Análise Peirceana do Processo de Indexação: em busca de fundamentos para a organização da informação 1

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1 Análise Peirceana do Processo de Indexação: em busca de fundamentos para a organização da informação 1 Carlos Cândido de Almeida (UNESP) José Augusto Chaves Guimarães (UNESP) Resumo: A indexação é um processo constituído de etapas determinadas as quais objetivam retirar assuntos relevantes de um documento para sua representação e futuro acesso à informação. As atividades de indexação constituem objeto de investigações sobre a interação entre Semiótica e Ciência da informação. O objetivo do trabalho é mostrar como os conceitos fenomenológicos e semióticos de C. S. Peirce ( ) são utilizados para explicar os processos de análise da informação. Para tanto, recorre a procedimentos de pesquisa teóricobibliográficos, discutindo a problemática a partir da literatura sobre o assunto. Fundamenta-se nos trabalhos de Mai (1997a, 1997b, 1999, 2000) cujos argumentos procuram sustentar que o processo de indexação de assunto pode tomar como base a Semiótica peirceana. Conclui que os conceitos peirceanos merecem figurar no rol de estudos da Ciência da Informação, pois as conseqüências epistemológicas para a indexação podem impactar sobre a área de organização da informação. Palavras-chave: Ciência da Informação. Semiótica. Organização da Informação. Filosofia de Peirce. Abstract: The indexing is a constituted process with stages which aim at removing relevant subjects of the document for its representation and future information access. The indexing activities constitute object of investigations about the interaction between Semiotics and Information Science. The aim of this work is to show as the phenomenology and semiotics concepts of C. S. Peirce ( ) are utilized to explain the analysis information processes. For so, it falls back upon research theoretical-bibliographical procedures to discuss the problems from the literature on this subject. It is based in the works of Mai (1997a, 1997b, 1999, 2000), whose defends that the subject indexing process can be based on Peircean Semiotics. It concludes that peircean concepts deserve to represent in the studies list of the Information Science, because the epistemological consequences for the indexing can influence on the information organization field. Keywords: Information Science. Semiotics. Information Organization. Philosophy of Peirce. 1 Comunicação oral apresentada ao GT-02 - Organização e Representação do Conhecimento. 1

2 1 INTRODUÇÃO As contribuições interdisciplinares oscilam entre as que provêm de áreas ocupacionais e as de campos científicos. Na perspectiva estadunidense de Ciência da Informação encontramos em Borko (1968) uma tentativa ampla de diagnosticar quais os campos que supostamente relacionam-se com esta área. O autor já constatava a presença de disciplinas que estudam a linguagem. Em uma perspectiva francesa o mesmo fenômeno se verificou. Com efeito, para os cientistas da informação a Lingüística, ciência da língua, é considerada fundamental, principalmente, quando partem da seguinte premissa: já que trabalhamos com a língua em suas manifestações registradas, são indispensáveis conhecimentos lingüísticos. Por essa ótica, a relação entre estas duas áreas parece bastante óbvia, pois a Ciência da Informação lida com a linguagem como primeiro meio de comunicação da informação e a Lingüística estuda a linguagem (MONTGOMERY, 1972, p. 195). Esse argumento orienta, de certo modo, os estudos lingüísticos na Ciência da Informação. Contudo, a graduação em que nos valemos da Lingüística não é a mesma para todos os seus sub-campos. Supomos que a organização da informação, que se ocupa dos processos intermediários entre um contingente de informação disponível e seu posterior acesso, muito mais que a recuperação da informação, obtém um maior número de contribuições da ciência da língua. Subsumidas às atividades de organização da informação estão as práticas conhecidas como tratamento do conteúdo informacional, as quais debruçam-se nas etapas que retiram temas significativos dos documentos e os transformam em informações representativas dos mesmos. No âmbito temático da análise da informação, foram realizados diversos estudos sobre a compatibilidade da Lingüística com a organização da informação. Alguns trabalhos atacaram o problema com profundidade, sintetizando os conceitos e correntes da Lingüística e identificando suas possibilidades de aplicação, presentes e futuras (RIBEIRO, 1978, NATALI, 1978, BARANOW, 1983, CINTRA, 1983, LARA, 1999, IZQUIERDO ALONSO, 2000, VOGEL, 2007). Enquanto que outros trabalhos reavaliaram tão-somente a literatura, sem suscitarem acrescimos substanciais sobre o problema da interface entre Lingüística e organização da informação (NAVARRO, 1988, MENDONÇA, 2000, BUFREM, 2005). Em ambos os grupos de trabalhos, notamos uma influência invariável dos conceitos e teorias originados na Lingüística estrutural. Sob o conceito de sistema, inaugurado por Saussure (1970), como uma matriz teórica que representa a arquitetura da língua, ancoram-se os desenvolvimentos posteriores do estruturalismo. Hjelmslev (1972) foi enfático ao ressaltar que na Lingüística adota como fundamental a hipótese da estrutura, à medida que guia os trabalhos posteriores de identificação e descrição das línguas. Um posterior desenvolvimento das teses estruturalistas foi conduzido por Greimas (1973) que elaborou um modelo estrutural para se proceder a análise de estruturas discursivas bem superiores à palavra. Acreditamos que a Lingüística em sua matiz estrutural é, reconhecidamente, a principal perspectiva que ofereceu subsídios conceituais à análise do conteúdo dos documentos. Em várias oportunidades, os estudos abrangidos nas coletâneas organizadas por Smit (1989) e Cunha (1989), sugerem o pressuposto de que a interação entre análise do conteúdo da informação e a Lingüística deve ser guiada pela necessidade. No entanto, surgem dúvidas sobre a validade desse procedimento, pois este visa aproximar duas disciplinas guiando-se antecipadamente por objetivos práticos. Tal estratégia dificulta uma razoável compreensão da Lingüística, quando seleciona desta disciplina apenas o que aparentemente mostra-se aplicável. 2

