SEMINÁRIO TEMÁTICO II: RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E TERCEIRO SETOR
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- Eliana Barreiro Vasques
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1 SEMINÁRIO TEMÁTICO II: RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E TERCEIRO SETOR AULA 02: TERCEIRO SETOR (PARTE I) TÓPICO 01: EIXOS TEÓRICOS Os fundamentos da Gestão Social não se restringem a ideais históricos. Conforme ressalta Souza (2008), nesse campo da Administração, as discussões e estratégias de gestão fundamentam-se em várias concepções teóricas, tanto no campo da Economia quanto no campo da Teoria das Organizações. Na compreensão de manifestações contemporâneas como responsabilidade social, desenvolvimento sustentável, gestão ambiental e terceiro setor, destacam-se, por exemplo, as reflexões de Polanyi (2000) e de Ramos (1989), como será visto adiante. Contudo, antes desta discussão, retomamos a questão da constituição e evolução do Terceiro Setor. Fonte [1] Para esclarecimentos iniciais, constituindo o PRIMEIRO SETOR, tem-se o setor público, que tem sob sua égide o agir relacionado a questões sociais. Para o SEGUNDO SETOR, tem-se o setor privado, que responde por questões de interesses individuais, e, finalmente, o TERCEIRO SETOR, composto por organizações não governamentais e sem fins lucrativos (KANITZ, 2008). A emergência do Terceiro Setor representa, de certa forma, o resgate de temas que antecederam à Revolução Industrial, ou seja, questões que envolviam qualidade e estilo de vida, condições de trabalho e relacionamento com a sociedade de uma forma geral. No século XVII, a Revolução Industrial surgiu na Inglaterra em virtude, basicamente, de dois fatos: o aparecimento das fábricas e a invenção das máquinas a vapor (MAXIMIANO, 2000). Caracterizou-se, entre outras evidências, o crescimento das cidades, a substituição do trabalho artesão pelo trabalho escravo e a criação dos sindicatos. Os grandes comerciantes passaram a reunir os antigos artesãos, agora operários, em grandes galpões, passando, assim, a exercer maior controle sobre seu desempenho (MAXIMIANO, 2000). Mediante condições rudimentares de trabalho que buscavam suprir a produção para atender a demanda da época, até crianças eram submetidas a jornadas de trabalho que chegavam a 14 horas diárias.
2 Fonte [2] Com qualidades precárias, baixos salários sendo pagos aos trabalhadores, os produtos eram, em geral, avaliados pelos próprios compradores. Entretanto, foi durante esse período que, gradativamente, foram desenvolvidas as técnicas de produção e organização que viriam a subsidiar a formação dos modelos de administração que vem sendo aperfeiçoados desde então (MAXIMIANO, 2000). Ainda conforme Maximiano (2000, p. 480): A Revolução Industrial representou uma mudança de grande magnitude, em tempo relativamente curto, que moldou inúmeras características da sociedade atual. Formas de produção e consumo, urbanização, divisão das pessoas em classes, profissões e muitos outros aspectos da sociedade fazem parte do paradigma criado pela Revolução Industrial. OBSERVAÇÃO Deve-se ressaltar, ainda, que, conforme argumentado no livro texto desta disciplina, estudar sobre Responsabilidade Social (RS) e Terceiro Setor nos permite constatar que não são apenas aspectos mercantilistas que regem as relações de trabalho. Ademais, o estudo desta temática não se restringe apenas a aspectos históricos. Outras ciências como a Economia e a Administração, por exemplo, também influenciaram na construção de temas relevantes para o campo, como solidariedade, cooperação, ética, desenvolvimento sustentável, gestão ambiental. Considerando conceitos relacionados às ciências econômicas, Karl Polanyi (1944), antropólogo, filósofo e economista húngaro, defendeu a ideia que a economia possuía um sentido mais amplo que meramente o aspecto monetário. Analisando as quatro instituições que caracterizavam o liberalismo econômico: (a) sistema de equilíbrio e poder das potências europeias; (b) o padrão ouro internacional; (c) mercado autorregulável; e (d) estado liberal e não intervencionista, Polanyi demonstrou que para dar suporte ao ímpeto natural do indivíduo de enriquecer, defendido pelos economistas liberais, o capitalismo só corrompia a sociedade, sendo
