IDADE MÉDIA POESIA TROVADORESCA CONTEXTUALIZAÇÃO

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Transcrição:

IDADE MÉDIA Espaço de tempo compreendido entre a queda do Império Romano no Ocidente, no século V, e a queda do Império Romano no Oriente, no século XV. Apesar de bastante longo, trata-se de um período importante na formação da civilização ocidental. Constitui uma ponte entre a Antiguidade e a Idade Moderna.

VALORES CULTURAIS DA IDADE MÉDIA Embora de inspiração clássica, os valores dominantes na Idade Média eram cristianizados, ou seja, adaptados aos princípios morais e religiosos pelos quais que se rege a mentalidade cristã. O ideal de vida do homem era essencialmente teocêntrico.

O PAPEL DA RELIGIÃO NA IDADE MÉDIA - I A Igreja Católica estava no centro do mundo medieval. A religião cristã fazia parte da vida quotidiana e regulava a vida prática e espiritual das populações, que assistiam às missas, faziam jejuns e abstinências e participavam em peregrinações e romarias. Mas as igrejas medievais não se destinavam apenas a lugares de culto, servindo também de espaços de reunião e até de recintos para atividades de entretenimento.

O PAPEL DA RELIGIÃO NA IDADE MÉDIA - II Os mosteiros, por sua vez, eram as escolas e os centros de difusão da cultura medieval, cujo papel foi decisivo na formação da língua portuguesa, bem como da sua prosa literária. As obras traduzidas ou redigidas nos conventos permitem- -nos um conhecimento mais profundo da mentalidade e dos interesses do homem da Idade Média.

AS ORIGENS DA POESIA TROVADORESCA - I A par da cultura monástica, floresceu, na Idade Média, uma cultura profana que evidenciava o espírito cavaleiresco sem, no entanto, abandonar os valores religiosos. Essa cultura, difundida em cantos ou em composições em verso de índole lírica ou satírica, passou a expressar-se através da chamada poesia trovadoresca. A poesia trovadoresca representa, em geral, a primeira manifestação da nossa literatura, documentando a realidade cultural e literária de Portugal desde a fundação da sua nacionalidade, em 1143.

AS ORIGENS DA POESIA TROVADORESCA - II Os Cancioneiros Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Biblioteca Nacional e Cancioneiro da Vaticana dão-nos conta de poesias do século XII, mas acredita-se que, em Portugal, as mais antigas composições escritas em verso tenham surgido muito antes, a partir de uma tradição oral, através dos jograis, que as transmitiam de geração em geração.

AS ORIGENS DA POESIA TROVADORESCA - III O início da literatura portuguesa coincide, portanto, com o período histórico da Península Ibérica que durante séculos foi campo de batalhas e de convivência entre muitos povos, nomeadamente cristãos, árabes e judeus. Graças à presença de vários povos no território galaico-português, é possível detetar, na poesia trovadoresca, a influência de outras literaturas.

AS ORIGENS DA POESIA TROVADORESCA - IV No Sul da Península, por exemplo, os moçárabes (cristãos sob o domínio muçulmano) produziam pequenas composições amorosas em que, frequentemente, uma donzela se queixava do abandono do seu habib (amigo).

AS ORIGENS DA POESIA TROVADORESCA - V Já no Norte, foi introduzida a lírica trovadoresca provençal que se espalhara por toda a Europa. Nasceram, assim, umas cantigas de caráter culto, as cantigas de amor, a par de umas de caráter popular e marcadas pelo sentimentalismo e pela saudade galaico-portuguesa, as cantigas de amigo. A estas juntaram-se as que resultavam da veia satírica dos trovadores: as cantigas de escárnio e de maldizer.

Desde finais do século XII até meados do século XIV, a poesia trovadoresca desenvolveu-se em Portugal, na Galiza, em Castela, em Leão e em Aragão. A história do nosso trovadorismo pode ser distribuída por quatro períodos: o pré-afonsino, o afonsino, o dionisíaco e o pós-dionisíaco. O mais produtivo foi o afonsino, que abrangeu os reinados de Afonso III (1245-1279) e de Afonso X, de Castela (1252-1284). Ambas as cortes acolheram poetas que utilizaram o galaico-português, idioma por excelência do lirismo na Península. O fenómeno manteve-se no reinado de D. Dinis, cujo grupo literário inclui dois filhos bastardos do reitrovador, D. Afonso Sanches e D. Pedro, Conde de Barcelos. Porém, após a morte do rei em 1325, depressa entrou em declínio.