FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: ENTRE SABERES E PRÁTICA DO SABER FAZER DOCENTE

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1 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: ENTRE SABERES E PRÁTICA DO SABER FAZER DOCENTE Maria de Fátima dos Santos Souto Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. RESUMO: O presente estudo está voltado para os saberes mobilizados pela formação continuada, com o objetivo de discutir possibilidades teóricas e práticas provenientes da articulação das categorias "saberes docente" e "saber fazer" para a ressignificação da prática cotidiana dos professores com o que ensinam. Essas categorias levam em conta a especificidade da ação educativa e contribuem para o desenvolvimento de uma epistemologia da prática docente. Analisa-se o programa de formação continuada para professores do Ensino Médio ofertado pela Secretaria de Estadual de Educação de Pernambuco SEE/PE e a Gerência de Políticas Educacionais do Ensino Médio GPEM, responsável por sua idealização, logística, dinâmica, execução e orientação instrucional aos professores de suas Gerências Regionais de Ensino. Assim tomamos como categorias: formação continuada, saberes e saber fazer, compreendidos a partir dos estudos de Nóvoa (1992, 1995); Tardif (2008); Imbernón (2010); Freire (1997 e 2000); Perrenoud, 1993, 1999; Schneuwly e Dolz, (2004); Zabala (1998), entre outros. Dessa forma, a Secretaria de Educação e a Gerência de Políticas Educacionais do Ensino Médio promovem encontros mensais que correspondem a um conjunto de ações relevantes na construção de um processo dinâmico de aquisição de saberes que associa variedade e possibilidades ao trabalho docente por meio de estudo e do processo de ação-reflexão-ação num conjunto de conhecimentos, atitudes e competências necessárias à prática do saber fazer docente. Nestes encontros, são abordados estudos de temas relevantes, debates, trocam de experiências, socializam conteúdos, bem como, outras atividades, que subsidiam e possibilitam a inovação na prática do saber fazer dos professores, na busca de fazer síntese integrativa do conhecimento e reflexões à prática docente. Palavras-chave: Formação continuada, saberes docentes, saber fazer. CONSIDERAÇÕES A formação continuada dos professores constitui essencial na atividade docente sendo fundamental para a configuração da prática buscando a eficácia da prática educacional com a concepção de professor como um instrumento de transmissão de saberes produzido por outros. Assim, os saberes científicos encontra no professor um profissional habilitado com a sua competência técnica para adequá-lo, ou ressignificálo, para que sê aprendido pelos estudantes no exercício do seu cotidiano escolar. Sendo assim, analisa-se o programa de formação continuada para professores do Ensino Médio ofertado pela Secretaria de Estadual de Educação de Pernambuco 03347

2 2 SEE/PE, junto a Gerência de Políticas Educacionais do Ensino Médio GPEM, responsável por sua idealização, logística, construção, dinâmica, execução e orientação instrucional aos professores das dezessete gerências regionais de sua Rede de Ensino. Tomamos como categorias: formação continuada, saberes e sequência didática, compreendidas a partir dos estudos de Nóvoa (1992); Tardif (2002, 2008); Imbernón (2010); Freire (1997 e 2000); Perrenoud, 1993, 1999; Schneuwly e Dolz, (2004); Machado (2006); Zabala (1998), entre outros. Buscando com isso discutir as possibilidades teóricas provenientes da articulação das categorias de análise "saber docente" e "conhecimento escolar" para a prática docente e a pesquisa das relações dos professores com os saberes que ensinam categorias essas que levam em conta a especificidade da ação educativa e contribuem para o desenvolvimento de uma epistemologia da prática docente, distinta daquela que fundamenta o conhecimento científico, possibilitando a realização de pesquisas que possam efetivamente enfrentar os desafios apresentados no cotidiano que traz reflexões e subsídios à prática do saber fazer docente. Inicialmente a categoria "formação continuada" que correspondem a um conjunto de ações relevantes na construção de um processo dinâmico de aquisição de saberes. A segunda categoria "saberes docente", que permite focalizar as relações dos professores com os saberes que dominam para poder ensinar e aqueles que ensinam, sob uma nova ótica, ou seja, mediadas por e criadoras de saberes práticos, que passam a ser considerados fundamentais para a configuração da identidade e competência profissionais (Tardif 2008; Perrenoud, 1993, 1999; Therrien, 1996). E a terceira categoria "sequência didática" com os estudos de Schneuwly e Dolz, (2004); Machado (2006); Zabala (1998), que significa um conjunto de conhecimentos, atitudes e competências necessárias ao saber fazer docente por meio da metodologia sequência didática corresponde a um conjunto de atividades planejadas, ordenadas, e articuladas que facilita a prática do trabalho docente no seu cotidiano escolar. Essas formações têm a intenção de propor novas estratégias e colocar os profissionais a par das discussões teóricas atuais para contribuir com mudanças que se fazem necessárias para a melhoria da qualidade do ensino e da ação pedagógica no contexto escolar. Como aborda Nóvoa (1995); Imbernón (2010); que a formação de professores deve contemplar a emergência de uma cultura profissional no meio do professorado e uma cultura organizacional no seio da escola. Essa dupla face caracteriza 03348

