AMBIENTES ONLINE: que formato tem o ambiente que os jovens procuram online? Edgar Marcucci Reis 1 Jéssica Naiara dos Santos Batista 2 Resumo: O artigo apresenta uma visão sobre os ambientes online encontrados pelos jovens através do uso da internet, suas expectativas e utilização destes e suas preferências, analisando que formato tem estes ambientes, a fim de saber como utilizar destes ambientes para comunicar com este público, identificando seu perfil seu comportamento e quais as mídias e redes sociais podem ser utilizadas. Palavras-Chave: Ambientes; Online; Jovens; Internet; Comportamento; 1. INTRODUÇÃO Estamos inseridos em um momento onde muitos ambientes que frequentamos estão sofrendo mudanças, tanto em seu formato físico e de layout, quanto nas formas de uso e interação nele inseridos. Mas afinal, o que exatamente é um ambiente? Ambiente é em nosso entendimento o meio em que vivemos ou estamos, definido pelo dicionário da língua portuguesa Silveira Bueno como adj. Que cerca ou envolve alguma coisa ou pessoa; s. m. o ar que respira e que nos cerca, roda, meio, esfera em que vivemos. O Dicionário Moderno da Língua Portuguesa Michaelis, inclui em sua definição para ambiente área extensa ou local com muitos usuários conectados por várias redes. Talvez isso já nos ajude a parte da definição do Wikipédia que diz: Na ciência da computação, ambiente refere-se geralmente aos dados, processos ou componentes que, não sendo parâmetros explícitos duma operação, podem afetar o seu 1 Edgar Marcucci é estudante do 4º período de Publicidade e Propaganda. Atua à 11 anos com atendimento e planejamento. 2 Jéssica Naiara é estudante do 4º período de Publicidade e Propaganda. Modelo comercial á 8 anos, realizando desfiles e atuando em fotos e vídeos publicitários.
resultado. Também se usa para designar o hardware e sistema operacional em que determinado programa pode ser executado. Este é o ambiente que discutiremos neste artigo. Um dos fatores de maior motivação e facilitação destas mudanças é o uso da internet, uma rede que atualmente possibilita a união de usuários de todo o mundo, que possuem um dispositivo de acesso a esta conexão, como um computador, celular ou outro dispositivo capaz de criar esta conexão através do envio e recebimento de informações no formato assumido por esta rede global. Os ambientes passam então a serem diferenciados entre online (conectado à internet) e offline (sem intermédio da internet). Acreditamos que os jovens em geral, dedicam grande parte de seu tempo a frequentar ambientes online, através da internet, e por isso vamos verificar ao longo deste artigo, quais são os ambientes e quais as características e particularidades destes, a fim de identificar as preferências e buscas deste público. 2. DESENVOLVIMENTO Como não existem estudos específicos sobre os ambientes recentemente utilizados pelos jovens, buscamos identificar pontos que pudessem nos introduzir nestes ambientes e identificar ainda os interesses e comportamentos destes jovens. Buscamos entender também os padrões de uso da internet e suas consequências nas relações entre os jovens e alguns ambientes offline alterados pela internet, sofrendo qualquer tipo interferência. 2.1. Tema
Tratamos neste artigo a internet e os ambientes inseridos nela, utilizados por jovens, que possibilitam relacionamento, inserção sócio-cultural, busca por informação e conhecimento, compras, entretenimento e outras. 2.2. Questão principal Nosso questionamento partiu de que ambientes os jovens estão freqüentando online e de que forma isso afeta sua identificação, comportamento e interesses. Porém tendo em vista a complexidade e variações possíveis dentro de tais questionamentos deste tema, focamos nossos esforços em responder: Que formato tem o ambiente que os jovens procuram online? Desta forma acreditamos estar cumprindo com uma etapa importante para compreensão de todas as questões relacionadas. 2.3. Objetivo Geral Identificar o formato assumido pelos ambientes mais frequentados pelos jovens. 2.4. Objetivos Específicos Identificar quais os ambientes mais utilizados pelos jovens; Mapear o perfil e o comportamento deste público alvo; Saber como a publicidade pode despertar o interesse dos jovens online.
2.5. Metodologia Partimos da identificação de quais os ambientes são mais utilizados e as características de utilização dos mesmos pelos jovens. Nossas principais referências foram uma diversificada pesquisa exploratória dos ambientes mais populares, seguido de um pesquisa quantitativa com jovens entre 16 e 24 anos e por fim a análise das informações apuradas e algumas conclusões possíveis. Buscamos primeiramente identificar em pesquisas anteriores e através de buscas simples por informações dos ambientes possíveis e dos mais utilizados. No segundo momento, elaboramos uma pesquisa quantitativa, aplicada online a jovens, que identificaram o perfil do jovem, dos ambientes utilizados, do uso e da visão sobre a publicidade aplicada nos ambientes. 2.6. Pesquisa Exploratória Pesquisamos pelos termos ambientes, online, jovens e mais utilizados para obter pesquisas de relevância que pudessem nos ajudar a identificar quais os pontos de partida para a pesquisa exploratória e posteriormente a quantitativa e qualitativa. Os resultados foram muito satisfatórios e mostraram pontos de extrema relevância como o fato de atualmente, no Brasil, apesar do computador com acesso à internet estar mais acessível a classes mais altas, as pesquisas mais recentes mostram um forte crescimento no número de acessos por parte de classes mais baixas. Esse crescimento acontece principalmente por meio de espaços coletivos, principalmente as Lan House, estabelecimento comercial que oferece acesso a rede mundial de computadores à baixo custo por hora.
Estes locais são freqüentados, sobretudo, por estes jovens na faixa etária dos 16 a 24 anos, com menor nível de escolaridade e com renda média de até um salário mínimo. E assim passaram a desempenhar um importante papel na imersão das classes mais pobres, principalmente dos jovens, nos ambientes online. A pesquisa F/Radar, realizada em 2008 pelo Instituto Datafolha em parceria com a agência de propaganda F/Nazca, mostra que 81% dos brasileiros entre 16 e 24 anos, cerca de 27 milhões de jovens, acessam a Internet. De acordo com essa pesquisa, os fatores socioeconômicos e as desigualdades regionais ainda são os principais determinantes do acesso à Internet no Brasil. Quanto maior a renda e a escolaridade, maior o acesso. A penetração da Internet engloba os mais diferentes grupos sociais e faixas etárias. Entretanto, como diversos especialistas, como o consultor norte americano Don Tapscott (1999), já vem registrando a notória apropriação que vem ocorrendo de maneira mais intensa entre um público cuja fase de letramento coincide com os anos de popularização das novas tecnologias e que, neste início de século XXI, são jovens que compõem a chamada geração digital. Isso porque, a internet, assim como o uso do computador em geral, não envolve apenas uma técnica, mas sim o entendimento de uma linguagem. E, como em qualquer linguagem, o processo de aprendizado (alfabetização) digital requer cerca de 6 anos de introdução, para que novas ferramentas passem a ser intuitivas e o uso seja satisfatório. Desta maneira observamos que indivíduos introduzidos a cultura digital e a internet em sua formação, apresentam utilização mais abrangente e diversificada da internet e maior aproveitamento, com resultados mais consistentes sobre suas procuras, enquanto os usuários mais recentes se limitam a utilização induzida, principalmente partindo das redes sociais e suas variações e publicidades.
