Nível tecnológico empregado nas pisciculturas da região de Registro e municípios vizinhos

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1 Nível tecnológico empregado nas pisciculturas da região de Registro e municípios vizinhos Woshinghton Rocha Gervaz 1, Rafael Vilhena Reis Neto 2. Luis Carlos Ferreira de Almeida 3, Reginaldo Antonio Weissenberg Batista 4, Antônio Fernando Gervásio Leonardo 5. 1 Aluno de graduação, Câmpus Experimental de Registro, UNESP, Engenharia de Pesca, woshinghton@registro.unesp.br, bolsa de extensão Proex. 2 Professor Doutor, Câmpus Experimental de Registro, UNESP, rafaelneto@registro.unesp.br. 3 Professor Doutor, Câmpus Experimental de Registro, UNESP, luiscarlos@registro.unesp.br. 4 Aluno de graduação, Câmpus Experimental de Registro, UNESP, Engenharia de Pesca regis.weis@gmail.com. 5 Pesquisador doutor da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, polo regional do Vale do Ribeira, afleonardo@apta.sp.gov.br. Eixo: Os Valores para Teorias e Práticas Resumo Avaliaram-se os níveis tecnológicos empregados nas pisciculturas de Registro e municípios vizinhos, bem como as principais espécies criadas na região, que apresentando viabilidade econômica. Através de questionários respondidos pelos produtores foi possível identificar as dificuldades encontradas no setor produtivo, podendo interagir a formação do engenheiro de pesca para resolver tais obstáculos. Palavras Chave: Produtores, espécies, viabilidade. Abstract: Technological levels were evaluated employees in fish farms and neighboring municipalities, as well as the main species in the region, showing economic viability. Through questionnaires answered by the producers, it was possible to identify the difficulties encountered in the productive sector, and may interact with the formation of the fishing engineer to solve such obstacles. Keywords: Producers, species viability. Introdução A piscicultura vem assumindo posição de grande destaque no panorama do abastecimento alimentar em todas as partes do mundo (SOUSA; FILHO, 1985). No Brasil a atividade teve início em torno de 1904, contudo suas técnicas de produção passaram por diversas transformações. Porém, os modelos técnicos adotados em nosso país não são originais, eles foram adaptados de acordo com a tecnologia disponibilizada em outros países onde a piscicultura é praticada há mais tempo. As técnicas utilizadas foram referência por serem as únicas disponíveis em dado momento da história ou por apresentarem resultados econômicos satisfatórios em seus locais de origem, sendo os modelos utilizados na China, Hungria e EUA as referências para as técnicas que foram adaptadas e adotadas no Vale do Ribeira e Alto Vale do Itajaí (SILVA, 2005). Atualmente no Brasil são muitas as técnicas utilizadas para maximizar a produção e garantir uma produção de qualidade, para isso esses organismos passam por constantes acompanhamentos e regulação da reprodução, crescimento, bem como o controle do tamanho e alimentação. Para obter uma alta razão de produção é necessário que o peixe cultivado aceite muito bem o alimento artificial (SOUSA; FILHO 1985). Com as melhorias nas técnicas e tecnologia de produção formularam uma alimentação para potencializar a dieta estabelecida nas pisciculturas com ração balanceada extrusada, garantindo assim maior aproveitamento, pois incrementos adicionais na capacidade de suporte só podem ser obtidos como o fornecimento de uma ração nutricionalmente completa (KUBITZA, 1997). Esse tipo de alimentação geralmente é oferecido em sistema semi-intensivo, intensivo, e super-intensivo, que consiste em ambientes delimitados, podendo ter controle daquele espaço. No sistema semiintensivo se emprega mão de obra, constante troca de água, e uma alimentação artificial intercalada com natural.

