Goodwill negativo: Tratamento contábil nas normas internacionais e norte-americanas



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Transcrição:

Goodwill negativo: Tratamento contábil nas normas internacionais e norte-americanas José Luiz dos Santos Doutorando em Economia / UFRGS, Mestre em Ciências contábeis / UNISINOS Endereço: Rua: Brito Peixoto, 216, Passo D areia, Porto Alegre/RS-Brasil Fone (Fax):(051) 33611533 Joseluiz@grupointegral.com.br Paulo Schmidt Doutor em Contabilidade e controladoria / FEA - USP Endereço: Rua: Brito Peixoto, 216, Passo D areia, Porto Alegre/RS-Brasil Fone (Fax):(051) 33164051 pschmidt@ufrgs.br José Mário Matsumura Gomes Mestre em Ciências Contábeis / UNISINOS Endereço: Rua: Brito Peixoto, 216, Passo D areia, Porto Alegre/RS-Brasil Fone (Fax):(051) 33164051 josemario@grupointegral.com.br Luciane Alves Fernandes Mestre em Ciências Contábeis / UNISINOS Endereço: Rua: Brito Peixoto, 216, Passo D areia, Porto Alegre/RS-Brasil Fone (Fax):(051) 33164051 luciane@grupointegral.com.br Nilson Perinazzo Machado Mestre em Ciências Contábeis / UNISINOS Endereço: Rua: Brito Peixoto, 216, Passo D areia, Porto Alegre/RS-Brasil Fone (Fax):(051) 33164051 perinazzo@grupointegral.com.br Palavras-chave: Goodwill negativo; valor justo; vida útil; combinação de negócios. Área temática: Valoración de Intangibles Meios audiovisuais: Data show (power point)

1 GOODWILL NEGATIVO TRATAMENTO CONTÁBIL NAS NORMAS INTERNACIONAIS E NORTE-AMERICANAS Palavras-chave: Goodwill negativo; valor justo; vida útil; combinação de negócios. Área temática: Valoración de Intangibles Resumo: Este artigo tem por objetivo apresentar as principais alterações introduzidas nas normas internacionais, pelo pronunciamento IAS n.º 38 e pelo FAS n.º 142 em relação ao tratamento contábil do goodwill negativo. Para atingir tal objetivo, inicialmente foram assinaladas, ainda que brevemente, a definição de ativos intangíveis e de goodwill, que formam uma das áreas mais complexas da Teoria da Contabilidade, a partir de então se partiu para a contextualização do reconhecimento do goodwill negativo nas demonstrações financeiras consolidadas, de acordo com as normas internacionais e norte-americanas, bem como do tratamento contábil a ser dado a amortização do goodwill negativo de acordo com o fundamento econômico que o gerou. Finalmente são levantadas algumas conclusões.

1 INTRODUÇÃO A cada dia que passa, maior se torna a interdependência entre mercados e países, devido ao avanço da tecnologia da informação e das telecomunicações que estabeleceram este novo cenário que impõem mudanças as entidades atuais a fim de que elas possam manter seus negócios. As combinações de negócios que estão ocorrendo neste novo mundo de negócios traçam novas realidades econômicas e empresariais onde surge o mais intangível dos intangíveis: o goodwill. Inicialmente, cabe destacar que, no Brasil o goodwill negativo corresponde à diferença a menor entre o valor pago em uma combinação de negócios e o valor contábil dos ativos líquidos da investida, denominado de deságio. Desse cenário, resultam problemas de como as entidades devem tratar contabilmente o goodwill negativo. Nesse sentido é imprescindível verificar qual é o tratamento dado internacionalmente com relação a este ativo que tem gerado tanta polêmica no meio acadêmico. As inconsistências conceituais que envolvem o tema demonstram a existência de um problema real a ser solucionado e também o vasto campo a ser explorado. O propósito desse artigo consiste em apresentar os principais conceitos e o tratamento contábil do goodwill negativo no âmbito das normas internacionais emitidas pelo International Accounting Standards Board - IASB e nas normas norte-americanas. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2. 1 Aspectos introdutórios Inicialmente, torna-se necessário definir intangíveis. O termo intangível vem do latim tangere ou tocar. Logo, os bens intangíveis são aqueles que não podem ser tocados, porque não possuem corpo físico. Contudo, a tentativa de relacionar a etimologia da palavra intangível à definição contábil dessa categoria não será exitosa, haja vista que muitos outros ativos não possuem tangibilidade e são classificados como se tangíveis fossem, tais como despesas antecipadas, duplicatas a receber, aplicações financeiras etc. Isto porque os contadores têm procurado limitar a definição de intangíveis restringindo-a a ativos não circulantes (Hendriksen e Breda,1999:388). Existem grandes discordâncias entre autores da Teoria da Contabilidade sobre a definição de intangível, a exemplo de Most e Hendriksen (apud Iudícibus, 1997:208). A complexidade dessa definição é tão abrangente a ponto de Martins (1972:53), ao abordar o assunto em sua tese de doutoramento, iniciar com definição (ou falta de). Neste contexto, torna-se importante definir também o Goodwill, considerado pela maioria dos pesquisadores como o mais intangível dos intangíveis, segundo Iudícibus o Goodwill (1997:205) é analisado sob as seguintes perspectivas: a) Excesso de preço pago na compra de um negócio sobre o valor de mercado de seus ativos líquidos;

