Anotações acerca da produção acadêmica sobre o fracasso escolar



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Transcrição:

Anotações acerca da produção acadêmica sobre o fracasso escolar Ângelo Ricardo de Souza 1 A discussão sobre o fracasso escolar não é nova no Brasil. O incremento da preocupação com a qualidade do ensino e com o resultado pedagógico apresentado pelos alunos, particularmente na educação pública, coincide com a constituição da educação de/para as massas, processo concomitante com a segunda fase da industrialização brasileira, no início da segunda metade do século XX. E esta preocupação é ainda maior quando o país se depara com a confirmação de impressões que se tinha de há muito tempo sobre os resultados pedagógicos do trabalho escolar, através da implantação dos mecanismos de avaliação do sistema de ensino, a partir, especialmente, da constituição do SAEB nos anos 90. A aplicação de provas padronizadas nacionalmente para alunos dos atuais ensinos fundamental e médio, com todos os deméritos que esse sistema de avaliação possa ter, tem mostrado resultados alarmantes tanto quanto às condições de ensino/aprendizagem quanto, e principalmente, ao desempenho dos alunos e alunas brasileiros, evidenciando o fracasso do sistema. Bem, mas se esta situação e preocupação não são novas, o que os estudos na área têm apresentado? Em que medida o problema do fracasso escolar tem estado presente na produção acadêmica educacional brasileira? Como o problema tem sido abordado? Como se caracteriza a produção na área? Para tratar dessas questões é que este texto foi produzido. Seu objetivo é apresentar uma síntese sobre a produção acerca do fracasso escolar a partir de um banco de dados abrangente construído pelo grupo de pesquisa Instituição Escolar e Prática Pedagógica 2 (CNPq), que identifica a partir do arquivo nacional de teses e dissertações na área da educação (ANPED, 1999) as pesquisas que tomaram a escola por objeto de estudos. Este texto também utilizou o CD- ROM da ANPED (1999), para acessar os resumos dos trabalhos selecionados. Notas teóricas sobre o fracasso escolar Um dos principais autores a tratar dos problemas que se relacionam ao insucesso dos alunos na escola foi Pierre Bourdieu. Mesmo não tendo tomado o fracasso como objeto de estudos, sua preocupação estava mais vinculada às formas pelas quais a instituição escolar reproduz elementos da cultura dominante, ainda assim, o autor nos dá pistas interessantes para pensarmos o problema. Isto é, mesmo que Bourdieu possa ser acusado de ter analisado pouco (ou não ter analisado) a escola como espaço de produção de uma possível cultura de resistência (nos termos de T. Adorno, 1 Professor do Setor de Educação da UFPR. Mestre e Doutorando em Educação (EHPS) pela PUC-SP. 2 Da PUC-SP, 2003, coordenado pelos professores Alda J. Marin, José Geraldo S. Bueno, Luciana M. Giovanni, Marcos C. de Freitas, Maria das Mercês F. Sampaio.

1998), não quer dizer que ele estivesse equivocado quando afirmou que a hegemonia cultural na sociedade é reproduzida pelos mecanismos formais de ensino. Bourdieu, em um dos seus textos ( Os excluídos do interior ), ao tomar o Liceu como campo empírico da investigação, não o faz aleatoriamente. Esta escolha é fundamental pois o Liceu é a expressão (francesa) mais acabada da democratização do acesso à escolarização. E o autor conclui mostrando que o acesso a esta escola e o êxito estudantil não representa mudança nas condições sociais, pois o que há, conforme ele afirma ainda em outro artigo, é uma cultura aristocrática e sobretudo uma relação aristocrática com essa cultura, que o sistema de ensino transmite e exige (1998, p. 55). Com a diminuição das barreiras formais no sistema de ensino há uma conseqüente ampliação do acesso (e mesmo do êxito!), todavia isto não representa superação das tradicionais condições sociais e os mecanismos de desigualdade se mantém. Com essa ampliação do acesso, os mais desfavorecidos (para não chamá-los de excluídos...) estão dentro do sistema, a priori iludidos sobre as suas reais possibilidades de superação das condições sociais. Na verdade, o autor chega a considerar a possibilidade de que as famílias francesas estariam vendo o equívoco: a instituição escolar tende a ser considerada cada vez mais, tanto pelas famílias quanto pelos próprios alunos, como um engodo, fonte de uma imensa decepção coletiva: essa espécie de terra prometida, semelhante ao horizonte, que recua na medida em que se avança em sua direção (p. 221) As razões para tanto? A descoberta de que os títulos, os diplomas, conquistados com sacrifício pelos alunos, filhos das famílias de menor capital cultural e econômico, são diplomas desvalorizados. Neste ponto, em particular, Bourdieu destaca o caráter de responsabilização do indivíduo provocado por este processo de democratização do ensino, pois o fracasso social e econômico dos alunos egressos dessas escolas, decorrente dos seus diplomas não valorizados é reputado à responsabilidade do sujeito que não utilizou a chance que teve. Quando esta culpa pelo insucesso recai sobre o indivíduo, a exclusão torna-se mais cruel do que a própria exclusão formal/oficial, pois há dispositivos inconscientes tanto da sociedade, da escola, do professor, quanto do próprio aluno que levam ao reconhecimento (que estigmatiza) de que este indivíduo não está em sintonia com o mundo escolarizado. A isto o autor chama de disfunções, mecanismos insensíveis e inconscientes que servem de lastro na promoção da democratização. É algo como o preço a pagar pelo acesso de todos à escolaridade: a baixa qualidade para a maioria e/ou a desvalorização do produto do trabalho escolar na educação de massa e massificada. A idéia de sucesso para o autor está muito mais relacionada à eliminação branda, isto é, aos procedimentos de orientação e seleção cada vez mais precoces, que se apresentam como

