O LUGAR DA DIGITALIZAÇÃO E DA MICROFILMAGEM NOS ARQUIVOS DO 6º BATALHÃO DA POLÍTICA MILITAR DA CIDADE DE GOIÁS (1930-2011)



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Transcrição:

O LUGAR DA DIGITALIZAÇÃO E DA MICROFILMAGEM NOS ARQUIVOS DO 6º BATALHÃO DA POLÍTICA MILITAR DA CIDADE DE GOIÁS (1930-2011) Resumo SIQUEIRA, Marcello Rodrigues (UEG/UFRJ/FAPEG) PAIXÃO, Viviane Cristina da (UEG) O lugar da digitalização e da microfilmagem nos arquivos do 6º Batalhão da Política Militar da Cidade de Goiás (1930-2011). Fala-se muito de bibliotecas digitais e menos de transferência de suportes. Ou seja fala-se mais do acesso do que da preservação dos documentos. Então, em termos de problematização, pergunta-se: constituirá a digitalização uma alternativa válida para a preservação da nossa herança cultural escrita? E se assim fôr, qual é o lugar da microfilmagem? Será que uma tecnologia substitui a outra? E que garantias nos dão as tecnologias quanto à preservação? Será que quem utilizar microfilme fecha as portas a possibilidades de novas soluções? Palavras-chave: digitalização, microfilmagem e arquivos. 1. INTRODUÇÃO (revisão bibliográfica, justificativa e objetivos) A Cidade de Goiás (também conhecida como Goiás, Vila Boa ou Goiás Velho) é um município brasileiro do estado de Goiás. Sua população estimada em 2010 era de 24.727 habitantes de acordo com o IBGE. Recebeu em dezembro de 2001, em Helsinque, na Finlândia, o título de Patrimônio Histórico da Humanidade. O título faz jus a sua história e também à arquitetura, à cultura e à memória da cidade, o primeiro núcleo urbano fundado no território goiano, no início do século XVIII. Ali, entre becos, casarões coloniais e quintais-pomares, entre igrejas, procissões e santos barrocos, entre empadões e alfenins (e querubins e serafins!) está escrita a história goiana-brasileira e a história de todos os seus fabulosos, violentos ou doces personagens. É nessa cidade que se localiza o 6º Batalhão da Política Militar, objeto de investigação deste trabalho. Dentro do 6º Batalhão de Polícia Militar encontra-se o Museu da Polícia Militar de Goiás sediado em uma edificação de 120m². Ele foi integrado à estrutura Policial Militar em 10 de novembro de 1998. O objetivo de sua criação é preservar a memória da história da instituição. A transferência do Museu da PM para o 6º Batalhão foi idealizada pelo Comandante da Unidade, Coronel Sebastião da Silva Moura juntamente com a Senhora Antolina Borges, Diretora do Museu de Arte Sacra da Cidade de Goiás. Na ocasião o Comandante do 4º CRPM, Coronel Miguel Silvestre de Araújo e o Comandante Geral da PM, Coronel Marciano Basílio de Queiroz apoiaram a iniciativa e realizaram todos os procedimentos legais para a viabilização do processo. A exposição dos objetos, peças, fotografias, fardas e documentos obedecem às técnicas de museologia e têm cunho didático, buscando o 1