2 b) Nas consolidações, é o excesso de valor pago pela investidora por sua participação sobre os ativos da subsidiária; c) Valor atual dos lucros futuros esperados, descontados por seus custos de oportunidade (Goodwill subjetivo). O verdadeiro Goodwill somente surgirá se os ativos e passivos das entidades adquiridas forem reavaliados por algum tipo de valor de mercado. Caso contrário, o Goodwill será uma mistura de Goodwill puro e de outras diferenças de avaliação. Por conseguinte, Goodwill é aquele algo mais pago sobre o valor de mercado do patrimônio líquido das entidades adquiridas, devido a uma expectativa (subjetiva) de lucros futuros, em excesso de seus custos de oportunidade, resultante da sinergia existente entre os ativos da entidade. Já o Goodwill negativo surge quando o valor pago pelo investimento é inferior ao valor justo dos ativos líquidos. Segundo Iudícibus (1997:214), o Goodwill Negativo deveria ser considerado como uma conta retificativa, devendo o seu valor ser transferido para o resultado do exercício num espaço de tempo considerado razoável. Contudo, embora essa hipótese não seja impossível, dificilmente alguém adquirirá um empreendimento que tenha perspectiva desfavorável futura, devendo o mesmo ser mais conseqüência de diferenças de avaliação dos elementos do ativo líquido. Considerando que a origem do Goodwill Negativo está relacionada a uma diferença de avaliação, não é desprezível amortiza-lo à medida que os bens forem se realizando na coligada ou na controlada, por depreciação, amortização ou exaustão, ou por baixa em decorrência da alienação ou perecimento destes bens. Neste caso, em parte é justificável, o procedimento adotado pelas normas norte-americanas de reduzir proporcionalmente o valor dos ativos não-correntes, ou mesmo o lançamento do Goodwill Negativo diretamente contra o resultado do exercício. 2. 2 Tratamento contábil do Goodwill Negativo no iasb 2.2.1 Definição e classificação do Goodwill Negativo O Goodwill Negativo é definido nas normas internacionais, no parágrafo 59 do IAS 22, como qualquer excesso, na data da transação de troca, da participação do adquirente no valor justo dos ativos e passivos identificáveis sobre o valor pago. A expressão valor justo, que é utilizada nas normas internacionais, não corresponde ao valor de mercado utilizado nas normas brasileiras, mas sim ao valor pela qual o ativo ou passivo pode ser trocado, existindo um conhecimento amplo e disposição por parte dos envolvidos no negócio, em uma transação sem favorecimentos. Pode-se exemplificar esta definição a partir da situação patrimonial e de valor justo da investida, apresentada na figura n.º 1.

3 Valor Valor Contábil Justo Caixa...$ 20.000 20.000 Estoques...$ 5.000 15.000 Imóveis...$ 5.000 20.000 Patentes...$ 5.000 10.000 $ 35.000 65.000 Figura 1: Situação Patrimonial e de Mercado da Investida Adquirida Em relação à situação patrimonial e de valor justo da investida, apresentadas na figura n.º 72, supondo que a entidade investidora adquiriu o controle acionário da investida por $ 50.000, neste caso o valor do Goodwill Negativo será de $ 15.000, obtido pela diferença entre o valor pago e o valor justo dos ativos líquidos da investida (50.000-65.000). Da mesma forma que o registro contábil do Goodwill, a contabilização do Goodwill Negativo, quando da sua aquisição, não é feita em conta distinta do investimento, conforme registro contábil apresentado na figura n.º 2. D - Investimentos C - Caixa... 50.000 Figura 2: Registro Contábil do Goodwill Negativo - IASB Contudo, nas demonstrações contábeis consolidadas o valor do Goodwill Negativo é evidenciado da forma apresentada na figura n.º 3. ATIVO...$ 120.000 Caixa...$ 90.000 Estoques...$ 15.000 Imóveis...$ 20.000 Patentes...$ 10.000 Goodwill Negativo...$ (15.000) PASSIVO...$ 120.000 Capital social...$ 120.000 Figura 3: Apresentação do Goodwill Negativo no Balanço Consolidado

4 A classificação do Goodwill Negativo no balanço patrimonial consolidado, segundo o parágrafo 64 do IAS 22, é de que o mesmo deve ser apresentado como uma dedução dos ativos da entidade da mesma forma que o Goodwill, conforme estrutura patrimonial apresentada na figura n.º 3. De acordo com as normas internacionais, a existência de um Goodwill Negativo pode indicar que os ativos estão superavaliados ou que as obrigações tenham sido subavaliadas ou omitidas, contudo, nestes casos o Goodwill Negativo não é reconhecido contabilmente, sendo que esta diferença é ajustada no balanço patrimonial consolidado contra os ativos ou passivos que a geraram. 2.2.2 Amortização do Goodwill Negativo Tanto a contabilização do Goodwill Negativo quanto a sua amortização possuem tratamentos contábeis diversos, em função da identificação ou não da expectativa de prejuízos futuros no plano de aquisição da investidora, ou ainda na hipótese de o mesmo não ser fundamentado em expectativa de prejuízos futuros. 2.2.2.1 Goodwill Negativo relacionado à expectativa de prejuízos futuros identificados no plano de aquisição da investidora O Goodwill Negativo, de acordo com o parágrafo 61 do IAS 22, relacionado com expectativa de prejuízos futuros que estão identificados no plano de aquisição do adquirente que possam ser mensurados confiavelmente, devem ser reconhecidos como receitas no resultado do exercício à medida que as despesas e perdas estimadas ocorrerem, ou seja, de acordo com o plano de aquisição. Pode-se verificar esta situação em relação ao Goodwill Negativo apresentado na figura n.º 3. Supondo que o Goodwill Negativo esteja definido no plano de aquisição da investidora e o seu valor que é de $ 15.000, tenha uma estimativa de vida útil de 15 anos. Neste caso, a amortização do Goodwill Negativo será calculada de acordo com a figura n.º 4. Goodwill Negativo...15.000 Vida útil (em anos)... 15 Amortização anual... 1.000 Figura 4: Cálculo da Amortização do Goodwill Negativo Esta amortização anual será registrada na contabilidade da investidora anualmente, de acordo com os registros contábeis apresentados na figura n.º 5.

5 Goodwill Negativo Receita amortização 1-1.000 15.000 - si 1.000-1 Figura 5: Registro Contábil da Amortização do Goodwill Negativo É importante destacar que nas normas internacionais o prazo estimado da expectativa de prejuízos futuros não deve exceder a 20 anos. Porém, se os prejuízos estimados não ocorrerem no período esperado, o mesmo deverá ter o mesmo tratamento do Goodwill Negativo não relacionado à expectativa de prejuízos futuros identificáveis. 2.2.2.2 Goodwill Negativo não relacionado à expectativa de prejuízos futuros identificáveis Já o Goodwill Negativo não relacionado à expectativa de prejuízos futuros identificáveis, que possa ser mensurado confiavelmente na data da aquisição, deve ser reconhecido como receita no resultado do exercício das seguintes formas: a) O Goodwill Negativo que não exceder ao valor justo dos ativos não-monetários identificados adquiridos, deve ser reconhecido como receita no resultado do exercício com base na média ponderada da vida útil remanescente dos ativos identificáveis sujeitos amortização ou depreciação. Esta situação é exemplificada a partir da situação apresentada na figura n.º 6. Ativos Monetários... 20.000 Caixa... 20.000 Ativos Não - monetários... 45.000 Estoques... 15.000 Imóveis... 20.000 Patentes... 10.000 Goodwill Negativo...(15.000) Figura 6: Composição dos Ativos Monetários e Não- monetários Na figura n.º 6 pode-se verificar que o valor dos itens não-monetários, que foram registrados a valor justo é de $ 45.000. Este valor é superior ao valor do Goodwill Negativo, que é de $ 15.000. Neste caso, a amortização do Goodwill Negativo será calculada com base na média pondera da vida útil dos ativos identificáveis sujeitos a

