Aspectos Institucionais e Tendências da Regulação



Documentos relacionados
DIAGNÓSTICO GERAL DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS ESTADUAIS PESQUISA PNAGE

Agenda Regulatória ANEEL 2014/ Destaques

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 2008/2011. Fórum das Agências Reguladoras Intercâmbio Interno de Experiências em Planejamento e Gestão Abril/2009.

Apresentação dos Resultados

Fundações Estatais e Contratos de Gestão: fortalecimento do Estado na área social e em particular para hospitais públicos -SUS

Conclusões da Oficina I Informação de custo para o aperfeiçoamento do ciclo orçamentário-financeiro

Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública. Conteúdo Programático. Administração Geral / 100h

Empresas Familiares aprimoramento da governança corporativa para o sucesso do negócio

Sistemas de monitoramento

7º ENCONTRO DE LOGÍSTICA E TRANSPORTE. Regulação para a Integração da Infraestrutura Sul-Americana. São Paulo,

GESTÃO DE PROJETOS PARA A INOVAÇÃO

valorização profissional e pessoal dos Associados SERVIDORES EFETIVOS DAS AGÊNCIAS REGULADORAS FEDERAIS

Desenvolvimento de Mercado

EIXO 3 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. D 3.3 Fundamentos do Direito Público (20h) Professores: Juliana Bonacorsi de Palma e Rodrigo Pagani de Souza

Reforma do Estado. Pressões para Reforma do Estado: internas (forças conservadoras) e externas (organismos multilaterais).

Setor Elétrico Brasileiro Um Breve histórico. Pontos Básicos da regulação para a Distribuição. Desafios regulatórios Associados à Distribuição

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA FUNÇÃO PÚBLICA MODELO CONCEPTUAL DO SISTEMA DE GESTÃO DE DESEMPENHO

O Desenvolvimento Local no período de programação A perspetiva do FSE - 10 de maio de 2013

XXXIV Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Farmacêutica

Fortalecer a Sociedade e Promover o Desenvolvimento SECRETARIA DO PLANEJAMENTO -SPG

Processo nº2-responsável de Projetos (2 vagas Empresas diferentes)

Plano Brasil Maior e o Comércio Exterior Políticas para Desenvolver a Competitividade

Ações ABESCO e ANEEL para Fortalecimento do Mercado de Eficiência Energética. Reive Barros dos Santos Diretor

PLANEJASUS. A Importância do Planejamento na Gestão do SUS

XVIII Congresso Brasileiro de Recursos Hídricos

A REORIENTAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO IBGC 26/3/2015

MBA Executivo Internacional

EIXO 4 PLANEJAMENTO E GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA. D 4.7 Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas (20h) (Aula 3: Monitoramento do PAC)

Gestão Por Competências nas IFES

Planejamento Estratégico PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO. Histórico de elaboração Julho 2014

49 o CONSELHO DIRETOR 61 a SESSÃO DO COMITÊ REGIONAL

ESCOLA SUPERIOR DE CIENCIAS DA SAUDE COORDENAÇÃO DE PÓS GRADUAÇÃO E EXTENSÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

ANEXO I PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Desenvolvimento de Pessoas na Administração Pública. Assembléia Legislativa do Estado de Säo Paulo 14 de outubro de 2008

Regulamento da CPA Comissão Própria de Avaliação DA FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE VISCONDE DO RIO BRANCO CAPÍTULO I

ABCE REVITALIZADA PLANEJAMENTO

Escola de Políticas Públicas

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD VAGA

TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE CONSULTORIA ESPECIALIZADA

INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A AGRICULTURA

A Importância da Propriedade Intelectual no Contexto do Desenvolvimento Tecnológico e Industrial

Plano Brasil Maior 2011/2014

SOLICITAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE MANIFESTAÇÕES DE INTERESSE Nº 006/2012 SELEÇÃO DE CONSULTOR INDIVIDUAL

AGENDA. Da Globalização à formulação de uma estratégia de Crescimento e Emprego para a União Europeia.

1. COORDENAÇÃO ACADÊMICA. Prof. RONALDO RANGEL Doutor - UNICAMP Mestre PUC 2. APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA PÓS-MBA

As 6ªs da reforma Lei de Enquadramento Orçamental

Breve histórico. 2 Análise de documentos e estudos relevantes. Painéis Temáticos com especialistas. 2* Diagnóstico Interno.

Aspectos Institucionais de la Regulação: a experiência da América Latina

O Administrador e a Magnitude de sua Contribuição para a Sociedade. O Administrador na Gestão de Pessoas

Gestão e Sustentabilidade das Organizações da Sociedade Civil. Alfredo dos Santos Junior Instituto GESC

Responsabilidade do Setor Privado na Prevenção e no Combate à Corrupção. 23º encontro Comitê de especialistas MESICIC/ OEA

Política Nacional de Participação Social

GESTÃO PÚBLICA Professor Daniel Cabaleiro Saldanha, M. Sc.