O levantamento divulgado mostra ainda que a principal razão para a maioria dos jovens internautas, 39% dos entrevistados, utilizarem a Internet é a informação. Questionados sobre o hábito de inserir conteúdo na Internet, 58% dos jovens declaram já ter inserido seja um texto, uma foto, uma música ou um filme. Cerca de 94% dos entrevistados usam a Internet para se relacionar. Entre os jovens, os meios mais utilizados para esse fim são o MSN e o Orkut. Depois das redes sociais, as maiores interações virtuais são a inserção de comentários em portais de notícias. Esses dados também confirmam a rede como segunda maior mídia de massa do Brasil, o que justificaria investimentos na mídia online. 2.7. Pesquisa Quantitativa e Qualitativa Após tomar conhecimento das características dos jovens que acessam a internet e também do comportamento padrão deste acesso, através de pesquisa exploratória e das conclusões observadas a partir destas informações, realizamos e aplicamos um questionário via e-mail, que foi respondido por 58 jovens. As questões investigavam sobre, a idade, sexo, profissão, frequência de acesso a internet, os 3 sites mais acessado por ele, qual a utilização dentro destes sites citados, como conheceu estes sites, quais as outras utilizações em outros sites, se ele encontra publicidades nestes sites, se a publicidade encontrada nos sites utilizados é útil, qual é a utilidade desta publicidade e o que ele mudaria nos sites que utiliza. 2.7.1. Amostra pesquisada
Os 58 jovens pesquisados apresentam idade entre 16 e 27 anos, sendo 52% do sexo masculino e 48% feminino. A maioria, formada por 43% dos entrevistados, apenas trabalha, 38% apenas estuda, 17% estuda e trabalha, enquanto apenas 2% não possue nenhuma atividade profissional ou acadêmica. 2.7.2. Perfil de utilização A frequência apresentada teve variação entre 3 e 7 dias por semana. O site de buscas Google foi citado como um dos mais visitados por 48% dos jovens. Mas é interessante ressaltar que dentre os 58% que acessam a internet diariamente, sobe para 74% os que têm o Google como um dos ambientes mais utilizados. Ainda foram citados muitos portais de notícias diferentes, que juntos correspondem à preferência de 88% dos jovens pesquisados, sendo ainda que alguns citaram 2 sites de notícias dentre os 3 mais acessados por ele. Porém, em nossa análise avaliamos que estes portais oferecem além de notícias, entretenimento, programação cultural e social, além da própria busca (muitas vezes do Google) à conteúdos da internet integrada e até integração com redes sociais ou grupos de debates e outras ferramentas que geram interação social. Apesar disso em suas respostas sobre o que fazem nestes ambientes, quase unanimemente responderam que usam os grandes portais para se manterem atualizados sobre notícias e novidades. Outra informação relevante, mas não surpreendente, é que 69% dos jovens citaram alguma rede social dentre os ambientes mais utilizados. Destes 43% utilizam o Facebook e 41% Twitter. O Orkut foi citado por apenas 36% destes jovens, apesar de sabermos que ainda é a rede social mais popular.
Outras distorções são observadas quanto ao não mencionado Messenger (MSN), maior rede social do Brasil, com 27,4 milhões de usuários estimados em meados deste ano, em pesquisa Ibope NetRatings veiculada na edição nº 628 da Revista Época. Esta pesquisa, que ainda aponta o Orkut em segunda posição, com 26 milhões de usuários, indica o YouTube como terceira rede social com mais usuários, mais de 20 milhões. Em nossa pesquisa o YouTube não teve mesma citação, sendo opção prioritária de apenas 28% dos entrevistados. Ao contrário do já citado Facebook, bem cotado em nossas pesquisas, mas apenas em 5ª colocação dentre as redes sociais no Brasil, com 9,6 milhões de usuários, atrás do Twitter, com 9,8 milhões. A maior parte dos nossos entrevistados, 72%, afirmou ter conhecido ao menos um dos sites visitados por indicação de amigos. Uma curiosidade é dentre os portais de notícias e entretenimento, onde a maior parte afirma ter tomado conhecimento através da mídia. Não houve grandes sugestões de mudança nos ambientes utilizados, podendo ser ressaltada a ideia de retirar publicidades de redes sociais e a de maior integração das buscas com conteúdos postados em redes sociais. 2.7.3. Publicidade nos ambientes utilizados 100% os pesquisados responderam encontrar publicidade nos sites utilizados, podendo ser observada a consciência dos usuários quanto a presença destas peças. Alguns comentários dizendo que mesmo sabendo que existem, elas passam despercebidas durante a navegação. Unindo estas declarações à depoimentos recentes de Luli Radfahrer (Ph.D. em comunicação digital pela ECA-USP, de onde também é professor há mais de dez anos e