3 Por esta razão, quando procuramos enfatizar as relações entre a teoria dos signos ancorada na Filosofia, tal como a Semiótica de Charles S. Peirce ( ), e a Ciência da Informação, as orientações diretamente práticas podem inviabilizar a compreensão da proposta do autor ou da disciplina em questão. A indexação, processo constituído de etapas com o objetivo de retirar assuntos relevantes de um documento pode servir de base para investigações sobre interação entre Semiótica e Ciência da informação. Esse processo conta com as contribuições mais significativas provenientes da Lingüística e, em certo sentido, da Psicologia, o mesmo não ocorrendo com a teoria dos signos. O objetivo deste trabalho é duplo, em primeiro lugar, procuramos mostrar como os conceitos fenomenológicos e semióticos de Peirce podem ser utilizados para explicar os processos de análise do conteúdo da informação. Em segundo lugar, intentamos discutir algumas conseqüências da adoção da Filosofia e Semiótica de Peirce que podem servir de base para a área de organização da informação. Tratamos também de continuar a reflexão sobre as interações entre Semiótica de Peirce e Ciência da Informação, pesquisa fundamentalmente teóricobibliográfica que se vale da literatura sobre o assunto para discutir a problemática. 2 ETAPAS DA ANÁLISE TEMÁTICA DA INFORMAÇÃO A área da Ciência da Informação que pesquisa e propõe metodologias de análise da informação, de um ponto de vista temático, não se apresenta de forma consensual nos diversos países. Guimarães (2006, p. 9-10) identificou três distintas correntes que sustentam as discussões fundamentais da análise do conteúdo da informação: a linha norte-americana ou subject cataloguing, cuja ênfase está nos catálogos enquanto produtos do processo de análise; a linha inglesa ou indexing, em que o enfoque está nos instrumentos de indexação, índices e tesauros e a linha francesa ou analyse documentaire, cuja atenção incide sobre o processo de análise da informação. De modo semelhante, Lancaster (1993, p. 15) pontuou que há algumas distinções na literatura da Ciência da Informação sobre a análise da informação: a catalogação de assunto, a indexação de assunto e a classificação. A catalogação de assunto, por um lado, diz respeito às atividades de atribuição de cabeçalhos de assunto que potencialmente representam o conteúdo de documentos tomados na íntegra, tal como o livro, o relatório etc. Enfatiza, naturalmente, as formas de representação do assunto em um catálogo de uma biblioteca. A indexação de assunto, por outro lado, é a expressão que corresponde às atividades de representação do conteúdo de partes de um documento com o objetivo de produzir um índice cujos termos referem-se aos assuntos no interior do documento (LANCASTER, 1993, p. 15). As atividades compreendidas pela classificação destinam-se à atribuição de números de classificação para os documentos, com a finalidade estrita de ordenar itens em estantes em de bibliotecas. Conquanto para Lancaster (1993, p. 17) tal divisão é enganosa e artificial, então por comodidade prefere designar como indexação todas estas atividades de classificação de assuntos. A concepção de indexação do autor pressupõe algumas etapas fundamentais: a análise conceitual e a tradução. Na análise conceitual procuramos descobrir a tematicidade do documento, do que trata, quais seus assuntos e quais os conceitos que melhor o representam. A tradução é a etapa que compreende as atividades de conversão dos resultados da análise conceitual para termos de indexação. Nessa etapa, utilizamos com freqüência de algum tipo de vocabulário controlado, e não é o caso de pormenorizar seus tipos, bem como especificar as modalidades de indexação. 3

4 O processo de indexação assim aceito é composto de etapas, cada uma das quais com objetivos claros. Na primeira, analisa-se e retiram-se os conceitos indispensáveis para representação de um documento. A segunda etapa enseja como resultado termos de indexação representáveis em sistemas de classificação, cabeçalhos de assunto ou tesauros. Devemos salientar que ao lado das atividades de indexação, a análise da informação requer o processo de redação de resumos cuja atividade circunscreve-se à descrição narrativa de um texto, resultando em algumas modalidades de resumos, conforme os objetivos de seu uso: breves (indicativo), ampliados (informativos) e com comentários (críticos). Entretanto, a concepção de indexação que concentra a análise e a representação de conteúdos informacionais divide-se em mais perspectivas que focam outros aspectos do tratamento da informação. É o caso da corrente francesa conhecida por análise documental. A orientação conhecida como análise documental de conteúdo originou-se com os trabalhos de J. C. Gardin, argumento aceito unanimemente por diversos autores da área da organização da informação (KOBASHI, 1989, CUNHA, 1989a, 1989b). A análise documental preocupa-se com o tratamento do conteúdo de textos. Afirma Gardin (1974, p. 121) que a análise documental trabalha com textos provenientes do discurso científico. Essa separação pôde parecer operativa, mas atualmente merece ser revista, porque é notória a atenção da análise documental destinadas aos demais tipos de textos. Gardin (1966, p ) salientou que dois processos parecem fundamentais para se trabalhar com o conteúdo dos documentos: a extração [...] onde se retira um certo número de palavras ou frases do texto original, julgadas particularmente representativas de seu conteúdo, sem lhes fazer sofrer nenhuma transformação e a indexação [...] onde se substitui freqüentemente uma palavra ou uma expressão da linguagem natural por um termo completamente diverso [...]. Em uma obra posterior Gardin (1987, p 48-49) ressaltou que a análise documental é a expressão que deve designar o conjunto de procedimentos para exprimir o conteúdo dos documentos científicos sob formas destinadas a facilitar a consulta, enquanto que a indexação é entendida uma extensão deste procedimento, em que associamos para cada documento, um número de termos ou descritores. Nesse contexto, o resumo é uma das formas de passar do texto original a um mais curto, escrito na mesma linguagem científica ou natural; e a classificação designa domínios ou assuntos para classes de documentos. O produto da análise documental é uma representação do texto em uma linguagem que não poderá ser confundida com a língua do documento, mesmo que os termos possuam a mesma forma. Em síntese, teríamos duas etapas de análise documental e indexação. Chaumier (1971, p. 15) define análise documental como o conjunto de operações que procuram representar o conteúdo de um documento em uma forma diferente da original. Os métodos que concretizam esta operação são a redação de resumos e a indexação. O processo de redação de resumo procura propor uma representação condensada dos textos, enquanto o método designado por indexação procura destacar conceitos de um documento e substituí-los por termos diferentes dos presentes no texto original. Esse processo implica algum tipo de tradução. A indexação opõe-se à extração, cuja tarefa principal é retirar palavras do texto que representam o conteúdo principal do texto. Na extração as palavras não sofrem alteração semântica significativa. Conforme ressalta Chaumier (1971, p. 16) Trata-se de duas variantes do mesmo método de análise. Para Cunha (1989a, p ) a metodologia da análise documental supõe basicamente dois momentos: a análise, com o objetivo de segmentar o texto e isolar conceitos que possivelmente traduziriam o conteúdo do documento; a síntese, que tem como meta chegar a conceitos que traduzam efetivamente o conteúdo na forma de linguagens documentais, subenten- 4

