CONFORME O DISPOSTO NA FICHA DE INSCRIÇÃO, EXPLICITE:

Documentos relacionados
CONCEPÇÕES PRÉVIAS DE FÍSICA MODERNA DE ALUNOS INGRESSANTES NO ENSINO SUPERIOR EM FARMÁCIA

PROGRAMA DE COMPONENTE CURRICULAR

ENSINO DE GEOMETRIA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS DE ORIENTAÇÃO CURRICULAR NO ENSINO MÉDIO: BREVE ANÁLISE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

CONCEPÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA ENTRE DOCENTES DE ENSINO SUPERIOR: A EDUCAÇÃO FÍSICA EM QUESTÃO

O PLANEJAMENTO DA PRÁTICA DOCENTE: PLANO DE ENSINO E ORGANIZAÇÃO DA AULA

Plano de aula PESQUISA QUALITATIVA 23/05/2018 A EVOLUÇÃO DA PESQUISA EM ENFERMAGEM. Críticas aos dados quantitativos

O ENSINO DE ÁLGEBRA NUM CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Os Blogs construídos por alunos de um curso de Pedagogia: análise da produção voltada à educação básica

Plano de Trabalho Docente 2011

O ENSINO DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA INTEGRADA AO ENSINO MÉDIO: CURRÍCULOS E PRÁTICAS

ENTRE ESCOLA, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E SOCIEDADE, organizados na seguinte sequência: LIVRO 1 DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO NA RELAÇÃO COM A ESCOLA

TÓPICOS DE ENSINO DE FÍSICA O que temos de contribuições para a sala de aula

Apresentação da Proposta Político-Pedagógica do Curso e Grade de Disciplinas

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO

FORMAÇÃO CONTINUADA: CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Resolução de Problemas/Design. Professores que Aprendem e Ensinam Matemática no contexto das TIC GeoGebra

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Licenciatura em Educação Física no ano de

IDENTIDADE E SABERES DOCENTES: O USO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

O ENSINO DE LABORATÓRIO DE FÍSICA NA UEFS: CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-PEDAGÓGICAS

Prática Acadêmica. A interdisciplinaridade

DIDÁTICA E FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSOES: INTERFACE NECESSÁRIA E SIGNIFICATIVA À PRÁTICA DOCENTE

NOVAS METODOLOGIAS DE ENSINO: UMA PESQUISA SOBRE O USO DO SOFTWARE GEOGEBRA NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO

CURRÍCULO, TECNOLOGIAS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL DA ROBÓTICA EDUCACIONAL NO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO.

O COMPONENTE CURRÍCULAR FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO DO ESTADO DE SÃO PAULO A PARTIR DOS ALUNOS.

A PROFISSIONALIDADE DO BACHAREL DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Plano de Ensino. Curso. Identificação UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO. Câmpus de Bauru. 1604L/1605L Física.

Plano de Ensino. Curso. Identificação UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO. Câmpus de Bauru. 1604L Física.

Plano de Ensino. Curso. Identificação UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO. Câmpus de Bauru. 1604L/1605L Física.

DOCENCIA E TECNOLOGIA: FORMAÇÃO EM SERVIÇO DE PROFESSORES E TRAJETÓRIAS CONVERGENTES

PROFESSORES DE HISTÓRIA: FORMAÇÃO E ATUAÇÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

A LEITURA E A ESCRITA NO PROCESSO DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NAS AULAS DE MATEMÁTICA

OS REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA NO PROCESSO DE ENSINO DE COORDENADAS POLARES 1. Angeli Cervi Gabbi 2, Cátia Maria Nehring 3.

Secretaria Municipal de Educação

AS ANALOGIAS NAS AULAS DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: CONTRIBUIÇÃO PARA A SOCIALIZAÇÃO E ENTENDIMENTO DE CONTEÚDOS

O PAPEL DE GRUPOS COLABORATIVOS EM COMUNIDADES DE PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA

DESIGNAÇÃO DA ACÇÃO DE FORMAÇÃO A Aprendizagem da Matemática através da Resolução de Problemas Acção 28 / 2009

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DOS EXPERIMENTOS DEMONSTRATIVOS NAS AULAS DE QUÍMICA

REFLEXÃO DOCENTE SOBRE A FORMAÇÃO OFERECIDA NO MUNICIPIO DE FORTALEZA

ENSINO MÉDIO: INOVAÇÃO E MATERIALIDADE PEDAGÓGICA EM SALA DE AULA 1. Palavras-Chave: Ensino Médio. Inovação Pedagógica. Pensamento docente.

