Faculdade de Direito FD/UnB Direito Noturno Direito Administrativo 3 Prof: Márcio Iório Aranha Grupo 04 Respostas às perguntas do demais grupos



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Transcrição:

Faculdade de Direito FD/UnB Direito Noturno Direito Administrativo 3 Prof: Márcio Iório Aranha Grupo 04 Respostas às perguntas do demais grupos Grupo 2. Como o princípio da neutralidade pode ser compatibilizado no tráfego de informações entre os diversos países, dadas as diferenças da legislação setorial entre eles? A neutralidade de redes consiste em um desenho de rede com padrões que não criam obstáculos ao tráfego. Do ponto de vista técnico esta perspectiva foi adaptada em um modelo de regras e comportamentos sobre o acesso de tráfego às redes visando a não discriminação e a transparência de informações. Ocorre que, no âmbito internacional, o debate acerca deste tema se manifesta de maneiras distintas que variam conforme o ambiente institucional de cada país. Observamos o contexto plural no qual se insere esta questão no mundo: a Finlândia foi o primeiro país a garantir o acesso à banda larga como um direito de todo cidadão; O Chile se tornou, em 2010, o primeiro país a garantir a neutralidade de rede por lei; no Brasil, a Lei n. 12.965/14 conhecida como Marco Civil da Internet trata de temas como neutralidade da rede, privacidade e retenção de dados, regulando o uso da internet no Brasil e determinando diretrizes para a atuação do Estado; Israel e Holanda também possuem legislação que garante a neutralidade, dentre muitos outros exemplos e particularidades. A posição defendida pelo Secretário Geral da União Internacional de Telecomunicações propõe a realização de um trabalho de âmbito global de conscientização de governos e lideranças em prol tanso da não discriminação dos dados trafegados quanto da transparência das informações sobre o acesso e o tráfego, o que implica necessariamente em uma abertura do setor e uma contínua reforma regulatória.

Neste contexto, a Organização Mundial do Comércio, a União Internacional das Telecomunicações e o Banco Mundial se mostraram de extrema importância no processo de liberalização e nas escolhas dos desenhos institucionais regulatórios. Sua atuação bem como os acordos internacionais foram decisivos para comprometer vários países à abertura de seus setores de telecomunicações - não só suas redes, mas seus serviços e produtos. Através do exposto, concluímos que a inserção da neutralidade de redes no plano global extrapola a perspectiva técnica das suas arquiteturas de rede e sugere um esforço mais completo buscando uma abordagem multifacetada que trate de temas como concorrência, inovação, propriedade intelectual e bem-estar dos usuários. Grupo 3. O Bloqueador de Sinais de Radiocomunicação (BSR) é frequentemente utilizado nos estabelecimentos penitenciários por questões de segurança, de fora a impedir a comunicação interna e externa dos detentos. Existe alguma lei/decreto/resolução que regule a instalação desses equipamentos? Em caso positivo, qual o órgão responsável? Como proceder para evitar interferências prejudiciais fora dos limites dos estabelecimentos penitenciários? É cabível algum tipo de sanção ao usuário do BSR que não seguir os devidos procedimentos? A regulação de uso do Bloqueador de Sinais de Radiocomunicação (BSR) é feita por meio da Resolução n. 308/2002, da ANATEL. A presente Resolução trás, em seu bojo, as definições normativas necessárias à utilização do BSR, quais sejam: área de bloqueio, pontos de verificação, prestadora de serviços de radiocomunicação e usuários de BSR. Conforme consta da Resolução, as radiofrequências do BSR são estabelecidas conforme a necessidade de cada estabelecimento penitenciário, não devendo haver interferência em outros serviços fora de tais limites. Para tanto, antes de haver a instalação do BSR, o usuário de tal dispositivo deve entrar em contato com as Prestadoras de Serviços de Radiocomunicação da região para que sejam avaliados e ajustados os níveis de sinais dos serviços prestados pelo BSR, evitando assim interferências fora dos limites desejados, conforme exposto na Resolução.