interesse de todos os públicos. A Portaria nº 072 do dia 24 de março de 2005, normatizou a transferência do Museu da Polícia Militar que se encontrava na Academia da Polícia Militar para a Sede do 6º BPM no Município da Cidade de Goiás. Contudo, além das várias peças de museu existem muitos documentos oficiais nos arquivos do 6º BPM que carecem de atenção e cuidados especiais. Em geral, são documentos que datam da década de 30 em diante 1 incluíndo livros de atas, relatórios, boletins de ocorrência, etc. Mas, as instalações onde os documentos se encontram estão condições precárias expondo os documentos a toda sorte de danos e desgaste e até mesmo a perda total em função dos altos índices de umidade, intemperes, mofo, traças e toda sorte de pragas que assolam o ambiente (Cf. Figura 01) Figura 01: Viviane Cristina da Paixão (Bolsista de Inciação Científica) e Prof. Marcello Rodrigues Siqueira nos arquivos do 6º Batalhão de Polícia Militar (2011) Fonte: Arquivo dos pesquisadores A partir desta perspectiva, com a finalidade de preservar raras e preciosas fontes de pesquisa e de torná-las acessíveis ao pesquisador busca-se discutir possíveis alternativas teórico-metodológicas. A despeito de todo esforço coletivo e institucional, ressente-se de um instrumento que trouxesse a luz e que revelasse aos leitores e pesquisadores a riqueza do acervo, expressa na diversidade temática, na variedade tipológica e na abrangência histórico-temporal dos documentos, além do atributo de raridade de que muitos estão revestidos, constituindo, alguns, registros únicos cujos originais podem se perder definitivamente ou que já se encontram impossibilitados de manuseio face ao péssimo estado de conservação. Segundo Heloisa Belloto (2005) 2, a terminologia arquivística conceitua arquivo histórico como a instituição ou o serviço que tem por finalidade o recolhimento, a custódia, o processamento técnico, a preservação e a difusão de 1 Os registros históricos e documentos anteriores a 1930 foram enviados para os arquivos do 1º BPM no município de Goiânia à época da transferência da capital. 2 BELLOTTO, Heloisa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. 3.ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV. 2005, p. 24. 2

documentos após o cumprimento das razões pelas quais foram gerados, em função de seu valor permanente, probatório ou informativo, que deverão ser preservados em caráter definitivo. O valor permanente é também denominado valor arquivístico ou histórico 3. Segundo a atual legislação brasileira, os documentos produzidos há mais de 25 ou trinta anos devem ser recolhidos ao arquivo histórico ou permanente Constituindo lugar de consignação de memórias individuais e coletivas, os arquivos históricos também podem ser locais de esquecimento, caso não exista uma política de salvaguarda e enriquecimento que incorpore a identidade de uma nação ou de uma região; não haja a disponibilidade de investimentos públicos nem a perspectiva de gestão integrada de arquivos e documentos. Nessa visão, os arquivos históricos passam a ser referencial nas tomadas de decisão das administrações públicas e a participar ativamente do processo de modernização do Estado. No contexto da arquivologia pós-moderna (ou pós-custodial) a atividade de pesquisa deixa de ser isolada e com finalidade específica, e passa a ser estruturante do papel do arquivo histórico na sociedade. E, por isso, o arquivista assume a função de mediador da memória, adotando o contexto da produção documental como referência para preservar e disseminar a informação histórica, o que possibilita, na atividade de pesquisa, a capacidade da área em dialogar com o contexto histórico, e não apenas com seu texto. 2. MATERIAL E MÉTODOS O século XXI, sem dúvida, vem-se caracterizando pelo grande boom da informática iniciando no final do século passado. Esse avanço tecnológico foi difundido para todas as áreas do conhecimento, incluindo a História e a Arquivologia. O uso de computadores na recuperação da informação tem sido de fundamental importância. A eficiência e a agilidade que proporcionam são indiscutíveis. Assim, a evolução da técnica de microfilmagem e digitalização tem provocado em muitos casos o replanejamento das estratégias de reprodução documental estabelecidas pelas instituições arquivísticas. A microfilmagem é o processo de reprodução de documentos, por meio de imagens fotográficas em tamanho altamente reduzido que visa, fundamentalmente, à preservação documental. Entre as principais vantagens do uso do microfilme, podemos citar o fato de ser o único meio de armazenamento, além do papel, utilizado nos últimos cinqüenta anos; é analógico; tem padrões internacionais estabelecidos; é regulado por lei; proporciona economia de espaço físico e conseqüentemente, redução de custos para seu armazenamento; recuperação relativamente rápida; distribuição fácil e barata; segurança; durabilidade; permite perícia; possibilidade de duplicação e de reprodução em papel; pode ser obtido 3 BRASIL. Arquivo Nacional. Dicionário brasileiro de terminologia arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional. 2005. 3

