FUNRURAL (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural)

Transcrição

1 FUNRURAL (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural) Gabriela Silva de Lemos e Armando Bellini Scarpelli

2 Funrural

3 FUNRURAL três contribuições distintas 1) Contribuição devida pelo produtor rural pessoa jurídica, incidente sobre a receita bruta da comercialização da sua produção, em caráter substitutivo à contribuição que normalmente incidiria sobre a remuneração. Essa exação é prevista pelo artigo 25 da Lei n 8.870/94 (com redação da Lei nº /2001); 2) Contribuição devida pela Agroindústria, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição à contribuição incidente sobre a remuneração. Essa contribuição é prevista pelo artigo 22A da Lei n 8.212/91 (com redação da Lei nº /2001); 3) Contribuição devida pelo produtor rural pessoa física, que incide sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, em substituição à contribuição que normalmente incidiria sobre a remuneração por ele concedida àqueles trabalhadores que lhe prestem serviços. Essa contribuição é prevista pelo artigo 25 da Lei nº 8.212/91 (com redação da Lei nº /2001); Foi declarada inconstitucional pelo STF RE (FRIGORÍFICO MATABOI S/A), para os períodos anteriores à Lei nº /2001; Porém, a contribuição devida pelo produtor rural pessoa física com as alterações trazidas pela Lei n /2001 (pós Emenda Constitucional n 20/98) foi declarada constitucional pelo STF por maioria de votos RE n é constitucional, formal e materialmente, a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei /2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. (acórdão não publicado). 3

4 Contribuição devida pelo produtor rural pessoa física Contribuintes do FUNRURAL produtor rural pessoa física que tenha empregados; Fato Gerador e Base de Cálculo - Receita Bruta proveniente da comercialização da sua produção rural; Responsável tributário adquirente da produção rural (empresa ou cooperativa); Alíquota - 2,3% (2% para INSS; 0,1% Acidente de Trabalho; 0,2% Senar); Prazo para recolhimento: até o dia 20 do mês subsequente ao da comercialização realizada. Antecipa-se o pagamento para o primeiro dia útil, anterior ao vencimento, quando não houver expediente bancário. 4

5 Julgamento do STF RE nº (JOSE CARLOS STANISZEWSKI ). Reversão de posicionamento do STF;. Julgamento de 2010 inconstitucionalidade do FUNRURAL Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97, pré Emenda Constitucional nº 20/98;. Emenda Constitucional nº 20/98 aumento das materialidades passíveis de incidência de contribuições à Seguridade Social possibilidade de tributação de qualquer receita (a redação original estabelecia que as bases passíveis eram apenas folha de salários, faturamento e lucro);. Lei nº /2001 Pós Emenda Constitucional nº 20/98;. Receita Bruta da comercialização possibilidade constitucional. 5

6 Julgamento do STF Consequências. Julgamento em Repercussão Geral - Os juízes e os tribunais observarão os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos art. 927, inciso III, do Código de Processo Civil;. Apesar de a decisão do STF dever servir como orientação para todo o Judiciário, eventuais decisões proferidas em ações individuais permanecem vigentes até que individualmente reformadas;. Possível reforma das decisões individuais logo após a publicação do acórdão (prazo incerto para publicação). 6

7 Julgamento do RE n Quem pagará a conta Nos termos do artigo 30, incisos III e IV, da Lei n 8.212/91, o responsável pelo recolhimento e repasse do tributo é o adquirente da produção rural; Receita Federal poderá exigir o tributo tanto da pessoa física produtora ou do adquirente da produção (a própria legislação autoriza tal expediente); Ajuizamento de ação para discussão do FUNRURAL: 1. Adquirente da produção que deixou de reter a contribuição sem decisão judicial; 2. Adquirente da produção que deixou de reter a contribuição por ter decisão; 3. Pessoa física que deixou de sofrer a retenção por ter decisão judicial. 7

