A instituição do sufrágio universal na Constituição de 1891



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Transcrição:

HELOISA HELENA SILVA RAMOS A instituição do sufrágio universal na Constituição de 1891 Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós- Graduação do Cefor como parte das exigências do curso de Especialização em Instituições e Processos Políticos do Legislativo Brasília 2006

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título: A instituição do sufrágio universal na Constituição de 1891. Autor: HELOISA HELENA SILVA RAMOS. Finalidade/Natureza do projeto: Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação Instituição: Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento CEFOR, Câmara dos Deputados. Data: 25 de agosto de 2006. Orientadora: Regina da Cunha Rocha 2. APRESENTAÇÃO Como aluna do curso de História, na Universidade de Brasília, os temas políticos sempre suscitaram maior curiosidade acadêmica e, dentre eles, a questão do voto censitário no Brasil Monárquico, com a conseqüente exclusão da população do processo eleitoral durante o século XIX, no Brasil. Um país que, por sua própria constituição, se apresentava como possuidor de fortes características de desigualdade social e se utilizava, ainda, da legislação eleitoral para reforçar ainda mais esse perfil excludente. A definição do objeto da presente pesquisa originou-se da leitura de alguns autores, que levantam a questão de haver a Constituição de 1891, a primeira do Brasil Republicano, ter instituído o sufrágio universal no processo eleitoral do país. Parece que, ao se percorrer a história de nossas conquistas democráticas enquanto Nação, essa alteração no arcabouço jurídico-constitucional, advinda da mudança de regime político, carece de maiores explicações. Por isso, tentar-se-á explicar o que motivou a citada inclusão dessa cláusula na Constituição de 1891, em aparente contraposição à legislação do período Imperial. Assim, buscar-se-á identificar as negociações políticas e as discussões que ocorreram sobre o tema da instituição do sufrágio universal no país, tomando-se por base os pronunciamentos ocorridos durante as sessões do Congresso Constituinte de 1890/1891.

3. PROBLEMA Quer-se buscar entender o real objetivo da elite dominante ao eliminar o voto censitário e incluir o chamado sufrágio universal, tentando identificar quais os setores interessados em realizar essa alteração na legislação eleitoral do país e quais as suas motivações, buscando evidenciar se houve disputa para que fosse viabilizado tal intento e se atendeu às expectativas de seus postulantes. Pretende-se inquirir também, se esse tema, o sufrágio universal, de central importância para os republicanos, ao ser incluído na nova Constituição, provocando uma alteração na legislação eleitoral do país, representou alguma mudança para a maioria da população em termos de participação popular e avanço no exercício da cidadania. O que poderá ser verificado consultandose dados relativos à afluência às votações nas eleições seguintes, principalmente, em pesquisa realizada pelo Prof. José Murilo de Carvalho, sobre o tema (CARVALHO, 1990a). 4. OBJETIVOS É lugar comum afirmar que as políticas públicas aprovadas pelo parlamento brasileiro, quando desconsideram a realidade da população, não se traduzem em mudanças efetivas. Assim, afirmam-se, as possíveis reformas realizadas a partir dessas políticas, de maneira outorgada, sem que a população interessada participe de alguma forma do processo decisório, não redundam em efetiva transformação social; reformas que terminam inócuas como canal transformador em prol de uma cidadania efetiva. Pretende-se, a partir desse enfoque, observar e tentar esclarecer se a questão relativa à instituição do sufrágio universal no país, redundou em aprimoramento das práticas democráticas, com o advento da República, tornando-as mais efetivas e inclusivas.

5. JUSTIFICATIVA No presente estudo, pretende-se adotar um enfoque histórico, buscando-se, como aspecto norteador, a definição de E. Carr sobre a função do historiador em relação ao passado, cabendo-lhe [...] dominá-lo e entendê-lo como chave para a compreensão do presente. (CARR, 1982, p. 25). Acredita-se que a Câmara dos Deputados possa ter, a partir de trabalhos de resgate histórico de sua atuação legiferante, a possibilidade de realizar uma auto-análise, que a conduza ao fortalecimento de seu papel enquanto instituição democrática: um organismo vivo, interagindo com a sociedade que lhe dá sustentação. E esta interação, quanto mais profícua, mais se revestirá de caráter democrático. E quanto mais informação obtiver sobre sua própria atividade e seus reflexos sociais, mais eficiente e eficaz poderá tornar-se. Como exemplo, cita-se um tema, atual em Ciência Política, sobre a discussão que se trava em inúmeros países a respeito do alto e crescente índice de abstenção em eleições. Assunto este que, em perspectiva histórica, já foi objeto de estudo do Prof. José Murilo de Carvalho, ao tratar da escassa participação eleitoral nas eleições seguintes à Proclamação da República, especificamente na cidade do Rio de Janeiro (CARVALHO, 1987, p. 88). O advento da República trouxe consigo, em seu ideário, a característica de seu papel revolucionário, o enfoque no povo como centro de toda a atividade política, o que se poderia deduzir pela instituição do sufrágio universal. Mas, acredita-se, criou também, para além da abstenção eleitoral citada anteriormente, as condições para o início de um dos períodos de ocorrência das maiores fraude eleitorais na História do país, consolidado pelo denominado coronelismo. Busca-se entender e explicar, por mais um prisma de análise, esse possível paradoxo, e assim, espera-se contribuir com novo estímulo à auto-avaliação do Parlamento sobre o real alcance de inúmeras reformas políticas pretendidas por instâncias legislativas e partidárias. Reformas que se encontram sempre na pauta da agenda legislativa desde 1946.