através da captação dos documentos em papel, ou ainda, através de dados produzidos no meio magnético (COM Computer Output Microfilm) pode ser facilmente digitalizado, integrando-se a sistemas informatizados de gestão documental; prescinde de uma atualização contínua dos equipamentos ou da migração constante dos documentos de um suporte para outro 4. A digitalização, por sua vez, é a tecnologia que toma uma fotografia eletrônica de um documento em papel (textos, mapas, jornais, desenhos, e outros semelhantes) e armazena digitalmente num sistema computacional. Após sua conversão em imagens eletrônicas, por meio de um scanner, esses documentos são indexados, comprimidos e armazenados em discos digitais ópticos 5. Como vantagens, a digitalização possibilita a realização simultânea da visualização imediata da imagem, do ajuste de parâmetros de captura e do controle de paginação, resultando, assim, no controle imediato da qualidade de imagem capturada, "indexação do documento durante o processo de captura ou automaticamente pelo sistema ou pelo operador 6 ; garantia da legalidade das páginas digitalizadas, em razão da intervenção direta do operador; migração automática do documento para o arquivo óptico durante o processo de gerenciamento de armazenamento; e rápida recuperação da informação. De todas as metodologias possíveis, aquela que tem se mostrado mais eficiente quanto à conservação dos originais, preservação e segurança da informação, facilidade de consulta e possibilidade de obtenção de cópias é, sem dúvida, o microfilme. Contudo, com o avanço das novas tecnologias e o uso cada vez mais necessário da informática, passou a ser uma condição vital, a qualquer atividade humana, a agilização do acesso à informação. Nesse sentido, a microfilmagem tradicional tem deixado um pouco a desejar; porém se acoplada a um sistema computacional sistema híbrido o problema da recuperação imediata da informação poderá ser eliminado. Entre as desvantagens da digitalização para a preservação de documentos de arquivos menciona-se o fato de que o meio digital ainda é pouco conhecido e que não se sabe, ao certo, de quanto tempo é a sua duração física (...). Além disso, com inúmeras facilidades para a aquisição de computadores e com o crescente número de usuários da internet, houve, também, um substancial 4 ANDRADE, Ana Maria Navarro de. "Microfilmagem ou digitalização? O problema da escolha certa. In: SILVA, Zélia Lopes da (Org). Arquivos, patrimônio e memória: trajetórias e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP: FAPESP, 1999, p. 99-112. (Seminários & Debates), p. 99 5 DOLLAR, C. M. O impacto das tecnologias de informação sobre princípios e práticas de arquivos: algumas considerações. Acervo: Revista do Arquivo Nacional (Rio de Janeiro) v.7, n.1-2, p.3-98, 1994. 6 LOBO, D. L. S. Processamento da informação: um passeio por sua evolução! Acervo: Revista do Arquivo Nacional (Rio de Janeiro) v.7, n.1-2, p.39-64, 1994, p. 59. 4

aumento na quantidade de ocorrências de vírus, de diversos tipos, prejudicando sistemas e apagando arquivos 7. Assim, a opção mais adequada não necessariamente a melhor seria por adotar uma metodologia híbrida combinando mais de uma tecnologia, visando potencializar resultados com o aproveitamento do que há de melhor na microfilmagem e na digitalização. Assim, a microfilmagem deverá ser realizada para a preservação do documento, enquanto o processo eletrônico de imagens (digitalização), para a agilização do processo de recuperação da informação. Neste caso, propõem-se a integração de equipamentos como computadores, leitores de microformas e scanners formando a chamada Estação de Trabalho 1 contendo os seguintes equipamentos: o Microfilm Scanner, modelo SRI-50 da SunRise; o Screen Scan da Image One; e, a Digitalizadora de Microfilme MS-100, da Canon, especial para a digitalização de filmes. Dentre as etapas necessárias, para a efetivação da proposta, possibilitando o entendimento da execução do projeto destacam-se: a compra, instalação de equipamentos, adequação de espaço físico, contratação de profissionais qualificados, início dos trabalhos, apresentação dos resultados e divulgação dos acervos. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Plano Nacional de Cultura incentiva as universidades, pontualmente, a desenvolverem programas de preservação da memória com um componente a mais, a memória regional. Existem recursos específicos para este fim como aqueles provenientes do Fundo Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico FNDCT, baseado nas prioridades estabelecidas nos Planos Nacionais de Desenvolvimento e tem financiado este tipo de programa desde a década de 70. Os principais centros de documentação e memória das universidades de nosso país surgiram a partir destas iniciativas como o Edgar Leuenroth/Unicamp, como o Cedic da PUC/SP, o Centro de Memória Social, criado por Hélio Silva no Rio de Janeiro e o próprio CPDOC Cento de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas, também no Rio de Janeiro. Merecem destaque também os Núcleos de Documentação e Informação Histórica Regional das Universidades Federais de Mato Grosso e Paraíba, pioneiros no desenvolvimento desse tipo de trabalho na esfera das universidades federais. Em Goiás, importante destacar o papel do Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil-Central (IPEH-BC) (Cf. Figura 02). Atualmente, é mantido pela Sociedade Goiana de Cultura, mas, buscou apoio financeiro do Banco de Boston e, graças à sensibilidade de seu Presidente, o goiano Henrique Meireles, pôde o IPEH- BC executar notável trabalho com objetivos específicos de captação, organização, 7 ANDRADE, Ana Maria Navarro de. "Microfilmagem ou digitalização? O problema da escolha certa. In: SILVA, Zélia Lopes da (Org). Arquivos, patrimônio e memória: trajetórias e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP: FAPESP, 1999, p. 99-112. (Seminários & Debates), p. 104-105. 5

