias para preparar nosso corpo para uma luta ou fuga, e por estarmos com a capacidade de raciocínio lógico comprometida, nós respondemos a essas sensações de forma automático, na maioria das vezes nós fugimos, nos trancamos no quarto ou corremos para casa com medo de que algo nos aconteça. Esse material não tem a intenção de ser técnico mas com esse breve resumo vamos tentar entrar em detalhes que vão nos ajudar a encarar melhor essa fase. NOSSOS PENSAMENTOS... Cada parte de nosso cérebro é responsável por uma função. E básicamente essas funções vão influenciar em tudo o que pensamos, sentimos e fazemos, tudo ao mesmo tempo em uma fração de milésimos de segundos. Quando ocorre o ataque de pânico os pensamentos vem como em ondas tentando nos afogar, a sensação é de que toda vez que subimos um pouco para respirar os pensamentos tomam conta de nós e nos afundam mais uma vez. Isso ocorre pelo fato de que, durante o ataque de pânico, a região responsável pelo raciocínio lógico e pela tomada de decisção fica enfraquecida. Isso pode acontecer por vários motivos, mas geralmente é um resultado de uma vida ou momentos de intensos desgastes e stress. Quando vivemos boa parte do nosso dia ansiosos ou preocupados com algo, nosso cérebro se acostuma a responder RACIOCÍNIO LÓGICO Durante os ataques de pânico essa região do cérebro fica mais fraca. Emoções Essa parte do cérebro influência tanto o que pensamos como o que fazemos. RESPOSTA AUTOMÁTICA Parte onde ficam os sistemas nervosos simpáticos e parassimpáticos. É onde mora a ansiedade.
de forma ansiosa e automático. Já reparou que muitas vezes estamos em uma roda de amigos ou familiares, estamos rindo, conversando, mas a nossa perna não para de balançar? Nossa perna balança pois em algum lugar do nosso cérebro, a parte responsável pelas respostas automáticas, foi enviado o sinal de que estamos preocupados com algo. Mesmo que não saibamos o motivo, nosso cérebro envia o comando para a perna ficar inquieta. Isso geralmente é resultado de uma vida que está ligada no piloto automático, logo a parte do cérebro responsável pelos pensamentos lógicos fica menos oxigenada e trabalha menos. Por isso a sensação de que estamos perdendo o controle de nossas mentes ou de que estamos ficando loucos. Entender isso é o primeiro passo para começar a encarar o pânico. O medo de perder o controle da mente é aterrorizante mas a informação de que não é bem isso que está ocorrendo funciona como uma mão que vem e nos puxa daquelas ondas que estão querendo nos derrubar e assim conseguimos respirar um pouco. PENSAMENTOS CATASTRÓFICOS... Geralmente esses pensamentos que tomam conta são os piores possíveis, quem está passando por um ataque não somente pensa que vai morrer mas tem certeza disso. Isso faz com que tenhamos um medo exagerado de tudo, absolutamente tudo. Durante as crises algumas pessoas desenvolvem a Agorafobia, ou seja, um medo inexplicável por qualquer coisa. No meu caso eu fiquei com medo de comer, dormir, tomar banho, fila de caixa eletrônico, metrô, ficar só, de ficar no quarto, de sair de casa... Achava que estava com um tumor, que pararia de respirar a qualquer momento, que sofreria um ataque cardíaco, que iria desmaiar. A lista é grande! Até que eu entendi que pensamentos são só pensamentos. PENSAMENTOS NÃO SÃO FATOS! Por mais difícil que seja entender isso no começo das crises, devemos sempre lembrar que: Nossa capacidade de raciocínio lógico está fragilizada pois a parte responsável por isso em nosso cérebro está trabalhando menos, por isso acreditamos em qualquer coisa que nossa mente diz. O segredo para combater esses pensamentos é argumentar com eles de forma mais realista. Não é pensar de forma positiva ou lei da atração, é argumentar de forma mais realista e assim exercitar o setor do cérebro que nos ajuda a controlar os pensamentos. CALMA, VOCÊ JÁ PASSOU POR ISSO ANTES E NÃO TE ACONTECEU NADA! A PROBABILIDADE DE ALGO ACONTECER É PEQUENA! MAS SE EU FIZER ISSO... TENHO CERTEZA QUE ALGO HORRÍVEL VAI ME ACONTECER! Quando fiquei