práticas insensíveis e inconscientes, graduais e imperceptíveis, despercebidas tanto por aqueles que as exercem quanto por aqueles que são suas vítimas. Enfim, a escola exclui; mas, a partir de agora, exclui de maneira contínua (...), e mantém em seu seio aqueles que exclui, contentando-se em relega-los para os ramos mais ou menos desvalorizados. Por conseguinte, esses excluídos do interior são votados a oscilar em função, sem dúvida, das flutuações e das oscilações das sanções aplicadas entre a adesão maravilhada à ilusão que ela propõe e a resignação a seus veredictos, entre a submissão ansiosa e a revolta impotente. Eles não podem deixar de descobrir, mais ou menos rapidamente, que a identidade das palavras ( liceu,...) esconde a diversidade das coisas; (...); que o diploma para o qual se preparam é um certificado sem valor... (1998, p. 224) A tese central daquele texto é corroborada pelos indicadores apontados em outro estudo ( Categorias do juízo professoral ), através do qual Bourdieu aponta as relações entre a camada social de origem do aluno e o juízo do professor sobre ele. Assim como em os excluídos do interior, o autor vê que o resultado da produção escolar dos alunos é diretamente proporcional ao capital cultural da sua família. Isto é, na medida em que crescem os locais de residência e o status da profissão dos pais, cresce a classificação dos alunos na produção escolar e no juízo dos seus professores. E a recíproca é verdadeira: quanto menor o status da profissão e endereço dos pais, menor é a classificação dos seus filhos na escola. Isto também pode ser explicado pela análise da linguagem do ensino, buscando percebe-la como não-natural aos educandos, mas como de convívio mais íntimo para alguns daqueles do que para outros. Esta linguagem está diretamente associada à língua culta padronizada, o que dificulta para alguns a sua compreensão:... a linguagem é a parte mais inatingível e a mais atuante da herança cultural, (...) e (...) a linguagem universitária é muito desigualmente distante da linguagem efetivamente falada pelas diferentes classes sociais, [logo] não se pode conceber educandos iguais em direitos e deveres frente à língua universitária e frente ao uso universitário da língua, sem se condenar a creditar ao dom um grande número de desigualdades que são, antes de tudo, desigualdades sociais (p. 56). Trata-se, então, de mais do que garantir conhecimento aos alunos: a diferenciação da produção escolar dos alunos de diferentes classes sociais, mesmo num sistema de ensino de acesso democratizado, é provavelmente mais dependente das formas de organização e transmissão deste conhecimento, nas quais a linguagem tem lugar destacado. Esses mecanismos da organização escolar, presentes nas esferas pedagógica, administrativa e institucional da escola, argúem uma igualdade formal, considerando, no sentido mais clássico, a igualdade de direitos presente na maioria das constituições do mundo ocidental. Com esse movimento, mesmo discursando muitas vezes em favor das diferenças individuais, a escola

regulamenta e legitima a desigualdade social, tratando aqueles que nunca terão chance como sujeitos para os quais é necessário dar esperança. Uma boa questão para resumir estas anotações todas é apresentada pelo próprio autor: A melhor maneira de provar em que medida a realidade de uma sociedade democrática está de acordo com os seus ideais não consistiria em medir as chances de acesso aos instrumentos institucionalizados de ascensão social e de salvação cultural que ela concede aos indivíduos das diferentes classes sociais? (1998, p. 64) A tese defendida por Bourdieu de que o capital cultural da família é fundamental para a superação do fracasso escolar é corroborada de alguma forma por Bernard Lahire, que identifica na família parte das explicações para o sucesso e para o fracasso escolar, em pesquisa publicada na obra Sucesso Escolar nos meios populares: as razões do improvável (1997). Todavia, este autor evidencia que o mito da omissão parental não existe, pois todos os familiares dos alunos (pesquisados) demonstram ter interesse e preocupação com o desenvolvimento pedagógico dos seus filhos/as. A escola é que parece criar uma necessidade de ter os familiares dos alunos por perto, como se para evitar o fracasso escolar fosse necessário diminuir a ausência de relações entre família e escola. Nos casos estudados por Lahire, ficam bem demonstradas as relações familiares com a cultura e como esta relação contribui ou não para o desempenho escolar das crianças. É verdade que o autor faz também um contraponto a este aspecto, sugerindo que somente o capital cultural familiar (dos adultos) não basta para o sucesso escolar, é necessária a sua disponibilização ao aluno. Um outro aspecto analisado pelo autor e que tem ligações com o ponto anterior se refere às questões da linguagem. É marcante o fato de que a absoluta maioria dos casos estudados são compostos por famílias de migrantes (africanos mulçumanos em sua maioria), e em vários desses lares o francês não é língua corrente, mesmo as crianças estudando em escolas francesas e tendo nascido em território francês. Ou seja, para além das dificuldades de acesso ao código escolar, há ainda um conflito entre a língua familiar e a língua adotada na escola. Esse aspecto da linguagem é agregado ao distanciamento entre cultural geral da família e a cultura do entorno, do país que adotaram. O autor chega a sugerir a idéia de um patrimônio cultural morto, pelo pequeno impacto que ele pode provocar nas formas de organização da vida social e da vida escolar, em especial. Mesmo sendo um estudo passível de críticas pontuais, o trabalho de Lahire coloca na relação familiar com a cultura e na disponibilização do capital cultural para as crianças as principais âncoras para o sucesso e fracasso escolar: quanto maior relação e maior acesso menor será o fracasso escolar. A produção acadêmica brasileira sobre o fracasso escolar A partir do banco de dados de teses e dissertações que tomam a escola por objeto de estudos, selecionei aquelas que colocam a problemática do fracasso escolar no centro das suas atenções. Do total de 3498 (três mil, quatrocentos e noventa e oito) entre teses e dissertações que compõem o

