Universidade Aberta do Brasil Universidade Federal de Juiz de Fora Curso de Pedagogia UAB/UFJF DAIANY ROBERTA SALOMÃO DO COUTO.

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1 Universidade Aberta do Brasil Universidade Federal de Juiz de Fora Curso de Pedagogia UAB/UFJF DAIANY ROBERTA SALOMÃO DO COUTO Memorial do Curso Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina Memorial do Curso ministrada pela Profª. Drª. Léa Stahlschmidt Pinto Silva para o 8º período de Pedagogia da UAB/UFJF. Tutora a distância: Juliana de Sousa Lima Santa Rita de Caldas 2011

2 2 Vivência Acadêmica Busco através deste texto narrar minha vivência acadêmica, a qual foi assinalada por muitas idas e vindas. Isto mesmo. As dificuldades iam surgindo aos poucos. Surgem as primeiras perguntas: o que será a educação a distância? Como frequentar um curso nessa modalidade? Como se dá a interação entre professores/alunos neste curso? Em meio a tantas perguntas me vi na obrigação de pesquisar sobre o assunto. Segundo as pesquisas realizadas o curso a distancia vem a ser uma modalidade de ensino na qual o educando e o educador não estejam fisicamente presentes no ambiente de ensino-aprendizagem. Já a interação entre professor e aluno se dá por meio da tecnologia, principalmente pela internet, que muitas vezes conta com auxílio da hipermídia e o estudo pode ser realizado em tempo distinto. De acordo com as considerações apresentadas na Wikipédia a educação a distância (EaD), em sua forma empírica, é conhecida desde o século XIX. Entretanto, somente nas últimas décadas passou a fazer parte das atenções pedagógicas. Ela surgiu da necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários motivos, não podiam frequentar um estabelecimento de ensino presencial, e evoluiu com as tecnologias disponíveis em cada momento histórico, as quais influenciam o ambiente educativo e a sociedade. Surge então a notícia de que em Santa Rita de Caldas iria abrir um polo no qual seria lançado, naquele mesmo ano (2007) um vestibular pela Universidade Federal de Juiz de Fora. A construção do polo estava a todo vapor, mas ninguém sabia ao certo como seria desenvolvido o ensino-aprendizagem. Se seria totalmente a distância ou semi-presencial, como alguns cursos já conhecidos na nossa região. No mês de setembro de 2007, foi então lançada à inscrição para o vestibular. Tivemos uns quinze dias para nos inscrever. Não obtive o edital e consequentemente nem a listagem do que seria necessário estudar para o vestibular. Prestar vestibular, uma atitude que não estava nos meus planos, pois eu estava com um filho pequeno. Meu primeiro filho. Meu pai era contra minha retomada aos

3 3 estudos por ser casada. Minha mãe ficava em cima do muro para não arrumar confusão. Meu marido, de início não queria, mas fui pela minha intuição. Estava casada, com um filho, mas isso não era motivo para eu desistir. Estudando eu teria melhor domínio para atender as necessidades do meu filho quando estiver frequentando a escola e, talvez, também para conseguir uma colocação no mercado de trabalho para ajudar no orçamento familiar. Retomei meus estudos. Agora curso um ensino superior. Sou universitária de uma faculdade federal. Um grande avanço em minha vida pessoal e profissional. Em relação aos desafios encontrados, a falta de um computador e o acesso a internet foram os primeiros que surgiram depois do ingresso ao curso de Pedagogia. A universidade propôs uma participação ativa virtual, o que se diferencia de um curso presencial. Desta forma, o contato com a internet tornou-se uma atividade constante. Porém, no distrito onde moro o acesso a internet ainda era precário. Este acesso era excepcionalmente possível de ser realizado por meio de um programa de informática em parceria do governo com a prefeitura. Era disponível para mim duas horas por dia de segunda a sexta-feira. Mesmo sendo via satélite, a internet era muito lenta. Geralmente eu xerocava os textos, fazia a leitura em casa e quando estava na plataforma participava dos fóruns e alguns chats. O mesmo acontecia com os trabalhos. Algumas vezes fui para Santa Rita de Caldas para digitar e enviar atividades por não conseguir digitar e enviá-los em um único dia. Pois eu catava letras na digitação. A falta de acesso a internet em casa inibia-me na realização de pesquisas, interação com tutores a distância e possível solução de dúvidas. Mesmo tendo um curso de computação, tive um pouco de dificuldade para acessar a plataforma pela primeira vez, pois já havia três anos que não tinha contato com computador. Tivemos uma aula inaugural em Juiz de Fora, mas foi uma aula mais formal, voltada para a implantação dos polos presenciais, sem contato com os processos e procedimentos que teríamos com a plataforma. Quanta angústia e satisfação ao mesmo tempo. Angústia em descobrir o novo e satisfação de saber que mesmo sendo esposa e mãe, aos meus 20 anos de idade, eu seria