preservação, estudos, pesquisa e divulgação de suas fontes de memória histórica, cultural, social, econômica, cartográfica e iconográfica. Dentre os principais trabalhos do IPEH-BC destaca-se a publicação do Catálogo de verbetes dos manuscritos avulsos da Capitania de Goiás existentes no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa Portugal (1731-1822). Figura 02: Viviane Cristina da Paixão e o atual diretor do IPEH-BC, Antônio César Caldas (2011) Fonte: Arquivo dos pesquisadores As iniciativas da UEG-Goiás, por meio do Centro de Pesquisa, Documentação e Memória (CEPEDOM), visando reunir a documentação local e regional estão ganhando corpo. Mas, este trabalho tornar-se-á visível somente a partir do convênio a ser firmado entre a UEG e o 6º Batalhão de Polícia Militar. O acompanhamento e a avaliação do projeto quanto ao alcance dos objetivos e dos resultados esperados serão realizados pelo Comitê Institucional de Pesquisa da UEG conforme resolução CsU 068/2005. 4. CONCLUSÕES Este projeto amplia a produção e a produtividade do Centro de Pesquisa, Documentação e Memória da UEG-Goiás (CEPEDOM) e, por meio deste e de suas atividades poder-se-á criar um centro de documentação e memória de referência estadual e nacional compatível com a cidade de Goiás e com o título de Patrimônio Histórico da Humanidade. O alargamento de suas atribuições permitirá ainda a incorporação de um vasto acervo de documentos do período colonial, bem como conjuntos de originais provenientes de instâncias judiciárias, cartoriais, fundações e até mesmo privadas. Portanto, a reformulação de suas atividades e a superação de procedimentos pouco criteriosos no tratamento documental poderá proporcionar uma visibilidade 6

maior e melhor da Instituição e da Cidade, permitindo transformação e ampliação do seu público freqüentador. É preciso dizer que a ênfase para a preservação dos documentos que estão em torno da Universidade e a preocupação com a documentação local é uma prática de grande importância. Não apenas do ponto de vista da preservação dos registros da história local, mas como forma de viabilizar as pesquisas de pós-graduação e, especialmente, as de iniciação científica, uma vez que os alunos, nesse processo de aprendizagem no manejo das fontes primárias, ao mesmo tempo em que realizam o seu curso, podem fazê-lo de forma mais fácil e completa. Afinal, as ciências humanas necessitam de laboratórios de pesquisa tanto quanto as outras áreas do conhecimento. Nesse sentido, espera-se que o CEPEDOM amplie as possibilidades de avanço, em particular no exercício do ensino, pesquisa e extensão, acessível a um número maior de alunos. De acordo com Luís Carlos Lopes, "o futuro será cada vez mais digital, e a informação (tratamento, armazenamento e acesso) transformou-se no epicentro desse desenvolvimento 8. Com este projeto a arquivística da cidade de Goiás poderá ser revista adequando-se a Era Digital. 8 LOPES, Luís Carlos. A gestão da informação: as organizações, os arquívos e a informática aplicada. Rio de Janeiro: Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, 1997, p. 101-102. 7