banco de dados, 80 (oitenta) estudam o fracasso escolar. Por vezes, este objeto não compõe isoladamente o problema da pesquisa, mas mesmo assim classifiquei todas as pesquisas em nível de mestrado e doutorado no país que buscaram abordar a temática. Tabela 1: Produção sobre o Fracasso Escolar Quantidade % Teses Escola 3498 100 Teses Fracasso Escolar 80 2,3 Fonte: ANPED, 1999; Marin, Bueno & Sampaio, 2003 A partir dali, estudei todos os resumos e busquei construir um banco de dados próprio para essas oitenta pesquisas objetivando enfatizar a produção na área por nível (mestrado ou doutorado), por instituição, por orientador e por ano (de 1982 a 1999, teto apresentado na pesquisa fonte). Na seqüência, organizei um conjunto de categorias que ajudam a explicar como foi tratado o problema, bem como apresenta os temas correlatos ao fracasso escolar tratados nas pesquisas. Gráfico 1: Produção por nível Produção por Nível 10% MESTRADO DOUTORADO 90% Fonte: ANPED, 1999; Marin, Bueno & Sampaio, 2003 A produção sobre o fracasso escolar é marcadamente resultado de dissertações de mestrado. Em todo o período, de 1982 a 1999, tivemos apenas 08 (10%) teses de doutorado tratando da temática. E, de toda esta produção, a instituição que mais se destacou foi a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que responde por 18% do total. Na seqüência a Universidade Federal Fluminense (UFF) aparece com 10% da produção e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), a Universidade Estadual Paulista (UNESP), a Universidade Federal de

Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com 6%, demonstrando também grande especialização no tema. Gráfico 2: Produção por Instituições Produção por Instituições 3%3%1%1%1%1%1%1% 3% 3% 3% 5% 6% 18% 6% 6% 10% 6% PUC-SP UFF PUC-RJ UNESP UFMG UFRGS UFSCar IEAE UFES UFU UERJ UNICAMP UFRN UnB USP UFRJ UFPR UNIMEP UFCE UFSC UFSE PUC-Camp PUC-RS UFPI Fonte: ANPED, 1999; Marin, Bueno & Sampaio, 2003 Ainda observando as instituições, é interessante notar que a produção do nível do doutorado é restrita a apenas quatro instituições (afinal, são poucas as instituições que oferecem este nível de qualificação) e nesta produção se destaca a PUC-SP, que responde por quatro das oito teses (50%), as outras quatro são da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC-RJ, Universidade de São Paulo USP, Universidade Estadual de Campinas UNICAMP e da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ.

Tabela 2: Produção por Instituições Doutorado Instituição Teses % PUC-SP 4 50 PUC-RJ 1 12,5 UFRJ 1 12,5 USP 1 12,5 UNICAMP 1 12,5 Fonte: ANPED, 1999; Marin, Bueno & Sampaio, 2003 Tabela 3: Produção por Instituição Mestrado Instituição Dissertações % PUC-SP 10 13,9 UFF 8 11,1 UFMG 5 6,9 UFRGS 5 6,9 UNESP 5 6,9 PUC-RJ 4 5,6 UFSCar 4 5,6 IEAE 3 4,2 UERJ 3 4,2 UFES 3 4,2 UFRN 3 4,2 UFU 3 4,2 UFPR 2 2,8 UnB 2 2,8 UNICAMP 2 2,8 UNIMEP 2 2,8 PUC-Camp 1 1,4 UFCE 1 1,4 UFPI 1 1,4 UFRJ 1 1,4 UFSC 1 1,4 UFSE 1 1,4 USP 1 1,4 PUC-RS 1 1,4 Fonte: ANPED, 1999; Marin, Bueno & Sampaio, 2003 No nível do mestrado, a PUC-SP também se destaca com quase 1 da produção. Sendo que a UFF, que não possuía doutorado em educação, tem toda a sua produção no mestrado, respondendo por mais de 11% do total. Toda a produção da UFGRS, UNESP E UFMG na área também se encontra no nível do mestrado, mesmo algumas dessas instituições tendo doutorado em educação. Cada uma delas é responsável por quase 7% da produção acadêmica sobre o fracasso escolar. Chama a atenção ainda, o fato da USP e da UFRJ, grandes universidades brasileiras, com programas tradicionais de pós-graduação em educação, terem apenas duas produções na área cada uma: uma no mestrado e outra no doutorado.