4 4 capaz de retomar aos estudos, dando continuidade a minha vida profissional. Evidentemente minha rotina diária seria modificada em decorrência da escolha feita. Acredito que o fato de ser a primeira turma do curso de Pedagogia a Distância da UFJF fomos os pioneiros nessa inovação educacional. Foram muitas as dúvidas, as reclamações, os erros e acertos. Um dos contratempos cometidos foi a perda do acesso ás três primeiras disciplinas - Tecnologia, Informática e Educação, Campo da Educação e Pedagogia, Concepção de Linguagem e ensino de Português. Ficamos por uns dois meses sem ter acesso a plataforma, sem aulas e sem saber ao certo o que estava acontecendo e como ficaria nossa situação. Mesmo com tanto improviso e agitação, ficou na memória alguns pontos pertinentes trabalhados nesse período. Em Linguagem, por exemplo, um dos pontos destacado foi à maneira da criança falar. Ao ingressar na escola, cada uma traz consigo uma bagagem decorrente da sua cultura. Como sabemos cada comunidade desenvolve seu modo de expressar, sentir, experimentar, criando sua própria cultura. Sabemos ainda que isso se modifica de um grupo para outro. Na língua escrita, há uma regra que devemos seguir e aprender. Mas na linguagem oral não há uma regra específica, cada sujeito se expressa conforme sua origem cultural. Portanto, não há nenhuma criança que fala errado, isso levou-me ao confronto com o ensino que obtive nas séries iniciais cuja professora corrigia o modo de falar dizendo que estávamos falando errado. Este fato nos mostra também o quanto é importante a prática da leitura e da escrita. Não só com as crianças, mas com todos. Quanto mais se lê melhor se escreve. Asseguro essa última, visto que a presenciei durante minha jornada universitária. Quanto mais eu lia, mais me interessava em descobrir e procurar algo novo para aprimorar meus conhecimentos e a desenvolver as atividades propostas com mais informação sobre o assunto abordado. As primeiras atividades nos deixavam confusos. Eram muitas dúvidas para realizá-las, pois o fato de estar em um curso superior mudava o modo de escrever os trabalhos, voltando-se para uma escrita acadêmica, diferenciando-se da escrita a que estava acostumada.

5 5 Os professores/tutores nos passavam muita confiança e ao mesmo tempo nos mostravam que podíamos fazer mais, cada vez melhor. Quando releio meus trabalhos vejo o quanto progredi na escrita. Não tinha o hábito de ler, era só o necessário, foi uma das posturas que também tive que mudar desde o início. Seria difícil se não tivesse me interessado pela leitura. A partir do momento de acesso a plataforma a primeira e mais importante das atividades a ser realizada foi a leitura. Leitura e a interpretação estavam sempre unidas, uma em complemento da outra, já que não tínhamos um contato físico com nossos educadores. De início senti falta do contato físico com os professores/tutores, até porque estava acostumada com o ensino presencial, pois em caso de dúvida, logo ela seria sanada. Já na modalidade de ensino a distância, esse processo é um pouco mais lento, principalmente no início quando não tinha acesso à internet em casa. Para tentar suprir essa necessidade de contato físico, formamos um grupo de estudo, nele foi possível uma troca de experiência favorável e enriquecedora para minha formação profissional e pessoal. Uma colega do grupo que lecionava há nove anos ao narrar sua trajetória diária, leva-me a analisar a parte prática com a teórica. Diante destas ações fui capaz de conhecer e entender a vida profissional de um educador em sala de aula. Mesmo não lecionando, diante dos assuntos abordados nas disciplinas, percebi que para desenvolver um trabalho de qualidade é necessário e de extrema importância que haja diálogo e comunicação entre todos os componentes inseridos e atendidos na instituição escolar como: pais, professores, funcionários, alunos, comunidade, reconhecendo, identificando, valorizando e atendendo as necessidades individuais e coletivas. Outra disciplina de fundamental importância para o desenvolvimento do ensinoaprendizagem na área da pedagogia foi o estágio. Através dele era possível observar também a teoria e prática dentro de uma sala de aula. A primeira vez que tive contato com os alunos foi impressionante, cheguei a pensar que estava no lugar errado. Eu deveria estar sentada naquelas carteiras como