2 A mesma situação se repete em sistemas intensivos, porém rigorosamente controlada suas variáveis físico químicas, tais como oxigenação, ph, e trocas constante de água, com uma alimentação inteiramente balanceada, resultando numa produção de alta densidade. No entanto, o grande problema das rações balanceadas é o preço, que deve ser compatível com as possibilidades do piscicultor e com o valor comercial dos peixes (SOUSA; FILHO 1985). O alimento deve ser oferecido com alguns cuidados para garantir seu melhor aproveitamento, atribuir intervalos de tempo regulares, evitar abundância resultando em eutrofização e no corpo hídrico e deteriorando a qualidade da água, desse modo, uma maneira de precaver desperdícios é utilizar alimentadores automáticos, que faz a distribuição quantificada diminuindo o desperdício. Muito se fala em qualidade da água, mas, na maioria das vezes, não se tem uma ideia muito precisa do que isso significa na prática ou de como medir e manter essa qualidade. Os peixes dependem da água para realizar todas as suas funções vitais, ou seja: respirar, alimentar, reproduzir, excretar. Por isso, manter a qualidade da água utilizada nos cultivos é de fundamental importância para se produzir peixes com eficiência. Já há aparelhos ou kits de análises disponíveis no mercado nacional para medir os principais parâmetros de qualidade de água (OSTRENSKY; BOEGER, 1998). Em sistemas que necessitam de renovação de água constante, a qualidade é garantida pelo abastecimento contínuo, da mesma forma que em sistemas de baixa renovação ou estáticos, a concentração de oxigênio dissolvido na água é o primeiro fator limitante à produtividade dos sistemas (KUBITZA, 1998). Em períodos noturnos é muito comum ocorrer quedas bruscas na concentração de oxigênio dissolvido na água, e altos picos de gás carbônico, favorecendo ao mau desempenho ou até mesmo causando grandes mortalidades dos organismos. O uso de aeradores nos tanques ou viveiros contribui para garantir que a concentração de oxigênio na água permaneça o mais próximo possível do exigido pelo peixe, ou qualquer outro organismo que se esteja cultivando. Porém o emprego desta tecnologia gera um acréscimo no custo com o gasto excessivo de energia, assim, os aeradores normalmente são utilizados em situações específicas, como em momentos de quedas da oxigenação no período noturno, ou na utilização do aumento da capacidade de suporte, através do acréscimo dos níveis de arraçoamento, aumentando a sobrevivência e a capacidade produtiva. O consumo de oxigênio varia com a espécie, o tamanho, o estado nutricional e o grau de atividade dos peixes, a concentração de oxigênio e a temperatura da água, entre outros (KUBTZA, 1998). Segundo (KUBTZA, 1998) o consumo de oxigênio é praticamente duplicado a cada 10ºC de aumento na temperatura da água, a cada refeição e com o nível de atividade dos peixes e sob condições iguais de biomassa, peixes pequenos consomem mais oxigênio comparado a peixes grandes. O emprego dos mais diversos mecanismos tecnológicos em diversas áreas da aquicultura vem conquistando os produtores, auxiliando e conduzindo a melhores resultados, porem muitas desses métodos e ferramentas surgem como novidades duvidosas a essa classe, por falta de informação ou domínio do assunto. Objetivos O trabalho teve como objetivo a integração das atividades de ensino e pesquisa do curso de engenharia de pesca (UNESP/Registro) com os piscicultores região do "Vale do Ribeira" promovendo o avanço tecnológico nas pisciculturas, mais especificamente da microrregião de Registro, por meio da avaliação das propriedades com relação ao emprego do manejo e tecnologia adequada no cultivo escavados. de peixes em tanques Material e Métodos Para desenvolvimento do projeto, foi formulado um questionário com 21 perguntas, colimando os níveis tecnológicos adotado nas pisciculturas do Vale do Ribeira. Para a aplicação do questionário, foram realizadas visitas técnicas em 17 propriedades localizadas nos municípios de Barra do Turvo, Jacupiranga, Pariquera-açu, Registro, Sete Barras e Juquiá. Para complementar o questionário, outras questões foram tomadas por observação, sendo elas técnica de arraçoamento, controle e qualidade da água e modo de despesca, considerando que são variáveis ligadas diretamente aos meios tecnológicos empregados nas pisciculturas. Para análise dos dados coletados, cada resposta foi codificada dentro da respectiva pergunta, em seguida montou-se uma planilha no programa IBM SPSS Statistic 2.1. Para melhor apresentação e discussão dos resultados, foi construída uma distribuição de frequência para cada variável e posteriormente gerado um gráfico de barras para ilustração. O IBM SPSS Statistic 21 é um software usado mundialmente para pesquisas, cujo objetivo é compreender dados e previsões, conduzindo a um entendimento preciso. Resultados e Discussão