Gráfico 3: Produção por ano 3% Produção por ano 3% 3% 15% 1 5% 5% 11% 5% 5% 8% 6% 1998 1997 1994 1995 1993 1992 1985 1990 1996 1991 1984 1987 1989 1983 1986 1982 1988 Fonte: ANPED, 1999; Marin, Bueno & Sampaio, 2003 A produção é crescente ano após ano. Tanto que a soma da produção dos anos de 1998 e 1997 é de quase 30% do total de todas as pesquisas. E a produção nos anos 90 soma 73% do total das pesquisas sobre fracasso escolar. Mas, certamente, o aspecto mais interessante deste levantamento, e talvez mais importante, diz respeito aos temas correlatos e às abordagens do problema do fracasso escolar na produção acadêmica brasileira. Para tal levantamento, após a leitura dos resumos, criei uma classificação que busca demonstrar o principal aspecto tratado no trabalho quando da abordagem do fracasso escolar. Tabela 4: Temas abordados na produção sobre o fracasso escolar Tema Incidência % REPRESENTAÇÕES 15 18,8 INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS 8 10,0 PSICOLOGIA 8 10,0 ALFABETIZAÇÃO 7 8,8 PRÁTICA PEDAGÓGICA 7 8,8 AVALIAÇÃO 4 5,0 BALANÇO DA PRODUÇÃO 3 3,8 (DES)MEDICALIZAÇÃO 3 3,8 QUALIFICAÇÃO DOCENTE 3 3,8 CLASSES SOCIAIS 3 3,8

POLÍTICAS EDUCACIONAIS 3 3,8 ANALFABETISMO ADULTO 2 2,5 FAMÍLIA 2 2,5 AFETIVIDADE 1 1,3 CULTURA DO ENTORNO 1 1,3 CULTURA DO ALUNO 1 1,3 CURRÍCULO 1 1,3 DESNUTRIÇÃO 1 1,3 EDUCAÇÃO E TRABALHO 1 1,3 EDUCAÇÃO ESPECIAL 1 1,3 ENSINO NOTURNO 1 1,3 LEITURA 1 1,3 LINGUAGEM 1 1,3 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 1 1,3 RECUPERAÇÃO ESCOLAR 1 1,3 Fonte: ANPED, 1999; Marin, Bueno & Sampaio, 2003 Aquilo que chamei de Representações, congrega todos os trabalhos que tratam do fracasso escolar sob a perspectiva de sujeitos pesquisados, isto é, os autores desses trabalhos abordam o fracasso escolar a partir do olhar dos professores, ou dos alunos, ou dos familiares desses alunos, ou da direção da escola... É marcante a presença desses estudos ao longo de todo o período do levantamento. Todavia, esta é uma produção exclusiva do mestrado, pois não há nenhuma tese de doutorado que trata da temática nesta perspectiva, conforme tabela conclusiva mais a frente mostra. Esta forma de tratar o problema responde por 25% da produção do mestrado e quase 20% do total. Instituições Educacionais é uma categoria criada para identificar os estudos que buscam analisar o fracasso escolar cotejando-o à organização e gestão da escola, à análise do cotidiano da instituição escolar. E 10% da produção total trata disto, mas também é uma produção exclusiva do mestrado, representando quase 1 deste nível. No mesmo patamar de produção está a psicologia, que é uma classificação que engloba vários trabalhos relacionados à área da psicologia, que vão desde o papel do psicólogo na superação do fracasso escolar, até estudos sobre os impactos do fracasso escolar no auto-conceito dos estudantes. Também é uma produção que só aparece em nível de mestrado e responde pelos mesmos 10% do total e 1 do nível mestrado. A categoria alfabetização é a principal categoria no nível do doutorado (37,5%) e trata das relações e dos impactos do fracasso escolar no processo de alfabetização de crianças. Trata-se das pesquisas que abordam as dificuldades de aprendizagem para os alunos em turmas de alfabetização, ou mesmo do cotejamento entre diferentes métodos de trabalho na alfabetização e os seus resultados pedagógicos e, ainda, do problema dos alunos multi-repetentes neste nível de ensino. No total, a categoria responde por mais de 8% da produção.