6 depreciação ou amortização, respectivamente imóveis $ 20.000 e patentes $ 10.000, conforme cálculo apresentado na figura n.º 7. Valor Vida Contábil útil (anos) Ponderação Imóveis... $ 20.000 25 anos 500.000 Patentes...$ 10.000 10 anos 100.000 $ 30.000 35 anos 600.000 Figura 7: Cálculo da Vida Útil para Amortização do Goodwill Negativo Com base nos dados apresentados na figura n.º 7, pode-se obter a média ponderada da vida útil de 20 anos, através da divisão de $ 600.000 por $ 30.000. Logo, o valor da amortização anual do Goodwill Negativo será calculado com base na média ponderada da vida útil dos ativos identificáveis sujeitos a amortização ou depreciação, no caso 20 anos, conforme cálculo apresentado na figura n.º 8. Goodwill Negativo...15.000 Vida útil (em anos)... 20 Amortização anual... 750 Figura 8: Cálculo da Amortização do Goodwill Negativo Esta amortização anual será registrada na contabilidade da investidora de acordo com a figura n.º 9. Goodwill Negativo Receita amortização 1-750 15.000 - si 750-1 Figura 9: Registro Contábil da Amortização do Goodwill Negativo b) O Goodwill Negativo que exceder o valor justo dos ativos não-monetários identificáveis adquiridos deve ser reconhecido imediatamente como receita. Nesta situação, ainda em relação ao exemplo apresentado anteriormente, supondo agora que o Goodwill Negativo seja de $ 50.000, nesta hipótese a situação dos ativos monetários e não-monetários adquiridos será aquela apresentada na figura n.º 10.

7 Ativos Monetários... 20.000 Caixa... 20.000 Ativos Não - monetários... 45.000 Estoques... 15.000 Imóveis... 20.000 Patentes... 10.000 Goodwill Negativo (50.000) Figura 10: Ativos Monetários e Não-monetários da Investida Na figura n.º 10 pode-se identificar que o valor do Goodwill Negativo que é de $ 50.000, excede o valor justo dos ativos não-monetários identificados no valor de $ 45.000, logo, este excesso de $ 5.000 ($ 50.000- $ 45.000), deve ser reconhecido imediatamente como receita. Já o valor remanescente de Goodwill Negativo de $ 45.000 deve ser apropriado de acordo com a média ponderada da vida útil dos ativos identificados sujeitos a amortização ou depreciação. Neste caso, representando os mesmos 20 anos calculados anteriormente com os mesmos registros contábeis. 11. O balanço patrimonial consolidado nesta situação é o apresentado na figura n.º ATIVO...$ 125.000 Caixa......$ 125.000 Estoques......$ 15.000 Imóveis......$ 20.000 Patentes......$ 10.000 Goodwill Negativo......$ (45.000) PASSIVO.....$ 125.000 Capital social......$ 120.000 Lucros acumulados......$ 5.000 Figura 11: Balanço no Caso de Excesso de Goodwill Negativo Diante do exposto, constata-se que, nas normas internacionais o valor do Goodwill Negativo nunca excederá o valor dos ativos não-monetários identificáveis adquiridos. 2.2.2.3 Goodwill Negativo não relacionado à expectativa de prejuízos futuros identificados no plano de aquisição da investidora Segundo o parágrafo 63 do IAS 22, o Goodwill Negativo não relacionado à expectativa de prejuízos futuros, que tenham sido identificados no plano de aquisição do adquirente e que possam ser mensurados confiavelmente, consiste num ganho que deve

