II ENPES - Encontro Nacional de Pesquisa sobre Economia Solidária
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- Diogo Bento Domingos
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1 II ENPES - Encontro Nacional de Pesquisa sobre Economia Solidária A economia solidária sob diversos olhares 22 de setembro de 2012 Anhembi Parque, São Paulo Economia solidária e agroecologia: proposta de uma vida sustentável Autoras: Daniele de Souza (Graduanda, Bolsista PET EcoSol, UFSCar) Maria Lúcia Teixeira Machado (Prof a.adjunta, Tutora PET EcoSol, UFSCar) São Paulo 2012
2 Resumo As relações entre economia, sociedade e meio ambiente vem adquirindo uma maior preocupação por parte da sociedade, isto porque, os problemas ambientais em escala global, cada vez mais se intensificam e direcionam para um modo de vida insustentável. Podemos dizer que a preocupação com as questões ambientais nasceram tardiamente em escala global como resposta a degradação do meio ambiente, demonstrando a necessidade de mudanças neste aspecto. A agroecologia como uma ciência integradora de conhecimentos defende técnicas e formas de cultivo que estejam em harmonia com o meio. A cadeia de alimentos usa a base da agroecologia para a produção de seus alimentos, através da proposta de uma agricultura coletiva, com diversificação de cultivo, sem adição de fertilizantes e produtos químicos. Este trabalho trata do projeto que está sendo desenvolvido na cidade de São Carlos, no território do Jardim Monte Carlo, mais especificamente no Centro da Juventude Elaine Viviani e tem como objetivo a participação das pessoas do território na produção de alimentos isentos de agrotóxicos, não visando produção em larga escala. O projeto tem como preocupação o desenvolvimento sustentável deste território, como parte das ações de fomento à Economia Solidária empreendidas pelo Núcleo Multidisciplinar e Integrado de Estudos, Formação e Intervenção em Economia Solidária (NuMI EcoSol), em parceria com o Programa de Educação Tutorial Conexões de Saberes em Economia Solidária (PET EcoSol), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Palavras-chave: economia solidária, agroecologia, sustentabilidade. 2
3 INTRODUÇÃO O conceito de economia solidária especifica um tipo de organização da atividade econômica e tem como principais características a autogestão, ou seja, não existe a divisão entre patrão e empregado, economicamente significa que todos os integrantes deste tipo de atividade são donos e trabalhadores; culturalmente é uma forma de consumir mais sustentável e saudável, sem agressão ao meio ambiente e sem que haja o beneficiamento de grandes empresas; politicamente, a economia solidária representa uma luta pela mudança no modo insustentável como está organizada a sociedade. A economia solidária designa inúmeras experiências que vão desde a agricultura familiar em si, a experiências com cooperativas e comunidades quilombolas ou indígenas, desde que tenham como forma de produção a divisão de riquezas e a valorização do ser humano. O diferencial da economia solidária está na inserção dos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais. As relações entre economia, sociedade e meio ambiente vem adquirindo uma maior preocupação por parte da sociedade, isto porque, os problemas ambientais em escala global, cada vez mais se intensificam e direcionam para um modo de vida insustentável. Podemos dizer que a preocupação com as questões ambientais nasceram tardiamente em como resposta a degradação do meio ambiente, tornando cada vez mais evidente a necessidade de mudanças neste aspecto. No Brasil, esta preocupação surge precisamente em meados da década de 1970, com a Conferência de Estocolmo 1, demonstrando ao mundo a necessidade de amenizar as catástrofes ambientais, tais como, vazamentos tóxicos, chuvas ácidas, efeito estufa. Nasce desta Conferência uma preocupação internacional com o meio ambiente e uma crescente preocupação por parte da sociedade em procurar por formas econômicas mais sustentáveis. Ainda no Brasil, Schmitt (2010) aponta que: 1 A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, realizada em 1972 em Estocolmo, na Suécia, foi a primeira Conferência global voltada para o meio ambiente, e como tal é considerada um marco histórico político internacional, decisivo para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental, direcionando a atenção das nações para as questões ambientais (PASSOS, 2009, p.01). 3