No mesmo patamar, 8% da produção total, encontra-se a categoria prática pedagógica, que compreende os trabalhos que abordam o fracasso escolar relacionado ao desenvolvimento das práticas de diferentes áreas do conhecimento e/ou séries/etapas/ciclos. São estudos que fazem referência às formas pelas quais os docentes e os alunos encaminham os seus trabalhos e as conseqüências destas formas no fracasso/sucesso escolar. Algumas dessas pesquisas analisam casos do ensino superior. Cabe ainda destacar os trabalhos que objetivam fazer balanços da produção na área. São três pesquisas ao total. Duas de mestrado (1990 e 1998) e uma de doutorado (1998). A primeira das dissertações é de autoria de FORTUNA (1990) e se intitula O pensamento educacional brasileiro e o fracasso escolar: o que dizem os artigos do Cadernos de Pesquisa, defendida na UFRGS. É um estudo descritivo sobre o pensamento educacional brasileiro e o fracasso escolar, que analisou 110 artigos publicados entre 1971 e 1989 no periódico Cadernos de Pesquisa (FCC-SP). O resumo do trabalho sugere mais uma investigação sobre o pensamento educacional em geral, do que uma investigação sobre os possíveis artigos que tratassem do fracasso escolar. De toda forma, a autora ressalta no resumo do seu trabalho que o pensamento de Jean Piaget era marcante na educação brasileira até o final dos anos 80. A segunda dissertação é o trabalho de CARVALHO (1998), intitulado Vivenciando o sucesso acadêmico, mas tropeçando no fracasso escolar : a repetência e a evasão da escola publica fundamental nas dissertações de mestrado e teses de doutorado, defendida na UERJ. O período observado pela autora é o de 1990 a 1996 e analisa, como o título sugere, a produção nas dissertações e teses sobre a temática. A análise se baseia na base de dados do CR-ROM da ANPED, versão 1997 e particularmente na produção das universidades cariocas (UFF, PUC-RJ, UERJ, UFRJ). A autora conclui que a produção é baixa, considerando a relevância da temática para a educação brasileira, uma vez que a produção é inferior a da produção acadêmica geral na área da educação. Ademais, a pesquisadora comenta que os trabalhos são fragmentados, descontextualizados e distanciados do cotidiano escolar e enfatizam um olhar da psicologia sobre o problema, individualizando as responsabilidades sobre o fracasso escolar, isenta por vezes a escola e a sociedade. O terceiro trabalho é a tese de doutorado defendida por TIBALLI (1998), com o título O fracasso escolar no pensamento educacional brasileiro, na PUC-SP. A autora utilizou preferencialmente as publicações do INEP-MEC, por considera-lo uma instituição de referência para o pensamento educacional brasileiro ao longo do tempo. A pesquisadora mostra que as pesquisas na área se dividem em dois grandes campos: de um lado, os estudos que individualizam no aluno a investigação sobre o fracasso, de outro lado, as investigações que pautam a escola para explicar o fenômeno em tela. Tiballi afirma que o pensamento acadêmico sobre a temática é

responsável pela ideologização que dá suporte à idéia de fracasso escolar, ao levar a educação a uma contradição entre a necessidade da democratização do acesso escolar e à culpabilização da própria escola em relação aos problemas educacionais nacionais. Longe de querer considerar este texto um balanço sobre a temática do fracasso escolar, parece coincidente, a partir dos resumos que tive acesso, a tese de que de um lado há um conjunto razoável de pesquisa que individualiza o problema (as pesquisas que pautam a percepção dos sujeitos sobre o problema representações são deste tipo, assim como as da categoria psicologia ), bem como há tantas outras que pautam a escola no centro do problema ( instituições educacionais ). De toda forma, são poucos os estudos que apresentam nos resumos as âncoras conceituais sobre as quais trabalham. É certo que a maioria desses trabalhos são dissertações de mestrado, nível no qual o suporte teórico nem sempre é tão sólido e explícito. Autores como os citados anteriormente: Bourdieu e os demais chamados reprodutivistas, que desenvolveram estudos na explicação do papel que a instituição escolar presta na sociedade contemporânea, não são mencionados nos resumos. Os poucos autores citados são Gramsci, Vygotsky, Bakthin. Uma das únicas exceções é o primeiro trabalho do banco de dados a tratar do fracasso escolar, que em 1982 relacionou o tema com as questões sociais mais amplas, e buscou discutir a resistência dos filhos dos trabalhadores à ideologização burguesa desenvolvida pela escola. A autora (DIAS, 1982), utiliza o clássico Baudelot e Establet e os seus conceitos acerca da escola capitalista. Os outros dois trabalhos que iniciam todo o ciclo sobre a temática do fracasso escolar, também tratam das questões relacionadas às classes sociais e/ou aos condicionantes econômicos e sociais do trabalho escolar. Em um desses trabalhos (ADUAN, 1982), a pesquisadora busca observar como as condicionantes intra-escolar podem amplificar ou atenuar as determinações sócioeconômicas na escola. O terceiro estudo (SILVA, 1983), discute as relações entre pobreza familiar e insucesso na 1 a. série escolar. Infelizmente o resumo não apresenta as conclusões encontradas pela autora, mas demonstra claramente a a preocupação da pesquisadora na abordagem do problema. Relacionados a esse tema último, há ainda estudos que pautam as relações da família com o fracasso escolar. Em um desses estudos (LINHARES, 1984), a investigação toma o apoio pedagógico dado pelas mães de dois grupos de alunos: a) com histórico de sucesso escolar; b) com histórico de insucesso. O estudo mostra que o comportamento das mães dos diferentes grupos é um tanto diverso, sugerindo (mesmo sem o resumo demonstrar como) que o suporte familiar é importante. O outro estudo sobre a família é o de VALENTE (1993), que encontrou resultado parecido com o anterior, no sentido de apontar a relevância que a família tem no acompanhamento escolar dos alunos.