3 necessária a intervenção de instituições sociais e políticas, por exemplo, os sindicatos, para proteger alguns setores da sociedade do avanço avassalador do mercado (SCHWARTZMAN, 1980). Em tempo, ressaltamos que, juntamente com a obra de Polanyi, o trabalho de Guerreiro Ramos constitui referência obrigatória na delimitação dos eixos teóricos das organizações sociais. EIXOS TEÓRICOS DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS Souza (2008, p. 76) apresenta a seguinte síntese acerca dos eixos teóricos das organizações sociais. Karl Polanyi é referencial importante à discussão de novos arranjos institucionais caracterizados por redes, parcerias, associações e fóruns em nível local e comunitário. Tal importância se deve ao fato de ter sido ele pioneiro no conceito substantivo de economia conduzindo-nos à compreensão de que, em sentido amplo, a economia envolve a organização social não necessariamente centrada em intercâmbios monetários. No momento em que discutimos Terceiro Setor e Responsabilidade Social Corporativa como segmentos organizacionais destinados à promoção do bem-estar de indivíduos e comunidades constatamos que, no passado, a reciprocidade, a redistribuição e a domesticidade orientaram a estruturação de sociedades em relações econômicas não-monetárias em formato similar ao que hoje presenciamos. Afinal, as iniciativas atuais no Terceiro Setor e no campo da Responsabilidade Social Corporativa majoritariamente estão interessadas à recomposição de elos de proximidades entre seres humanos e destes com o ambiente. Já no que se refere ao pensamento de Ramos podemos retirar a seguinte conclusão central: a vida humana não acontece exclusivamente em organizações empresariais interessadas em lucro, competição, dominação mas, também, em outras organizações que possibilitam, por exemplo, a promoção da satisfação humana e a vida em cooperação, sob laços de solidariedade. É por essa razão que presenciamos, nos dias atuais, um contraponto à exacerbação da exploração capitalista, à concorrência desenfreada e à competição a todo custo. Falamos, então, em solidariedade, ajuda mútua, tolerância, participação, cidadania, emancipação, autonomia, redes e parcerias termos que, a priori, não integram o vocabulário do mundo capitalista. DICAS Neste vídeo são apresentadas algumas das principais ideias defendidas por Oded Grajew (Clique aqui para abrir). [3] ATIVIDADE DE PORTFÓLIO 1 Convidamos você para assistir este vídeo, trata-se de uma entrevista do prof. Ladislau Dowbor (Clique aqui para abrir). [4] Nele são apresentados pontos importantes
4 para a definição de Terceiro Setor e Responsabilidade Social. Baseando-se nessas perspectivas, apresente sua opinião sobre o tema, destacando os principais pontos abordados. A partir de então, cite exemplos existentes em sua cidade, ou, caso não disponha de exemplos próprios, formule sugestões a serem desenvolvidas considerando aspectos políticos, econômicos e sociais locais. FÓRUM 2 - AULA 02 Considerando os aspectos abordados sobre Terceiro Setor e RS, o trabalho de Responsabilidade Social seria mais produtivo caso fosse desenvolvido por uma empresa Pública ou Privada? Opine no fórum e discuta com os demais colegas. REFERÊNCIAS ASHLEY, Patrícia (coord.). ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NOS NEGÓCIOS. São Paulo: Saraiva, INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL. O INSTITUTO ETHOS. Disponível em [5]. Acessado em 30 de janeiro de KANITZ, Stephen. O QUE É O TERCEIRO SETOR? Disponível em < [6]>. Acessado em 17 de julho de MAXIMIANO, Antonio C. Amaru. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO: da escola científica à competitividade na economia globalizada. 2. ed. São Paulo: Atlas, SCHWARTZMAN, Simon. Resenha bibliográfica. Disponível em < [7]>. Acessado em 28 de julho de SOUZA, Washington J. RESPONSABILIDADE SOCIAL E TERCEIRO SETOR. Brasília: Universidade Aberta do Brasil, TENÓRIO, F. Guilherme. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: teoria e prática. Rio de Janeiro: FGV, VIDAL, Francisco A. Barbosa et al. Terceiro setor à luz da teoria crítica: racionalidades da gestão de ONGs. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO-ENANPAD-ENANPAD, XXX, 2006, Salvador-Ba. ANAIS... Salvador: ANPAD, 2006, 1 CD ROM. FONTES DAS IMAGENS
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