PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 23ª REGIÃO 1ª VARA DO TRABALHO DE RONDONÓPOLIS



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Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 23ª REGIÃO 1ª VARA DO TRABALHO DE RONDONÓPOLIS PROCESSO nº : 0000094-93.2015.5.23.0021. RECLAMANTE: LUIZ CARLOS MATHEUS DA CRUZ RECLAMADO: TRANSPORTADORA BATISTA DUARTE LTDA SENTENÇA I.Relatório LUIZ CARLOS MATHEUS DA CRUZ ajuizou reclamação trabalhista contra TRANSPORTADORA BATISTA DUARTE LTDA alegando, em síntese, que trabalhou para a Ré de 20.10.2012 a 07.10.2013, na função de motorista carreteiro. Denunciou várias irregularidades como: pagamento de salário mascarado (no recibo era discriminado valor irreal da comissão, bem como outras parcelas não pagas); descontos salariais ilegais; labor extraordinário e em dias de repouso sem o correspondente pagamento; ausência de intervalo mínimo intrajornada e interjornada; falta de pagamento de diárias e PLR; não fornecimento das cestas básicas. Requer a declaração de que auferia salário exclusivamente por produtividade de forma mascarada e marginal e pagamento dos reflexos; o pagamento das horas extras e reflexos, com a descaracterização do tempo de espera; intervalos intrajornada e interjornada e reflexos; domingos e feriados laborados em dobro; diárias; PLR; indenização relativa às cestas básicas; a restituição da contribuição confederativa; os benefícios da justiça gratuita; honorários advocatícios; a expedição de ofícios aos órgãos competentes. A inicial veio acompanhada dos documentos. Atribuiu-se à causa o valor de R$ 123.781,76. A Ré apresentou defesa em que, em síntese, sustenta a inépcia da Inicial e, no mérito, nega o pagamento de salário complessivo e marginal; que sempre pagou o DRS e diárias; que todas as horas extras e horas de espera foram pagas; que o obreiro não faz jus ao recebimento da PLR; que o Autor não apresentou oposição ao desconto das contribuições confederativas; que entregou as cestas básicas. O Autor não compareceu à audiência de instrução. Número do documento: 15072914021563900000006384142 Num. 38f3340 - Pág. 1

processual. Sem outras provas a serem produzidas, foi encerrada a instrução Razões finais orais e remissivas pelas partes. Prejudicada a última tentativa conciliatória. Esse é o relatório. II.Fundamentação A.Preliminares 1.Incompetência Absoluta A competência da Justiça do Trabalho em relação às contribuições previdenciárias limita-se às parcelas incidentes sobre o valor pecuniário, de natureza salarial, definido na sentença condenatória ou em acordo. Julgo extinto, sem resolução de mérito, por incompetência material, o pedido de recolhimento das contribuições previdenciárias sobre o salário pago ao autor durante o pacto laboral, nos termos do artigo 267, inciso XI, do CPC. 2.Inépcia da Inicial a) Impossibilidade Jurídica do Pedido A Ré alega inépcia do pedido de pagamento de horas extras com a utilização do divisor 220 por impossibilidade jurídica do pedido, sob a alegação de que não existiria lei nesse sentido e contraria súmula e orientação jurisprudencial do TST, e também do pedido de indenização pelas cestas básicas porque o direito estaria condicionado a não ultrapassagem de um teto salarial menor do que a remuneração recebida pelo Autor. Número do documento: 15072914021563900000006384142 Num. 38f3340 - Pág. 2

Quanto à suposta impossibilidade jurídica do pedido, não há vedação expressa no ordenamento jurídico das pretensões aduzidas na Inicial. As questões levantadas pela parte ré são de mérito e serão apreciadas oportunamente. Rejeito a preliminar. b) Do adicional de 100% A Ré alega estar ausente a causa de pedir em relação ao pedido de aplicação do adicional de 100% às horas trabalhadas em domingos. O Autor sustentou, na realidade, que os domingos e feriados trabalhados deverão ser pagos de forma dobrada, consoante previsão do art. 9º, da Lei 605/49. Rejeito a preliminar. c) Da Jornada de Trabalho A Ré alega que a parte autora não delimitou corretamente a jornada, pois ao descrevê-la não especificou qual era o tempo de espera, cujo tratamento recebido pela Lei n. 12.619/2012 é diferenciado. Sustenta ainda que o Autor não cuidou de indicar exatamente em quais feriados teria laborado. Em atenção ao princípio da simplicidade que rege o processo do trabalho, o art. 840 da CLT somente exige breve exposição dos fatos e pedido. Por outro lado, a exposição dos fatos deve ser suficiente a possibilitar a análise do mérito da ação pelo julgador. No presente caso, o Autor afirma que trabalhava, inclusive em domingos e feriados, em média, das 05h00 às 21h30, com dois intervalos intrajornada de quarenta minutos e somente duas folgas por mês. Em relação a falta de individualização dos feriados trabalhados, entendo não haver inépcia na medida em que há a presunção de que se tratam de todos os feriados previstos na legislação federal, cuja a existência e vigência independem de prova. Passo a analisar a delimitação da jornada. Número do documento: 15072914021563900000006384142 Num. 38f3340 - Pág. 3