com medo de tomar banho precisei conversar comigo mesmo aos poucos. Calma, você já tomou banho antes, o máximo que pode acontecer é você escorregar! Esse exercício é difícil no começo, literalmente ficamos cansados de pensar pois precisamos argumentar de forma realista a maior parte do tempo. Mas como qualquer exercício vamos nos acostumando. Aos poucos essa malhação vai oxigenando cada vez mais o setor do pensamento e dia após dia vamos retomando o controle. É uma sensação maravilhosa! Sentir que sua vida está sendo devolvida. E de quebra, essa forma de pensar nos faz sair do automático, curtir mais os momentos e prestar mais atenção a nossa volta. No começo fazemos isso por nescessidade já que precisamos observar o ambiente para argumentar, mas depois isso se torna um habito prazeroso.
QUEBRANDO O CICLO... Vimos até aqui que somos influenciados pelo que pensamos, sentimos e fazemos. No AP isso tudo acontece muito rápido e quase sempre acaba gerando o ciclo de pânico. Por exemplo, nosso corpo acha que estamos diante de um grande perigo então nossa mente cria o pior cenário possível e isso reforça a ideia de que estamos em perigo. Com essa ideia reforçada, quem assume o controle é a ansiedade, então começamos a sentir alterações físicas. Coração acelerado, formigamento, suor, visão embaçada, falta de ar... Ao sentirmos isso ficamos com medo e fugimos daquela situação. Ao fugir da situação temos outro medo: O medo de que tudo aquilo aconteça de novo. Então nossa mente cria o pior cenário possível, os sintomas voltam e nós nos escondemos mais uma vez... E assim acontece o ciclo do pânico. A boa notícia é que podemos quebrar esse ciclo. Dentre nossos pensamentos, sentimentos e ações, nós só controlamos dois deles: O pensamento e a ação. E é com essas duas ferramentas que iremos quebrar o ciclo! Os pensamentos realistas são nossos aliados para quebrar o ciclo. Sempre que a nossa mente nos disser que iremos morrer, ficar loucos ou que algo muito ruim vai nos acontecer, devemos quebrar esse ciclo de pensamentos catastróficos com pensamentos mais realistas. Porém para diminuir cada vez mais o efeito do ciclo de pânico devemos usar a segunda ferramenta. Agir durante o Ataque de Pânico é fundamental, por mais que pareça assustador. Se durante o ciclo de pânico, acharmos que tomar banho vai nos fazer mal, nós precisamos mandar uma mensagem de volta ao nosso cérebro e mostrar a ele que aquilo não é um fato. E essa mensagem é enviada através da ação. Se tomar banho nos causa medo e nós não tomamos banho, é como se conversassemos com nosso cérebro e afirmassemos a ele que: SIM! Tomar banho é perigoso. O contrário também é verdade, quando desobedecemos o que o ciclo do pânico nos diz, nós estamos dizendo ao nosso cérebro: Calma! Não tem problema em tomar banho! Tentando ser um pouco mais técnico, por mais que não seja meu propósito, o que acontece de fato é que nosso cérebro registra o que fazemos e sentimos em uma situação de perigo ou stress. É por isso que quando lembramos de algo muito triste que sofremos ou lembramos de alguém que nos machucou, nós nos sentimos como se aquilo estivesse acontecendo mais uma vez. E se agirmos igual a situação original, nosso cérebro entende que toda vez que aquela lembrança ocorrer nós devemos nos sentir e agir da mesma forma. Então, além dos pensamentos realistas, a ação é nossa grande aliada durante esse processo, porém devemos ter alguns cuidados: 1- Nunca force o seu limite; Comece agindo com situações simples, de preferência dentro de um ambiente que te faça se sentir seguro. Ex.: Lavar os pratos, varre a casa, dobrar roupas. 2- De preferência, esteja sempre acompanhado; Vai chegar o dia em que sua vida vai ser devolvida a você, não se preocupe. Você está passando por uma limitação que é temporária, por isso sempre que puder esteja acompanhado. 3- Sempre siga as orientações do seu médico; Tudo que está escrito nesse material faz parte do tratamento, porém, cada caso é um caso. Mostre esse guia ao seu médico antes de por algo em prática.
TÉCNICAS DE RELAXAMENTO... Aqui teremos algumas técnicas que quase sempre serão usadas no tratamento dos ataques de pânico. São tecnicas relativamente simples, mas repito, NÃO PRATIQUE NADA SEM ORIENTAÇÃO MÉDICA. O propósito desse material é informativo, para qualquer tratamento eficaz devemos procurar um profissional competente. RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA - Os benefícios dessa respiração são inúmeros: Alívio da ansiedade e estresse, controle da pressão arterial, ajuda a retomar o raciocínio com mais calma, melhora a oxigenização do cérebro, melhora nosso sono e etc... Esse tipo de respiração vai nos proporcionar um melhor funcionamento do corpo e com isso iremos estimular neurotransmissores que nos ajudam a controlar o ataque de pânico e também ajuda a diminuir a intensidade dos sintomas. A.C.A.L.M.S.E - Essa técnica foi criada pelo Dr. Bernard Rangé um dos maiores especialistas no tratamento de pânico e ansiedade do Brasil. Basicamente se resume em 8 passos que nos ajudam a controlar melhor nossa mente e o nosso corpo. RELAXAMENTO PROGRESSIVO - Técnica criada por Edmund Jacobson que consiste em contrair e relaxar os músculos de uma forma progressiva. Ao praticar esse exercício, tanto o nosso corpo como a nossa mente, sentirão os efeitos de relaxamento em poucos minutos. Geralmente é um exercício guiado por um vídeo ou um audio. Se informe com seu médico sobre essa técnica. CONSIDERAÇÕES FINAIS... Se você está sofrendo de ataques de pânico, NÃO TENHA VERGONHA! Quanto antes receber ajuda melhor, infelizmente ainda é algo muito desconhecido e tudo que é desconhecido causa um grande medo. NÃO TENHA PRECONCEITO, muita gente acha que psicologo e psiquiatra são para malucos, também são, e qual o problema nisso? Se estivéssemos com uma ferida aberta na pele, correriamos para o primeiro médico que tivesse a competência de nos ajudar. Então, por qual motivo não fazemos isso quando estamos com feridas na alma? O psicologo e o psiquiatra são as peças fundamentais para o tratamento. Cada caso é um caso, talvez tudo que você tenha lido aqui não te ajude, porém a única coisa que é igual para todos os casos é A CURA. Sim, por mais absurdo que isso pareça, mas se fizermos o tratamento correto, com os profissionais corretos, estaremos completamente curados. NÃO DESISTA, como qualquer tratamento, o começo é sempre mais complicado. Quando tratamos nossa mente geralmente as coisas levam mais tempo já que se trata de uma parte de nosso corpo altamente complexa. VIVA UM DIA DE CADA VEZ! O medo de sentir tudo outra vez é desesperador, mas durante o tratamento sempre que tivermos um dia bom, devemos aproveitá-lo ao máximo. Quando esse dia chegar, e vai chegar, o alívio que tanto esperamos também virá com ele. Será só uma questão de tempo. E se o dia mal chegar, não tem problema, é só por em prática tudo de novo. E se a madruga vier mais uma vez para nos amedrontar, lembre-se: A NOITE SEMPRE ACABA!