TAXA DE PARASITISMO DE FORÍDEOS (DIPTERA: PHORIDAE) EM SAÚVAS Atta laevigata E A. sexdens (HYMENOPTERA: FORMICIDAE)



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Transcrição:

TAXA DE PARASITISMO DE FORÍDEOS (DIPTERA: PHORIDAE) EM SAÚVAS Atta laevigata E A. sexdens (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) Layara Alexandre Bessa 1,3, Hellen Cássia Moreira Silva 1,3, Lívia do Carmo Silva 1,3, Marcos Antônio Pesquero 2,3 1 Alunas do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Biotecnologia e Meio Ambiente. 2 Orientador. mapesq@ueg.br. 3 Universidade Estadual de Goiás - UEG, UnU Morrinhos. Rua 14, 625, J América. 75650-000. Morrinhos, GO. Resumo O controle químico, estimulado pela indústria química a partir do período conhecido como Revolução Verde, associado à substituição da vegetação nativa por extensas áreas de monoculturas, vem provocando perdas econômicas e ambientais no Brasil e no mundo. Estudos demonstram que sistemas agro-ecológicos compostos de mosaicos de vegetação nativa e plantas cultivadas são menos susceptíveis ao desenvolvimento de pragas devido à manutenção dos processos ecológicos entre os diversos elementos da paisagem. As formigas cortadeiras são insetos considerados pragas de cultivos na América do Sul e seu controle é responsável pelo lançamento de centenas de toneladas de produtos químicos no ambiente. As moscas parasitóides da família Phoridae são consideradas importantes inimigos naturais das formigas cortadeiras, mas pouco se sabe a respeito da degradação ambiental sobre sua ocorrência. O objetivo desse estudo foi comparar as taxas de parasitismo de forídeos sobre as formigas cortadeiras em ambientes de cerrado e eucalipto. O cerrado apresentou maiores riqueza de espécies parasitóides e taxa de parasitismo comparado com o reflorestamento, demonstrando a importância do planejamento da paisagem em sistemas de produção agrosilvo-pastoril. Palavras-chave: agroecologia, formigas cortadeiras, parasitóides. Introdução As monoculturas, caracterizadas pelo cultivo de umas poucas espécies de plantas em larga escala geográfica podem ser classificadas como biomas artificiais inóspitos à vida de modo geral. Entretanto, a abundante oferta de alimento normalmente resulta em um rápido 1

crescimento populacional para algumas espécies herbívoras especializadas, consideradas como pragas. As pragas surgiram concomitantes à expansão da agricultura no mundo, devido principalmente à simplificação do ambiente e à perda da variabilidade genética das plantas cultivadas. O controle de pragas tomou seu primeiro impulso com a indústria química durante o período da Revolução Verde há mais de 50 anos. A resistência das pragas aos agentes químicos e a contaminação ambiental, entre outras desvantagens, vêm exigindo do setor técnicas de produção alternativas, condizentes com o desenvolvimento sustentável. A agroecologia é uma proposta que agrega valores ecológicos e sociais ao econômico, através da conservação da biodiversidade e dos processos ecológicos ao longo de médias e grandes escalas geográficas e temporais possibilitando corrigir atuais deficiências no controle de pragas (Altieri et al., 2003). Para alguns setores da agricultura, entre eles as culturas de eucalipto, as formigas cortadeiras representam um custo econômico e ambiental na produção através do controle predominantemente químico (BOARETTO & FORTI, 1997). Majer & Recher (1999) relacionam a baixa biodiversidade em reflorestamentos de eucalipto à ausência de estratificação vertical, supressão do sub-bosque e baixa adaptabilidade de espécies herbívoras. Estudos demonstram que o aumento da complexidade ambiental, obtida através da manutenção de sub-bosque e faixas de vegetação, reduz significativamente a ocorrência de formigas saúvas em reflorestamentos de eucaliptos (ALMEIDA et al., 1983; ZANETTI et al., 2000). Entretanto, pouco sabemos sobre seu efeito na comunidade de forídeos parasitóides, os quais auxiliam no controle natural das formigas cortadeiras. O objetivo desse estudo foi comparar as contribuições das comunidades de forídeos parasitóides ao controle natural de formigas saúva em ambientes estruturalmente distintos, um reflorestamento de eucalipto e um cerrado stricto sensu. Material e Métodos O estudo foi desenvolvido na cidade de Morrinhos (GO) (17º45 S e 49º09 W) de dezembro de 2008 a abril de 2009. Um reflorestamento de Eucalyptus sp. de 46ha, com cinco anos de idade, sem sub-bosque, com combate químico (iscas granuladas) de formigas cortadeiras, e uma área de cerrado stricto sensu com 8,5ha serviram como locais de estudo. As formigas foram coletadas com pinça entomológica nos olheiros das colônias de saúvas e mantidas vivas em laboratório à temperatura ambiente e água açucarada como dieta. As bandejas com formigas eram vistoriadas diariamente para verificar a presença de operárias 2