fundador da Hipermídia, uma das primeiras agências de comunicação digital do país, hoje parte do grupo Ogilvy) que afirmam que pessoas recém inseridas no mundo web têm dificuldade de diferenciar conteúdo de publicidade, uma vez que, na internet atual esta assume formas diversas, justamente com o intuito de levar novos navegantes a cometer estes enganos. No entanto, não houve manifestações perceptíveis na pesquisa contra a publicidade. Apesar de comentários sobre não verem utilidade na publicidade ou achar que elas são demasiadas ou exageradas em alguns ambientes, não houve manifestações em massa no sentido de retirada da publicidade da internet. 54% julgam a publicidade encontrada como útil para fins de conhecerem novos produtos e serviços que possam lhe interessar. Houve inclusive um comentário sobre a forma inteligente de alguns sites posicionarem a publicidade, sempre relacionada com o conteúdo da página acessada, o que é realmente uma realidade em grandes portais ou sites de busca côo o Google, além de redes sociais como Orkut e YouTube. 3. CONCLUSÃO Podemos afirmar dentre todas as informações identificadas, que os jovens estão acessando em massa à internet, para fins diversificados. Nas pesquisas exploratórias, verificamos que o tempo de permanência na internet, para aqueles que fazem uso diário, é em média de 6 horas. Além disso, podemos identificar que os usuários jovens, têm maior facilidade de lidar com a internet e seus novos ambientes devido a sua formação digital mais intensa, o que tende a aumentar nas gerações seguintes, como vimos na pesquisa exploratória.
Isso possibilita que os jovens atualmente diferenciem os ambientes frequentados online e a usabilidade de cada um para os fins que mais lhes interessam, sendo bem conscientes inclusive na diferenciação dos tipos de uso. Em geral, podemos afirmar que os ambientes mais utilizados pelos jovens são aqueles que lhes proporciona recursos mais simples e leves, como o caso do Google e Twitter, reduzindo o tempo de espera e interação, os que apresentam maior integração com outras ferramentas úteis, principalmente as redes sociais, além das próprias redes, que geram mais do que apenas integração social ou novos contatos, mas principalmente o compartilhamento de informações, sejam elas pessoais, profissionais ou acadêmicas (em formato multimídia). Como a maior parte nesta amostra pesquisada já trabalha, podemos observar também o amadurecimento da utilização e a necessidade de relevância nos conteúdos, poupando o seu tempo online. Visualizamos que os ambientes frequentados pelos jovens através da internet podem ser utilizados como mídia em massa ou como marketing pessoal (uma a um). Isso precisa ser identificado e diferenciado pelas empresas que utilizam a internet como mídia. Assim a aceitação e assertividade serão maiores. 4. BIBLIOGRAFIA SILVA, Aldemir Nicolau da. Comunicação e nova mídia: as interações dos jovens de João Pessoa no ciberespaço, Monografia, Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, Março de 2009. RADFAHRER, Luli. Para que serve uma monocotiledônea?, Palestra Descolagem, número 3, 2010. Disponível em: http://videolog.uol.com.br/video.php?id=389425
Acesso em: 24.11.2010, 14h. PRIMO, Alex. Enfoques e desfoques no estudo da interação mediada por computador, n. 45, 2005. Disponível em: http://www6.ufrgs.br/limc/pdfs/enfoques_desfoques.pdf Acesso em: 24.11.2010, 12h. FERRARI, Bruno. Onde os brasileiros se encontram, Revista Época, Edição Especial "Redes Sociais" número 628, 29 de maio de 2010.