A INTERDISCIPLINARIEDADE E A ARTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO PIBID À SALA DE AULA



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Transcrição:

A INTERDISCIPLINARIEDADE E A ARTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO PIBID À SALA DE AULA Resumo Adriana Carla Dalazen Cichocki 1 - SEEDPR Grupo de Trabalho - Didática: Educação, Arte e Movimento Agência Financiadora: não contou com financiamento Este artigo tem por finalidade relatar e analisar atividades pedagógicas e aulas de música integradas à disciplina de Artes realizadas através do Subprojeto de Música do Programa de Iniciação a Docência (PIBID) PUC/Pr. Estas atividades foram desenvolvidas entre os meses de agosto de 2012 e agosto de 2014, através do Projeto PIBID Subprojeto de Música da PUC/PR, no Colégio Estadual Marechal Cândido Rondon, situado em Curitiba Paraná. Pretende também trazer um relato das experiências como professora supervisora dentro do universo do Ensino da Música enquanto professora com formação em Educação Artística - Artes Visuais. Esse relato se refere a uma atividade interdisciplinar envolvendo as diferentes áreas de conhecimento do ensino da Arte: Artes Visuais, Dança, Teatro e Música trabalhados em um único período da História da Arte a Arte na Pré-história, e aplicados em turmas de 1º Ano do Ensino Médio. Serão relatados os passos para a execução do projeto, desde a parte de preparação inicialmente teórica, preparação da prática artística, montagem do espaço até os momentos de prática musical, teatral e de dança realizados no dia da aplicação do projeto. São comentadas as impressões em relação à surpresa dos alunos, a participação e os resultados da junção das práticas e interdisciplinaridade. Esse trabalho foi um momento de superação pessoal no que diz respeito à prática da Música em sala de aula devido à falta de formação especifica na área e que tem sido abrandadas pela aprendizagem obtida através de pesquisas, leituras e principalmente das práticas realizadas com a equipe de bolsistas do Programa PIBID Subprojeto de Música do qual sou supervisora na escola onde atuo como docente desde 2004. Palavras-chave: Aulas de Música. Projeto PIBID. Interdisciplinaridade. Pré-História. Pesquisa 1 Graduada em Educação Artística / Artes Plásticas na Faculdade de Artes do Paraná, especialista em Metodologia do Ensino da Arte pela Faculdade Internacional de Curitiba, especialista em Educação Inclusiva pela Faculdade de Educação São Braz, professora da disciplina de Artes no Ensino Fundamental e Médio pela Secretaria da Educação do Estado do Paraná no Colégio Estadual Marechal Cândido Rondon. E-mail: adrianadalazen@gmail.com. ISSN 2176-1396

19345 Introdução Este artigo trás um relato de experiência vivenciado durante a implementação do subprojeto de Música, incentivado pelo Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) da PUC/PR. O processo de implantação atuando no Colégio Estadual Marechal Cândido Rondon, fixado no bairro Portão, na cidade de Curitiba, Paraná. A experiência de vivenciar a música de forma mais prática a partir da vivencia e produção prática através do subprojeto trouxe um enriquecimento a minha formação, proporcionando novas possibilidades e aventuras pedagógicas antes não imaginadas. Como coloca Swanwick, a música significativamente promove e enriquece nossa compreensão sobre nós mesmos e o mundo (SWANWICK, 2003, p.18). Trabalhar a interdisciplinaridade dentro da própria disciplina de Arte é sempre um desafio, mas o desejo de proporcionar novas experiências estéticas aos meus alunos impulsiona novas ideias e a busca de novas possibilidades: Desenvolvimento [...] no contexto de nossas instituições educacionais contemporâneas, todos gostaríamos de promover acontecimentos memoráveis, como um antídoto para as sequências de baixa intensidade das insípidas rotinas que tão frequentemente parecem caracterizar o básico educacional. Seria certamente muito estimulante, assertivo e encorajador para professores de artes verem a si próprios nessa espécie de quadro, como iniciadores importantes da experiência estética, organizando atividades celebratórias que iluminariam cada esquina da vida, desenvolvendo eventos que vitalmente pulsassem através do currículo formal e ressoassem por meio das comunidades de escolas e faculdades. Estaríamos todos do lado estético, em vez de no oposto, o antiestético. (SWANWICK, 2003, p. 21) Como educadora tenho formação em Educação Artística Artes Plásticas, contudo quando entramos em uma sala de aula no ensino publico nas escolas do Estado do Paraná, orientados pelas Diretrizes Curriculares de Arte para a Educação Básica (PARANÁ, 2008) e pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (BRASIL, 1997) e Ensino Médio (BRASIL, 2002) precisamos ser polivalentes, oportunizar aos educandos as quatro áreas de conhecimento em arte: Artes visuais, Música, Teatro e Dança. Esta necessidade gera uma questão: como ser multidisciplinar se sem ter o domínio de todas as áreas como é o meu caso? Sempre tentei trabalhar as quatro áreas de forma interdisciplinar e da melhor forma possível, mas é claro que sempre abordando de forma mais eficaz os conteúdos em Arte Visuais, que é a minha formação, e as demais apenas como apoio, fazendo uma inserção ou outra no conteúdo, algumas vezes de forma prática outras apenas de forma

