Tribunal de Contas da União Número do documento: DC-0054-04/00-P Identidade do documento: Decisão 54/2000 - Plenário Ementa: Representação formulada por licitante. Possíveis irregularidades praticadas pela INFRAERO. Tomada de Preços. Contratação de serviços de vigilância. Não exigência de apresentação da autorização para funcionamento constante do artigo 14, inciso I, da Lei nº 7.102/83. Solicitação de garantia com prazo superior ao prazo de validade do contrato. Conhecimento. Procedência parcial. Determinação. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE VII - Plenário Processo: 009.793/1999-2 Natureza: Representação Entidade: Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - INFRAERO Vinculação: Ministério da Aeronáutica Interessados: Interessado: José Nailson Monteiro da Silva Dados materiais: ATA 04/2000 DOU de 18/02/2000 INDEXAÇÃO Representação; INFRAERO; Contrato; Licitação; Serviços de Vigilância e Guarda; Prestação de Serviços; Edital; Autorização; Garantia; Prazo; Tomada de Preços; Sumário: Representação com base no 1º do art. 113 da Lei nº 8.666/93. Impugnação de termos contidos em edital de contratação de serviço de vigilância. Exigências constam de legislação específica. Solicitação de
garantia com prazo superior ao prazo de validade do respectivo contrato. Ausência de amparo legal. Procedência parcial. Determinação. Comunicação aos interessados. Relatório: Cuidam os autos de Representação formulada pelo Sr. José Nailson Monteiro da Silva contra a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária INFRAERO, Superintendência Regional em Manaus, relativamente ao Edital de Concorrência Pública nº 005/CNMN/SBEG/99, na modalidade Tomada de Preços, tendo por objeto a contratação dos serviços de vigilância armada e desarmada para o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, num total de 19 postos. 2.As irregularidades apontadas pelo interessado são as seguintes: - exigência no item 6, subitem 6.1, alínea "d", de apresentação de Certificado de Segurança devidamente atualizado, expedido pelo Ministério da Justiça, não fazendo a exigência da Portaria Autorizativa expedida pelo referido Ministério; - exigência, no item 6, subitem 6.1, alínea "g", de comprovação de que a licitante mantém convênio ou qualquer outro instrumento contratual com organização militar, policial, empresa especializada ou Curso de Formação de Vigilantes, para treinamento e formação de seus vigilantes, ou que possua seu próprio estande, autorizado a funcionar nos termos da Lei nº 7.102/83; - exigência no item 17, subitem 17.1, 17.1.1, de garantia no valor de 5% da contratação com prazo de validade acrescido de 180 dias após encerrada a vigência do contrato. 3.A Unidade Técnica, ao examinar o feito, observou que: - relativamente à exigência contida no item 6, subitem 6.1, alínea "d": são documentos imprescindíveis ao começo das atividades de cada empresa a Autorização para Funcionamento (mediante Portaria do MJ - Portaria MJ nº 91, de 21 de fevereiro de 1992) e o Certificado de Segurança, este porém com validade limitada de um ano. De modo que para as empresas continuarem exercendo essas mesmas atividades, deverão renovar anualmente seu Certificado de Segurança ou Vistoria de Veículos, documentos que demonstram estarem realmente aptas a continuarem funcionando. Assim, entende improcedente esse item da representação; - quanto ao item 6, subitem 6.1, alínea "g": registram que a exigência decorre de preceitos normativos contidos no Decreto nº 89.056/83, art.