8 ser reconhecido como receita quando os benefícios econômicos futuros incluídos nos ativos adquiridos identificáveis que sofrem amortização ou depreciação forem consumidos. No caso de ativos monetários o ganho é reconhecido imediatamente. Este Goodwill Negativo é originário de outros fundamentos econômicos identificados no plano de aquisição pela investidora, sendo que o mesmo poderá ter dois tratamentos distintos em função do mesmo estar relacionado a ativos monetários ou nãomonetários. a) Goodwill Negativo relacionado a ativos monetários Este Goodwill Negativo deve ser registrado diretamente como ganho no resultado do exercício, conforme registros na consolidação apresentados na figura n.º 12. D - Estoques...10.000 D - Imóveis...15.000 D - Patentes... 5.000 D - Capital social...35.000 C - Ganho Extraordinário...15.000 C - Investimentos...50.000 Figura 12: Contabilização do Goodwill Negativo- Outros Fundamentos Em função destes ajustes o balanço patrimonial consolidado será aquele apresentado na figura n.º 13. ATIVO... $ 135.000 Caixa... $ 90.000 Estoques... $ 15.000 Imóveis... $ 20.000 Patentes... $ 10.000 PASSIVO... $ 135.000 Capital social... $ 120.000 Lucros acumulados... $ 15.000 Figura 13: Balanço Patrimonial Consolidado Ativos Monetários Como o valor do Goodwill Negativo, neste caso, foi registrado diretamente no resultado do exercício, logo, não há que se falar em amortização. b) Goodwill Negativo relacionado a ativos não-monetários

9 O Goodwill Negativo originário de outros fundamentos econômicos relacionado a ativos não-monetários deve ser registrado inicialmente como um crédito diferido nas demonstrações contábeis consolidadas, conforme balanço patrimonial consolidado apresentado na figura n.º 14, elaborado a partir do mesmo exemplo utilizado anteriormente. ATIVO...$ 135.000 Caixa......$ 90.000 Estoques......$ 15.000 Imóveis......$ 20.000 Patentes......$ 10.000 PASSIVO......$ 135.000 Crédito diferido......$ 15.000 Capital social......$ 120.000 Figura 14: Balanço Patrimonial Consolidado Ativos Não- monetários Este Goodwill Negativo deve ser amortizado à proporção que os benefícios econômicos futuros incluídos nos ativos identificáveis, sujeitos a depreciação ou amortização forem consumidos, ou seja, de forma análoga aos cálculos e registros contábeis apresentados nas figuras n.º 8 e 9, as quais resultaram em uma amortização em 20 anos. 2. 3 Tratamento contábil do Goodwill Negativo nos principios de contabilidade geralmente aceitos - US-gaap 2.3.1 Definição e classificação do Goodwill Negativo Segundo parágrafo 44 do FAS 142, em alguns casos a soma dos valores atribuídos para ativos adquiridos e obrigações assumidas a valor justo, excederão o valor pago pela entidade adquirida. Este excesso será alocado através de uma redução prórata para todos os ativos adquiridos, exceto: Ativos financeiros, excluindo-se investimentos avaliados pelo método de equivalência patrimonial; Ativos destinados à venda; Ativos de impostos diferidos;

10 Ativos pagos antecipadamente relacionados a pensões e outros planos de benefício de aposentadoria; Qualquer outro ativo corrente. Pode-se exemplificar esta definição a partir da situação patrimonial e de valor justo da investida apresentada na figura n.º 15. Valor Valor Contábil Justo Caixa...$ 20.000 20.000 Estoques...$ 5.000 15.000 Imóveis...$ 5.000 20.000 Patentes...$ 5.000 10.000 $ 35.000 65.000 Figura 15: Situação Patrimonial e de Mercado da Investida Adquirida Em relação à situação patrimonial e de valor justo da investida, apresentados na figura n.º 15 e supondo que a entidade investidora adquiriu o controle acionário da investida por $ 50.000, tem-se neste caso, inicialmente um Goodwill Negativo de $ 15.000, obtido pela diferença entre o valor pago e o valor justo dos ativos líquidos da investida (50.000-65.000). É importante enfatizar que da mesma forma que o registro contábil do Goodwill, a contabilização do Goodwill Negativo não é feita em conta distinta do investimento, conforme registro contábil apresentado na figura n.º 16. D - Investimentos C - Caixa... 50.000 Figura 16: Registro Contábil do Goodwill Negativo US-GAAP Contudo, nas demonstrações contábeis consolidadas, o valor do Goodwill Negativo deve ser diminuído proporcionalmente dos valores dos ativos não-correntes cuja composição está apresentada na figura n.º 17. Ativos Correntes... 35.000 Caixa... 20.000