A ESCOLA PÚBLICA E AS PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES NO COMPONENTE CURRICULAR DO ENSINO RELIGIOSO PROMOVENDO A DIVERSIDADE COMO ATITUDE EMANCIPADORA

Aprendizagem em Física

VIVENCIANDO O CURRÍCULO DE MATEMÁTICA

Tecnologias computacionais no Ensino de Física

RESUMO DO PPC Curso Superior de Tecnologia em Logística Emitente: Adriano Araújo Data: 01/08/2017

DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA ALIADO AO USO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA NA PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA E NO ATENDIMENTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

A QUÍMICA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ANÁLISE CURRICULAR

PERCURSO FORMATIVO CURRÍCULO PAULISTA

PROJETO DE AUTOAVALIAÇÃO DO CURSO DE ENFERMAGEM ( )

Material didático para acompanhamento das aulas. Para elaboração final do trabalho, consultar também os textos de apoio e as normas (ABNT).

CONSIDERANDO a solicitação do Departamento de Educação, conforme processo nº 14062/2008;

UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE ESTÁGIO CURRICULAR E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUTURO LICENCIADO EM CIÊNCIAS AGRÍCOLAS.

Pró-Reitoria de Graduação Plano de Ensino 1º Quadrimestre de 2017

O ESTÁGIO DOCENTE NA POS-GRADUAÇÃO ESPAÇO OU LUGAR DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO?

RELATÓRIO DO GRUPO DE TRABALHO 4 CURRÍCULO DE MATEMÁTICA NO ENSINO BÁSICO. Coordenação : Cydara Ripoll, Maria Alice Gravina, Vitor Gustavo de Amorim

O PENSAMENTO TEÓRICO NO ENSINO TÉCNICO

ENTENDIMENTOS DE CONTEXTUALIZAÇÃO PRESENTES NO GUIA DE LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA 2009 E Ana Queli Mafalda Reis 2, Cátia Maria Nehring 3.

GT1: Formação de professores que lecionam Matemática no primeiro segmento do ensino fundamental

Período de Inscrição: 21/04/2018 a 29/04/2018 Para inscrição, acesse o link

OS DIFERENTES NÍVEIS DE ABRANGÊNCIA DO PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

Objetivos. Conteúdo Programático UNIDADE I. Ciência: uma visão geral;

Didática e Formação de Professores: provocações. Bernardete A. Gatti Fundação Carlos Chagas

AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA: ANÁLISE COMPARATIVA DESSE PROCESSO EM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA DO MUNICÍPIO DE JÚLIO DE CASTILHOS

Câmpus de Bauru. Plano de Ensino. Disciplina A - Estágio Supervisionado III: Projetos Interdisciplinares de Ensino de Ciências e Física

CURSO DE VERÃO. PROPOSTA: Com a intenção de atender aos diferentes atores interessados na temática da disciplina,

CONCEPÇÕES DE PROFESSORES RECÉM-FORMADOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DA HISTÓRIA DA CIÊNCIA NO ENSINO DE QUÍMICA

SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: UM ESTUDO SOBRE AS POSSIBILIDADES DE AVANÇO COGNITIVO PARA O ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Educação estatística crítica na formação do engenheiro ambiental

Por Tatiane Taís Pereira da Silva *

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA RESOLUÇÃO Nº 08/2011, DO CONSELHO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

INSTITUTO DE PESQUISA ENSINO E ESTUDOS DAS CULTURAS AMAZÔNICAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ACRIANA EUCLIDES DA CUNHA

ETNOMATEMÁTICA E LETRAMENTO: UM OLHAR SOBRE O CONHECIMENTO MATEMÁTICO EM UMA FEIRA LIVRE

AS CONTRIBUIÇÕES DA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA NA CARREIRA DO PROFISSIONAL DOCENTE

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

Representações de conteúdo inseridas no plano de ensino de professores em formação continuada

EDITAL 001/2015 CHAMADA PARA CREDENCIAMENTO DE DOCENTES NO QUADRO PERMANENTE DO MESTRADO INTERDISCIPLINAR EM EDUCAÇÃO, LINGUAGEM E TECNOLOGIAS (MIELT)

RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA: UMA PARCERIA NO PROCESSO EDUCACIONAL DO EDUCANDO PICNOSCA, J. MALDONADO, S.B.