3 Após análise dos dados constatou-se que, dentre as cidades visitadas, Juquiá destacou-se com maior frequência na atividade, tais números podem estar relacionados ao passado incentivado pela cooperativa dos aquicultores do Vale do Ribeira, localizado no próprio município, porem inoperante atualmente (Anexo 1). A atividade tem conquistado grande parte dos produtores, por sua rentabilidade e importância econômica, garantindo uma produção em curto prazo quando comparado a outras atividades pecuárias, e tais benefícios tem contribuído para que a atividade torne-se principal fonte de renda para 52,9% dos produtores (Anexo 2). A produção tem tomado escalas diferentes na atividade, onde 35,3% possuem menos de 0,5 ha e 29,3% até 5 há, tal escala pode estar relacionada ao tipo de comércio que cada produtor pratica, entre atacado, varejo, pesqueiro e até mesmo para consumo próprio (Anexo 3). Porem a baixa produção desacelera a exigência da alta demanda na mão de obra, fazendo com que 41,2% possua um ou nenhum funcionário empregado na atividade, sendo um dos fatores que implica na falta de interesse para busca de novas técnicas e aprimoramento da atividade (Anexo 4). De forma proporcional os resultados seguem junto a área de produção, considerando que 41,2% dos produtores produzem até 500 kg ao ano, e apenas 23% atinge uma produção de até kg/ano, e considerarmos a capacidade de produção individual de cada produtor, tomamos por conclusão que, a minoria adota ou faz uso de um sistema de produção tecnologicamente correto ou eficiente (Anexo 5). Embora o sistema adotado seja ineficaz, 35,3% cita a atividade atualmente na região como uma boa alternativa de renda, confirmando assim que a piscicultura ainda é uma atividade que dá lucro, porem outros avaliam a atividade como excelente, aceitável, ruim e para aqueles que vivem de pesqueiros, pela natureza do negócio, não tem base informativa (Anexo 6). Outra variável, além da extensão, que também pode interferir diretamente na produção, até mesmo naquelas com grandes potenciais de produção, é a realização do controle da qualidade da água em que se está trabalhando, considerando que apenas 29,4% tem adotado essa tecnologia (Anexo7). O método de produção que mais se pratica na região é monocultivo com 76,5%, ou seja apenas uma única espécie é criada no mesmo ambiente, podendo garantir maior controle da alimentação e maximização da produtividade (Anexo 8). A escolha pelo método de produção se dá pelo fato de ser o que mais se adéqua ao sistema semi-intensivo adotado por 47,1% dos piscicultores, tal sistema consiste na criação de peixes com alimentação natural acompanhada de suplementos, resultando numa alta conversão alimentar, maximizando a produção, e viabilizando a pratica do mesmo, destacando a importância de uma única espécie no viveiro (Anexo 9). Um dos grandes destaques da aquicultura no Brasil e no mundo tem sido a aceitação pelo sistema semi-intensivo da tilápia e seu o desempenho, conquistando um espaço significativo no mercado, favorecido pelo seu custo acessível, benefício, e uma carne de qualidade. Esses fatores têm contribuído para que a espécie se tornasse uma das mais criadas na região, acompanhada do pacu, uma espécie de grande importância na piscicultura, pela facilidade de adaptação ao ambiente, alimentação industrial e ao alto desempenho. A produção na região de pacu e tilápia corresponde a 76,5%, dentre outras espécies. Grande parte desse pescado é produzida para revenda de atacado, direto ao consumidor ou pesqueiro, dentre as amostras nenhuma das propriedades tem sua produção vendida direta aos supermercados e restaurantes, por conta das exigências do certificado de inspeção federal ou estadual, inviabilizando o lucro, já que os parâmetros exigidos pelo órgão responsável a concessão do certificado impõem algumas mudanças e adequações que o produtor julga fora da sua realidade ou pretensão. Esse tipo de comercio na região é de 64,7%. Se experiência se constitui com um dos segredos do negócio, a atividade no Vale do Ribeira tem pouco histórico. Se considerarmos que a piscicultura começou no Brasil em torno de 1904 por iniciativa de Carlos Botelho (SOUSA; FILHO,1985), a atividade na região é muito recente, com menos de 10 anos para 47,1% dos piscicultores e entre 10 a 19 anos para 41,2% (Anexo 12), portanto algumas situações são apontadas como maiores dificuldades, como custo da ração e obtenção de boas matrizes, tais resultados pode contribuir para um nova fonte de renda a ser exploradas afim de auxiliar na carência obtida no setor produtivo na região. Conclusões Após análise dos dados coletados concluise que a piscicultura nas regiões estudada não acompanha o desenvolvimento tecnológico. Talvez em função da ausência de conhecimento ou difusão das técnicas de criação e tecnologia que auxilie uma produção eficiente, o Vale do Ribeira deixa a