5 dendo a anterior seleção dos aspectos formais e de conteúdo de acordo com a fixação dos conceitos escolhidos. Em um outro trabalho, Cunha (1989b, p ) considerou que existem na realidade três e não dois momentos no processo de análise documental: [...] a leitura, a segmentação e a representação em linguagens documentárias do texto ou documento analisado, sendo que os dois primeiros momentos (a leitura e a segmentação) constituem a análise do texto da qual depende intrinsecamente a representação-metatexto. Kobashi (1996, p. 10) também assinala que a analise documental pressupõe três fases: leitura do texto, seleção do conteúdo informacional considerado relevante para usos determinados e representação ou dar forma às informações selecionadas para poder manipulá-las futuramente. Da mesma forma, o esquema proposto para sintetizar as atividades de organização da informação de Guimarães, Danuello e Menezes (2004, p. 183) demonstra que o aspecto temático da informação divide-se em três processos: análise, condensação e representação, sendo que os produtos da análise documental de conteúdo são o índice e o resumo. Com efeito, esses três momentos, fases ou processos, definidos aqui como etapas, constituem um desmembramento lógico dos processos desenvolvidas por Gardin, pois o início de qualquer atividade de extração passaria pela leitura preliminar e, como tal, requer atenção especial. Mas, apesar da diversidade terminológica, podemos afirmar que são três as etapas da análise documental: análise do material que subentende a leitura e um tipo de extração de informação; condensação que objetiva reduzir a um conjunto de informações, etapa que requer um conhecimento do texto para poder segmentá-lo e selecionar as partes relevantes para reconstruí-lo e; representação como etapa final que procura fazer equivalências, em que o estar no lugar de, ou referir-se a, é condição fundamental para expressar o conteúdo de um documento em linguagens documentais. Diferentemente das concepções de indexação estadunidense e inglesa, a análise documental inclui a indexação como uma etapa localizada no final do processo e não como a expressão que agrupa o conjunto de etapas do tratamento do conteúdo da informação. Essa distinção não influencia o sucesso do processo, no entanto, revela a ênfase de cada uma das correntes, ora nos produtos, ora nos processos de análise. Reconhecendo a diversidade no que tange o número de etapas de análise da informação, Mai (1997b, 2000, 2001) tratou de sistematizá-las e ilustra-las em um modelo que contempla os elementos envolvidos na indexação de assunto. Depois de identificar que as indicações de etapas para este processo variam em quantidade, entre duas, três ou quatro etapas, opta por aprofundar três delas. Antes, porém, identifica que na literatura dedicada ao tema são poucas as explicações sobre os processos, as quais não vão além de instruções genéricas de como se proceder à indexação de assunto: examinar as partes do documento, título, sumário, bibliografia, prefácio etc. Defende (MAI, 1997b, p. 60) que os manuais de indexação são pouco instrutivos a respeito de como identificar o assunto, mostrando apenas a localização de partes que ajudarão o profissional a indexar. Para Mai (1997b, p. 60, 2001, p ) a primeira etapa corresponde ao processo de análise do documento que examina o documento com o objetivo de alcançar os assuntos. A segunda etapa chama-se processo de descrição de assunto e consiste na formulação de uma frase de indexação ou descrição de assunto. Por fim, a terceira etapa conhecida como processo de análise de assunto diz respeito à tradução da descrição de assunto para uma linguagem de indexação ou esquema de classificação. A inovação do autor não está na proposição de uma nova classificação das etapas da indexação de assunto, mas na constatação de que há elementos presentes neste processo que merecem ser examinados. O primeiro dos quatro elementos é o documento, objeto físico e um potencial de idéias que é objetivo último do processo de análise, independente da denomina- 5

6 ção das etapas. O segundo elemento é o assunto, resultado do processo de análise do documento que consiste em um objeto mental ou sensações sobre o assunto do documento construído pelo indexador. O terceiro elemento é o produto do processo de descrição de assunto, isto é, a descrição formal do assunto, ou simplesmente descrição do assunto, é uma formulação coerente do assunto de um documento em uma linguagem. Se o segundo elemento é mental e divide espaço com uma infinidade de idéias e conceitos sobre o documento, quando passamos para a descrição do assunto buscamos reduzir as várias possibilidades de assuntos em uma forma coerente. O quarto elemento derivado da terceira etapa é denominado entrada de assunto, sendo construído por linguagens de indexação e sistemas de classificação. Apresenta-se na forma de termos de indexação ou cabeçalhos de assunto. Segundo Mai (2001, p , tradução nossa): A entrada de assunto poderia ser um termo de indexação verbal ou poderia ser uma notação em um sistema de classificação. Mai (1997b, p. 61) esquematiza a disposição das etapas e dos elementos do processo de indexação. Conforme podemos inferir, há uma drástica redução quantitativa do volume dos elementos após a execução de cada uma das etapas. Fonte: Mai (1997b, p. 61, tradução nossa) Figura 1: O Processo de Indexação de Assunto Devemos fazer uma observação sobre o fato de que Mai (1997a, 1997b, 2000, 2001) procurou discutir um processo padrão de análise do assunto, não considerou que algumas correntes da análise temática da informação dispensam algumas destas fases, tampouco discutiu as atividades atuais ligadas à catalogação em que a cooperação internacional disseminada pelos profissionais da informação provoca uma redução do número de etapas executadas, principalmente em bibliotecas. Contudo, as etapas e os elementos não são simples indicações rígidas das fases por que passa qualquer documento para ser representado, elas devem identificar uma dinâmica de a- ções mentais produzidas por um indexador em sua interação com os documentos, as idéias e os usuários do sistema. Essa dinâmica, imersa em um universo de interpretações, leva-nos a considerar que cada um dos elementos pode ser examinado como signos resultantes das etapas de indexação, as quais também fazem parte deste universo e como tais devem ser igualmente consideradas signos. Além do mais, os elementos do processo merecem uma classificação sígnica que demonstre, efetivamente, a redução gradual da representação do documento após as etapas de análise. 3 AS CLASSES DE SIGNOS DE PEIRCE A obra de Peirce abrange um conjunto de contribuições que perpassam várias áreas, entre elas a própria Filosofia, Matemática, Química, Geodésia etc. Especificamente nos estudos filosóficos encontramos os alicerces da Semiótica, a qual não é efetivamente conhecida sem a referência aos demais campos da Filosofia. Para compreendê-la devemos sustentar nossa exposição nas categorias da experiência incluídas no projeto de Fenomenologia de Peirce 6