11 Estoques... 15.000 Ativos Não-correntes... 30.000 Imóveis... 20.000 Patentes... 10.000 Goodwill Negativo...(15.000) Figura 17: Composição dos Ativos Correntes e Não- correntes Na figura n.º 17 pode-se identificar o valor do Goodwill Negativo de $ 15.000, que deve ser alocado proporcionalmente aos ativos não-correntes cujo valor monta $ 30.000. Após estes ajustes, o balanço patrimonial consolidado passa a ser o apresentado na figura n.º 18. ATIVO...$ 120.000 Caixa...$ 90.000 Estoques...$ 15.000 Imóveis...$ 10.000 Patentes...$ 5.000 PASSIVO...$ 120.000 Capital social...$ 120.000 Figura 18: Apresentação do Goodwill Negativo no Balanço Consolidado Se remanescer qualquer excesso após a redução a zero daqueles ativos relacionados anteriormente, o excesso remanescente será reconhecido como um ganho extraordinário na demonstração do resultado do exercício. Nesta situação, ainda em relação ao exemplo apresentado anteriormente, supondo agora que o Goodwill Negativo seja de $ 50.000, tem-se nesta hipótese, a situação dos ativos correntes e não-correntes adquiridos apresentada na figura n.º 19. Ativos Correntes... 35.000 Caixa... 20.000 Estoques... 15.000

12 Ativos Não - correntes... 30.000 Imóveis... 20.000 Patentes... 10.000 Goodwill Negativo (50.000) Figura 19: Ativos Correntes e Não-correntes da Investida Na figura n.º 19 pode-se identificar que o valor do Goodwill Negativo que é de $ 50.000, excede o valor justo dos ativos não-correntes identificados no valor de $ 30.000, logo, este excesso de $ 20.000 ($ 50.000- $30.000) deve ser reconhecido imediatamente como ganho extraordinário. 20. O balanço patrimonial consolidado nesta situação é o apresentado na figura n.º ATIVO...$ 140.000 Caixa...$ 125.000 Estoques...$ 15.000 PASSIVO...$ 140.000 Capital social...$ 120.000 Lucros acumulados...$ 20.000 Figura 20: Balanço Consolidado do Excesso de Goodwill Negativo Diante do exposto, constata-se que nas normas norte-americanas, nunca remanescerá Goodwill Negativo. O ganho extraordinário será reconhecido no período na qual a combinação de negócio é concluída, a menos que a combinação envolva uma forma de pagamento cujo valor é incerto. 3 CONCLUSÃO O objetivo deste artigo foi o de identificar o atual estágio de desenvolvimento do tratamento contábil do Goodwill Negativo nas normas internacionais e norte-americanas. Os resultados alcançados na pesquisa indicam que, nas normas internacionais, o Goodwill negativo representa qualquer excesso de valor justo dos ativos e passivos identificáveis sobre o valor pago. Já as normas norte-americanas não o definem explicitamente, dando a entender que não existe Goodwill Negativo. O Financial

13 accounting standards board - FASB, em seu pronunciamento FAS 141, apenas cita que em alguns casos a soma dos valores atribuídos para ativos adquiridos e obrigações assumidas a valor justo excederá o valor pago pela entidade adquirida. Este excesso será alocado através de uma redução pró-rata para todos ativos não-correntes adquiridos. Alem disso, qualquer excesso após a redução a zero destes ativos será reconhecido como um ganho extraordinário na demonstração do resultado do exercício. No que diz respeito ao fundamento econômico que gerou o Goodwill negativo, também existe diferenças significativas. Nas normas internacionais o Goodwill negativo deverá ser fundamentado em expectativa de prejuízos futuros. Já nas normas norteamericanas, como o Goodwill Negativo é apropriado diretamente contra os ativos nãocorrentes ou ganhos extraordinários, não existindo expressa definição do fundamento econômico que o gerou, ficando subentendido, portanto, que refere-se a uma diferença na avaliação dos ativos. Outra diferença importante diz respeito à amortização do Goodwill Negativo, que nas normas internacionais, quando estiver relacionado à expectativa de prejuízos futuros identificados no plano de aquisição, deve ser reconhecida no resultado do exercício à medida que as despesas e perdas estimadas ocorrerem. Já o Goodwill Negativo não relacionado à expectativa de prejuízos futuros identificados no plano deve ser reconhecido como receita no resultado do exercício da seguinte forma: o valor do Goodwill Negativo que não exceder ao valor justo dos ativos não-monetários identificados deve ser reconhecido como receita, com base na média ponderada da vida útil remanescente dos ativos identificáveis sujeitos a amortização ou depreciação, sendo que o valor que exceder destes ativos deverá ser reconhecido imediatamente como receita. O Goodwill Negativo não relacionado à expectativa de prejuízos futuros, identificado no plano de aquisição, se estiver relacionado a ativos não-monetários, deverá ser registrado em crédito diferido e amortizado à medida que estes ativos forem sendo realizados por depreciação ou amortização e caso o mesmo esteja relacionado a ativos monetários deve ser registrado diretamente no resultado do exercício. Nas normas norte-americanas não há que se falar em amortização do Goodwill Negativo, pois o mesmo é abatido do valor dos ativos não-correntes e o excesso, se houver, é lançado diretamente no resultado do exercício. Nas demonstrações contábeis individuais da investida o tratamento contábil do Goodwill Negativo é similar ao do Goodwill, ou seja, nas normas internacionais e norteamericanas ele não será registrado separadamente do valor patrimonial, mas sim pelo valor pago. No entanto, nas demonstrações contábeis consolidadas, tanto nas normas internacionais quanto nas norte-americanas, o Goodwill Negativo fundamentado por diferença de valor de mercado dos ativos líquidos deverá ser ajustado contra estes ativos e passivos. Contudo, o IASB coteja o seu valor com os ativos não-monetários e o excesso será registrado no resultado do exercício, enquanto que nas normas norteamericanas o mesmo será comparado com o valor dos ativos não-correntes e o excesso, se houver, será registrado como um ganho extraordinário. Nas normas internacionais o deságio fundamentado em expectativa de prejuízos futuros deverá ser apresentado como conta retificativa dos ativos. Já nas normas norteamericanas não haverá registro.