4 [...] o surgimento (ou ressurgimento) da economia solidária adquire maior expressão a partir da década de 1980, tendo como referência um amplo leque de experiências associativas, que passam a se organizar no campo e na cidade. Grupos e associações comunitárias de caráter formal e informal, empresas falidas em processo de recuperação pelos trabalhadores, grupos de finanças solidárias, cooperativas urbanas (de trabalho, consumo e serviços), associações e cooperativas de agricultores familiares e assentados da reforma agrária são apenas alguns exemplos do diversificado conjunto de organizações que começam a se estabelecer neste período. (Schmitt, 2010, p. 58) Justamente nesta base comunitária estabelecida pela economia solidária podemos estabelecer a agroecologia como uma ferramenta importante para a compreensão e intervenção na realidade que, quando aliada as propostas da economia solidária, complementa este novo modo de produzir. Neste sentido, a agroecologia como uma ciência integradora de conhecimentos vem, no presente projeto, dar suporte técnico e científico. Podemos dizer que [...] trata-se de uma abordagem que integra os princípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos à compreensão e avaliação dos efeitos das tecnologias produtivas sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como um todo (DINIZ, 2007, p.11; MARCELINO, 2007, p.11). Ela une desde saberes de agricultores, comunidades quilombolas, povos indígenas, etc.; ao conhecimento científico atual para que, em conjunto, permita a realização de uma agricultura com padrões ecológicos econômicos, sociais, e de sustentabilidade. Podemos considerar que a agroecologia também pode ser definida como a produção e o cultivo de alimentos de forma natural, sem a utilização de agrotóxicos e adubos químicos solúveis desenvolvidos pela agricultura moderna. A cadeia de alimentos usa a base da agroecologia para a produção de seus alimentos, através da proposta de uma agricultura familiar. Proposta esta que prioriza o uso de técnicas, como a diversificação de culturas, sem adição de fertilizantes e produtos químicos, não visando produção em larga escala de alimentos, ou até mesmo a monocultura de um determinado alimento. 4
5 DESENVOLVIMENTO O projeto de que trata esse trabalho ora apresentado está sendo desenvolvido na cidade de São Carlos, no território do Jardim Monte Carlo, no Centro da Juventude Elaine Viviani, e tem como finalidade a participação dos moradores do bairro na produção de alimentos isentos de agrotóxicos, enquanto uma atividade que gere receitas a esta comunidade e que essa renda possa ser empregada na ampliação da presente proposta. O projeto tem como preocupação o desenvolvimento sustentável deste território, como parte das ações de fomento à Economia Solidária empreendidas pelo Núcleo Multidisciplinar e Integrado de Estudos, Formação e Intervenção e, Economia Solidária (NuMI EcoSol), em parceria com o Programa de Educação Tutorial Conexões de Saberes em Economia Solidária (PET EcoSol), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O desenvolvimento, nesta perspectiva deve ser pensado a partir de meios sustentáveis, ou seja, aproveitar o que o meio nos oferece sem comprometer a disponibilidade desses recursos para as futuras gerações. O aspecto econômico prevaleceu sobre gerações passadas e ainda é um modelo em vigor, contudo, temos visto certa urgência em mudar esta perspectiva para dar continuidade e preservar os recursos dos quais somos tão dependentes. Desta forma, o objetivo do projeto é realizar uma horta comunitária onde os indivíduos do território (Jardim Monte Carlo) participem na produção e distribuição de alimentos orgânicos, além da venda do produto, advento da horta, para gerar renda aos participantes do projeto com base nos princípios do comércio e do consumo ético, justo, responsável e solidário, enquanto preocupações da Economia Solidária. Para que o projeto dê continuidade no bairro selecionado procuramos desenvolver parceria com a Prefeitura local e foi cedido um espaço no Centro da Juventude, no entanto, a parceria só foi efetivada mediante acordo de que os alimentos produzidos neste local não possam ser vendidos o que, por sua vez, dificulta a difusão da idéia de gerar renda com os produtos produzidos no empreendimento. Então, a princípio, a intervenção não gera renda, mas todos 5