DIDÁTICA DA FÍSICA NO ENSINO SUPERIOR: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

CARTOGRAFIA COGNITIVA: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO E AVALIAÇÃO DA MATEMÁTICA

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS CÂMPUS JATAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PARA CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Apresentação Prof. Paulo Cézar de Faria. Plano Geral de Gestão, 2007/2011, p. 27

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR A PARTIR DE UMA LEITURA INTERDISCIPLINAR

FUNDAMENTOS DA SUPERVISÃO ESCOLAR

A CONTRIBUIÇÃO DOS REFERENCIAIS FREIREANOS PARA A DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA NA SAÚDE: UMA POSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO?

FORMAÇÃO PARA ENSINO DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA NO BRASIL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA PORTARIAS DE 22 DE JUNHO DE

IV Jornada de Didática III Seminário de Pesquisa do CEMAD A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES SOBRE PLANEJAMENTO E A AÇÃO DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR

OBJETIVOS DO ENSINO DE FÍSICA E A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA. Lúcia Helena Sasseron

Formulário para criação, alteração e extinção de disciplinas. Universidade Federal do ABC Pró-Reitoria de Graduação

Universidade Federal de Sergipe Pró-reitoria de Graduação Departamento de Apoio Didático-Pedagógico (DEAPE)

Lista das disciplinas com ementas: DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS:

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 1605L - Licenciatura em Física. Ênfase

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Educação infantil Creche e pré escolas

Palavras-chave: Reforma curricular. Timor Leste. Biodiversidade.

O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DO LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

O CONHECIMENTO DE MATEMÁTICA DO PROFESSOR BÁSICA PRODUZIDO NA FORMAÇÃO INICIAL

PREPARAÇÃO DE PROJETOS, FORMAS DE REGISTRO E AVALIAÇÃO

FACULDADE DE ENGENHARIA - CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA RELATÓRIO FINAL APLICAÇÃO DA PARCELA PARA CUSTOS DE INFRAESTRUTURA INSTITUCIONAL PARA PESQUISA

3 Metodologia da pesquisa

Transcrição:

CONFORME O DISPOSTO NA FICHA DE INSCRIÇÃO, EXPLICITE: a) Área de inscrição (Ensino de Ciências): A ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA PARA COMPREENSÃO DE DIFICULDADES DE MODELAGEM CURRICULAR NO ENSINO DE FÍSICA UM ESTUDO DE CASO NA REGIÃO DE BAURU-SP Gustavo Ferreira Prado Instituto Federal Farroupilha gustavo.prado@iffarroupilha.edu.br Resumo O presente trabalho objetiva compreender os fatores que limitam a prática de alguns professores de Física na abordagem do tema Estrutura da Matéria no Ensino Médio. Por meio de um curso de formação continuada, delineou-se a pesquisa de natureza qualitativa e abordagem fenomenológica, onde foram analisados os perfis conceituais de cinco professores quanto ao tema para posterior vinculação a um plano de aula por eles construído. Assim, pôde-se relacionar fatores como formação continuada, autonomia, modelação curricular e prática docente. Palavras-chave: Ensino de Física. Método Fenomenológico. Formação de Professores. Currículo. Abstract The purpose of this research is to identify the relationships between difficulties in Structure of Matter on physics teaching and the curriculum planning on high school by physics teachers. From a teachers training course, the qualitative research and phenomenology method approach was outlined, where the conceptual profiles of five teachers were designed for later connection to a lesson plan that they wrote. Thus, this research relate topics like continuing education, autonomy, curricular modeling and teaching practice. Keywords: Physics teaching. Phenomenology Method. Teachers Training. Curriculum. INTRODUÇÃO A partir dos estudos desenvolvidos no grupo de pesquisa Ensino de Química, Investigação Orientada, Linguagens e Formação Docente, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Unesp campus de Bauru-SP, e dos referenciais teóricos utilizados, percebeu-se que grande parte dos professores da rede pública que ministravam a disciplina de Física não abordavam o tema Estrutura da Matéria em suas aulas, seja no âmbito geral da disciplina ou na abordagem prescrita pelo Currículo do Estado de São Paulo para Ciências da Natureza.