7 Investigando a natureza dos fenômenos, Peirce verifica que as tríades são constantes na Lógica, Metafísica e Psicologia. As tríades representam três tipos de fenômenos que devem ser investigadas por uma disciplina filosófica que opta por encarar o dia-a-dia como um grande campo de estudo. A Fenomenologia ou Faneroscopia é a primeira disciplina da Filosofia e faneron (phaneron) ou fenômeno é tudo o que está presente em uma mente (PEIRCE, 1980, p. 85). A Fenomenologia esboça três categorias da experiência: a Primeiridade (firstness), a Secundidade (secondness) e a Terceiridade (thirdness). A categoria da experiência Primeiridade assume que algumas coisas são qualidades em si mesmas, independente de qualquer relação com um outro fenômeno. Refere-se unicamente a sensação no exato momento em que a experienciamos. Na Primeiridade não existe relação percebida entre fenômenos. Atesta Peirce (1972, p. 136) que a Primariedade é o modo de ser daquilo que é tal como é, positivamente e sem referência a qualquer outra coisa. A Secundidade reconhece que há uma relação entre dois elementos, o sentido de ação e reação, de um ego contra um não-ego. É a sensação de que ocorreu algo, de existência. A sensação de conflito pode ser entendida como [...] a ação mútua de duas coisas sem relação com um terceiro, ou medium, e sem levar em conta qualquer lei da ação. (PEIRCE, 1980, p. 90). Por Terceiridade entendemos a categoria da experiência que procura compreender os fenômenos mediativos, a síntese, a ligação do primeiro com o segundo constituindo-se um terceiro. Peirce (1972, p. 136) sustenta Terciariedade é o modo de ser daquilo que é tal como é, colocando em relação recíproca um segundo e um terceiro. Por seu turno, o signo é uma entidade complexa que procura representar um objeto no sentido de produzir uma interpretação. Vale-se de três conceitos fundamentais: signo, objeto e interpretante. O signo é um termo utilizado em duas ocasiões, por um lado, é atribuído ao representamen ou a representação do objeto, por outro lado, compreende todo o complexo dos três elementos do signo peirceano. O signo, enquanto um primeiro, enquadra-se na categoria de Primeiridade. O objeto, enquanto tal, na segunda categoria, pois este submete nossa sensibilidade à prova constante, para assim reconhece-lo e mostrar como ele deve ser representado. Quando observamos o signo é o interpretante que cumpre a função de mediar signo e objeto, um primeiro e um segundo, portanto, é fenomenologicamente um terceiro. Um signo, ou representamen, é aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa algo para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria, na mente dessa pessoa, um signo equivalente, ou talvez um signo mais desenvolvido. Ao signo assim criado denomino interpretante do primeiro signo. O signo representa alguma coisa, seu objeto. Representa esse objeto não em todos os seus aspectos, mas com referência a um tipo de idéia que eu, por vezes, denominei fundamento do representâmen. (PEIRCE, 2000, p. 46). Objeto, referindo-se a qualquer coisa que possa ser tomada como fonte de uma representação. Nessa definição não se incluem apenas objetos físicos ou fenômenos exteriores. O que os lingüistas classificam como fenômeno extralingüístico, é tratado na Semiótica como um o elemento determinante da produção do significado. O objeto é subdividido por Peirce em objeto imediato e objeto dinâmico. O primeiro refere-se ao objeto como representado no signo e o segundo do objeto como é em si mesmo. Presumimos que a noção de objeto em si mesmo alude à noção de Kant de coisa-em-si ou noumenos, sobre a qual não podemos obter nenhum conhecimento a não ser via aparências ou fenômenos emanados desta. Por estar relacionado à existência, os objetos, quaisquer que sejam, são tributados à categoria da Secundidade. A definição do objeto é complicada e vai um pouco além da menção de exemplos, no entanto, a interpretação de que qualquer coisa que possa ser referência de alguma representação será aceita como definição de objeto. A ação dos signos é chamada de semiose que reconhece o caráter ilimitado dos processos de interpretação. Como um recurso lógico, nunca terminamos de realizar atualizações 7