6 6 aluna, não como professora/estagiária, afinal foi nesta mesma escola que dei início aos estudos. É evidente que dentro da sala de aula nem tudo é completo de maravilhas. Presenciei tanto no momento de estágio, como também em algumas ocasiões de substituição de professoras que é cheio de imprevistos, alguns fáceis de resolver, outros complicados. Só mesmo com muita competência provida de experiência para equilibrar a situação. Percebi que muitas das mudanças na área da educação tem a influência da tecnologia acelerada. As crianças entram na escola com uma enorme bagagem tecnológica como a internet e o celular, que se destacam por estar cada vez mais presente na vida delas. Não é fácil acompanhar a intensidade do desenvolvimento tecnológico, para isto é preciso sempre inovar. Foi o que busquei fazer quando retomei os estudos. Inserida num mundo globalizado, crítico, com amplas inovações, principalmente tecnológicas, me vi diante de um mundo desconhecido. Tive a sensação de estar parada no tempo, mas após retomar os estudos, essa visão mudou, sentia-me atualizada com as inovações. Do mesmo modo que fui me adaptando às diferentes formas que se desenvolve um ensino a distância, percebi que tanto a equipe técnica como o curso de Pedagogia, aprimorou e qualificou seus trabalhos. Como por exemplo, a elaboração de oficinas presenciais, que nos proporcionou diferentes experiências e uma interação física com os tutores. Havia ansiedade e curiosidade em conhecer os tutores. O contato virtual, mesmo sendo ativo não é capaz de traduzir traços físicos e, menos ainda, a emoção que é transmitida através das mensagens. Conhecer pessoas que estão cursando mestrado, doutorado ou que já os possui nos instiga a procurar sempre aprender mais. Seja em busca de uma melhor qualificação de trabalho ou para ampliar o conhecimento em relação ao procedimento educacional. Quantas dúvidas, ansiedades. Cada período que passava aumentava ainda mais essa euforia. Alegrias e tristezas, dor e prestígio pela vitória. Cada atividade que me tirou o sono nas noites frias ou quentes trouxe-me uma recompensa, o reconhecimento

7 7 de um trabalho desenvolvido com empenho e dedicação, comprovando que foi válido o sono perdido. Um novo mundo nasce em minha vida, agora posso dizer vida acadêmica, cada acontecimento foi ao mesmo tempo único e temporário, mas na memória se tornou inesquecível. Os questionamentos e as inseguranças na construção da monografia só confirmaram minha confiança de que sou capaz. A cada etapa conquistada, a veracidade de um trabalho construído com dedicação e muita investigação, mesmo através das precariedades na elaboração da primeira monografia. São várias as disciplinas que me levaram a conclusão de que educar essas crianças modernas necessitará de mais empenho pelos professores. Compreendi também que em decorrência da gama de informações as quais elas têm acesso, faz com que o ensino se torne não tanto interessante como quando dei início aos meus estudos. Lá no meu primeiro ano de escola, com seis anos de idade, aquele seria o espaço que iria me trazer novos saberes e descobertas. No período do estágio pude perceber que toda essa transformação e inovação desacelerada do atual mundo globalizado interferem no desenvolvimento das crianças, as quais possuem mais domínio, liberdade de expressão, maior criatividade, mais agilidade, decorrente aos diversos meios de comunicação presente em suas vidas. Observei que o educador atualmente, em busca de desenvolver um ensino de qualidade, precisa ampliar seus conhecimentos para atender as necessidades e os interesses dos alunos com intuito de contribuir para sua formação pessoal e social, Tal como estabelece no Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Base da Educação A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (LDB 9.394/1996, Art. 1º, 2º). Enfatizando ainda a LDB (9.394/1996), que foi explorada em várias disciplinas, como por exemplo, em Fundamentos Teóricos e Metodológicos em Educação Infantil, constato que a educação infantil tem a finalidade de desenvolver aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade na