Note-se que sua função era motorista carreteiro e seu contrato de trabalho é posterior à vigência da Lei n. 12.619/2012. Esta norma tornou obrigatório o controle de horários do motorista e disciplinou a jornada de trabalho da categoria. Dentre as várias disposições, encontra-se em destaque a previsão sobre o tempo de espera: Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista profissional será a estabelecida na Constituição Federal ou mediante instrumentos de acordos ou convenção coletiva de trabalho. (...) 8o São consideradas tempo de espera as horas que excederem à jornada normal de trabalho do motorista de transporte rodoviário de cargas que ficar aguardando para carga ou descarga do veículo no embarcador ou destinatário ou para fiscalização da mercadoria transportada em barreiras fiscais ou alfandegárias, não sendo computadas como horas extraordinárias. 9o As horas relativas ao período do tempo de espera serão indenizadas com base no salário-hora normal acrescido de 30% (trinta por cento). A legislação trouxe uma diferenciação entre horas extraordinárias e as horas de espera. O reconhecimento de labor além da jornada normal de trabalho no caso de motoristas prescinde a especificação e caracterização do tempo excedente como horas de espera ou em efetivo labor, pois as consequências são diversas. É impossível tratá-las indistintamente na medida em que possuem naturezas diferentes (natureza salarial para as horas extras e indenizatória para o tempo de espera) e, consequentemente, formas de remuneração também diferentes, inclusive em relação aos adicionais a serem aplicados. O Autor sustenta, na peça inaugural, a inconstitucionalidade da norma que estabeleceu o tempo de espera, mas não especifica qual era, dentro da jornada de trabalho, o tempo em que ficava aguardando a carga e a descarga do veículo ou a fiscalização nas barreiras fiscais ou alfandegárias. Desta forma, apresenta-se prejudicada a análise de todos os pedidos referentes à jornada de trabalho, quais sejam, horas extras, dobra dos domingos e feriados, intervalos intrajornada e interjornada, bem como os reflexos correspondentes. julgamento do mérito, dos pedidos. Ressalto que se trata de vício insanável, sendo impositiva extinção, sem Número do documento: 15072914021563900000006384142 Num. 38f3340 - Pág. 4

Acolho em parte a preliminar e julgo extintos, sem resolução do mérito, os pedidos de pagamento das horas extras, domingos e feriados laborados em dobro, intervalos intrajornada e interjornada não concedidos e reflexos decorrentes, nos termos do artigo 267, inciso I, do CPC. B.Mérito CONFISSÃO FICTA Regularmente intimado para comparecer ao prosseguimento da audiência, onde deveria prestar depoimento pessoal, sob pena de confissão, o Autor não atendeu ao chamamento da Justiça, injustificadamente. condição de verdade processual os fatos alegados na defesa. De consequência, impositiva a aplicação da confissão ficta, elevando-se à DA REMUNERAÇÃO Declarou o Autor que recebia salário à base de comissões, no importe de 10% a 12% sobre o frete bruto. Afirmou que, no holerite, havia discriminação de outras parcelas, como diárias, DSR, horas extras e outras parcelas irreais. Afirmou tratar-se de salário "mascarado". Denunciou ainda pagamentos de diferenças feitos "por fora". Contestou a Ré sustentando que o Autor percebia a remuneração à base das comissões de 6,5% sobre o valor líquido dos fretes realizados; que os recibos de pagamentos juntados representam a realidade das parcelas pagas e que não ocorria pagamento marginal. Diante da confissão ficta da parte autora, considero válidos os holerites e reconheço a remuneração constante nos documentos, inclusive quanto à quitação das diárias. Por consequência, julgo improcedentes os pedidos de anulação dos recibos de pagamento, de retificação da CTPS e de pagamento de diária e reflexos sobre diferenças salariais. Número do documento: 15072914021563900000006384142 Num. 38f3340 - Pág. 5