35 e Parágrafo Único, "não será autorizado o funcionamento de empresa especializada que não disponha de recursos humanos e financeiros ou de instalações adequadas ao permanente treinamento de seus vigilantes"; e 2º do art. 23, " na hipótese de não haver disponibilidade de utilização de estande de tiro no município-sede do curso, pertencente a organizações militares ou policiais civis, será autorizada a instalação de estande próprio". Assim, entende que não restou caracterizado o caráter restritivo da exigência editalícia; - no tocante ao item 17, subitem 17.1, 17.1.1, a Unidade Técnica registra que a solicitação de garantia está afeta ao poder discricionário do administrador até os limites estipulados na legislação pertinente, assim, ao término de todas as obrigações contratuais deve o contratante restituir ou liberar ao contratado a garantia ofertada. Afirmam que o acréscimo de 180 dias fixado no Edital não encontra proteção nas disposições legais da Lei nº 8.666/93, entendendo procedente a falha apontada pelo interessado. 4.Por fim, propõe: que se conheça da representação para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente; determinação à INFRAERO que, em observência ao princípio da legalidade, não mais inclua nos seus editais de licitação cláusulas fixando a apresentação de garantia a ser prestada pelo contratado nos termos do art. 56 da Lei nº 8.666/93, com prazo de validade superior ao do respectivo contrato; remessa de cópia da deliberação ao interessado e à entidade representada. 5.O Ministério Público, ao se manifestar sobre as questões referenciadas, ressalta que a Portaria nº 91/92 do MJ foi revogada pela Portaria MJ nº1.545/95, mas como esse Certificado, nos termos da Portaria DPF nº1.129/95, tem validade de um ano, entende correta sua exigência. Quanto ao solicitado na letra "g" do subitem 6.1, entende que essa ".. não representa restrição ao caráter competitivo, pois estabelece a comprovação de que a empresa mantém convênio ou qualquer outro instrumento contratual com organização militar, empresa especializada ou curso de formação de vigilantes, para treinamento e formação de seus vigilantes, ou que possua o seu próprio estande, autorizado a funcionar nos termos da Lei nº 7.102/83. Essa é uma exigência legal e, ainda, absolutamente necessária para o exercício das atividades de vigilância, não havendo como se admitir vigilantes mal preparados e detentores de armas de fogo, prestando serviços para órgãos e entidades públicas federais." 6.Relativamente ao último ponto questionado nesta Representação, o Ministério Público corrobora do entendimento esboçado pela Unidade Técnica, no sentido de sua falta de amparo legal. Assim, manifesta sua
anuência à proposta da Unidade Técnica, acrescentado determinação à INFRAERO para que inclua em seus editais de licitação para contratação de serviços de vigilância a exigência da apresentação da autorização para funcionamento de que trata o art. 14, inciso I, da Lei nº 7.102/83, já que essas autorizações têm validade restrita a cada Unidade da Federação e podem ser suspensas ou canceladas, por prática de infrações específicas. É o Relatório. Voto: De fato, as exigências efetuadas pela INFRAERO, com exceção da garantia (item 17, 17.1, 17.1.1) estão em conformidade com a legislação específica e não poderiam ser desprezadas pela empresa pública. 2.Relativamente à exigência de garantia com prazo de validade superior ao prazo de duração do contrato, acompanho o entendimento alvitrado nos pareceres quanto à ausência de amparo legal para a medida, devendo a empresa abster-se de formulá-la nos editais de licitação. A entidade deve buscar proteger-se dentro de parâmetros legais. Não entendo, porém, que tal exigência tenha inviabilizado a competição do certame em análise, devendo apenas ser objeto de determinação para correção do procedimento nas próximas licitações. 3.Quanto à determinação sugerida pelo Ministério Público, entendo que é pertinente no sentido de aperfeiçoar os referidos editais, uma vez que as autorizações para funcionamento têm validade restrita a cada Unidade da Federação, nos termos do disposto no art. 4º, caput, da Portaria DPF nº 992/95. Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Colegiado. T.C.U., Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 09 de fevereiro de 2000. ADHEMAR PALADINI GHISI Ministro-Relator Assunto: VII - Representação