8 8 formação da criança, como institui o Artigo 29 da Lei de Diretrizes e Base da Educação (LEI 9.394/1996). Ser professor hoje vai além de desenvolver os componentes estabelecidos no currículo, e ainda, que sejam capazes de ensinar e aprender ao mesmo tempo. Um educador precisa atentar-se para a formação da criança para fora da escola, contribuindo para sua formação na vida em comunidade. Este ato pode desenvolver-se através de propostas de situações problemas, levando o aluno a buscar alternativas para solucionar conflitos no intuito de formar alunos críticos, participativos, que busquem por seus direitos, mas também que saibam exercer seus deveres. Sendo assim não buscarei por métodos definitivos, mas procurarei desenvolver uma educação através da realidade do aluno, considerando sua bagagem cultural, social e econômica. Ciente de que um educador não deve transmitir conhecimentos, mas sim os busque com seus alunos, quando estiver lecionando, acredito ser capaz de procurar respeitar e considerar todo conhecimento levado pelos alunos para dentro da sala de aula, pois educar é transmitir carinho, confiança, satisfação e persistência em busca de conhecimentos significativos atendendo as expectativas e os anseios individuais e coletivos de cada um. Ainda que a família se distancie da escola, prontifico-me juntamente com a gestão e os demais integrantes da instituição escolar, promover um meio de buscar a participação efetiva da comunidade com a escola., propondo a ela uma parceria no desenvolvimento e na formação de seu filho. Deixando de chamá-las somente para demonstrar as baixas notas de seus filhos ou o mau comportamento. Novos saberes se destacam em minha formação acadêmica, derrubando barreiras e superando expectativas, estava ali uma mulher: mãe, esposa, filha e estudante de 20 anos de idade retomando os estudos e recomeçando sua formação profissional e pessoal. Durante esta caminhada universitária, diversos entendimentos e conhecimentos foram construídos sendo capazes de favorecer minha formação, voltada para o ensino no âmbito de desenvolver uma educação de qualidade na formação de cidadãos críticos e participativos em um mundo que se diz democrático.

9 9 Para este feito concluo que com a finalidade de complementação a ação da família, como educadora, procurarei sempre aprimorar meus conhecimentos, valorizando a bagagem cultural dos alunos, e ainda, ser capaz de aprender ao ensinar. Sinto-me lisonjeada pela escolha que fiz pelo curso de Pedagogia e pela percepção que estou construindo sobre a educação, pois educar hoje é mais do que seguir os pressupostos estabelecidos nas Leis, Constituições, Currículos, Projetos Políticos Pedagógicos, é preciso e necessário que se desenvolva um ensino para a formação social. Quando estiver lecionando buscarei colocar em prática tudo que pude aprender durante esse processo acadêmico. Para que isso seja possível, não pretendo parar por aqui, desejo aperfeiçoar ainda mais meus conhecimentos em um curso de pósgraduação ou quem sabe me especializando em psicopedagoga. Esta escolha certamente será mais um desafio em minha vida, pois educação infantil é minha paixão, o carinho dessas crianças é incomparável e motivador, a sinceridade está escancarada em seus olhos, cada abraço, uma demonstração de agradecimento e confiança no professor, nos levando a refletir sobre a qualidade de ensino que está sendo ofertado a elas. Contudo por mais difícil e desafiador que venha a ser o ensino e o papel do professor na atualidade, estou feliz por estar prestes a conviver com muitas crianças, a conhecer cada uma, assim como também sua história de vida. Referências Bibliográficas Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de Disponível em: Último acesso 15/05/2011. Wikipédia, a enciclopédia livre. Educação a distância. Disponível em: Último acesso 12/06/2011.