8 Julgamento do RE n Quem pagará a conta 1) Adquirente da produção que deixou de reter a contribuição sem decisão judicial : Adquirente da produção que por força do entendimento do STF no julgamento de 2010 deixou de reter e repassar a contribuição ao FUNRURAL; Como é sub-rogado na obrigação, dele será exigido. 8

9 Julgamento do RE n Quem pagará a conta 2) Adquirente da produção rural com decisão liminar vigente: Entendimento pacificado do STJ a pessoa jurídica adquirente de produtos rurais é responsável tributário pelo recolhimento da contribuição para o FUNRURAL sobre a comercialização do produto agrícola, tendo legitimidade tão somente para discutir a legalidade ou constitucionalidade de exigência, mas não para pleitear em nome próprio a restituição ou compensação do tributo ; Com a cassação da liminar, o adquirente deverá recolher a contribuição; A RFB poderá exigir tanto do adquirente (que deu causa ao não recolhimento) quanto do produtor (que deixou de sofrer o ônus da carga tributária). 9

10 Julgamento do RE n Quem pagará a conta 3) Produtor rural pessoa física com decisão liminar vigente: Causalidade; O adquirente da produção, por força de liminar obtida por ação ajuizada pelo produtor rural pessoa física, deixa de reter e repassar o tributo ao Fisco; Após a cassação da liminar, o produtor rural pessoa física deverá arcar com o recolhimento da contribuição; Situação específica se a ação for ajuizada por cooperativa para qual a pessoa física expressamente outorgou representação processual; Parecer Normativo PGFN nº 1/2002 se a fonte não faz uma retenção em razão de ordem judicial e, por causa disso, paga o rendimento integralmente ao beneficiário, este beneficiário passa a ser o responsável pelo pagamento do respectivo imposto, caso este volte a ser devido (cassação da ordem judicial anterior) ; 1ª e 2ª Turmas do STJ: No regime de substituição tributária, não se pode exigir do substituto o ICMS (ou eventuais diferenças) não recolhido durante o período em que o substituído foi beneficiado por decisão judicial que autorizou o recolhimento do tributo fora do regime mencionado (RESP nº ). 10

11 Julgamento do RE n Quem pagará a conta Problemática: 1) Necessidade de o adquirente da produção ser formalmente intimado nos autos do processo judicial (caso a ação tenha sido ajuizada por produtor rural pessoa física) cumprimento de dever legal; 2) Contrato entre os particulares não pode ser imponível ao FISCO o adquirente tem que exigir a comprovação de que a liminar está vigente antes de deixar de reter e repassar o tributo; 3) Como se dá a contagem do prazo de prescrição e decadência do FUNRURAL em litígio. 11

12 Anistia Projeto de Lei do Senado n 132 de junho de 2017 Proposto pelo Senador Ronaldo Caiado, apenas para as pessoas físicas produtoras rurais; Justificativa do Projeto de Lei; Geração de passivo tributário para o segmento, ante o julgamento do STF; Concedida remissão para os produtores rurais pessoas físicas com vencimento até 30 de março de 2017; Projeto de lei arquivado pelo Senado em , pois o referido projeto de lei daria oportunidade de que a anistia atingisse também as pessoas jurídicas. 12

13 Anistia Novo Projeto de Lei do Senado Novo projeto de lei será apresentado; Divergências entre o Governo e a bancada ruralista (Valor Econômico ); Enquanto a Receita Federal defende que os produtores inadimplentes quitem 4% do total de suas dívidas antes de começarem a pagar as novas alíquotas que serão fixadas pela MP, os ruralistas querem que esse percentual inicial seja de 1%; A bancada ruralista também sugere que o saldo devedor seja corrigido pelo IPCA (índice oficial de inflação do país) - e não pela Selic, como pretende o governo; Os parlamentares também propõem perdão de até 50% das multas, enquanto o Fisco não abre mão de um limite de até 25%. Concordância entre o Governo e a bancada Ruralista Redução da alíquota cheia do Funrural de 2,3% para 1,5%. Anistia existente até o momento Programa Especial de Regularização Tributária PERT (redução de multa e juros e possibilidade de parcelar os débitos de natureza tributária, vencidos até 30 de abril de 2017). 13

14 Outras discussões Base de cálculo da contribuição ao FUNRURAL: Exclusão do ICMS da base de cálculo do FUNRURAL; Do mesmo modo como o ICMS não deve compor a base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS por não ser receita própria do contribuinte (mas sim do Estado Federado), não poderia este imposto compor a base de cálculo do FUNRURAL, já que não é receita bruta da comercialização da sua produção. Inclusão na base do FUNRURAL de receitas não decorrentes estritamente da comercialização da produção rural (frete, venda de ativos, revenda de produção rural alheia etc); exportação por trading imunidade? Leading case no STF (RE Ministro Roberto Barroso) Possui repercussão geral a controvérsia a respeito da aplicação, ou não, da imunidade prevista no art. 149, 2º, I, da Constituição às exportações indiretas, isto é, aquelas intermediadas por trading companies. 14

15 Perspectivas da Reforma Trabalhista para o Agronegócio Prática Trabalhista Julho 2017

16 Destaques do Trabalho Temporário Lei nº 6.019/74 (antiga) Lei nº /2017 (altera dispositivos da Lei nº 6.019/74) Duração Até 90 dias (prorrogação por até 90 dias) Até 180 dias (prorrogação por até 90 dias) Contratação Somente empresas de trabalho temporário podem fornecer trabalhadores temporários às empresas contratantes Sem alterações, mas deixa mais expresso essa forma de contratação Requisitos Substituição transitória de pessoal regular permanente ou em razão de acréscimo extraordinário de serviços Substituição transitória de pessoal permanente (exceto em caso de greve), ou devido a fatores imprevisíveis, ou fatores previsíveis com natureza intermitente, periódica ou sazonal Salário e jornada de trabalho Equivalentes às dos empregados de mesma categoria da empresa tomadora ou cliente Sem alterações O contrato de trabalho temporário pode versar sobre o desenvolvimento de atividades-meio e atividades-fim a serem executadas na empresa tomadora de serviços. Perspectivas da Reforma Trabalhista para o Agronegócio 16

17 Principais Destaques da Terceirização Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho Lei nº /2017 (altera dispositivos da Lei nº 6.019/74) Atividades terceirizadas Sem previsão legal (Súmula nº 331 do TST proíbe terceirização de atividade-fim) Não proíbe e nem autoriza expressamente a terceirização da atividade fim Fala em serviços determinados e específicos Objeto do Contrato Requisitos da empresa Sem previsão legal Objeto do contrato deve ser determinado e específico Sem previsão legal capital social compatível com o número de empregados, observando-se alguns parâmetros. Responsabilidade da empresa Responsabilidade direta em caso de atividade-fim Responsabilidade subsidiária em caso de atividade-meio Responsabilidade subsidiária Os contratos em vigência, se as partes assim acordarem, poderão ser adequados aos termos desta Lei. Perspectivas da Reforma Trabalhista para o Agronegócio 17

18 PLC 38/2017 Reforma Trabalhista (1 de 3) Alteração da Lei nº 6.019/74: autorização expressa de terceirização da atividade fim. Alteração da Lei nº 6.019/74: direitos iguais entre empregados comuns em relação à alimentação, transporte, assistência médica, treinamento, saúde ocupacional, segurança e higiene. Alteração da Lei nº 6.019/74: antigos empregados (últimos 18 meses) não podem ser contratados como pessoas jurídicas, exceto se forem aposentados. Ausência de registro de empregados: multa aumentada para R$ 3.000,00 por empregado. Trabalho intermitente: regramento específico atividade não contínua salário hora e convocação com três dias de antecedência INSS e FGTS sobre os valores mensais pagos. Grávidas em atividade insalubre: grau máximo (não podem trabalhar); grau mínimo e médio (podem trabalhar mediante laudo médico). Perspectivas da Reforma Trabalhista para o Agronegócio 18

19 PLC 38/2017 Reforma Trabalhista (2 de 3) Tempo gasto dentro das dependências da empresa: não será considerado parte da jornada de trabalho, se for escolha do empregado para proteção pessoal ou para atividades particulares. Horas in itinere: não se computam na jornada de trabalho. Banco de Horas: por acordo individual para compensação até 6 meses. Horas extras não descaracterizam o banco de horas. Divisão do período de férias (30 dias): até 3 vezes (mínimo de 14 dias). Critérios para fixação de danos morais: ofensa leve (até 3 salários); ofensa média (até 5 salários); ofensa grave (até 20 salários); e ofensa gravíssima (até 50 salários) pode ser dobrado. Demissão coletiva: sem necessidade de negociação prévia com o sindicato. PDV: desde que por meio de ACT ou CCT dá quitação ao contrato de trabalho. Termo de quitação anual: é permitido requerer quitação anual na vigência do contrato de emprego perante o sindicato dos empregados. Perspectivas da Reforma Trabalhista para o Agronegócio 19

20 PLC 38/2017 Reforma Trabalhista (3 de 3) Representantes dos empregados: empresas com mais de 200 empregados de 3 a 7 membros (varia de acordo com o tamanho) mandato de 1 ano reeleição somente depois de 2 mandatos subsequentes representação dos empregados nas discussões com a empresa vedação de dispensa arbitrária 1 ano após o mandato (dispensa somente com base em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro). Contribuição sindical: mediante autorização prévia. Prevalência da negociação coletiva sobre a legislação: jornada de trabalho, banco de horas anual, intervalo para refeição de 30m, adesão ao PSE, plano de cargos e salários e cargos de confiança, modalidade para registro da jornada, enquadramento do grau de insalubridade, PLR, etc. Duração máxima de 2 anos e sem renovação automática dos acordos coletivos. Execução será promovida pela partes, exceto se as partes estiverem sem advogado Homologação judicial de acordos extrajudiciais. Vacatio legis de 120 dias. Perspectivas da Reforma Trabalhista para o Agronegócio 20

21 Potenciais Vetos/ Medidas Provisórias 1. Gestante e lactante em ambiente insalubre: de acordo com o PLC 38/2017 a gestante deveria ser afastada automaticamente durante a gestação apenas das atividades insalubres em grau máximo. Para graus médio/mínimo, só por laudo médico. Possível veto. 2. Possível retorno da homologação sindical para contratos com mais de 1 ano. 3. Possível instituição da Contribuição de Assistência e de Negociação Coletiva. 4. Atualização das multas pelo IPCA e desconto de 20% na desistência do recurso. 5. Terceirização. Representação sindical pela atividade preponderante da contratante. 6. Multa por empregado ref. à autonomia da negociação do contrato individual de trabalho, podendo ser multiplicada por 20 em caso de trabalho em condição análoga à de escravo. 7. Acordo individual para a jornada 12x36: permite acordo individual para a jornada 12x Trabalho intermitente: a prestação de serviços não é contínua, embora com subordinação. São alternados períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses. Possível regulamentação por MP. 9. Representantes dos empregados: possível veto e regulamentação por MP. Perspectivas da Reforma Trabalhista para o Agronegócio 21

22 SÃO PAULO PAULISTA Al. Joaquim Eugênio de Lima São Paulo SP Brasil T SÃO PAULO FARIA LIMA Rua Campo Verde 61 3º andar São Paulo SP Brasil T BRASÍLIA SHS Q6 Bloco C Cj. A sala Brasília DF Brasil T RIO DE JANEIRO Praia do Flamengo º andar Rio de Janeiro RJ Brasil T NEW YORK 712 Fifth Avenue 26 th floor New York NY USA T