DESAFIO PORTUGAL 2020

UNIDADES CURRICULARES

ENCONTRO DE MINISTROS DA AGRICULTURA DAS AMÉRICAS 2011 Semeando inovação para colher prosperidade

Criação e Implantação de um Núcleo de Inteligência Competitiva Setorial para o Setor de Farmácias de Manipulação e Homeopatia.

A Importância do Planejamento na construção do SUS. Carmen Teixeira

ESTRUTURA DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (PROFIAP)

SISTEMA DE APOIO À MODERNIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CRITÉRIOS DE SELEÇÃO (PI 2.3 E 11.1)

02 a 05 de junho de Eventos Oficiais:

O Novo Modelo do Setor Elétrico, a ANEEL e a Geração Distribuída

Unidade de Coordenação do PROFAZ/ES

Evento técnico mensal

Curso de Graduação. Dados do Curso. Administração. Contato. Modalidade a Distância. Ver QSL e Ementas. Universidade Federal do Rio Grande / FURG

Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo. Conteúdo Programático. Administração Geral / 100h

Contribuição da TIA/TEC-LA para a ANATEL sobre o gerenciamento do espectro de rádio-frequência

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Prof. Mércio Rosa Júnior PRODUÇÃO 02 e 03 de Fevereiro de 2011

INSTRUMENTO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE INOVAÇÃO. I. Objetivos e Metas. Objetivo (o quê) Alcance (quanto) Prazo de realização (quando)

PAC Programa de Aceleração do Crescimento. Retomada do planejamento no país. Marcel Olivi

ESTRUTURA DO ICMBio 387 UNIDADES ORGANIZACIONAIS SEDE (1) UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (312) COORDENAÇÕES REGIONAIS (11) CENTROS DE PESQUISA (15)

4. Registro e compartilhamento de melhores práticas e lições aprendidas

gestão das Instâncias de Governança nas regiões turísticas prioritárias do país.

PLANO DE ENSINO 2009

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O POSTO DE CONSELHEIRO EM GESTÃO DE FINANÇAS PUBLICAS

Programa Operacional Regional Alentejo 2014/2020. Identidade, Competitividade, Responsabilidade

I Forum de Relações Internacionais das Agências Reguladoras. (Brasília, 28/12/2013)

GOVERNANÇA E COOPERAÇÃO

Etapas para a Elaboração de Planos de Mobilidade Participativos. Nívea Oppermann Peixoto, Ms Coordenadora Desenvolvimento Urbano EMBARQ Brasil

Gestão Democrática da Educação

TERMO DE REFERÊNCIA SE-003/2011

Presidência da República Casa Civil Desenvolvimento das capacidades humanas por meio de parcerias e outras iniciativas

SECRETARIA DE GESTÃO ESTRATÉGICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS - ADMINISTRAÇÃO DIRETA

Análise do Ambiente estudo aprofundado

Iniciativas para o Fortalecimento da Ação Fiscal dos Municípios em Tributação Imobiliária

Modernização e Desburocratização de Governos e os Impactos nas Contas Públicas

Criar Valor com o Território

Ideias Criativas em Práticas Inovadoras

Ministério da Cultura Secretaria de Articulação Institucional SAI

TERMO DE REFERÊNCIA SE-001/2011

CESTEC- CENTRO DE SERVIÇOS EM TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO GRANDE ABC

Desafios da Governança Corporativa 2015 SANDRA GUERRA PRSIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO SÃO PAULO, 25 DE AGOSTO DE 2015

O Programa de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gênero e Raça, Erradicação da Pobreza e Geração de Emprego - GRPE

6º Congresso Nacional da Administração Pública

Contributos para a Reforma do Estado. Uma visão da Sociedade de Informação. 29 Maio 2015

Administração Pública Brasileira. Profa. Dra. Cláudia Souza Passador FEARP-USP

4. Tendências em Gestão de Pessoas

Transcrição:

PRO-REG/IBI PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO EM REGULAÇÃO Aspectos Institucionais e Tendências da Regulação Pedro Farias Especialista Lider em Modernização do Estado Banco Interamericano de Desenvolvimento Sebastian Lopez Azumendi Consultor em Governo e Regulação Banco Mundial Washington, DC 30 de junho de 2010

Estrutura Temática: 1 Evolução da Regulação 2 Determinantes Institucionais 3 Experiência Internacional e Perspectivas Países OCDE Países da América Latina Brasil

Regulação: origem e evolução Início do século XX: combate às imperfeições do mercado (EUA). Crescimento e difusão das independent agencies (busca de estabilidade de regras). Anos 80: privatizações e deregulation. Anos 90: ênfase na qualidade e efetividade da regulação; modelo de agências independentes chega aos países emergentes; criação das primeiras agências reguladoras no Brasil.

Evolução: a experiência recente Séc. XXI: política regulatória como tema de governança (organizações e instrumentos para a qualidade regulatória). Crise Financeira e o Pós crise: Qual foi o papel da regulação na geração da crise? Caminhamos para uma Regulação Global?