Ademais, o usuário do BSR, ao requerer ativação do aparelho deve apresentar documento com termo de responsabilidade que certifique que a atuação do BSR está restrita ao estabelecimento penitenciário, sem interferir em outros serviços. Após a ativação, a utilização do BSR permanece sujeita à fiscalização da ANATEL. Caso a ANATEL constate qualquer irregularidade, essa determinará a imediata regularização, sujeitando-se o usuário do serviço às sanções cabíveis. Além disso, a Resolução prevê que, em casos de instalação e uso do BSR em locais distintos dos indicados ou com características contrárias à norma, os serviços serão tidos como clandestinos, constituindo infração prevista na Lei Geral de Telecomunicações (Lei 9.472/97). Grupo 5. A partir do princípio da neutralidade de redes, é possível que as empresas de telecomunicações limitem ou privilegiem determinado tipo de tráfego de dados com base em interesses comerciais? A neutralidade da rede é o princípio pelo qual todo o trafego da internet deve ser tratado igualmente. Segundo ele, todas as informações que trafegam na rede devem ser tratadas da mesma forma, navegando a mesma velocidade. É este princípio que garante o livre acesso a qualquer tipo de informação na rede. Uma vez considerado este princípio, seus prós e contras, muitos concluem a favor da diversidade de redes, onde a neutralidade deve ser preservada mas ao mesmo tempo é necessário dar espaço para outras demandas tecnológicas e de segurança. Ocorre que, a abertura da internet não deve se fixar apenas em aspectos técnicos, mas também em aspectos políticos, legais, sociais e econômicos. Desta forma, a diversidade da rede seria o meio pelo qual diferentes tipos de tráfego de dados receberiam tratamento de acordo com seus propósitos específicos, atendendo a vários interesses e ainda sim respeitando a igualdade e neutralidade dentro deles. É importante frisar que não seria necessária uma única rede inteligente capaz de discriminar entre diferentes aplicações, mas redes diferentes para diferentes propósitos. Um leque de redes especializadas poderiam surgir: uma tradicional para e-mails e sites, uma com segurança reforçada para comércio e governo e uma de baixa latência para aplicações de tempo real.

Grupo 6. Em que aspecto é importante a homologação da ANATEL acerca do limite máximo a ser cobrado pelo uso das redes pelas operadoras de telecomunicação? Como isso afeta a questão da interconexão? Atualmente, as tarifas de uso de redes para interconexão não observam a parcela da rede que será de fato utilizada no encaminhamento da chamada. Desta forma, as operadoras que cedem sua rede para a interconexão tendem a ter uma margem de lucro maior que a margem da operadora entrante, já que recebe pelo uso total de uma rede que só será utilizada em partes. A norma brasileira atual determina que a remuneração das redes deve ser negociada entre as partes e homologado pela ANATEL, por tratar-se de tema de interesse coletivo. O que ocorre na pratica e que o valor máximo homologado pela ANATEL acaba sendo sempre o valor fixado para a rede. Desta forma, a homologação de um valor máximo pela ANATEL e fundamental para viabilizar um equilíbrio financeiro entra a empresa que cede a rede e aquela entrante. Esse mecanismo de homologação afeta a interconexão na medida em que funciona como ferramenta de controle de preços, evitando que os valores arbitrários eventualmente estabelecidos pelas empresas venham a inviabilizar a interconexão por tornar extremamente desvantajoso o seu uso pela empresa entrante ou, ainda, restringir o acesso ao consumo de serviços telefônicos entre operadoras distintas, já que tal custo seria suportado pelo consumidor final. Grupo 7. É correto dizer que os aparelhos celulares devem estar dentro de uma determinada faixa para realizar suas operações? Por quê? Hoje, os aparelhos celulares possuem inúmeras funções além da usual. Muitas dessas atividades não necessitam sequer que o aparelho celular esteja conectado com a internet ou com alguma outra rede. Dessa forma, é talvez inadequado afirmar que esses aparelhos necessitam estar dentro de determinada faixa de frequência para realizar suas operações. Se por operações se quiser dizer a primordial, em tese, que é a de fazer ligações, então os aparelhos precisam sim estar dentro de determinadas faixas, já que as operadoras de telefonia móvel possuem licença para operar em faixas determinadas. Caso estejam fora destas faixas, os aparelhos podem ficar sem serviço. Por isso é