6. REVISÃO DA LITERATURA De maneira geral, pretende-se que o material bibliográfico atue em diversos matizes, a saber: - delimitação histórica do período e do tema em questão, tanto com relação à História do Brasil, como à História Geral, tais como as obras de Eric Hobsbawn ( A Era dos Impérios ), Emilia Viotti da Costa ( Da monarquia à República ) e Edgar Carone ( A República Velha ); - identificação da questão ideológica que possa ter fundamentado os debates específicos e decisões que redundaram na adoção do sufrágio universal, com a utilização de obras do Prof. José Murilo de Carvalho, nas quais são estudadas questões de representação política, cidadania e as ideologias que permearam o período compreendido entre o final do Segundo Reinado e Primeira República; - organização do sistema político advindo da Proclamação da República e a questão da fraude facilitada com a reforma eleitoral, através dos trabalhos de Rodolpho Telarolli (TELAROLLI, 1982) e de Victor Nunes Leal (LEAL, 1997); - arcabouço jurídico-institucional, a partir dos livros do Prof. Walter Costa Porto ( O voto no Brasil ), de Jairo Nicolau ( História do voto no Brasil ) e em obra de Rui Barbosa (BARBOSA, 1946); - a História, sua teoria e suas conexões com outras áreas do conhecimento, a exemplo do livro organizado por Réné Rémond, Por uma História Política. Localizou-se apenas um trabalho tratando exclusivamente do sufrágio universal (CANÊDO, 2005); uma coletânea de artigos (de época e recentes), que trata deste instituto eleitoral, desde sua fundação em Paris, em 1848, apresentando a experiência de diversos países, inclusive do Brasil, em dois textos do séc. XIX.

7. METODOLOGIA Pretende-se basear o trabalho em pesquisa documental, tomando-se por base discursos e pronunciamentos presentes nos Anais da Assembléia Constituinte de 1891 (fonte primária), disponíveis no Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, também acessíveis em meio eletrônico, como também no projeto de Constituição apresentado à Assembléia Constituinte, do documento final aprovado, além de legislação eleitoral editada pelo presidente Marechal Deodoro da Fonseca. O estudo do material bibliográfico levantado deverá possibilitar a identificação das correntes político-ideológicas em evidência no período especificado, para melhor caracterização dos debates ocorridos durante os trabalhos da Constituinte. A delimitação de alguns conceitos, tais como os de idéias iluministas em contraposição aos ideais republicanos que influenciavam as mentalidades no período, deverá ser realizada. Pretendese, também, delimitar os arcabouços ideológicos de liberais, jacobinos e positivistas. E, ainda, diferenciar as acepções de votante e eleitor na legislação eleitoral existente 8. SUMÁRIO 1. Introdução 2. O sufrágio universal definições, influências ideológicas, abrangência. 3. A legislação eleitoral ao final do Império Lei Saraiva 4. As forças em disputa a busca pela hegemonia no poder: o governo do Marechal Deodoro da Fonseca 5 Os trabalhos da Assembléia Constituinte os discursos 6 As eleições após a introdução do sufrágio universal - cidadania, representação. 7 Conclusão 8 Referências Bibliográficas

9. CRONOGRAMA Meses Atividades Coleta dos dados MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN X X X X X X Entrega do projeto X Análise e Interpretação Dos Dados X X X X Redação do Trabalho Final X X Defesa da Monografia X

10. BIBLIOGRAFIA BACKES, Ana Luiza. Fundamentos da ordem republicana: repensando o Pacto de Campos Sales. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2006. BARBOSA, Rui. A Constituição de 1891. In:. Obras completas de Rui Barbosa. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, 1946. v. 17, t.1. BARROS, José D'Assunção. O projeto de pesquisa em História: da escolha do tema ao quadro teórico. Universidade Estadual de Londrina, 2005. cap. 1 e 2. Disponível em <http://www.uel.br/ca/historia/conhecerhistoria/outras/cap%edtulos%201%20e%202.pdf> Acesso em: 25 jul. 2006, 20:37. BASTOS, Aurélio Wander. O poder e as leis: dominação eleitoral na Primeira República. In: LIMA JUNIOR, Olavo Brasil (Org.). O balanço do poder: forma de dominação e representação. Rio de Janeiro: Ed. IUPERJ, 1990. p. 35-53. BOOTH, W; COLOMB, G; WILLIANS, J. A arte da pesquisa. São Paulo: Martins Fontes, 2005. BUENO, Clodoaldo. A República e sua política exterior: 1889 a 1902. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão. 1995. CANÊDO, Letícia Bicalho (Org). O sufrágio universal e a invenção democrática. São Paulo: Estação Liberdade, 2005. CARDOSO, Ciro Flamarion S. Uma introdução à História. São Paulo: Brasiliense, 1981. CARONE, Edgar. A República Velha: evolução política. Rio de Janeiro: DIFEL, 1977. CARONE, Edgar. A República Velha: instituições e classes sociais. Rio de Janeiro: DIFEL, 1978. CARR, E. H. Que é História? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990a. CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2005. CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: O Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. CARVALHO, José Murilo de. Pontos e bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. p.83-129.

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