CONEXÃO#I Encontro do NatFap: Núcleo de Arte e Tecnologia da Faculdade de Artes do Paraná 10, 11 e 12 de agosto de 2011 PONTAS E TANGÊNCIAS



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Transcrição:

PONTAS E TANGÊNCIAS Inara Vidal Passos 1 Faculdade de Artes do Paraná RESUMO Pontas e tangências É uma série criada em 2011, composta por três esculturas, modeladas em gesso, argila líquida e tinta acrílica, mediadas por espelhos côncavos que refletem suas respectivas imagens holografadas. O objetivo desta pesquisa, trabalhada em um sistema tecnológico, é proporcionar a investigação de imagens luminosas, a experiência de desmaterialização do tridimensional, o pensar espacial, o pensar temporal, questionar as convenções do sensível. Palavras-chave: holografia; espelho; escultura; corpo. PROCESSO Parto da pesquisa com imagens luminosas para desenvolver a proposta apresentada, na seguinte sequência: 1. Investigações práticas que, através de cálculos e experiências, permitem o domínio total da luz obtendo assim a mimese holográfica das esculturas em termos de amplitude, comprimento e fase das ondas eletromagnéticas. 1 2. Estudos e transposição de formas e medidas extraídas do meu corpo, com moldes confeccionados em alginato e gesso, com posterior moldagem de pontas e extremidades. Os estudos são ligados ao tato, ao olfato e à sexualidade. 3. Reprodução de três pequenas esculturas (figura 1), em argila líquida e tinta macrílica cor de pele, nas seguintes dimensões: ponta do dedo: 1cmx2cmx2cm; ponta do nariz: 3cmx2,5cmx4cm; mamilo: 4cmx1cmx5cm. 4. Construção de três caixas em madeira e vidro para abrigar espelhos e esculturas (figura 6). 1 Formada pela EMBAP, com pós-graduação em História da Arte pela mesma instituição. A partir de 2006 apresentou seus trabalhos em diversos espaços de arte no País e no exterior: Museu Alfredo Andersen, MAM de Resende, MAB de Blumenau, MAC Jataí, MAM de Fortaleza, Instituto Cervantes São Paulo, Museo de Ceuta, Burj al Arab - III Dubai International Exhibition.

5. Introdução dos pequenos formatos no interior dos espelhos côncavos. Desenvolvidos no laboratório de Física de uma universidade norte-americana, os espelhos são produzidos em material sintético leve, em duas partes redondas, espelhadas por dentro com um orifício de 23cm de diâmetro x 7cm de altura. 6. A obtenção dos hologramas é resultante da junção das duas partes espelhadas, com a escultura posicionada exatamente no centro de seu interior. Pela reflexão dos raios de luz rebatidos pelo espelho, emergem os hologramas em sua superfície. A imagem refletida é invertida e aumentada (figura 2). O acontecimento processa-se com a luz do ambiente, mas só podemos visualizar os hologramas dependendo de nosso posicionamento físico. Nosso ponto de vista dentro do espaço dado é que define a aparição-desaparição das imagens. Nesta experiência, observa-se ainda a neutralização da gravidade e a superação da perspectiva (figuras 3,4 e 5). 2 I. Figura 01

CONEXÃO#I 3 II. Figura 02

III. Figura 03 4 IV. Figura 04

V. Figura 05 5 VI. Figura 06

CONCEITO Novas possibilidades sensoriais se abrem aos olhos do homem contemporâneo. A materialidade corpórea cede lugar ao imaginário virtual. Reconhecidas pela retina, as imagens do corpo o substituem. A escultura, o fóssil do gesto feito (Huberman, 2001, pg. 63), a ação imóvel, lugar onde tradicionalmente tocávamos o tempo, transforma-se em uma aparência fora de seu lugar, pois está tangente ao espelho. Isso remete à uma instância de tempo que se nega e se instauram vazios e privações. Se durante séculos o espelho foi a experiência decisiva de qualquer teoria do conhecimento, não é porque reproduz uma duplicação narcisista da consciência entre um eu sujeito e um eu objeto, mas porque representa o paradigma da medialidade. No espelho, o sujeito não se torna objeto para si mesmo, mas se transforma em algo puramente sensível, uma pura imagem sem corpo e sem consciência (Coccia, 2010, pg. 21). No espelho, então, a imagem faz-se conhecer como aquiloque se opõe frontalmente ao objeto, algo que é simultaneamente exterior aos corpos de que são imagens. Ser imagem significa estar fora de si mesmo, ser estrangeiro ao próprio corpo e à própria alma (Coccia, 2010, pg.23). REFERÊNCIAS COCCIA, Emanuele. A Vida Sensível. 1ª edição.florianópolis: Editora Cultura e Barbárie, 2010. 6 FOUCAULT, Michel. De Outros Espaços. Este texto foi traduzido Por Pedro Moura com base no texto publicado em Diacritics; 16.1, Primavera de 1986. E-zine vector publicação original: 1998 (index3) versão revista: 11 de fevereiro de 2005. http://www.virose.pt/vector/periferia/foucault_ pt.html. Acessado em 03/07/2011. 2004. HAWKING, Stephen. O Universo Numa Casca De Noz. 8ª edição. São Paulo: Editora Arx, HUBERMAN, Georges. Ser Crânio. Belo Horizonte : Editora C/Arte, 2009. KAC, Eduardo. Luz & Letra. 2ª edição. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2004.