Para isso, convidamos os professores de toda a rede pública da região de Bauru para construírem e discutirem tais conceitos em um curso de formação continuada realizado junto do grupo de pesquisas. O curso de formação, com duração de 1 semestre, distribuído em 12 encontros, subsidiou a pesquisa onde buscamos compreender os fatores que limitavam a abordagem dos professores quanto ao tema Estrutura da Matéria. Utilizou-se nesta pesquisa uma abordagem qualitativa, com cinco docentes participantes do curso, atuantes há mais de cinco anos, sendo quatro formados na área específica de Física e um, em Matemática, com intuito de identificar as relações estabelecidas pelos professores entre os fatores que impediam o desenvolvimento do tema e as percepções dos próprios sujeitos acerca do mesmo, isto é, em um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. Esta relação dinâmica não pode ser traduzida em números (Minayo, 2007). Cabe então ao pesquisador interpretar os fenômenos e atribuir significados aos dados coletados. Logo, por meio da óptica fenomenológica (Moreira, 2002), percebemos como alguns fatores relacionados à formação, autonomia e prática docente podem ser relacionados com a modelação do currículo prescrito em questão. REFERENCIAIS TEÓRICOS Terrazan (1992, 1994, apud Orstermann, Moreira, 2000) destaca a importância do ensino de Física Moderna, assim como a atualização do currículo de Física faz-se necessária para o entendimento do mundo modificado pelo homem atual e pela necessidade de formar cidadãos conscientes e participativos, haja vista que o homem atual utiliza tais conceitos associados à tecnologia há mais de cinco décadas. A organização de ideias a respeito de temas da ciência pode ser estruturada através de um continuun, que parte das formas cotidianas de perceber o mundo e chega até uma visão mais próxima do sentido do conhecimento científico. Este continuum ocorre através de eixos que definem uma sequência de construção dos princípios subjacentes ao conhecimento científico (Pozo & Crespo 2009, p. 109). Segundo Pozo & Crespo (2009), [..] estes eixos possuem a característica de envolver restrições ou tendências do processamento cognitivo natural, no sentido de espontâneo, que é preciso superar em domínios e situações concretas se queremos conseguir interpretá-las de um ponto de vista próximo do científico (POZO & CRESPO 2009, p. 109).

Eles são construídos segundo princípios epistemológicos, ontológicos e conceituais, que, ao invés de possuírem características dicotômicas entre o senso comum e o conhecimento científico, tratam de transcendê-los em domínios concretos do conhecimento, sem que necessariamente essa superação seja transferida para outros domínios. Para Pozo e Crespo (2009), uma sequência que privilegie a mudança conceitual através dos eixos deve passar pela estrutura apresentada na figura 1 abaixo. Ela se baseia em três fases principais: Tomada de consciência, confronto e consolidação. Figura 1: Sequência de instrução para a mudança conceitual, proposta por Pozo e Crespo (2009, p.267) Tais métodos e técnicas de preparação do objeto de estudo, de coleta e tratamento dos dados auxiliam o pesquisador a alcançar uma visão mais crítica de seu trabalho e, por outro lado, utilizar indicadores mais objetivos nas investigações (Minayo, 2007). Devido à grande importância da interpretação qualitativa dos dados segundo o contexto envolvido e à análise filosófica das questões, buscando atingir o objetivo com a maior riqueza possível no detalhamento e tratamento dos dados optou-se aqui pela análise qualitativa fornecida pela Fenomenologia. A Fenomenologia busca o conhecimento das essências, ou, segundo Husserl (2000), retornar às coisas mesmas, ao mundo tal qual ele se apresenta, antes da consciência. Parte-se do princípio de que a relação entre consciência e mundo é sempre intencional e encontra-se numa correlação essencial. A intencionalidade desta relação possibilita a análise do mundo como um fenômeno, comprovando que as expressões da consciência para o mundo têm uma significação para ele.

