Cuidado! Proteja Seus Filhos dos Bullies
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1 Page52 Cuidado! Proteja Seus Filhos dos Bullies Caution! Protect Your Children from Bullies Carpenter, D. e Fergunson, C. J (2011). Cuidado! Proteja seus filhos dos Bullies. Book Review: The Everything Parent s Guide to Dealing With Bullies. Editora Butterfly, 280p. Jamili Rasoul Salem de Souza Universidade Camilo Castelo Branco UNICASTELO Um dos motivos pelo qual o bullying existe há tanto tempo é o fato de ele passar despercebido pela maioria dos pais e dos funcionários das escolas. E, quando descoberto, muitas vezes é ignorado e, quando considerado, é por ser bom para ensinar garotos a se transformar em homens. São atitudes perigosas, que deixam à mercê dos bullies. Mas seu filho não está só: ele tem você. O bullying pode ser evitado. É desta forma que os autores iniciam o livro Cuidado Proteja Seus Filhos dos Bullies, o livro discute como prevenir a prática do bullying. Apresenta propostas de trabalhos junto às instituições (escola, família) de como ajudar, proteger a criança do agressor intencional, para que o problema não se torne pior e como estabelecer parcerias com professores, orientadores educacionais e diretores de escola para reduzir e sanar o fenômeno. Estas são algumas das questões que norteiam o livro resenhado. Esta obra é composta por 21 capítulos, complementares e articulados entre si, com relação ao seu propósito inicial de oferecer subsídios para a orientação, em família, das crianças que são alvo de vários tipos de violência. O livro traz como referência do Centro de Formação Nacional à Violência contra os jovens, que estima que 30% dos jovens dos Estados Unidos estejam envolvidos na prática do bullying, sejam como agressores, como vítimas ou ambos. Isso significa que o problema existe praticamente em todas as escolas, explicam os autores. Os autores definem o bullying como comportamento agressivo intencional que pode ser expresso de diversas maneiras (verbal, física, social e emocionalmente; em relacionamentos, pela Internet, ou uma combinação de vários fatores). É gerado pelo desequilíbrio de poder e ocorrem repetidas vezes, durante um período de tempo. O primeiro capítulo define o bullying, resgata sua história, contextualização e estabelece a tríade: o bully, a vítima e a testemunha, estes são os três personagens envolvidos
2 Page53 no drama. Os tipos de bullies são apresentados no segundo capítulo. São os verbais, os físicos, os sociais, que ocorrem nos relacionamentos. Apresentam um aspecto emocional, podem ocorrer via extorsão, de forma direta ou indireta e, também, nos meios cyber bullying, ou seja, o bullying via Internet. Já o terceiro capítulo estabelece os tipos de bullies, o bully presunçoso, social, insensível, hiperativo, vítima de bullies, o grupo de bullies e a gangue dos bullies. Os bullies citados são os tipos mais comuns. O simples fato de ter conhecimento dos tipos mais comuns pode ajudar a desenvolver estratégias de defesa e a lidar melhor com a situação. No quarto capítulo abordam o bully, suas características, esclarecendo um dos grandes mitos sobre bullies: o de que eles agem de maneira cruel para compensar carência ou autoestima baixa. A pesquisa mostra, de acordo com os autores, que os bullies têm, na verdade, níveis normais ou até mais altos de autoestima que as outras crianças. Estabelece o papel do bully na tríade: o bully, a vítima e a testemunha. O capítulo aborda ainda o bully iniciante, o experiente e o convicto. No capítulo seguinte definem as características das vítimas e seu papel na tríade. Os autores apresentam o processo que ocorre nas pessoas vitimadas, afirmando que se inicia no M-E-D-O e algumas formas de indagação, como, por exemplo, por que justo eu?. Outras questões surgem como modo de refletir sobre o porquê das vítimas não denunciar os bullies e quando ela se transforma em bully. No caso da ocorrência da transformação, concluem que muitas que sofrem de perseguição ou ataques de bullies tendem a internalizar sua dor e se tornam mais quietas e deprimidas. No sexto capítulo a testemunha é considerada destacam suas características o seu papel na tríade. Questionam sobre a justificativa da ausência de denúncias pelas testemunhas, considerando que elas não são observadores inocentes e como podem impedir o bully de agir. Em seguida, (capítulo sétimo) são considerados os fatores que levam ao comportamento bully, como a violência familiar, falta de exemplo positivo para seguir, violência na televisão, videogames violentos e ambiente escolar (problemas na escola, rejeição por parte dos colegas). Os mitos existentes sobre os bullies (capítulo 8) decorrem descrenças como o bullying é considerado algo normal entre crianças; crianças precisam aprender cedo a se defender; crianças vítimas de o bullying sempre acabam contando para os pais; bullies já nascem bullies; não há bullies na escola do meu filho; bullies são sempre crianças que se isolam e não tem contato social; cabe à escola resolver o problema. O mito é normalmente descrito como algo imaginário, infundado ou equívoco do conforme, analisam os autores, pois não tem suporte em evidências.