É curioso que, dada a condição de pobreza histórica do país e o perfil dos alunos fracassados, poucos estudos relacionam esta condição social com o fracasso escolar, seja para encontrar relação entre esses elementos para infirmar tal relação. Ao ponto de ter encontrado apenas um estudo sobre a desnutrição e os seus impactos no fracasso escolar. Trata-se do estudo de FREITAS (1995) que mostra resultados que contrariam as afirmações de que o baixo rendimento escolar de crianças muito pobres decorre de problemas cognitivos gerados pela desnutrição. Relacionado ao problema da desnutrição, outro mito importante também de ser tratado, e minimamente para ter sido abordado, é o da medicalização, ou da desmedicalização do fracasso escolar. São três estudos: COSTA (1987), WERNER (1993) e ROSA (1995). O primeiro trabalho mostra como a patologização do fracasso escolar somente contribui para amplificar as dificuldades dos alunos com histórico de insucesso. O segundo deles mostra como uma das principais conclusões do estudo diz respeito à fragilidade conceitual dos quadros clínicos utilizados para descrever a situação do aluno fracassado, numa compreensão bastante ideologizada sobre a ciência. O último dos três trabalhos demonstra como a medicalização do fracasso escolar tem servido de desresponsabilização das instituições e dos sujeitos para com o problema e ampliado a individualização do fracasso no aluno. A individualização do fracasso escolar também é tema do único trabalho que toma a cultura do aluno como assunto correlato. Trata-se da dissertação de mestrado de SILVA (1997) que observa, através da história de vida de quatro estudantes os avanços, os entraves e as divergências quando o assunto fracasso escolar é tratado. Chama a atenção também o fato de que em apenas um estudo o tema currículo foi associado à discussão sobre o fracasso escolar. Talvez fosse de se esperar que aquele fenômeno que concentra as formas prescritas e em ação da organização da prática pedagógica fosse mais presente na identificação dos problemas correlatos ao fracasso escolar. O único estudo que trata desta relação é a tese de SAMPAIO (1997), defendida na PUC-SP, que toma o currículo e a prática pedagógica como elementos consorciados na definição do fracasso escolar. Os trabalhos sobre a relação entre políticas educacionais e fracasso escolar também não são muitos e, via de regra, apontam aspectos muito vagos com conclusões pouco objetivas e um tanto ideologizadas. Dois desses trabalhos foram defendidos na USP (AFFONSO, 1991; ALGARTE, 1991) e um UFRGS (SUDBRACK, 1994). Tabela 5: Produção do mestrado por instituição, ano e tema correlato Instituição Ano Tema IEAE 1982 CLASSES_SOCIAIS UFRJ 1982 CODIÇÕES_SÓCIO_ECONÔMICAS PUC-RJ 1983 CLASSES_SOCIAIS

UFRN 1983 ALFABETIZAÇÃO UFSCar 1983 INSTITUIÇÕES_EDUCACIONAIS UFPR 1984 QUALIFICAÇÃO_DOCENTE UFSCar 1984 FAMÍLIA PUC-RJ 1985 AVALIAÇÃO UFCE 1985 LEITURA UFF 1985 REPRESENTAÇÕES UNICAMP 1985 REPRESENTAÇÕES UFRGS 1986 INSTITUIÇÕES_EDUCACIONAIS PUC-SP 1987 REPRESENTAÇÕES UFMG 1987 DES_MEDICALIZAÇÃO UFRN 1987 AVALIAÇÃO UFES 1988 PSICOLOGIA_AUTO_CONCEITO UFPR 1988 ORIENTAÇÃO_EDUCACIONAL UFSC 1989 INSTITUIÇÕES_EDUCACIONAIS UNESP 1989 PRÁTICA_PEDAGÓGICA_MATEMÁTICA IEAE 1990 INSTITUIÇÕES_EDUCACIONAIS UFRGS 1990 BALANÇO_PRODUÇÃO UFRGS 1990 PSICOLOGIA UFRN 1990 PSICOLOGIA UFF 1991 LINGUAGEM USP 1991 POLÍTICAS_EDUCACIONAIS PUC-SP 1992 AVALIAÇÃO UFF 1992 PSICOLOGIA_PAPEL_DO_PSICOLOGO UFF 1992 PRÁTICA_PEDAGÓGICA IEAE 1993 REPRESENTAÇÕES PUC-RJ 1993 REPRESENTAÇÕES PUC-SP 1993 EDUCAÇÃO_ESPECIAL UFF 1993 DES_MEDICALIZAÇÃO UNESP 1993 FAMÍLIA PUC-RJ 1994 AFETIVIDADE PUC-SP 1994 INSTITUIÇÕES_EDUCACIONAIS PUC-SP 1994 PRÁTICA_PEDAGÓGICA_MATEMÁTICA UFES 1994 REPRESENTAÇÕES_SOCIAIS UFMG 1994 ANALFABETISMO_ADULTO UFMG 1994 ALFABETIZAÇÃO UFRGS 1994 POLÍTICAS_EDUCACIONAIS UFU 1994 REPRESENTAÇÕES UnB 1994 REPRESENTAÇÕES PUC-SP 1995 REPRESENTAÇÕES PUC-SP 1995 RECUPERAÇÃO UERJ 1995 REPRESENTAÇÕES UFES 1995 DESNUTRIÇÃO UFF 1995 DES_MEDICALIZAÇÃO UFMG 1995 REPRESENTAÇÕES UFSCar 1996 INSTITUIÇÕES_EDUCACIONAIS UFSE 1996 ALFABETIZAÇÃO UNESP 1996 PSICOLOGIA_AUTO_CONCEITO UNESP 1996 PSICOLOGÍA PUC-SP 1997 EDUCAÇÃO_E_TRABALHO PUC-SP 1997 PSICOLOGIA_PAPEL_DO_PSICÓLOGO PUC-SP 1997 PSICOLOGIA_AUTO_CONCEITO UFF 1997 CULTURA_DO_ENTORNO UFMG 1997 CULTURA_DO_ALUNO