Relator: ADHEMAR GHISI Representante do Ministério Público: UBALDO CALDAS Unidade técnica: 3ª SECEX Quórum: Ministros presentes: Iram Saraiva (Presidente), Adhemar Paladini Ghisi (Relator), Humberto Guimarães Souto, Valmir Campelo, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues e Guilherme Palmeira. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 9 de fevereiro de 2000 Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.1. com fulcro no 1º do art. 113 da Lei nº 8.666/93 c/c art. 37-A da Resolução/TCU nº 77/96, conhecer da presente Representação, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente; 8.2. determinar à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária Infraero que: 8.2.1. abstenha-se de incluir em seus editais de licitação cláusula fixando garantia a ser prestada pelo contratado com prazo de validade superior ao prazo do instrumento contratual respectivo, por falta de amparo legal; (Redação alterada pela Decisão 315/2001 - Ata 21 - Plenário.) 8.2.2 inclua em seus editais de licitação para contratação de serviços de vigilância a exigência de apresentação da autorização para funcionamento de que trata o art. 14, inciso I, da Lei nº 7.102/83. 8.3. dar ciência da presente deliberação, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam ao interessado e à INFRAERO. Parecer do Ministério Público: Proc. TC-009.793/99-2
Representação PARECER Representação formulada pelo Sr. José Nailson Monteiro da Silva contra a Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária - INFRAERO, Superintendência Regional em Manaus, em que questiona itens do Edital de Concorrência nº 005/CNMN/SBEG/99, cujo objeto é a contratação de serviços de vigilância armada e desarmada para o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes. Embora não seja o tipo de processo ou fase processual em que a audiência do Ministério Público é obrigatória, aproveitamos o ensejo para opinarmos a respeito. Quanto ao item 6, subitem 6.1, alínea "d", do edital, em que se exige da empresa a apresentação de Certificado de Segurança atualizado, expedido pelo Ministério da Justiça, não fazendo exigência da Portaria Autorizativa expedida por esse Ministério conforme Lei nº 7.102/83, convém ressaltar que a Portaria nº 1.129/92 prevê a exigência do Certificado de Segurança para a expedição da autorização para funcionamento das empresas. A Portaria nº 91/92 do Ministério da Justiça não pode justificar a exigência do Certificado de Segurança pelo edital em exame, porque foi revogada pela Portaria MJ nº 1.545, publicada no D.O.U. de 08.12.95. Como os Certificados de Segurança, nos termos do art. 8º da referida Portaria nº 1.129/92, têm validade de um ano, correta é a sua exigência pelo edital. Embora o edital exija que a empresa licitante tenha executado ou esteja executando serviços para órgão ou entidade da administração pública direta ou indireta, federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, presume-se que a empresa já obteve a Portaria de Autorização para Funcionamento. A exigência em edital ainda é necessária, porque, em conformidade com o artigo 4º, caput, da Portaria DPF nº 992, de 25.10.95, as autorizações têm validade restrita a cada Unidade da Federação. Ademais, a Portaria de Autorização para Funcionamento pode ser revogada a qualquer tempo, e o art. 23 da Lei nº 7.102/83, o art. 40 do Decreto nº 89.056/83 e o art. 95 da Portaria DPF nº 1.129/95 prevêem que as empresas prestadoras de serviços orgânicos de segurança que praticarem
infrações específicas, dentre outras punições, poderão sofrer proibição temporária de funcionamento e, até mesmo, o cancelamento do registro de funcionamento. O item 6, subitem 6.1, alínea "g", do edital, não representa restrição ao caráter competitivo, pois estabelece a comprovação de que a empresa mantém convênio ou qualquer outro instrumento contratual com organização militar, policial, empresa especializada ou curso de formação de vigilantes, para treinamento e formação de seus vigilantes, ou que possua o seu próprio estande, autorizado a funcionar nos termos da Lei nº 7.102/83. Essa é uma exigência legal e, ainda, absolutamente necessária para o exercício das atividades de vigilância, não havendo como se admitir vigilantes mal preparados e detentores de armas de fogo, prestando serviços para órgãos e entidades públicas federais. A empresa deve demonstrar que realiza cursos de formação dos vigilantes, provando que estão devidamente preparados para a atividade. De se ressaltar que o art. 27, inciso II, alínea "g", da Portaria DPF nº 1.129, de 15 de dezembro de 1995, indica como condição para obtenção da autorização de funcionamento o "comprovante de que possui convênio com organização militar, policial ou clube de tiro, nos termos do art. 11, inciso IV ou comprovação de que possui estande próprio, no caso de curso de formação de vigilante". O subitem 17.1.1 do item 17.1 do edital, prevê cláusula contratual em que a garantia de 5% deverá se estender até 180 dias após encerrada a vigência do contrato, o que não encontra respaldo na Lei nº 8.666/93. Pelo exposto, este representante do Ministério Público manifesta anuência à proposta da instrução (fls. 79 e 80), acrescentando determinação à INFRAERO que inclua em seus editais de licitação para contratação de serviços de vigilância a exigência de apresentação da autorização para funcionamento de que trata o art. 14, inciso I, da Lei nº 7.102/93. Ministério Público, em 26 de Novembro de 1999. Ubaldo Alves Caldas Subprocurador-Geral