mortas e pupas de forídeos parasitóides, as quais eram transferidas para frascos plásticos individuais cobertos com tela fina para obtenção dos parasitóides adultos e posterior identificação (BROWN, 1997, 2001). A identificação das espécies de saúvas foi obtida através de Fowler et al. (1993). Os tamanhos (largura máxima da cápsula cefálica) das formigas parasitadas foram obtidos através de estereoscópio com ocular milimétrica (0,1 mm de precisão) e as proporções de formigas parasitadas foram comparadas em relação aos ambientes através do teste qui-quadrado. Resultados e Discussão As espécies de saúvas Atta laevigata (F. Smith) e A. sexdens (L.) foram identificadas tanto no cerrado como no reflorestamento de eucalipto. Essas espécies são as mais comuns no Brasil com presença já registrada em Goiás (ARRUDA et al., 2006). Três espécies de forídeos parasitóides eclodiram das operárias mantidas em laboratório: Neodohrniphora tonhascai Brown, N. bragancai Brown e Apocephalus attophilus Borgmeier, sendo o primeiro registro dessas espécies para o estado de Goiás. N. tonhascai eclodiu tanto de operárias de A. sexdens como também de A. laevigata, espécie hospedeira de N. tonhascai com registro somente em condições laboratoriais (BRAGANÇA et al., 2002). Esse também é o primeiro registro do parasitismo de N. bragancai sobre A. laevigata, uma espécie de parasitóide até então relacionada à Atta bisphaerica Forel (BRAGANÇA et al., 2003). A. attophilus eclodiu de ambas espécies de saúvas. As três espécies de parasitóides eclodiram das formigas coletadas em ambiente de cerrado, mas apenas A. attophilus eclodiu das operárias coletadas no reflorestamento. A ausência de Neodohrniphora spp. no reflorestamento indica a sensibilidade dessas espécies à qualidade ambiental. As perdas de qualidade e quantidade de inimigos naturais concomitante ao aumento de pragas têm sido demonstradas para áreas de cultivos e reflorestamentos comparadas com ambientes de vegetação nativa nas proximidades (BRAGANÇA et al., 1998; DALL OGLIO et al., 2000; SILVA & PESQUERO, 2008). A diferença de requerimento nutricional entre os dois lados do sistema predador-presa e a baixa oferta de fontes complementares e alternativas de alimentos em monoculturas são fatores importantes a esse padrão de retro-alimentação negativa resultante (WÄCKERS & FADAMIRO, 2005). De 87 forídeos que parasitaram as formigas, 59 eclodiram como adultos enquanto 28 larvas e pupas não atingiram a fase adulta, sendo a maioria (23) de A. attophilus. Quatro machos e cinco pupas não puderam ser distinguidos entre N. tonhascai e N. bragancai. A. 3

attophilus foi a espécie mais abundante (79%) devido ao seu hábito de parasitismo gregário com média de 3,33 ± 0,77 indivíduos por hospedeiro, seguida de N. tonhascai (9%) e N. bragancai (1%), ambas espécies de hábito solitário. Das 492 formigas coletadas no cerrado e das 90 formigas coletadas no reflorestamento, 38 e 4, respectivamente, foram atacadas por forídeos parasitóides. O tamanho das formigas parasitadas variou entre 2.45-4.69mm. As formigas não parasitadas, cujos tamanhos encontravam-se dentro desse intervalo, foram qualificadas como hospedeiras em potencial dos forídeos parasitóides. Dessa forma, foram reconhecidas 342 formigas que poderiam ter sido atacadas pelos parasitóides, mas não foram: 256 pertencentes ao cerrado e 86 ao reflorestamento. A taxa de parasitismo foi significativamente maior no cerrado (12.9%) do que no reflorestamento (4.4%) (χ 2 =5,09, gl=1, p<0.05, Fig. 1). Bragança & Medeiros (2006) encontraram 2,8% de parasitismo total de A. laevigata por Apocephalus vicosae Disney, N. erthali e A. attophilus em ambiente de cerrado. Entretanto, os autores não estabeleceram um intervalo de tamanhos (máximo e mínimo) de operárias, utilizando todas coletadas aleatoriamente para o cálculo da taxa de parasitismo. Tonhasca Jr. (1996) encontrou uma taxa de parasitismo de 2,2% em operárias de Atta sexdens rubropilosa Forel retiradas de trilhas em reflorestamento de eucalipto sem sub-bosque. O autor considerou para o cálculo, apenas formigas com largura da cabeça maior ou igual a 3mm. Conclusões Os resultados apresentados, embora localizados espacial e temporalmente, são fortes evidências de que a redução da complexidade ambiental, observada em ambientes de monoculturas, promove a redução da riqueza de espécies de parasitóides de formigas cortadeiras e da taxa total de parasitismo. 4