UFRGS 1997 ALFABETIZAÇÃO UFU 1997 REPRESENTAÇÕES UFU 1997 ANALFABETISMO_ADULTO UnB 1997 QUALIFICAÇÃO_DOCENTE PUC-Camp 1998 PRÁTICA_PEDAGÓGICA_MATEMÁTICA PUC-RS 1998 AVALIAÇÃO UERJ 1998 QUALIFICAÇÃO_DOCENTE UERJ 1998 BALANÇO_PRODUÇÃO UFF 1998 PRÁTICA_PEDAGÓGICA_CIÊNCIAS UFPI 1998 INSTITUIÇÕES_EDUCACIONAIS UFSCar 1998 PRÁTICA_PEDAGÓGICA UNESP 1998 REPRESENTAÇÕES UNICAMP 1998 REPRESENTAÇÕES UNIMEP 1998 INSTITUIÇÕES_EDUCACIONAIS UNIMEP 1998 REPRESENTAÇÕES Fonte: ANPED, 1999; Marin, Bueno & Sampaio, 2003 Tabela 5: Produção do doutorado por instituição, ano e tema correlato Instituição Ano Tema PUC-RJ 1984 Prática Pedagógica UFRJ 1986 Alfabetização PUC-SP 1989 Alfabetização USP 1991 Políticas Educacionais PUC-SP 1992 Ensino Noturno UNICAMP 1997 Alfabetização PUC-SP 1997 Currículo PUC-SP 1998 Balanço Produção Fonte: ANPED, 1999; Marin, Bueno & Sampaio, 2003 Observações finais É curioso que as idéias comuns, no chão da escola, para a superação do fracasso escolar (quase) sempre remetam à idéia de superação individual dessas dificuldades, cujo produto esperado é a ascensão social, ou seja, a possibilidade de ter sucesso neste mesmo mecanismo que provoca e conserva o indivíduo na condição de excluído. A pesquisa na área tem abordado um conjunto razoável de temas, como vimos, e não reproduz pelo menos a primeira vista a visão de sucesso/insucesso escolar que as escolas básicas aparentam ter. Ainda, todavia, há pouca pesquisa sobre este tema, conforme as teses que fizeram balanço na área demonstraram. As questões centrais do fracasso continuam: meninos/as filhos/as de famílias com frágil capital cultural, com pouco capital econômico, podem superar as desigualdades que a sociedade e a escola lhes impõe? A escola, seja instrumento de reprodução/adaptação ou de subversão, pode apresentar alguma alternativa de tensionamento dos eternos problemas relacionados ao fracasso, seja o fracasso do aluno ou o da instituição (que no fundo são a mesma coisa)? As possibilidades de responder afirmativamente a essas questões parecem estar vinculadas ao entendimento das razões que provocam/levam a sociedade, o sistema de ensino, a escola e os sujeitos que estão nela

inseridos a servirem de mecanismos de reprodução desse crônico problema educacional que é o fracasso escolar, e isto somente é possível com o incremento de pesquisas sobre esta temática. Bibliografia: ADORNO, Theodor. Educación y Emancipación. Madrid: Morata, 1998. ANPED. Banco de Teses e Dissertações (Mídia eletrônica). São Paulo: ANPED/ Ação Educativa, 1999. BOURDIEU, Pierre. Escritos de Educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1998. LAHIRE, Bernard. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São Paulo: Ática, 1997. MARIN, Alda; BUENO, José Geraldo S.; SAMPAIO, Maria das Mercês F. Projeto de Pesquisa: Escola: entre saberes, professores e alunos. Grupo de Pesquisa Instituição escolar e prática pedagógica (CNPq). Banco de dados (plataforma Shympx). São Paulo: PUC, 2003. Relação das dissertações e teses que compõem o banco de dados sobre fracasso escolar (em ordem de apresentação do CD-ROM da ANPED, 1999): 1) PAGOTTI, Antonio Wilson. Em busca da compreensao e superacao do insucesso escolar no ensino noturno de primeiro grau. Tese (Doutorado em Educacao) - Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo - Psicologia da Educacao. DATA DE DEFESA: 09/10/92 2) PATINHA, Vitalina Alegria. Avaliacao da aprendizagem e fracasso escolar : uma relacao necessaria?. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo - Historia e Filosofia da Educacao. DATA DE DEFESA: 22/10/92 3) MATTA, Clea Maria Escorcio da. Psicologo X fracasso escolar : uma proposta de atuacao junto a equipe tecnico pedagogica da escola publica. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal Fluminense. DATA DE DEFESA: 15/52/92 4) VALLE, Maria Teresa Esteban do. Nao saber/ Ainda nao saber/ Ja saber : pistas para a superacao do fracasso escolar. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal Fluminense. DATA DE DEFESA: 16/02/92 5) CARVALHO, Eliane Hollanda de. representacoes sociais sobre o fracasso escolar : um estudo de caso em instituicao medica. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Instituto de Estudos Avancados em Educacao. DATA DE DEFESA: 19/08/93 6) REZENDE, Morgana Silva. O que e que eu estou fazendo aqui? : a visao do aluno `renitente` sobre o fracasso escolar. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Pontificia Universidade Catolica do Rio de Janeiro. DATA DE DEFESA: 30/09/93 7) MASINI, Raquel Sarraff. O ensino regular e o ensino especial : relacao de complementaridade pedagogica e/ou legitimacao da seletividade. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo - Disturbios da Comunicacao. DATA DE DEFESA: 10/93 8) WERNER JUNIOR, Jairo. Desenvolvimento e aprendizagem da crianca : uma contribuicao para a desmedicalizacao do fracasso escolar. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal Fluminense. DATA DE DEFESA: 22/01/93 9) VALENTE, Maria Luisa Louro de Castro. Fracasso escolar : problemas de familia?. Dissertacao (Mestrado em