importante consultar se o aparelho que será comprado trabalha com a mesma frequência que a operadora com o qual ele será usado. Grupo 8. Quais meios o governo, ou agências reguladoras, têm para garantir a neutralidade da rede? Há como medir isso? Sabe se que o favorecimento de certas classes de serviços em detrimento a outras é comum nas prestadoras de serviços de dados. O consumidor, após o marco civil, tem condições de opor ação requerendo esta neutralidade? Quais meios de prova são possíveis? A neutralidade de redes na Lei nº 12.965/2014, conhecida como Marco Civil da Internet é a regra, entretanto o a Lei prevê um abrandamento dessa neutralidade, caso fique provado a necessidade dessa quebra de neutralidade para manter a estabilidade e funcionalidade. Da forma como traz o dispositivo entende-se ser um critério muito subjetivo. E a neutralidade poderá ser abrandada ou regulada pelo chefe do Poder Executivo após ouvido o Comitê Gestor da Internet no Brasil. Nesse modelo adotado pelo Brasil, preserva-se a possibilidade de provedores de internet terem lucro quando oferecem um serviço melhor. Ou seja, estimula-se investimentos. Mas fica proibida a discriminação de conteúdo. A discriminação ou degradação do tráfego será regulamentada nos termos das atribuições privativas do Presidente da República previstas no inciso IV do art. 84 da Constituição Federal, para a fiel execução desta Lei, ouvidos o Comitê Gestor da Internet e a Agência Nacional de Telecomunicações Grupo 9. O direito de enviar/receber dados pode ser visto como um direito fundamental derivado dos princípios da liberdade de expressão e da liberdade de acesso à informação? A liberdade de expressão é a garantia assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar, buscar e receber ideias e informações de todos os tipos, com ou sem a intervenção de terceiros, por meio de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro meio de comunicação. O princípio da liberdade de expressão é protegido pela Constituição Federal por meio do art 5º. inciso IX.

A Constituição Federal abarcou ainda a liberdade de informação, como decorrência direta do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, uma vez que a difusão da informação, e o acesso a esta são essenciais na formação do indivíduo. Além do que, consubstanciou em seu artigo 5º, inciso IV, a liberdade de manifestação de pensamento, e em seus incisos XIV e XXXIII, o direito coletivo à informação. No Estado Democrático de Direito é imprescindível a participação popular, e essa só é possível a partir do momento em que o homem tem conhecimento dos fatos e notícias que ocorrem na sociedade em que vive, podendo livremente informar a outros indivíduos, formando-se a opinião pública. Daí a importância que a liberdade de informação adquiriu na Constituição brasileira, sendo assegurada como direito fundamental. Na atualidade, o direito à liberdade de expressão encontra na internet um instrumento singular para desenvolver, de forma gradual, o potencial de uso desses direitos fundamentais, de forma a que se possa efetivar a democratização e a inclusão. Dessa forma, a partir do momento que há disponível para o usuário/consumidor o envio/recebimento de dados, há o direito de usufruir da liberdade de uso do serviço para amparar a liberdade de comunicação e acesso a informação. Grupo 10. A Resolução 220/2000, da ANATEL, aprovou o regulamento que dispõe sobre as condições para conferir o Direito de Exploração de Satélite. Quais os serviços de telecomunicações são autorizados pela ANATEL a utilizar? O Regulamento 220/2000 da ANATEL dispõe sobre as condições para se conferir Direito de Exploração de Satélite, brasileiro ou estrangeiro, bem como seu uso para transporte de sinais de telecomunicações, em conformidade com a Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997. Tal direito de exploração para transporte de sinais de telecomunicações é o que permite o provimento de capacidade de satélite estrangeiro ou brasileiro e o uso das radiofrequências destinadas à telecomunicação via satélite e, se for o caso, ao controle e monitoração do satélite. Dessa forma, o serviço autorizado pela ANATEL é o provimento de capacidade espacial, isto é, o oferecimento de recursos de órbita e espectro radioelétrico às prestadoras de serviços de telecomunicações.