4 desejar no desempenho para uma economia ainda mais rentável na aquicultura. Portanto os produtores apontam como solução, a contratação ou capacitação da mão de obra especializada e organização no setor produtivo, assuntos que serão abordados na próxima etapa do projeto na forma de capacitação, treinamentos ao uso de tecnologias e técnicas adequada ao cultivo de peixe. Agradecimentos Á Unesp e a Apta pelo apoio a pesquisa. KUBITZA, F. et al. Qualidade da água na produção de peixes. Parte III (final). Panorama da Aquicultura. v8, nº47. Maio/Junho KUBITZA, F. Tilápia: tecnologia e planejamento na produção comercial. Jundiaí,SP KUBITZA, F. Qualidade do alimento, qualidade da água e manejo alimentar na produção de peixes. In: Simpósio sobre manejo e nutrição de peixe, julho, 1997, Piracicaba. Anais. Piracicaba: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, p OSTRENSKY, A. BOEGER, W. Piscicultura fundamentos e técnicas de manejo. Livraria e editora Agropecuária LTDA. Guaíba SILVA, N.J.R. Dinâmica de desenvolvimento da piscicultura e politicas públicas no Vale do Ribeira e Alto do Vale do Itajai/SC- Brasil. Scielo. Jaboticabal SOUSA, E.C.P.M.; FILHO, A.R.T. Piscicultura Fundamental. 4º Edição. Nobel. São Paulo. 88p Anexo 1 Anexo 1 Frequência entre as cidades Anexo 2

5 Anexo 2 Porcentagem da piscicultura como principal da atividade Anexo 3 Anexo 3 Frequência de área de tanques dentre os produtores. Anexo 4 Anexo 4 Frequência de funcionário empregado na piscicultura

6 Anexo 5 Anexo 5 Frequência da produção/kg. Anexo 6 Anexo 6 Porcentagem da opinião do desempenho da piscicultura no Vale do Ribeira Anexo 7 Anexo 7 Porcentagem do controle da qualidade da água

7 Anexo 8 Anexo 8 Frequência do método de produção. Anexo 9 Anexo 9 Porcentagem do tipo de sistema de produção adotado na piscicultura Anexo 10 Anexo 10 Porcentagem das espécies criada.

8 Anexo 11 Anexo 11 Porcentagem do tipo de mercado do peixe criado na piscicultura Anexo 12 Anexo 12 Frequência de quantos anos a piscicultura está ativa.