Educacao) - Universidade Estadual Paulista - Campus Marilia. DATA DE DEFESA: 04/93 10) SILVA, Wanderley da. Autoria, atualidade e afeto : a importancia da integridade do ego para o processo ensino-aprendizagem. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Pontificia Universidade Catolica do Rio de Janeiro. DATA DE DEFESA: 26/08/94 11) ABREU, Rosana Velasco. Acoes integradas de educacao e saude : estrategias de reversao da exclusao escolar : analise da acao educativa dos centros de convivencia da cidade de Sao Paulo. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo - Supervisao e Curriculo. DATA DE DEFESA: 09/94 12) PINHEIRO, Carlos Honorio Areas. A pratica pedagogica do professor de Matematica : da producao do fracasso a construcao do sucesso escolar : um estudo de caso nas quinta e sexta series. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo - Supervisao e Curriculo. DATA DE DEFESA: 11/94 13) REGIANI, Ana Rita Ronchi. Fracasso/sucesso escolar : um estudo das representacoes dos professores, alunos e pais de uma escola de primeiro grau. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal do Espirito Santo. DATA DE DEFESA: 12/05/94 14) MACIEL, Francisca Izabel Pereira. O analfabeto : vida e lida sem escrita. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal de Minas Gerais. DATA DE DEFESA: 15/09/94 15) RESENDE, Valeria Barbosa de. A producao do fracasso e do sucesso na alfabetizacao de criancas das camadas populares. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal de Minas Gerais. DATA DE DEFESA: 08/08/94 16) SUDBRACK, Edite Maria. A escolarizacao e o fracasso escolar : uma tentativa de interlocucao entre o macro e o microssocial. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. DATA DE DEFESA: 01/12/94 17) CAMPOS, Maria das Gracas Cunha. Fracasso escolar na alfabetizacao : atribuicao de casualidade na percepcao dos professores alfabetizadores. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal de Uberlandia. DATA DE DEFESA: 16/08/94 18) TACCAU, Maria Carmen Villela Rosa. O sistema de crencas do professor em relacao ao sucesso e fracasso de seus alunos. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade de Brasilia. DATA DE DEFESA: 31/08/94 19) ALGARTE, Roberto Aparecido. Escola brasileira e logica do fracasso : estudo dobre dissimulacao e cooptacao na politica educacional. Tese (Doutorado em Educacao) - Universidade de Sao Paulo. DATA DE DEFESA: 15/04/91 20) ZACCUR, Edwiges Guiomar dos Santos. A construcao do leitor/autor : um desafio a escola progressista. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal Fluminense. DATA DE DEFESA: 13/11/91 21) AFFONSO, Idili Gonzales. Ensino municipal : gestao e sistema. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade de Sao Paulo. DATA DE DEFESA: 13/06/91 22) BRAGA, Selma Ambrozina de Moura. O fracasso escolar nas vozes de um grupo de alunos de quinta e oitava series, integrantes de um clube de Ciencias e Cultura. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo - Supervisao e Curriculo. DATA DE DEFESA: 10/95 23) SANCHES, Claudio Lucio Castro. Recuperacao : um caminho para pensar a acao pedagogica. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo - Supervisao e Curriculo. DATA DE DEFESA: 04/95 24) FREITAS, Maria Bernadeth de Sa. Desnutricao e fracasso escolar : um novo olhar a partir de criancas capixabas. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal do Espirito Santo. DATA DE DEFESA: 28/08/95 25) ROSA, Rosa Cristina Vieira da. Medicalizacao do fracasso escolar : explicacoes e praticas no municipio de Miguel Pereira. Dissertacao (Mestrado em Educacao) - Universidade Federal Fluminense. DATA DE DEFESA: 18/08/95

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