8 sobre os objetos, procurando representá-los da forma mais adequada possível e corrigindo nossa representação fazendo o processo interpretativo sempre continuar. Quando se estabiliza a interpretação de um signo, resultando assim em uma convenção, a semiose não se encerra, porém fica em estado latente uma interpretação futura. Por isso, o processo de interpretação é contínuo e ilimitado. Peirce (1972, 2000) divide o signo em tricotomias, respeitando sua proposta fenomenológica. A primeira tricotomia é produto do relacionamento do signo com ele mesmo e compõem-se de três tipos de signos: o Qualissigno, o Sinsigno e o Legissigno. O Qualisigno é um signo de qualidade de sentimento, por exemplo, uma cor, um cheiro, uma sensação. A Secundidade envolve o Sinsigno, signo de um evento individual que ocorre num tempo e espaço determinados. A Terceiridade recobre o Legissigno que é um signo de lei e convenção. A segunda tricotomia é proposta de acordo com a reunião do signo com seu objeto e divide-se em: Ícone, Índice e Símbolo. No nível da primeira categoria o Ícone compreende a qualidade, pois revela uma semelhança presente no objeto; a Secundidade manifesta-se no Índice e possui relações de fato, de coexistência, causais e de interferência exercidas pelo objeto no signo. A Terceiridade concretiza-se no Símbolo; trata-se de um signo de caráter convencional, por exemplo, palavras, conceito etc. A última tricotomia descreve o signo e a sua relação com o interpretante, a saber: Rema, Dicissigno e Argumento. A Primeiridade apresenta-se no Rema quando este deve ser interpretado como signo de possibilidade para o interpretante, tal como sugere um termo em uma sentença. A Secundidade expressa-se no Dicissigno, sendo interpretado como signo de existente ou signo de fato real, uma proposição (sujeito, cópula e predicado) pode ocupar-se desta função. A Terceiridade encarna-se no signo interpretado como lei sobre um conjunto de objetos. O silogismo seria o melhor exemplo de um Argumento. Esse signo complexo denominado é a materialização da interpretação do objeto, produzindo um conhecimento mais completo sobre ele. O Argumento também recebe uma divisão tripartida em que se propõem a Dedução, a Indução e a Abdução. Para Peirce (2000, p ), a Dedução é um argumento que regula que o interpretante deve tomar os elementos de um conjunto como pertencentes de uma classe geral, desse modo, dadas premissas verdadeiras chegaríamos a uma conclusão verdadeira. A Indução é um método cujo interpretante não pode ser capaz de chegar a uma conclusão necessária, como faz a Dedução, contudo, sustenta que a partir da contínua experimentação a conclusão aproximará cada vez mais da verdade. Abdução seria o método em que apresentamos uma hipótese sem valer-nos de uma lei a partir da qual deduzimos conseqüências ou do aumento da enumeração da experiência que eleva o nível de credibilidade da conclusão. É o mais frágil dos tipos de raciocínio, entretanto, o mais inventivo. Conforme define Peirce (2000, p. 60): Uma Abdução é um método de formar uma predição geral sem nenhuma certeza positiva de que ela se verificará, seja num caso especial ou normalmente, sento sua justificativa a de que é a única esperança possível de regular racionalmente nossa conduta futura [...]. As tricotomias de signos combinadas dão origem a dez classes de signos, conforme os relacionamentos lógicos na interpretação dos signos. Os signos apresentam-se sempre sob formas diversas, sendo tarefa árdua identifica-los no estado de pura qualidade. A própria qualidade, por exemplo, depende de uma forma ou um evento para co-existir, e neste sentido, a alteridade revelada dificulta a observação da pura qualidade. Em um texto de 1897, Peirce (2000, p ) esquematiza as dez classes de signos e define cada um deles: 8

9 Fonte: Peirce (2000, p. 58) Figura 2: As Dez Classes de Signos Qualissigno: um Qualissigno não significa nada concretamente, é uma qualidade considerada como signo de algo, por isso, é necessariamente um Ícone por possuir semelhança com o objeto denotado. Uma sensação como a de vermelho é um Qualissigno. Segundo Peirce (1972, p. 105) um Qualissigno é [...] uma qualidade qualquer, na medida em que é um signo. Como a qualidade é, seja o que for, positivamente aquilo que é, só pode denotar um objeto por força de um ingrediente ou similaridade comum [...]. Essa característica similar com o objeto denotado é o que corporifica o Ícone, e como a semelhança é uma qualidade, um ente potencial, só poderá ser interpretado como uma possibilidade ou Rema. Sinsigno Icônico: o Sinsigno Icônico também está condicionado às qualidades comuns do objeto, mas estas qualidades referem-se à existência singular do objeto. Para que tenha semelhança com qualquer objeto necessita de qualissignos para formação de ícones. Um e- xemplo de Sinsigno Icônico Remático é o diagrama de uma árvore, pois é um diagrama particular de uma existência específica (Sinsigno). É o objeto da experiência que algumas de suas qualidades determinam a idéia do objeto (PEIRCE, 2000, p. 55). Sinsigno Indicial Remático: é um objeto singular que chama a atenção para um outro objeto por uma relação de fato ou por ser afetado por ele. Requer um Sinsigno Icônico para determinar a existência singular do objeto, bem como a similaridade. Por exemplo, um grito qualquer, é interpretado em primeiro lugar como Rema, pois é uma possibilidade de que sua origem foi determinada por outrem, ao chamar a atenção para um objeto é um Índice e pela sua existência singular e individual é um Sinsigno. Sinsigno Dicente: fornece uma informação concreta acerca do objeto, isto é, nos informa sobre um fato concreto (PEIRCE, 2000, p. 55). Para informar é necessário atentar à existência do objeto, envolvendo assim um Sinsigno Indicial Remático. Um exemplo de Sinsigno Dicente fornecido por Peirce é o do cata-vento, que somente pode conferir uma informação concernente à efetiva direção do vento em um instante dado. Legissigno Icônico: é um tipo geral ou signo de lei para um determinado objeto. Para que tenha sentido exige que cada uma das réplicas ou ocorrências (tipos individuais ou sinsignos icônicos) tenham semelhança com o modelo geral a fim de que se tornem aptas a trazer à mente a idéia de seu tipo geral. Peirce (2000, p. 55) ilustra que o diagrama seria um exemplo. Como é um Legissigno governa réplicas e sendo de certa maneira Ícone utilizará um Rema como interpretante. Legissigno Indicial Remático: é uma lei ou tipo geral exigindo que cada um de seus casos ou réplicas seja afetado pelo objeto do signo ou chame a atenção para este objeto. Por exemplo, cada réplica de um pronome demonstrativo será um Sinsigno Indicial Remático (PEIRCE, 2000, p. 56). O interpretante de um Legissigno Indicial Remático é um Legissigno Icônico; é considerado remático no nível do interpretante pela possibilidade e semelhança encontradas no ícone do Legissigno Icônico. 9