3 3 a busca de agir rumo a uma mudança tanto no desenvolvimento pessoal e profissional do professor, quanto no desenvolvimento institucional da escola. Já os saberes são construídos na vivência do cotidiano pessoal e profissional, fatores importantes da prática escolar ocorrem dentro de um contexto historicamente construído dentro pela significação de cada sujeito envolvido no processo. É necessário considerar que a atividade docente é exercida no cotidiano, no dia-a-dia escolar, no qual se dão as relações e surgem as necessidades imediatas para as quais o professor precisa encontrar soluções. Entre os autores que têm se debruçado sobre a questão dos saberes que os professores mobilizam quando ensinam, destacaremos Tardif, (2008); Perrenoud (1993, 1996); Schön (1995); chamam a atenção para o fato de que o saber docente é plural, estratégico e desvalorizado, constituindo-se em um amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional, dos saberes das disciplinas, dos currículos e da experiência. Quanto ao saber fazer, esse é o saber da prática onde eles são transformados em função das exigências do trabalho. Segundo Tardif (2008), os saberes profissionais são saberes da ação, saberes do trabalho e no trabalho, são temporais, plurais e heterogêneos, personalizados e situados, carregando consigo as marcas do seu objeto que é o ser humano (os estudantes). A dinâmica do trabalho docente é evidenciada na prática, que, organizada teoricamente, vai à prática, realiza o diálogo, o que favorecerá o surgimento de novas necessidades, consistindo assim a dinamicidade da relação. O ser e o agir, ou melhor, o que eu sou e o que eu faço ao ensinar, devem ser vistos não como dois pólos separados, mas como resultado dinâmico das próprias transações inseridas no processo de trabalho escolar. (TARDIF, 2008, p.16, 17). Na visão de Freire (1987), os saberes docentes só existem saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros. Acreditamos, no entanto, que as formações continuadas representam um avanço significativo para a compreensão da especificidade da ação docente, aos saberes e ao saber fazer docente ao que os professores ensinam, aprendem e com relação aos questionamentos que identificamos ao longo do estudo sendo estes: 1. Quais as metodologias utilizadas para tornar as aulas mais atrativas e prazerosas? Eis as respostas dos professores: exibição de vídeos educativos; leitura de imagens; pesquisas (para serem discutidas e apresentadas em sala); excursão pedagógica; jogos didáticos; aula 03349

4 4 expositiva; seminários; leitura e interpretação de diversos gêneros textuais (reportagens em revistas e jornais, letras de músicas); utilização de livros Paradidáticos; livro didático; estudo dirigido; construção de paradidáticos; produção de vídeos; visita a biblioteca; montagem de peças teatrais; atividades em grupo; utilização de socialização de experiências; perguntas que estimulam a curiosidade (situações-problemas); palavras cruzadas. Quanto ao questionamento 2. Qual tem sido o nível de contribuição do Programa de formação continuada para professores do Ensino Médio na estratégia sequência didática? As respostas foram: em termos de aplicação dessa metodologia para a prática do saber fazer docente em sala de aula os professores deram respostas muito significativas e objetivas, respondendo que a formação muito contribuiu para sua pratica docente, tendo percentuais de 98,3 %, quase 100,0% dos docentes deixando claro com isso que os momentos de formações, são importantes, para a troca de saberes, a interação, a socialização das experiências e atuação desse professor, também esperam não ser momento estanque, mas que lhe enriqueça a prática. A outra questão foi: 3. Voce utiliza sequência didática como instrumento avaliativo e metodológico para ressignificar a prática do saber fazer docente? Os professores responderam que utilizam e que após utilizarem essa metodologia aconteceu melhoria significativa não só individual como também em grupo com isso, eles se sentem mais seguros diante dos novos saberes, das novas estratégias, e da interatividade entre eles na verdadeira comunicação verbal, estimulando o diálogo, a participação nos debates, nas produções em geral de textos, relatórios, atividades, resolução de exercícios. E em grupo, a participação e desempenho em estudos dirigidos, seminários, construção de cartilhas, peças teatrais e socialização de experiências em geral reforça ainda mais a grande expectativa do professor em vê na prática a melhoria do saber fazer no processo ensino e aprendizagem. A participação de todos foi fundamental, uma vez que, quanto maior for o envolvimento da equipe pedagógica, maior será o processo de melhoria nos índices educacionais, na qualidade do ensino como também, a prática pedagógica ressignificada abre novas possibilidades de investigação e questionamentos no processo de ensinar, aprender, de saber e de saber fazer. Por fim, fica claro, que um programa de formação dessa natureza, levanta algumas possibilidades que contemple questões como: Quais as contribuições de políticas públicas voltadas para a formação continuada e a prática docente? Que o tipo de estratégia metodológica poderá ser ofertado em determinado programa de formação 03350

5 5 continuada para melhoria do processo ensino aprendizagem? Como se dá a construção do conhecimento a partir da prática do professor que passou por um programa de formação continuada? Em que área do conhecimento o professor entende que a formação continuada é mais eficaz? Que outras possibilidades voce professor pode saber que advêm da formação continuada para sua prática do saber fazer docente? REFERÊNCIAS ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, CHEVALLARD. Yves. La Transposición Didáctica Del saber sabido al saber enseñado. Argentina: AIQUE DOLZ, J.; NOVERRAZ, M. e SCHNEUWLY, B Seqüências didáticas para o oral e escrita: apresentação de um procedimento. In: R. ROJO e G.S. CORDEIRO (orgs. e trads.), Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, Mercado de Letras, p FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1987.,Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.25.ed. São Paulo: Paz e Terra, (coleção leitura). IMBERNÓN, Francisco, A Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed. 2010, MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, NÓVOA, Antonio. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote Vidas de professores. Porto: Porto Editora. LDA, A Profissão professor. 2ª ed. Porto: Porto Editora, PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, SCHNEUWLY, B. DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado das Letras, TARDIF, Maurice, Saberes Docentes e Formação Profissional. Rio de Janeiro: Vozes. (2002). (2008). ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed