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Transcrição:

Copyright Viseu Editor Capa Revisão Projeto Gráfico Thiago Regina Lucas Martinez Renato Souza Junior Tiago Shima Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de Góes Soligo, Adriana Manual da Infertilidade / Adriana de Góes Soligo. Maringá : Viseu, 2017. ISBN 978-85-5454-045-6 1. Infertilidade 2. Ginecologia 3. Medicina I. Nome, Autor II. Título. 618 CDD-612.6 Índice para catálogos sistemáticos: 1. Gestação: Medicina 61 Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem a permissão expressa da Editora Viseu, na pessoa de seu editor (Lei nº 9.610, de 19.2.98). EDITORA VISEU LTDA. Av. São Paulo, 1061 Sala 1207 87013-040 Maringá PR Telefone: +55 (44) 3041-7171 contato@editoraviseu.com.br www.editoraviseu.com.br

Este manual é dedicado às mulheres que dividiram conosco o desejo da maternidade, suas angústias e seus sonhos. Estes relatos de histórias de vida complementaram a ciência e possibilitaram a produção deste manual. Professora Dra. Adriana de Góes

SUMÁRIO I. Suspeita da infertilidade...9 Quando suspeitar de infertilidade?...10 II. A Infertilidade feminina...11 1. Fator ovulatório...12 2. Fator uterino...13 3. Fator tubário...14 4. Endometriose...14 III. Aborto espontâneo...19 1. Causas para o abortamento...20 IV. Infertilidade masculina...29 1. O espermograma...30 2. Vasectomia...32 3. Banco de sêmen...33 V. Técnicas de reprodução humana assistida...34 1. Relação sexual programada...35 2. Inseminação Intrauterina...35 3. Fertilização in vitro... 37 4.Congelamento de óvulos...46 5. Pesquisa genética de embriões...50 VI. Dicas de fertilidade...53 VII. Técnica de preparo da medicação...55 1. Pó liofilizado...56 2. Medicamento pronto para caneta dosadora...64 VIII. Reprodução assistida e aspectos psicológicos...71 Referências bibliográficas...76 Curriculo Adriana de Góes e Silva Soligo...78

I. SUSPEITA DA INFERTILIDADE

Quando suspeitar de infertilidade? O casal que não engravida após um período de 12 meses com atividade sexual regular e sem uso de qualquer método contraceptivo deve procurar assistência médica especializada. Contudo, essa procura não deve ser prorrogada, especialmente nos casos de mulheres com idade de 35 anos ou mais. Diversos fatores dificultam a gravidez Fatores femininos (30%); Fatores masculinos (30 a 40%); Fatores masculinos e femininos coexistentes (10%); Causas não-aparentes (10%). Nos capítulos seguintes, vamos abordar esses temas de forma mais detalhada. 10

II. A INFERTILIDADE FEMININA

As principais causas da infertilidade feminina serão descritas a seguir. Estas devem ser pesquisadas em mulheres abaixo de 35 anos que não engravidam após um ano de tentativa, com relações sexuais regulares. Em mulheres acima de 35 anos, a investigação deve ser realizada após seis meses de tentativa de gravidez sem sucesso. 1. Fator Ovulatório A ovulação consiste na liberação do óvulo contido no ovário e na captação do mesmo pela tuba uterina. A mulher pode ter uma falha de ovulação ou ovular com produção inadequada de hormônios. Quando a ovulação não ocorre, o ciclo menstrual costuma ser irregular. Porém, quando há apenas uma deficiência na qualidade da ovulação, este sintoma pode não aparecer. A pesquisa para verificar a qualidade da ovulação é feita por meio de exames de sangue, que verificam a dosagem de hormônios. Estes exames devem ser realizados em data determinada de acordo com o ciclo menstrual. Os hormônios investigados, que interferem na função hormonal ovariana, são produzidos tanto no ovário quanto em outros locais. O exame de ultrassonografia também auxilia no diagnóstico. O fator ovulatório levando à falha de ovulação é comum em mulheres com ovários policísticos. 12

2. Fator Uterino Existem irregularidades na cavidade uterina que podem dificultar a fixação do embrião na parede uterina. Exemplos de possíveis causas de irregularidade na parede uterina são: miomas (intramurais e submucosos), pólipos endometriais e malformações uterinas (útero bicorno, por exemplo). Para identificar esses problemas, é necessário realizar exames como ultrassonografia transvaginal, histeroscopia (HSC uma ótica introduzida dentro do útero estuda esta possibilidade), histerossalpingografia (HSG radiografia do útero e das tubas com uso de contraste para ver a forma desses órgãos). Eventualmente, esses diagnósticos precisam de comprovação por uma outra técnica, a videolaparoscopia, em que uma ótica introduzida no abdome permite visualizar as trompas, os ovários e demais órgãos internos. 13

3. Fator Tubário As tubas uterinas, que comunicam o ovário com o útero, podem apresentar deformidades ou até mesmo obstrução do seu canal. O comprometimento de uma ou de ambas as tubas pode dificultar ou até mesmo impedir o encontro do espermatozoide com o óvulo, impossibilitando a fecundação. Para verificar se existe este problema, é necessário fazer o exame de histerossalpingografia (HSG radiografia do útero e das tubas com uso de contraste para ver a forma e a permeabilidade desses órgãos). Eventualmente, esse diagnóstico precisa de comprovação por uma outra técnica, a videolaparoscopia, em que uma ótica introduzida no abdome permite visualizar as trompas, os ovários e demais órgãos internos. 4. Endometriose Um dos problemas que frequentemente acometem mulheres com infertilidade é a endometriose. Endometriose é uma condição na qual o endométrio, camada de tecido composto por glândulas e estroma, que reveste a parede interna do útero, cresce fora deste local, ou seja, em outras regiões do corpo. Mensalmente, os ovários produzem hormônios, que estimulam as células endometriais a creser e formar um local adequado para a fixação do embrião no útero. O tecido endometrial fora do útero tem a capacidade de implantar e proliferar, aumentando o tamanho das lesões de endometriose. A disseminação do endométrio pode se dar por proximidade, acometendo tecidos e órgãos pélvicos, ou à distância, atingindo órgãos fora da pelve. Esses implantes de células endometriais podem ocorrer no 14

revestimento dos órgãos internos (peritônio). Nesta situação, levam à formação de aderências. Estas aderências são as responsáveis pela perda de mobilidade das trompas, fenômeno fundamental para a captação dos óvulos e para sua fertilização. A endometriose também pode acometer os ovários, dificultando a ovulação. A Adenomiose ou Endometriose interna é decorrente do implante de células endometriais na parede uterina. Nos casos de endometriose e/ou adenomiose pode ocorrer um processo inflamatório uterino, com consequente dificuldade para a implantação do embrião no útero. As mulheres com endometriose podem apresentar cólicas menstruais de intensidade variável ou serem absolutamente assintomáticas, ou seja, não terem dor ou qualquer outro sintoma. 15

4.1 Causas de endometriose As causas exatas da endometriose ainda não são claras, mas existem algumas possibilidades para o seu surgimento: 4.1.1 Menstruação retrógrada Isso acontece quando o sangue da menstruação, que contém células endometriais, reflui pelas tubas uterinas e cavidade pélvica, ao invés de sair pela vagina. Essas células se fixam nas paredes dos órgãos da região pélvica e começam a crescer, dando origem aos focos de endometriose. Este refluxo sanguíneo acontece, habitualmente, no período menstrual. Contudo, apenas em algumas mulheres ocorrerá a implantação dos focos de endometriose. 4.1.2 Sistema imunológico deficiente Deficiências no sistema imunológico também podem causar a doença, tornando o corpo incapaz de reconhecer e destruir as células endometriais, que crescem em lugar diferente do habitual. 4.1.3 Outras causas Após alguma cirurgia, como a cesárea, as células do endométrio podem se fixar nas incisões cirúrgicas, originando um foco de endometriose. 16

4.2 Sintomas de endometriose Um dos primeiros sintomas da Endometriose é a dor pélvica, quase sempre associada ao ciclo menstrual, de intensidade variável. É importante dizer que a intensidade dos sintomas não está relacionada com a gravidade da doença, ou seja, mulheres com fortes cólicas menstruais podem apresentar grau mínimo de Endometriose. Existem casos em que o único sintoma é a dificuldade para engravidar. Outros sintomas bastante frequentes da doença são: Dor profunda na vagina ou na pelve durante relação sexual; Dor pélvica contínua não relacionada à menstruação; Dor para evacuar; Sangramento nas fezes; Dor para urinar; Sangramento na urina. O diagnóstico da endometriose é feito por meio de exame físico, ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, ressonância de pelve e videolaparoscopia. 17

Endometriose x Fertilidade A mudança na anatomia do aparelho reprodutivo feminino é o principal fator que leva à infertilidade na mulher com Endometriose. Ao longo do tempo, o processo inflamatório da enfermidade causa aderências entre os órgãos reprodutivos, levando à alteração da anatomia e, consequentemente, à infertilidade. O crescimento de endometriomas nos ovários pode também comprometer a adequada produção de óvulos, provocando a dificuldade para engravidar. Um dos tratamentos indicados para pacientes inférteis com Endometriose é a fertilização in vitro, que é realizada fora do organismo, em laboratório, após coleta dos óvulos e espermatozoides. Existem medicações adequadas para esta situação, que visam minimizar os efeitos da endometriose e, desta forma, possibilitar a desejada gravidez. 18