10 Legissigno Indicial Dicente: é uma lei ou tipo geral em que cada um de seus casos ou réplicas é afetado pelo objeto referido, fornecendo uma informação definida e concreta a respeito do objeto. Deve envolver um Legissigno Icônico para significar a informação e um Legissígno Indicial Remático para denotar a matéria dessa informação. Cada uma de suas Réplicas será um Sinsigno Dicente de um tipo especial. (PEIRCE, 2000, p. 56). Um exemplo de Legissigno Indicial Dicente é uma placa de trânsito cujo signo indica que ali é proibido estacionar, em outras palavras, a informação concreta veiculada é a impossibilidade de se estacionar naquele local. O pregão de um mascate também ilustra o Legissigno Indicial Dicente (PEIRCE, 1972, p. 106). Símbolo Remático ou Rema Simbólico: é um signo que traz uma associação de idéias gerais relativas ao seu objeto, produz um conceito geral quando uma de suas réplicas é interpretada como um signo deste conceito. A réplica ou o caso do Legissigno Simbólico Remático é o Sinsigno Indicial Remático, pois se refere ao objeto denotado na medida em que é afetado pelo objeto. Para ser simbólico é preciso ser geral, com isso, compreende um Legissigno. O Legissigno Simbólico Remático é um signo que representa o objeto por uma convenção cujo teor refere-se a uma associação de idéias que inevitavelmente são trazidas à mente quando uma de suas réplicas é acionada. Por exemplo, um substantivo comum possui uma idéia geral compartilhada com os sujeitos comunicantes, quando este signo é usado particularmente será um Sinsigno Indicial Remático; é afetado pelo conhecimento que os sujeitos têm dessa idéia geral (PEIRCE, 1972, p. 107). Símbolo Dicente: é um signo determinado por uma convenção que é expressa por um enunciado como isto é aquilo, isto é, uma proposição qualquer. O interpretante do Símbolo Dicente representa-o como sendo afetado pelo objeto e trazendo uma informação a respeito dele. Sendo assim, comportar-se-á como um Legissigno Indicial Dicente. A réplica do Símbolo Dicente é um Sinsigno Dicente que fornece informação concreta do objeto. Argumento: o Argumento é um signo de um raciocínio lógico que relaciona premissas sugerindo uma conclusão verdadeira, segue a ordem de um silogismo e as leis que regulam a passagem para a conclusão. Um Argumento leva consigo Símbolos Dicentes para a construção do raciocínio e sua réplica será um Sinsigno Dicente. Para Peirce (2000, p. 57) Um argumento é um signo cujo interpretante representa seu objeto como sendo um signo ulterior através de uma lei, a saber, a lei segundo a qual a passagem dessas premissas para a conclusão tende a ser verdadeira. Essa breve incursão nas classes de signos mais conhecidas de Peirce nos dá uma clara dimensão de que a Semiótica peirceana exige que nos adentremos inevitavelmente na seara da Fenomenologia e da Lógica peirceanas. Tal fato contrasta com as tentativas de analisar a Semiótica de Peirce destituída das ramificações com demais temas de sua obra. A Semiótica de Peirce, sem as iluminações fenomenológicas, lógicas, metafísicas e pragmaticistas, não passaria de uma ciência taxionômica. 4 O PROCESSO DE INDEXAÇÃO SEMIOTICIZADO Com o objetivo de encontrar fundamentos dos processos da organização da informação, aportamos na Semiótica peirceana, em especial, nas classes de signos. Como observado, o processo de indexação realiza-se mediante etapas bem delineadas, não obstante, os signos criados pelo indexador no momento de indexar um documento receberam pouca atenção pela literatura. Sabe-se que a ação mental regular pode indicar a presença de um hábito interpretativo e; nesse sentido, o indexador profissional busca estabelecer um hábito mental que restringe as diversas interpretações sobre os assuntos cobertos em uma área de conhecimento. Esse hábito 10

11 determina condições da análise de documentos e, além disso, temos informações escassas sobre o que o profissional considera nas atividades de indexação que exigem um maior grau de profundidade. Os manuais de indexação, conforme ressaltou Mai (1997b, p. 60), sugerem apenas onde devemos procurar e quais variáveis devemos levar em conta. Todavia, não são estas variáveis os únicos fatores que um profissional leva em conta neste momento crucial da análise de um documento, tampouco é fácil especificar que tipos de signo são produzidos em cada uma das etapas da indexação. Nesse sentido, os principais trabalhos sobre a questão são de autoria de Mai (1997a, 1997b, 2000, 2001), que sustenta que o processo de indexação de assunto pode tomar como base a Semiótica peirceana. O argumento central do autor é considerar que os processos envolvidos na indexação de assunto estão permeados de interpretações (MAI, 2001, p. 591). A premissa remonta ao pensamento peirceano sobre a natureza própria do signo, isto é, a de gerar no processo de evolução, sucessivas interpretações. Vale-se de dois conceitos semióticos fundamentais: a semiose ilimitada e as classes de signos. Mai (1997b, p. 64) sustenta que cada um dos quatro elementos do processo geral de indexação é um signo e as etapas da indexação são as conexões entre eles, configurando-se no pivô da semiose no âmbito da indexação. Para aceitar concretamente a semiose como conceito indispensável para explicar o fenômeno da indexação, tal como procedeu Mai, exigimos, em primeiro lugar, a adoção do conceito triádico de signo, e não colocar como equivalente à semiose o que se entende na Lingüística apenas por significação. Em outras palavras, o objeto do signo, juntamente com o representamen e o interpretante, estão intrinsecamente ligados. Em segundo lugar, a proposta da semiose já antecipa que o final do processo nunca cessa em definitivo, mas apenas há ocasiões em que o signo estabiliza-se. Isso explicaria as razões pelas quais depois de passar por todas as etapas de análise e tradução um documento não consegue assegurar a univocidade da interpretação empreendida pelo usuário. Às vezes nem mesmo podemos assegurar que outro profissional dotado da mesma competência e experiência reproduza uma dada interpretação. As classes de signos subsidiam uma classificação dos tipos de signos produzidos por um profissional no decorrer do processo. Apesar de o processo mostrar-se imediato e indecomponível, comparada com a velocidade com que a mente humana passa de informações sobre o assunto para uma descrição sucinta do documento, o profissional realiza um conjunto de etapas e relaciona alguns elementos que são classificados por Mai (1997a, 2000, 2001) com base nas classes de signos de Peirce. De maneira geral, o esquema de Mai reproduz a disposição do signo de Peirce em triângulos. Sabemos que não é de Peirce este esquema, porém origina-se em Ogdens e Richards (1972, p. 32), posteriormente retomado por outros autores para melhor representar o conceito de signo nas mais distintas correntes teóricas. Fonte: Mai (1997b, p. 65, tradução nossa) Figura 2: Modelo Semiótico de Indexação 11