METODOLOGIA A partir da estrutura detalhada por Pozo e Crespo (2009), das respostas dos sujeito a um questionário investigativo criado pelo grupo de pesquisas e de um plano de aula que abordava o tema, construído pelos professores no decorrer do curso de formação, classificamos as expressões dos cinco sujeitos em Domínios e Princípios. Muitas expressões utilizadas possuem significados inerentes ao sujeito, logo o caráter investigativo nos possibilitou uma aproximação das ideias e contextos que cercam o sujeito, visualizando mais claramente a mensagem passada, com seus significados próprios atribuídos. Delineamos assim, um contexto representativo dos domínios dos professores sobre Estrutura da Matéria nos princípios epistemológico, ontológico e conceitual, o qual nos possibilitou construir um texto significativo dos sujeitos e ausente de atribuições do pesquisador. Após a construção do texto, foram classificadas as primeiras unidades de sentido sobre a questão central da pesquisa. A declaração consciente ocorre através da busca por relações de semelhança entre os dados. Segundo Zuliani (2006, p.84), a análise nomotética refere-se à normatização ou estabelecimento de generalizações advindas do tratamento dos dados e objetiva identificar pontos convergentes e divergentes nas descrições individuais. Após a identificação das convergências e divergências presentes nos textos de cada um dos professores, procedemos à análise dos planos de aula construídos por eles. Segundo Sacristán (2000), os planos de aula podem ser considerados uma estrutura modelada pelos professores a partir das estruturas prescritas e apresentadas a eles (leis, normas, materiais didáticos, etc.). Não existe um instrumento único que possibilite a construção de um plano de aula, uma vez que os professores mobilizam seus saberes de forma própria, pessoal. Assim, a partir deste momento, buscamos, nos planos de aula, elementos vinculados à análise fenomenológica inicial que pudessem nos fornecer subsídios para a compreensão da questão proposta. RESULTADOS E CONCLUSÃO Foram analisados os perfis conceituais, ontológicos e epistemológicos dos professores quanto ao tema e também o currículo modelado pelos professores (planos de aula) na

perspectiva de um currículo estadual prescrito, organizado por uma grade de habilidades e competências. Percebemos que o professor que apresentou maiores dificuldades com a construção do plano, mesmo após o curso de formação, foi aquele formado em matemática. Concluímos que tais dificuldades implicam a desconstrução da autonomia e atuação docente na dinâmica curricular, fazendo com que o docente opte por recortes da proposta curricular em função de limitações formativas. Nos recortes apresentados, estavam presentes trechos idênticos à estrutura prescrita e apresentada aos professores pelo Estado de São Paulo (Proposta curricular), permitindo-nos afirmar que este atuou como um transmissor passivo de informações mínimas pré-estabelecidas pelo currículo prescrito. Acreditamos que a capacidade docente de modelação das estruturas prescritas e apresentadas pelo Estado é de fundamental importância para a adequação da dinâmica curricular à realidade sociocultural dos alunos, tornando-os ativos no processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, faz-se necessário investir em novos cursos de formação que tenham como público- alvo docentes sem formação específica para atuação em disciplinas de Física. REFERÊNCIAS HUSSERL, E. L idée de la phénoménologie. Cinq leçons. Tradução do alemão: Alexandre Lowit. 8 ed. Paris: Presses Universitaires de France, 2000. MINAYO M. C. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco, 2007. MOREIRA, D. A. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. OSTERMANN, F. e MOREIRA, M. A. Uma Revisão Bibliográfica sobre a Área de pesquisa Física Moderna e contemporânea no Ensino Médio; Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, 2000. POZO, J. I. GÓMEZ, C. A Aprendizagem e o Ensino de Ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: Artmed, 2009. SACRISTÁN, J.Cimeno. O currículo uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000. ZULIANI, S. R. Q. A Prática de Ensino de Química e Metodologia Investigativa: Uma Leitura Fenomenológica a partir da Semiótica Social. 2006. 380f. Tese (Doutorado), São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2006.