320 280 240 chi-quadrado = 5.09, gl = 1, p < 0.05 número de operárias 200 160 120 80 40 0 Cerrado Ambiente monocultura não parasitadas parasitadas Figura 1. Proporção de operárias parasitadas em relação ao total de operárias coletadas nos olheiros de formigas saúvas (A. laevigata e A. sexdens) segundo a qualidade dos ambientes em Morrinhos GO. Referências Bibligráficas ALMEIDA, A.F. et al. A avifauna e o sub-bosque como fatores auxiliares no controle biológico das saúvas em florestas implantadas. Silvicultura. v. 8, n. 28, p. 145-150, 1983. ARRUDA, F.V. et al. Avaliação do efeito da monocultura sobre o padrão de distribuição espacial de formigas cortadeiras (Atta e Acromyrmex). In: IV Seminário de Iniciação Científica, Anápolis, Goiás, 5 out. 2006. Disponível em: http://www.prp.ueg.br/06v1/ctd/pesq/inic_cien/eventos/sic2006/sic2006.php?op=biologicas. Acesso em: 9 jul. 2009. BOARETTO, M.A.C.; FORTI, L.C. Perspectivas no controle de formigas cortadeiras. Séria Técnica IPEF. v. 11, n. 30, p. 31-46, 1997. BRAGANÇA, M.A.L. et al. Effects of environmental heterogeneity on Lepidoptera and Hymenoptera populations in Eucalyptus plantations in Brazil. Forest Ecology and Management. v. 103, p. 287-292, 1998. BRAGANÇA, M.A.L.; MEDEIROS, Z.C.S. Ocorrência e características biológicas de forídeos parasitóides (Díptera: Phoridae) da saúva Atta laevigata (Smith) (Hymenoptera: Formicidae) em Porto Nacional. Neotrop. Entomol. v. 35, n. 3, p. 408-411, 2006. 5

BRAGANÇA, M.A.L.; TONHASCA Jr, A.; MOREIRA, D.D.O. Parasitism characteristics of two phorid fly species in relation to their host, the leaf-cutting ant Atta laevigata (Smith) (Hymenoptera: Formicidae). Neotrop. Entomol. v. 31, n. 2, p. 241-244, 2002. BRAGANÇA, M.A.L.; DELLA LUCIA, T.M.C.; TONHASCA Jr, A. First Record of Phorid Parasitoids (Diptera: Phoridae) of the Leaf-Cutting Ant Atta bisphaerica Forel (Hymenoptera: Formicidae). Neotrop. Entomol. v. 32, n. 1, p. 169-171, 2003. BROWN, B.V. Revision of the Apocephalus atophilus-group of ant-decapitating flies (Diptera: Phoridae). Contributions in Science. v. 468, p. 1-60, 1997.. Taxonomic revision of Neodorniphora, subgenus Eibesfeldtphora (Diptera: Phoridae). Insect Syst. Evol. v. 32, n. 4, p. 393-409, 2001. DALL OGLIO, O.T. et al., Survey of the Hymenoptera Parasitoids in Eucalyptus grandis and in a Native Vegetation Area in Ipaba, State of Minas Gerais, Brazil. An. Soc. Entomol. Brasil. v. 29, n. 3, p. 583-588, 2000. FOWLER, H.G.; DELLA LUCIA, T.M.C.; MOREIRA, D.D.O. Posição taxonômica das formigas cortadeiras. In: DELLA LUCIA, T.M.C. (ed.). As formigas cortadeiras. Viçosa: Editora Folha de Viçosa, 1993. p. 4-25. MAJER, J.D.; RECHER, H.F. Are eucalipts Brazil-s friend or foe? An entomological viewpoint. An. Soc. Entomol. Brasil. v. 28, n. 2, p. 185-200, 1999. SILVA, D.R.; PESQUERO, M.A. Efeito da vegetação natural na incidência de insetos benéficos e pragas em agroecossistemas. In: VI Seminário de Iniciação Científica, Anápolis, Goiás, 21-22 out. 2008. Disponível em: http://www.prp.ueg.br/sic2008/ fronteira/flashsic/animacao/visic/sic2008.swf. Acesso em: 8 jul. 2009. TONHASCA Jr., A. Interactions between a parasitic fly, Neodohrniphora declinata (Diptera: Phoridae), and its host, the leaf-cutting ant Atta sexdens rubropilosa. Ecotropica. v. 2, p. 157-164, 1996. WÄCKERS, F.L.; FADAMIRO, H. The vegetarian side of carnivores: use of non-prey. In: 2 Intern. Symp. on Biol. Control Arthr. Davos, Switzerland, sept. 12-16, 2005. Disponível em: http://www.bugwood.org/arthropod2005. Acesso em: 8 jul. 2009. ZANETTI, R. et al. Influência da espécie cultivada e da vegetação nativa circundante na densidade de sauveiros em eucaliptais. Pesq. Agropec. Bras. v. 35, n. 10, p. 1911-1918, 2000. 6