12 A primeira etapa, análise do documento, tem por função ligar os signos produzindo um signo equivalente, mas não igual ao primeiro. Partimos de um documento tomado como um signo que representa um conjunto de idéias elaboradas pelo autor do documento em questão. O final desta primeira etapa deve resultar em um assunto que, é o interpretante do signo. Continuando o processo, a segunda etapa trata de chegar a um interpretante que será a descrição do assunto. Origina-se com o próprio assunto que neste momento está para o objeto do signo como o documento esteve anteriormente, isto é, refere-se ao potencial de idéias que acreditamos conter o documento. Ao prosseguir o processo, análise de assunto, o profissional toma a descrição do assunto como representamen do objeto e intenta produzir um interpretante que será a entrada do assunto, conforme um linguagem de indexação adotada no sistema. Essa entrada de assunto é que comporá o catálogo e permitirá os usuários aproximarem-se do objeto que, neste caso, será o mesmo para o usuário e o indexador, ou seja, a cadeia de idéias e significados potenciais atribuídos a um documento. As classes de signos de Peirce podem ser estendidas aos elementos envolvidos no processo de indexação na medida em que estes são signos, devem comportar-se conforme alguma classe. A tese de Mai (1999) nos alerta para o fato de que a forma dos signos que produzimos quando do processo de indexação pode ser enquadrada em algum tipo semiótico. O conteúdo ou a matéria do que trata um documento é variável tanto quanto a diversidade de assuntos dos documentos. Contudo, a forma sígnica ou a tipologia pode nos indicar aspectos da natureza mental dos signos produzidos por um indexador. Isso não significa que a indexação possa ser facilmente explicada em todos os seus meandros pela Semiótica, mais especificamente, pelas classes de signos. Muito pelo contrário, são apenas indícios de um suposto caminho pelo qual o profissional trilha ao indexar um documento. Para Mai (2001) o documento, primeira representação em contato com o indexador, é em si um Argumento, na medida em que representa um conjunto de idéias e conhecimento supondo um grupo de convenções disposto em um contexto social e cultural para se realizar. Por ser um produto de convenções o documento não deixa de ser um Símbolo cuja natureza manifesta-se por um Legissigno. O documento como um Argumento nos traz as idéias de seu conteúdo por algum tipo de associação mental estabelecida e contém em seu interior inúmeros Símbolos Dicentes (proposições). Contempla Sinsignos Dicentes, pois comunica informação concreta acerca do objeto, real ou imaginário. Tomar o documento como um tipo de Argumento é a primeira vista discutível, pois este é o signo mais desenvolvido. Entretanto, quando examinamos a seqüência das etapas da cadeia da indexação verificamos que, do documento como representamen até o interpretante como entrada de assunto, a representação perde em complexidade, conforme a classe de signos e, portanto, baixa seu potencial informativo. A luz da Semiótica de Peirce, em destaque, das classes dos signos, confirmamos que o processo de indexação reduz drasticamente a capacidade de o signo produzir interpretantes complexos e com maior teor informativo. De posse de um termo no catálogo, o usuário terá que percorrer o caminho contrário na busca do primeiro objeto. Sabemos que entre estas tentativas de representação deixamos aspectos de fora. Nos três processos em questão existem contínuas representações, as quais, inevitavelmente, deixam para traz alguma coisa em prol de um fundamento do signo. A primeira ação representacional é exercida pelo signo, procurando representar o objeto; a segunda é a tarefa do interpretante visando significar o signo; a terceira atribui ao interpretante a capacidade de dizer algo a respeito do objeto. O segundo elemento, o assunto, é um signo mental da ordem do interpretante na primeira série representacional e será considerado o representamen na segunda série de representa- 12