6 os envolvidos podem levar para seus lares todos os alimentos que forem produzidos pela horta comunitária. Ressaltamos que a intenção do projeto é fomentar uma produção de alimentos orgânicos com uma economia voltada para a comercialização direta dos produtos dentro do território, gerando assim uma renda aos participantes, sempre prevalecendo os moldes da economia solidária. Desta forma, a solidariedade na economia só pode se realizar se ela for organizada igualitariamente pelos que se associam para produzir, comerciar, consumir ou poupar (SINGER, 2002, p.09) A partir dos princípios solidários as pessoas do Jardim Monte Carlo poderão ter acesso aos alimentos orgânicos a preço justo, pois não há um intermediário entre o produtor e o consumidor. A equipe responsável pelas ações que envolvem a cadeia de alimentos está realizando negociações com a Prefeitura para obtenção de um local no entorno do Jardim Gonzaga a ser cedido para a UFSCar para que o empreendimento tenha mais autonomia e dê continuidade a outros projetos desenvolvidos pelo grupo que são: a padaria e a cozinha comunitária. Como todo projeto deparamo-nos com uma série de entraves que, de certa forma, contribuem para que haja alguma demora na implantação da horta e da produção de produtos orgânicos, entraves que vão desde onde produziremos os alimentos, até a falta de interesse dos moradores em participar das oficinas, palestras e da horta propriamente dita. Cotidianamente estamos tentando alcançar este público-alvo, mostrando-lhes através de convites e conversas informais o quanto a participação dos mesmos contribui para o desenvolvimento local. Integrar a população é fundamental para dar continuidade ao projeto e, por isso, temos feito um trabalho que tem como objetivo esclarecer o que estamos realizando neste território. CONCLUSÃO 6
7 A agroecologia traz para a discussão a respeito do meio ambiente, dois aspectos importantes, ou seja, ao mesmo tempo em que ela compreende a realidade econômica mundial, caracterizada pelo lucro e pelo consumo exacerbado da sociedade, ela também reconhece e reafirma a necessidade de mudanças no comportamento dessa mesma sociedade de consumo. Mostra que precisamos pensar em propostas cada vez mais sustentáveis de desenvolvimento e que sigam em conformidade com os aspectos ambientais. O presente projeto, como mencionado anteriormente, tem como proposta desenvolver um tipo de economia sustentável que seja benéfica, economicamente para a comunidade do bairro Monte Carlo, como também uma proposta de conscientização dessa população para as questões ambientais sempre levando em consideração o respeito à diversidade de saberes. As atividades realizadas pelo NuMI EcoSol no dia-a-dia em conjunto com a comunidade, gradativamente estão se demonstrando importantes para o desenvolvimento social naquela região. No caso desse projeto, há por parte de seus participantes uma significativa preocupação com as atividades da horta comunitária. Contudo, ainda não conseguimos atingir parcela considerável da população do bairro e, notamos certo desinteresse de parte da população em construir e dar forma a este projeto, por diversos motivos, como a falta de tempo e o seu desconhecimento no bairro. Nesse sentido, para que todas as pessoas fossem continuadamente informadas sobre o que estamos desenvolvendo, procuramos realizar oficinas, palestras, até mesmo a prática de ir porta a porta divulgando o projeto e convidando-as a participarem. Por fim, a intenção do projeto não é somente ensinar como levar uma vida sustentável, mas também abordar como está organizada a economia moderna e como podemos de certa forma, nos tornar atores sociais mais ativos e conscientes de nossas ações. 7
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DINIZ, J.R.V.P; MARCELINO, L. A agricultura urbana na perspectiva do comércio justo e solidário: alternativa para o desenvolvimento local na busca da sustentabilidade das cidades. V Encontro Internacional de Economia Solidária, PASSOS, P.N.C. A Conferência de Estocolmo como ponto de partida para a proteção internacional do meio ambiente. Rev. Direitos Fundamentais & Democracia, v.06, SCHMITT, C.J. Economia solidária e agroecologia: convergências e desafios na construção de modos de vida sustentáveis. Rev. Mercado de Trabalho, n. 42, SINGER, P. Introdução à economia solidária. São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo,
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