19346 teórica. Trabalhar com Música sempre foi à área mais difícil, afinal não domino técnicas vocais muito menos domino um instrumento musical. Acabava trabalhando os conteúdos de Música apenas na teoria principalmente abordando a História da Música dentro dos conteúdos sobre Movimentos e Períodos da Arte, previstos no planejamento. Embora tenhamos a Lei nº 11.769, aprovada em agosto de 2008, tornando obrigatório o ensino da música na Educação Infantil e no Ensino Fundamental em todo Brasil, e ela estar constando no Projeto Político Pedagógico da escola, a efetivação em sala de aula ainda não ocorreu de forma concreta. Como não temos nenhum professor com esta formação em nossa instituição o ensino da música ficava a desejar. Por esse motivo me alegrei com a possibilidade de dar a oportunidade de meus alunos terem acesso ao ensino da música através do trabalho dos bolsistas do Subprojeto de Música do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) da PUC/PR. Além disto, poderia aprender muito com estes bolsistas. O Colégio Estadual Marechal Cândido Rondon onde leciono Arte no Ensino Médio e séries finais do Ensino Fundamental, fica localizado em uma área bem estruturada do bairro Portão na região sul da capital. Contudo sua estrutura é bastante antiga, já que a escola tem mais de cinquenta anos e foi sendo ampliada aos poucos, sendo que hoje depois de muitas solicitações junto a Secretaria de Educação - SEED, ela foi reformada. Apesar da localização, a maioria de nossos alunos não são moradores do entorno da escola e sim advindos de vilas e invasões circunvizinhas à escola. Muitos são os problemas de indisciplina e desinteresse dos alunos em relação à escola, talvez reflexo da desestruturação familiar em que muitos vivem. Temos muitos casos de abandono afetivo e intelectual. Quando os cinco bolsistas de música chegaram em agosto de 2012 estávamos nos preparando para um Feira Cultural onde iriam acontecer várias atividades: apresentações de teatro, dança, música, exposição de Arte e de outras disciplinas. Solicitei então que os bolsistas nos ajudassem na montagem de uma banda com os alunos que estavam interessados em participar das apresentações musicais. Pesquisando nos materiais de um pequeno depósito resgatamos alguns instrumentos musicais já bem velhos como chocalhos, pandeiros, triângulo, reco-reco, mas que foram uteis para enriquecer as apresentações. Foram apenas alguns encontros durante duas semanas para a preparação da apresentação, contudo a apresentação foi um sucesso, toda a escola participou e incentivou foi uma grande experiência pra todos os envolvidos. No segundo momento o contato do grupo de bolsistas PIBID foi com o ambiente escolar como um todo, pesquisa sobre as características gerais da escola, sobre a gestão