Por isso, o serviço abarcado pela regulamentação é o serviço de telecomunicações, não se estendendo aos satélites brasileiros de uso exclusivamente militar e àqueles utilizados para os serviços de Meteorologia por Satélite, Exploração da Terra por Satélite, Operação Espacial e Pesquisa Espacial. Grupo 11. Que tipos de medidas podem ser adotadas pelas Agências de Regulação para reduzir o desestímulo causado pelo Unbundling? Para reduzir os desestímulos potencialmente causados pelo Unbundling, as agências reguladoras devem diligenciar junto a instancias governamentais no sentido de que as concessões sejam feitas com estímulos estatais para a construção de redes competitivas, garantindo vantagens de exploração e garantias mínimas de remuneração, uma vez que se trata de serviço de interesse público. Os atos regulatórios das agencias devem, também, buscar estabelecer regras de remuneração que assegurem a remuneração da operadora incumbente e evitem o desequilíbrio financeiro entre aquela e a operadora entrante. Além disso, e fundamental que as Agências Reguladoras esclareçam com detalhes e a partir de análises técnicas precisas o marco regulatória que define os pontos de rede e o valor que deve ser pago por eles pois um cálculo técnico mal feito nesta fase pode onerar as operações da operadora incumbente e promover o enriquecimento da operadora entrante as custas do prejuízo daquela. Nesse sentido, um dos principais pontos de atuação possível das Agências Reguladoras no sentido de reduzir os desestímulos ao Unbundling seria, de fato, garantir extrema tecnicidade e eficiência na estimativa dos custos de transmissão de cada ponto da rede a ser comercializado no intuito de evitar o desequilíbrio financeiro nos contratos de concessão dos serviços de telecomunicações. Questões feitas pelo professor Iório durante a apresentação do grupo: Equipamentos de TV precisam de licença de funcionamento? Há taxa de fiscalização? (Vide art. 115 da Lei 4.117/62) Para se colocar uma televisão em casa, no quarto, na sala, não é necessário o pagamento de nenhuma taxa, assim como não é necessária a autorização ou qualquer licença para funcionamento. Entretanto, para a

instalação de estações de telecomunicações, as concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviços de telecomunicações e de uso de radiofrequência devem cumprir essas exigências. Para essas, é necessária a licença para o funcionamento das estações (para que possam iniciar a execução do serviço, assim como obter o caráter definitivo), e no momento de emissão do certificado desta licença, é cobrada a Taxa de Fiscalização de Instalação. Anualmente, é cobrada a Taxa de Fiscalização de Funcionamento, pela fiscalização de funcionamento das estações. Todas as especificações de valores, assim como os cálculos para a determinação dos valores a serem pagos no caso de atraso, estão determinadas na Lei 5.070/66. O Marco Civil da Internet incorporou a diversidade de redes? A Lei nº 12.965/2014, prevê expressamente a neutralidade da rede como princípio disciplinador da Internet, em seu Capítulo I (art. 3º, IV). Porém a mesma lei, prevê que qualquer conteúdo poderá ser transformado pelo governo, obrigando aos provedores a tornar um determinado conteúdo como, indisponível pelo acesso de usuários da internet. Por outro lado, o inciso seguinte traz também o princípio expresso no seguinte texto: "preservação da estabilidade, segurança e funcionalidade da rede, por meio de medidas técnicas compatíveis com os padrões internacionais e pelo estímulo ao uso de boas práticas". Tal texto pode comprometer a neutralidade da rede no que se refere às restrições de acesso a determinados serviços e à velocidade irrestrita de conexão, pois, em nome de fictícias estabilidade e funcionalidade da rede, a neutralidade da rede pode ser mitigada. Outro ponto crítico é a delegação de regulamentação das hipóteses de discriminação, degradação, gerenciamento e mitigação do tráfego ao Poder Executivo (art. 9º, 1º e seus incisos), por meio de decreto. Discriminação seria o poder de gerenciamento, por meio de interrupção de uma atividade, serviço, transmissão ou conexão. Degradação seria a mitigação (diminuição) da velocidade de conexão de algum serviço, atividade ou transmissão (art. 9º, 2º, III). Dessa forma, o dispositivo confere ao Poder Executivo, ouvido o Comitê Gestor da Internet no Brasil, o poder de regular e abrandar o princípio da neutralidade da rede. Resta o entendimento de que a Lei prevê a neutralidade de redes como regra, entretanto a mesma Lei, abre margem para que através de atos do Poder Executivo,

guardadas as suas exigências abrande a neutralidade de redes. Então expressamente não há previsão de diversidade de redes.