DA CESTA BÁSICA A Convenção Coletiva de Trabalho prevê o fornecimento de cestas básicas até o 5º dia útil de cada mês. A Ré, por sua vez, comprovou a entrega das cestas ao obreiro por meio da juntada dos recibos de Id. 5beb163. Julgo improcedente o pedido. DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS confederativa. O Autor requer a restituição dos descontos relativos à contribuição Não assiste razão ao Autor, pois o desconto está previsto na negociação coletiva, com cláusula prevendo a possibilidade de oposição do empregado: As empresas descontarão a contribuição confederativa de todos os trabalhadores pertencentes à categoria representada pelos sindicatos laborais o percentual de 1,30% (um vírgula trinta por cento) por mês e apurado sobre o salário base. Parágrafo primeiro: Ao desconto previsto nesta cláusula, fica assegurado o direito de oposição do empregado, o qual poderá ser exercido a qualquer momento, mediante a manifestação na sede do sindicato ou por simples carta, cessando o desconto após a manifestação do empregado e sendo válidos os descontos já efetuados. do empregado, lícito é o desconto. Considerando que não houve qualquer manifestação de oposição por parte Estas contribuições são repassadas em benefício do sindicato dos trabalhadores, não existindo previsão de obrigatoriedade da empresa em fazer qualquer comunicação prévia ao empregado. Indefiro o pedido. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS O Autor requer o pagamento da PLR prevista nas Convenções Coletivas Número do documento: 15072914021563900000006384142 Num. 38f3340 - Pág. 6

de Trabalho. por conta da exceção prevista nas próprias CCT's. A Ré sustenta que sempre esteve excluída da obrigação de pagar tal verba, As empresas do setor de grandes massas estão excluídas de pagarem a parcela relativa ao PLR, pois a norma coletiva impôs esta obrigação somente às empresas do setor de carga fracionada. massas. Por consequência, julgo improcedente o pedido. É incontroverso o fato de que a empresa ré atua no setor de grandes MULTA DO ART. 477 DA CLT O Autor requer a multa prevista no art. 477 da CLT sob a alegação de que as verbas rescisórias não teriam sido pagas no prazo estabelecido no 6º do mesmo dispositivo. A Ré sustenta que as verbas foram pagas na data correta. Diante da confissão ficta da parte autora, considero que as verbas constantes no TRCT foram pagas no prazo legal. Por consequência, julgo improcedente o pedido. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS Não foram encontradas irregularidades que justifiquem a expedição de ofício ao Ministério Público do Trabalho, Polícia Federal, Ministério Público Federal, BNDES, INSS e Receita Federal. Indefiro. DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA Gratuita. Em face da declaração juntada, defiro ao Autor os benefícios da Justiça HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Número do documento: 15072914021563900000006384142 Num. 38f3340 - Pág. 7

Na Justiça do Trabalho não vigora o Princípio da Sucumbência, no que se refere a honorários advocatícios. A matéria é regulada por legislação específica (Leis 1.060/50, 5584/70 e 7.115/83), a qual prevê verba honorária apenas quando a parte, em situação de hipossuficiência econômica (presumida ou declarada), encontra-se devidamente assistida pelo sindicato da categoria profissional, revertendo-se os honorários em favor da entidade de classe assistente. Ausentes os requisitos supra mencionados, não há falar em verba honorária (Enunciados das Súmulas 219 e 329 do C. TST), seja pela mera sucumbência, seja a título de indenização. III.Dispositivo Ante o exposto, na AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO ajuizada por LUIZ CARLOS MATHEUS DA CRUZ em face de TRANSPORTADORA BATISTA DUARTE LTDA, julgo extinto, sem resolução de mérito, os pedido de recolhimento das contribuições previdenciárias sobre o salário pago ao autor durante o pacto laboral e de pagamento das horas extras, domingos e feriados laborados em dobro, intervalos intrajornada e interjornada não concedidos e reflexos decorrentes e, no mérito, julgo IMPROCEDENTES os demais pedidos. Tudo nos termos da fundamentação acima que fica fazendo parte integrante deste dispositivo. na forma da Lei. Custas pelo Autor no valor de R$ 2.475,63, ficando isento do recolhimento Intimem-se as partes. ADENIR ALVES DA SILVA CARRUESCO Juíza do Trabalho Número do documento: 15072914021563900000006384142 Num. 38f3340 - Pág. 8