19347 escolar, análise da proposta curricular para disciplina de Arte, do Plano de Trabalho Docente para o semestre, do Projeto Politico Pedagógico (PPP) da escola preenchimento de pesquisas sobre aspectos importantes do ambiente escolar, questionários com os alunos sobre o interesse e conhecimento musical e observação em sala de aula em diferentes turmas. Após esses primeiros contatos com o ambiente escolar e análise da realidade da escola e dos alunos em relação ao conhecimento musical, os bolsistas com a minha supervisão realizaram leituras e pesquisas bibliográficas na biblioteca visando o planejamento de aulas para serem aplicadas na sequencia. Esses planejamentos foram realizados a partir dos conteúdos já estipulados no meu Plano de Trabalho Docente, pois sabemos que em qualquer área do conhecimento é necessário consciência e informação para se chegar à aprendizagem. Foram vários os conteúdos escolhidos para serem trabalhados em sala. Iniciando pelos Elementos Formais de Música: altura, duração, timbre, intensidade e densidade já que a grande maioria dos alunos não tinha conhecimento básico em música. Dentre esses elementos foi dado maior enfoque ao elemento ritmo, utilizando também a improvisação com materiais do cotidiano e expressão corporal. Também foram planejadas e aplicadas aulas de diversos períodos da história da Arte/Música: Barroco, Renascimento, Modernismo Brasileiro, Tropicália e outros. Além desses foram trabalhados diferentes estilos musicais da atualidade e aula especifica sobre a formação da Orquestra. Entre um projeto e outro durante este tempo, agora de quase dois anos, vários bolsistas já passaram pela escola, pois o tempo de permanência costuma ser de seis meses, muitas ações relevantes aconteceram na escola: apresentações sobre Consciência Negra, Direitos Humanos, Sala de Talentos, oficinas, produção de vídeos e de vídeo-clip... Mas o mais importante foi todo o aprendizado produzido e adquirido nesses trabalhos. Ganhamos todos, alunos bolsistas do Subprojeto de Música, a escola, toda a comunidade escolar, os alunos e principalmente eu a professora supervisora. Neste tempo aprendi muito sobre vários aspectos da musica, de forma teórica e principalmente prática. Por isso quero fazer um breve relato do que para mim foi um momento de grande prazer e superação, como diz Swanwick uma verdadeira experiência estética: ás vezes a música tem o poder de nos alçar do ordinário, elevar nossas experiências além do dia a dia e do lugar comum. Para muitas pessoas, a música desperta o que tem sido chamado, frequentemente, de experiências estéticas. (SWANWICK, 2003, p. 21)

19348 Neste último mês de agosto de 2014 resolvi organizar uma aula mais prática e interativa, dentro do conteúdo que estava trabalhando em duas turmas do 1º Ano do Ensino Médio: Arte na Pré-história. Como sempre procuro trabalhar de forma multidisciplinar, resolvi ousar e misturar as quatro linguagens da arte e me aventurar também na área da música. Após expor o conteúdo aos alunos utilizando aula expositiva, texto, slides e vídeos, solicitei que eles trouxessem de casa materiais orgânicos que pudéssemos utilizar como pigmentos na produção de tintas (carvão, urucum, açafrão, erva-mate, borra de café, terra, etc). No dia marcado fizemos a produção das tintas, e os alunos a usaram para fazer desenhos e pinturas inspiradas nas pinturas primitivas, apenas mudando o foco da necessidade emergente na Pré-história que era a sobrevivência, para as necessidades e desejos dos seres humanos hoje. Nesse dia foram realizados vários painéis em papel pardo, os temas desenhados foram desde coisas simples do cotidiano como pessoas e objetos de consumo (celulares, televisão, carro...) até temas de cunho politico e de críticas social (Imagem 1) e que seriam utilizados posteriormente como decoração da sala ambiente que seria montada para a próxima aula. Imagem 1 Painel do cotidiano Fonte: fotografia da própria autora Na aula da semana seguinte eu e alguns bolsistas organizamos a sala: cobrimos as janelas com mais tecidos para escurecermos a sala, fixamos os painéis pintados com inspiração na Pré-história e temática Contemporânea, colocamos no centro uma espécie de fogueira artificial, produzida com uma luminária, velas e papel celofane amarelo e vermelho e instrumentos de percussão que temos na escola, organizados no chão ao redor da fogueira (Imagem 2). Estava preparado um pequeno recipiente com fogo, (castiçal com

19349 vela), vídeos e músicas extraídas da internet para que houvesse todo um clima de retorno ao passado primitivo. A dinâmica aconteceu com a seguinte ordem: Imagem 2 Fogueira artificial Fonte: fotografia da própria autora Organização da dinâmica A dinâmica aconteceu na seguinte ordem: a) Os alunos foram orientados a entrar na sala em silencio (enquanto isso o som como se estivessem entrando em uma caverna, som com pedras e ossos), só poderiam se comunicar através de gestos, deveriam sentar se em circulo ao redor do fogo, permanecer em silencio, ouvindo o som; b) (Breve explanação da professora sobre algumas características da comunicação e do som na Pré-História.) Então é apresentado um recipiente com fogo, todos deveriam emitir expressões corporais e faciais como se estivessem descobrindo o fogo, que deve ser passado por todos na roda; c) Agora deveriam acompanhar a música ouvida só emitindo sons e balbucios (música com uma linguagem já extinta); d) Cada um deverá escolher um instrumento musical do centro do círculo, conhecelo, descobrir seus sons (timbres) e possibilidades (Imagem 3), tentando acompanhar o ritmo da musica que está tocando (música com ritmo primitivo);