A Difusão dos Reguladores : Europa e América Latina Não há distinções significativas no ritmo de difusão dos órgãos reguladores entre Europa e AL. (Faur and Jordana, University of Manchester)

A Institucionalidade da Regulação Construindo o modelo institucional de cada país: onde alocar competências? Como exercêlas? Formulação versus implementação de políticas: solução de consenso ou simplificação? Quem responde às perguntas básicas: O que? Quanto? Como regular?

Os Diferentes Modelos Eterno Dilema: como equilibrar Autonomia, Responsabilização e Desempenho. Poder Ministerial: exercício discricionário ou controlado. Agências Autônomas: diferentes graus e formas da autonomia e prestação de contas (Congresso, Executivo, sociedade civil). Modelo Neo Zelandês: funções dispersas e Poder Judiciário como árbitro.

Agências Autônomas O modelo da Agência Autônoma busca construir um equilíbrio estável entre diferentes agentes, mas não é imune às disfunções e doenças institucionais. Burocracia Técnica Mercado Regulado Agentes Políticos Agências Reguladoras Agentes Econômico s

Desenho Institucional: doenças e remédios Doenças: ingerência política; captura econômica. insulamento burocrático; Remédios: mandatos fixos; aprovação de Diretores pelo Congresso; forte accountability; audiências públicas; processo decisório colegiado.

A busca do modelo ideal: indo além do mainstream Modelo Institucional é meio, e não fim. Objetivo: regulação de qualidade. Requisitos: processo decisório autônomo; transparência; accountability; desempenho. Contexto Institucional: cultura política; papel do Congresso e do Judiciário; tradição administrativa burocrática; capacidade intitucional.

A Experiência Internacional: Regulação em países da OCDE: Amplo consenso sobre os beneficios da regulação. O Governo ou a gestão regulatória como segunda fase de reformas. Regulacão integrada ao proceso de tomada de decisões públicas. Análises de impacto regulatório como ferramenta de elaboração regulatória. Atual ênfase na gestão regulatória e no risco regulatório.

Os desafios da regulação em ambiente de crise Aparentes tensões entre as políticas fiscalistas e as regulatórias. Bancos centrais autônomos mas coordenados com formuladores de política económica. Aposta do México e da Coréia na regulação depois da crise.

Tendências: Efeitos da crise sobre a Regulação: mais regulação financeira; smart regulation na infra estrutura; mais articulação e coordenação entre reguladores e formuladores de políticas. Demandas por regulação internacional (finanças, meio ambiente, fluxo de pessoas e mercadorias): a crise ajuda ou atrapalha? (protecionismo; custos de transiçã0).

Tendências (cont.) Aperfeiçoamento das ferramentas de análise regulatória (i.e. custo beneficio). Pressão por redução de encargos administrativos (exemplo: UE). Consolidação da melhora regulatória como área de política pública institucional.

América Latina: progressos y desafios Aceleração do processo de 1991 a 1998. Setores financeiro e de telecomunicações na vanguarda do processo. Desafio da extensão a outros setores (ex: saúde). Maiores progresos em países que acompanharam reformas de mercado (ainda que hajam casos de regulação do público). Mexico, Brasil e Peru como os grandes reformadores. Tendêcia a adaptar a regulação aos contextos nacionais.

Reforma Regulatória: os desafios na América Latina. Importância das reformas setoriales na consolidação da regulação. Contextualizar a experiência internacional. Relevância de conceitualizar a regulação tanto do ponto de vista legal como político. Superar os gargalos de capacidade institucional do Estado. Extensão da regulação a outras áreas diferentes da regulação econômica (exemplo: saúde).

Desafios para AL (cont.) Fortalecimento da autonomia decisória. Introduzir considerações de impacto regulatório e referentes a custos da ausência de regulação. Consolidar credibilidade como maior patrimônio.

Considerações para o Brasil Objetivos: atração de investimentos, melhoria de serviços e desregulamentação dos emprendimentos produtivos para aumentar a competitividade. Sociedade civil: cidadãos como agentes da melhoria regulatória ( construir capital social para gerar demanda permanente ). Envolver o Congresso e o Poder Judiciário no debate. Considerar todas as dimensões da qualidade da regulação (dos insumos para as políticas setoriais até indicadores de qualidade da regulação ).

Brasil (cont.) Desenvolver capacidades e consolidar práticas de análise de impacto, gestão de riscos e monitoramento de mercados. Agências Reguladoras como fontes de inovação e liderança na administração pública (ex: compras e contratos de gestão). Gestão de RH deve buscar novos paradigmas (recrutamento, terceirização, capacitação). Consolidar mecanismos de coordenação entre formuladores de políticas e reguladores ( vetores de mudança são os formuladores de políticas, não os reguladores).

Fontes das Reformas Ritmo das Reformas diminuiu nos anos mais recentes. Mudanças foram mais fortes nos setores de Energia e Comunicações.