3 Page54 No capítulo seguinte são apresentados os sinais típicos emitidos pela criança que está sendo vítima de bullies, sinais físicos, psicológicos, problemas na escola, o que fazer (e não fazer) em relação ao bullying e atitudes a tomar caso da criança esteja sendo vitima. Ao saber que o filho se tornou vítima de bullies, muitos pais percebem que não sabem lidar com a situação, os autores fornecem dicas de como proceder para que os mesmos não tomem atitudes erradas e assim agravem mais o problema. O foco do décimo são as consequências do bullying, conforme seus aspectos: físico, emocional, vida escolar e seus efeitos sobre a criança em curto prazo e em longo prazo e como os pais podem ajudar. Já, no capítulo seguinte, os autores discutem sobre os meninos bullies, o mito de que todo menino tem de ser um super homem, o perigo dos estereótipos, meninos que maltratam meninas e por que os meninos maltratam outros meninos, na intenção de dominar o território ser temido. A seguir voltam-se para as meninas bullies (capítulo 12), nos aspectos bullying verbal, meninas violentas, por que as meninas maltratam outras meninas, bullying em grupo e comentam sobre o projeto Ophelia, que teve início em 1997, para servir de apoio para os pais e à comunidade. Hoje é uma das maiores instituições norte-americanas especializadas em identificar e auxiliar no caso de agressões de relacionamento; este projeto atende meninas, meninos e adultos. Em seguida (13º capítulo) tratam de como evitar que seu filho seja uma vítima: ensinando regras sociais, como aumentar a autoestima da criança, orientando o filho a ser um bom amigo, incentivando a ter boas amizades, assim como, a ter um grupo de amigos. O tema tem continuidade no capítulo seguinte que trata das regras sociais e do desenvolvimento da autoafirmação. Conforme os autores estas se justificam porque a criança precisa conhecer as regras sociais, gerais e as básicas para crianças, linguagem corporal, a qualidade da voz, habilidade de conversar de fazer amigos e desenvolvimento da autoafirmação, pois na medida em que o filho for adquirindo desenvoltura social e autoconfiança, também ficará mais fácil para ele demonstrar segurança mesmo em situações desagradáveis. O décimo quinto capítulo versa sobre a responsabilidade e o envolvimento dos pais, que é uma grande ajuda, pois para a maioria dos pais, descobrirem que o filho é vítima de bullies, é um choque emocional. Neste capítulo, os autores discutem o medo dos pais de tornar a situação pior, a vergonha de ter um filho vítima de bullies; vítimas que imploram aos pais que não comentem sobre o problema, o medo de ser pais superprotetores, pais que querem que o filho se defenda sozinho; razões para se denunciar sempre a prática do bullying e apontam estratégias para a prevenção da prática do bullying como: avaliação real do
4 Page55 problema; mudança no ambiente da escola; prevenção integrada; conscientização e desenvolvimento do caráter dos alunos; denúncia segura, regras; supervisão mais intensiva e programas de conscientização e de intervenção continuados, com objetivo de que as escolas tenham acessos aos melhores e mais eficazes programas antibullying e possam contribuir com informações e sugestões para torná-los ainda melhores. O capítulo seguinte é dedicado ao cyber bullying o bullying pela internet. O cyber bullying definido como intimidação, assédio ou ameaças repetidas conduzidas por meio de qualquer via de tecnologia da comunicação, incluindo , mensagens instantâneas, salas de bate-papo, sites de relacionamento, telefones celulares etc. Discutem os tipos de cyber bullying, por que ele se tornou um problema, as consequências, como proteger o filho, o que fazer em casos de cyber bullying e como evitar que seu filho se torne um cyber bullying. No décimo sétimo capítulo reflete sobre meu filho é um bully?. Os pais temem que seu filho se torne uma vítima de bullies. Devem ser considerados os sinais de que seu filho possa ser um bully. Para isso é necessário manter a mente aberta. Os autores