13 ção. O assunto é um conjunto de idéias e impressões presentes na mente do indexador sobre o documento. A despeito de esse conceito provocar uma interpretação idealista do assunto, a julgar pela noção de objeto do signo como um existente, não podemos afirmar categoricamente que o assunto ou o que trata um documento não tenha algo de intrínseco. Há uma dinâmica que procura respeitar a interação entre objeto dos signos e sua representação. O assunto como um interpretante, um terceiro, deve procurar representar um segundo, seu objeto. Desse modo, o assunto na mente de um indexador somente corporificará se ligado ao objeto via signo, interação que oscila entre uma leitura idealista e uma objetivista do assunto, as quais não são antagônicas, mas complementares do ponto de vista da semiose. A natureza do assunto, tal como argumenta Mai (2001, p. 615), é de um Símbolo Dicente cujo representamen é um Legissigno e o objeto é um Símbolo, isto é, estão ambos na terceiridade. O assunto enquanto um interpretante é um Signo Dicente (secundidade). Isso quer dizer entre outras coisas, que o Símbolo Dicente é menos complexo que um Argumento. Como exposto, um Símbolo Dicente realiza-se no instante que seu interpretante representa-o como sendo afetado pelo objeto do signo e fornecendo uma informação a respeito deste. Uma proposição qualquer elucida o signo mental que mais se aproxima da natureza do assunto. Na condição de representamen, já no início do processo de descrição, o assunto converte-se em um Legissigno, um signo de convenção. Não mais leva informação sobre o objeto, apenas torna-se um signo de lei relativa à ligação com o objeto. Isso nos mostra que um assunto não é tão fácil de definir, pois no processo da semiose esta mesma figura designativa terá diversas classificações ao desenrolar da ação interpretativa. O assunto mentalizado é reduzido a um tipo de proposição que indicar que um sujeito deve conter tais predicados, atraindo nossa atenção para a presença deste predicado, ao passo que atribui uma informação ao sujeito. Uma descrição do assunto, terceiro elemento do processo de indexação de assunto, se comportará como um Legissigno Indicial Dicente. Legissignos indiciais dicentes são caracterizados por apontar diretamente para seus objetos (deste modo eles são índices), a descrição de assunto indica o assunto para uma descrição precisa dele. Legissignos indiciais dicentes, além disso, fornecem alguma informação sobre seus objetos, visto que são signos dicentes eles requerem alguma interpretação. (MAI, 1997a, p. 62, tradução nossa). A descrição de assunto, tendo a forma de um Legissigno, refere-se diretamente ao assunto ou aos assuntos. Além de requisitar nossa atenção para ele, traz-nos algum tipo de informação concreta sobre o objeto. Deve, necessariamente, conter elementos caracterizadores de um determinado assunto. Na medida em que se valem de palavras, estes Legissignos devem funcionar de uma maneira não apenas convencional. Eles devem atrair a atenção do sujeito para o objeto, isso somente poderia ser realizado pela existência de um Índice. Ademais, o interpretante desta convenção, que se utiliza um índice para referir-se ao objeto, deverá ser da ordem de uma proposição. Nesse caso, a descrição do assunto é um Dicente à proporção que afirma algo de fato existente sobre o objeto. A descrição do assunto remete-nos à representação última do objeto, a saber: o assunto. Neste caso, também verificamos como em uma simples série de interpretações passamos da Primeiridade à Terceiridade, sucumbindo novamente na Primeiridade. O quarto elemento é produto da série de etapas anteriores, a entrada de assunto, que se apresenta de uma maneira difícil de circunscrever em termos unilaterais. Dependendo do nível de interpretação a entidade chamada de interpretante será um Rema ou um Dicente. A entrada de assunto é categorizada como um Legissigno Indicial Remático. A entrada de assunto chama atenção para o assunto, é consequentemente um índice, isto requer um mínimo de interpretação e é por essa razão um rema. A entrada de assunto, portanto, fornece muita 13

14 pouca informação sobre seus objetos, meramente refere-se a eles. (MAI, 1997a, p. 62, tradução nossa) Contudo, essa categorização não exclui a variância na produção de interpretações por parte dos usuários e dos profissionais do sistema. O interpretante enquanto Rema surgirá quando da interpretação de um usuário experiente cuja capacidade informativa do Rema e de seu objeto (o Índice), é menor. O interpretante será um signo Dicente nas situações em que o intérprete (o usuário) possuir um conhecimento superficial sobre o tema, tal que este signo exigirá do sujeito um esforço maior de interpretação. Obviamente, será mais complexo e seu objeto transformar-se-á em um Símbolo. Em termos gerais, um Legissigno Indicial Remático é uma lei que força cada um de seus casos seja afetado pelo objeto ou atrair a atenção para este. Isto quer dizer que a entrada de assunto, sendo um termo de indexação, constitui-se pela capacidade de ser produto de uma lei, como são as palavras (legissignos) e pela necessidade de referirem-se ao objeto mediante o uso de quaisquer réplicas ou casos, por exemplo, nas várias oportunidades em que o termo apresenta-se no catálogo. Todas as vezes que o termo aparece, deve ser afetado pelo assunto (objeto) para funcionar como signo indicial. No que tange ao interpretante, será uma mera possibilidade de se efetivar a ligação termo-conceito. Em outras palavras, todo termo de pesquisa recuperado em um catálogo será uma possibilidade de se ligar ao assunto. As classes de signos aplicadas aos signos mostram a dependência de se revelar o ponto de partida da análise. Há uma grande probabilidade de um signo enquadrar-se manifesto em uma classe, contando com o objeto em outra classe e produzindo o interpretante em uma terceira. Além disso, as réplicas e a natureza das informações que cada uma das classes carrega, oscila de uma classe para outra. Com isso, reconhecemos a existência de diversas perspectivas que atuam na definição de um elemento no processo geral de indexação. 5 CONSEQÜÊNCIAS EPISTEMOLÓGICAS E CONSIDERAÇÕES FINAIS A obra de Peirce não se reduz à menção das classes de signos, no entanto, transcende a exposição da Semiótica. De acordo com Mai (2001, p. 619), a aplicação da Semiótica de Peirce ao processo de indexação de assunto resultou em uma conclusão óbvia, a qual afirma que este processo é interpretativo, portanto, variável em seu conjunto. Cada etapa requer ações interpretativas que têm a função de ligar um signo ao outro de forma intencional. É perceptível no modelo semiótico do processo de indexação (MAI, 1997b) que, no decorrer da semiose, os signos tornam-se menos complexos, ao contrário da característica do interpretante que depois de sucessivas representações produz um signo equivalente ou mais desenvolvido sobre o objeto. Há, consequentemente, uma perda de informação ao passo que saímos das idéias expressas em um documento e rumamos no sentido de uma entrada de assunto. Encontramos na forma de classes de signos outra confirmação: a redução do documento ocasiona uma inevitável perda de informação. Buscando alguns fundamentos para a organização da informação podemos dizer que no que tange à teoria da indexação encontramos uma explicação semiótica sobre suas etapas. Apesar de figurar como contribuição às etapas de indexação, a Semiótica alude a alguns outros desdobramentos: o conceito de conhecimento, a presença do hábito como fundamental para as ações de indexação e os tipos de raciocínio que mais determinam à interpretação na análise da informação. Contudo, tais aspectos estavam à margem das reflexões de Mai (1997a, 1997b, 2000, 2001). A despeito disso, é possível inferir conseqüências da aceitação da interpretação peirceana do processo de indexação, a saber: 14

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