Assim, foi possível constatar que o tratamento contábil do Goodwill Negativo em nível internacional, continua a ser um assunto significativo e controvertido, que a contabilização de intangíveis, em especial do Goodwill Negativo, provavelmente será um assunto cuja importância irá crescer com o passar dos anos. Será necessário um esforço adicional em pesquisa e experimentação para que se possa harmonizar as normas para o reconhecimento e tratamento contábil do Goodwill negativo. 14

15 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AICPA American Institute of Certified Public Accountants. APB opinion n. º 16 Business Combination. Emitido em dezembro de 1970..APB opinion n. º 17 Intangible Assets. Emitido em abril de 1971. BEDFORD, Norton M. Goodwill, in Handbook of Modern Accounting. New York: McGraw-Hill Book, 1970. BRADLEY, Keith. Intellectual Capital and New Wealth of Nations, Conferência proferida na Royal Society of Arts, em Londres, em 24 de outubro de 1996. CANNING, John B. The Economics of Accountancy. New York: The Ronald Press, 1929. CARREGARO, Antonio. Fundo de Comércio. Disponível em: <http://www.inpecon.com.br/goodwill.htm> Acesso em: 29 de nov. 2001. CARSBERG, Bryan V. The Contributions of P. D. Leake to the Theory of Goodwill Valuation, Journal of Accounting Research, University of Chicago, Chicago, v. 4, n.1, spring 1966. CATLETT, George R; OLSON, Norman O. Accounting for Goodwill. Accounting Research Study n.º10, American Institute of Certified Public Accountants, New York, 1968. CHAMBERS, Raymond J. Accounting, Evaluation and Economic Behavior. New Jersey : Prentice-Hall, 1966. DICKSEE, Lawrence R. Goodwill and Its Treatment in Accounts. The Accountant, Londres, n. 9, 1897. EDVINSSON, Leif; MALONE, Michael S. Capital Intelectual, São Paulo: Makron Books, 1998. EITEMAN, Dean S. Critical Problems in Accounting for Goodwill. Journal of Accountancy, American Institute of CPAs, Nova York, mar.1971. FASB Financial Accounting Standards Board. FAS 141 Business Combination. Emitido em junho de 2001.. FAS 142 Goodwill and Other Intangible Assets. Emitido em junho de 2001. HENDRIKSEN, Eldon S; BREDA, Michael F.V. Teoria da Contabilidade. 5.ed. Tradução de Antônio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999. IASC International Accounting Standards Committee. IAS 38 Intangible Assets. Emitido em julho de1988. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1997. MARTINS, Eliseu. Contribuição à avaliação do ativo intangível. São Paulo: USP, 1972. Tese de Doutorado, FEA/USP, Universidade de São Paulo, 1972. PREINREICH, Gabriel A. D. The law of Goodwill, Accounting Review, dez. 1936.

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