sugerem como agir se isto vir a acontecer, por meio da transmissão a seu filho dos conceitos sobre amizade e regras de relacionamento, a criação de oportunidades para seu filho desenvolver autoestima, incentivos a seu filho para desenvolver atividades construtivas, supervisionadas e a praticar esportes e, também, a limitação à exposição de seu filho a formas de mídia violenta. Discutem a seguir o bullying entre crianças portadoras de necessidades especiais, considerando que é muito difícil ver uma criança sendo maltratada pelos colegas. Mais difícil ainda quando se trata de uma criança com deficiência física ou necessidades especiais, avaliam os autores. Por isso, questionam: a escola protege suficientemente seus filhos? Seu filho está vulnerável? De acordo com os autores, há um novo tipo de ameaça: submeter os colegas a substâncias alérgicas. O bullying praticado contra crianças com necessidades especiais o que fazer? Quais medidas tomar? É necessário apelar para medidas judiciais? São questionamentos que os autores respondem com autocracia de poder resolver os problemas com a escola, resolver diretamente com os funcionários ou com a direção antes de apelar para ações legais. Focam (19 capítulo), também a questão de quando o bullying se torna crime. O bullying nos Estados Unidos não é ilegal, mas diversas ações que ele envolve são consideradas atos criminosos. Os autores refletem, discutem e questionam as leis do bullying, como: você conhece as leis a ele relacionadas? Leis antibullying. Traz a definição de violência física e ameaça de violência física, assim como, o que fazer quando a diretoria da
5 Page56 escola decide não cooperar, recomendam registrar uma queixa formal, mas o melhor é chegar a um acordo apresentam ainda programas de prevenção. No penúltimo capítulo questionam por que os programas de tolerância zero não funcionam. Tolerância zero é uma expressão normalmente usada para especificar que quem prática um crime tem que pagar por ele. Discutem o que é uma política de tolerância zero; se tais programas fazem com que haja menor número de denúncias; a política de exclusão de alunos; bullies precisam de supervisão e de modelos positivos para seguir; dá dicas de outros tipos de práticas que não funcionam e relacionam métodos que devem ser utilizados, tais como: a flexibilização da política atual dos Estados Unidos de tolerância zero e programas adicionais, como políticas que contribuam para um bom ambiente e noções de convivência em comunidade para melhorar a relação entre alunos. Programas de liderança, de aconselhamento e de desenvolvimento de cidadania incentivam o senso de responsabilidade e de cooperação. No último capítulo analisam como alunos, pais, escola e comunidade podem se unir para combater o bullying. Todos precisam se unir e não trabalhar uns contra os outros na batalha contra o bullying. Para que isso ocorra é preciso: identificar a extensão do problema, campanhas e programas de conscientização, grupo de apoio, regras em sala de aula, atividades de aprendizado cooperativo, supervisão redobrada das áreas de risco e uma política integrada. Os pais devem participar da vida social e emocional dos filhos conversando, desde cedo, sobre o bullying e seus efeitos. E também estar mais envolvidos na rotina escolar. Por sua vez a escola precisa ter um canal aberto de comunicação com pais e alunos. Se cada membro da comunidade se dispuser em trabalhar em conjunto com os demais, será mais fácil estabelecer normas e uma política de segurança mais eficaz. Se todos estes processos discutidos estiverem integrados e cada um for responsável e fizer a sua parte, será possível pode garantir a segurança e o bem-estar comum. O livro é de interesse para todos que trabalham com crianças, adolescentes no âmbito das escolas como professores, psicólogos escolares, enfermeiros escolares, bem como, fora delas como médicos, assistentes sociais e, certamente os próprios pais. Recebido em: 23/05/2011 Aceito em: 27/08/2011
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