19350 e) Neste momento, ainda com os instrumentos em mãos, deverão ficar em pé e tentar acompanhar o ritmo da música, não só com o instrumento, mas também com o corpo como numa dança ritual; f) Novos ritmos (base) foram colocados para que os alunos acompanhassem; g) Deixando os instrumentos novamente no centro do círculo, os alunos devem organizar-se em duplas, escolhendo aquele que irá conduzir a dinâmico primeiro. Um realiza o movimento o outro imita (expressão corporal/dança), lembrando que os movimentos devem ser mais primitivos. Devem explorar o movimento de todos os membros do corpo e em diferentes níveis e direções. Ao comando da professora, troca-se o guia. Imagem 3 Dinâmica de grupo Fonte: fotografia da própria autora O final foi uma grande festa, alguns entraram no clima e já estavam se sentindo como verdadeiros homens das cavernas, produzindo sons e cenas de batalha e de caça, criando movimentos espontâneos em duplas e até mesmo em grupos. Um resultado de interação sensório motora, improvisação e criação artística de forma prática e lúdica. Com certeza um momento de fruição artística interdisciplinar!

19351 Considerações Finais Durante esse tempo, após de inúmeras pesquisas, planejamentos, aplicações de projetos e realização de eventos, a sensação é de realização profissional. A utilização de uma metodologia diferenciada no ensino da música com atividades práticas e lúdicas foi um diferencial para os resultados positivos das atividades propostas durante esse período, aumentando o nível de interação e de envolvimento do aluno no processo de conhecer e de construir conhecimento. A interação dos bolsistas do PIBID com os alunos da escola tanto nas aulas em sala como nas oficinas tem estimulado a vários a buscarem mais informação sobre conteúdos de Música, e inclusive participada mais ativamente nas oficinas de violão e coral que estão sendo ofertadas em contra turno. Embora o foco principal desse trabalho não estivesse na pesquisa realizada pelo aluno, acredito que poderíamos ir além desses resultados se investirmos mais nisso. Não só basearmos na pesquisa realizada pelo educador, mas incentivarmos nosso aluno a questionar, e pesquisar e a buscar mais informações sobre os conteúdos a serem estudados em sala de aula. Com certeza se tivesse acontecido uma estimulação prévia a pesquisa do próprio aluno sobre os aspectos artísticos do período estudado ou sobre os elementos formais da Dança e do Teatro o resultado dessa prática aqui descrita teria tido um resultado ainda mais rico. Pois a partir da pesquisa e aquisição de informações o aluno pode através da análise e reflexão, elaborar e reelaborar o conhecimento. E a partir disso a produção, o produto criativo realizado por ele será mais elaborado, será um fazer com entendimento com embasamento teórico e não somente empírico. Ou então ele não vai apenas copiar, mas poderá partir de algo para daí reelaborar o seu próprio fazer artístico. Segundo Demo (2000, p. 17-18): [...] criar não é recriar do nada. Embora seja sempre preferível a criação claramente inspirada e inovadora, na expectativa cotidiana é possível fazer regra do extraordinário. Precisamos reconhecer, no realismo do dia-a-dia que marca e limita pessoas e sociedades, que cria já é o processo de digestão própria, pelo menos a impressão do colorido pessoal em algo retirado de outrem. Mesmo porque, de modo geral, assim começa a criação: pela cópia retocada (DEMO, 2000, p. 17-18). São muitos os desafios superados e ainda a superar, contudo tenho a certeza de que é possível realizar um trabalho de qualidade, não simplesmente balizado por experiências subjetivas, mas embasado teoricamente pela pesquisa, respaldado pelo currículo, sustentado pelas diretrizes e principalmente trabalhando a Arte de forma efetivamente interdisciplinar.

19352 A música não é uma anomalia curiosa, separada do resto da vida; não é só um estremecimento emocional que funciona como atalho para qualquer processo de pensamento, mas uma parte integral do nosso processo cognitivo. É um caminho de conhecimento, de pensamento, de sentimento. Naturalmente, em alguns aspectos a atividade musical é única (SWANWICK, 2003, p.22). REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n.9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes de bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasileia, DF, 23 dez.1996. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares nacionais do ensino Médio: Artes. Brasília, DF, 2002 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais do ensino Médio: Artes. Brasília, DF, 1997. DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000. PARANÁ. Secretaria do Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Arte para a Educação Básica. Departamento de Educação Básica. Curitiba, 2008. SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. trad. Alda Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo: Ed. Moderna, 2003.