UMA CULTURA INTOLERÁVEL UM RETRATO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
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- Edite Delgado Chagas
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1 Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro Boletim CAO nº 01/2016 Quinta-feira, UMA CULTURA INTOLERÁVEL UM RETRATO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Desde a edição da Lei (Lei Maria da Penha), em 2006, o volume de denúncias de casos de violência doméstica e familiar contra a mulher aumentou significativamente, exigindo dos poderes públicos a tomada de medidas complementares, a fim de conferir um melhor atendimento às vítimas, tanto no momento do registro do fato nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAM) quanto ao longo de todo o processo judicial. Para a Promotora de Justiça Lúcia Iloizio, Coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de contra a Mulher (CAO ), após 10 anos de criação da Lei Maria da Penha, constatou-se que, juntamente com a punição dos agressores, é necessário manter programas e campanhas educativas visando a conscientizar a população de que a violência doméstica e familiar contra a mulher é crime, portanto intolerável. O CAO foi criado em 2013 pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (), com o objetivo de conferir suporte técnico aos Promotores de Justiça e de monitorar as políticas estatais de enfrentamento da violência doméstica em todo o Estado, bem como de realizar campanhas institucionais de prevenção e de conscientização. Outra medida institucional de suma importância foi a criação de órgãos de execução (Promotorias de Justiça) especializados em violência doméstica e familiar contra a mulher. Com o objetivo de promover as ações institucionais junto à população, a Subprocuradoria-Geral de Planejamento Institucional (SUBPLAN) e o CAO, por meio do Instituto de Educação e Pesquisa (IEP-) e da equipe do projeto MP EM MAPAS, apresentam um retrato da situação do Estado dos casos de violência contra a mulher e, ainda, algumas das respectivas ações do, para preveni-la. HOMICÍDIOS DE MULHERES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Em 2015, passou a vigorar a Lei , que prevê uma nova modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio, conferindo penas maiores (segundo o 7º do art. 121 do CP) para os crimes praticados contra a mulher no contexto doméstico e familiar e motivados por menosprezo ou discriminação à condição de mulher. O mapa apresenta a quantidade de mulheres vítimas de homicídio doloso por município do Estado do Rio de Janeiro, segundo os delitos analisados (valores absolutos, taxa por mulheres
2 Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro Boletim CAO nº 01/2016 Quinta-feira, AMEAÇA, ESTUPRO E LESÃO CORPORAL A Lei Maria da Penha (Lei /2006), em seu art. 5º, define a violência doméstica e familiar contra a mulher como qualquer ação ou omissão baseada no gênero, que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. Nesse âmbito, incluem-se em maior quantitativo violências praticadas por namorados, companheiros, maridos ou ex-parceiros. O mapa apresenta a quantidade de mulheres vítimas de ameaça por município do Estado do Rio de Janeiro, segundo os delitos analisados (valores absolutos, taxa por mulheres O mapa apresenta a quantidade de mulheres vítimas de estupro por município do Estado do Rio de Janeiro, segundo os delitos analisados (valores absolutos, taxa por mulheres
3 Boletim CAO nº 01/2016 Quinta-feira, O mapa apresenta a quantidade de mulheres vítimas de lesão corporal por município do Estado do Rio de Janeiro, segundo os delitos analisados (valores absolutos, taxa por mulheres UM DOS MAIORES DESAFIOS: O APOIO EFETIVO À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA No entendimento da Promotora de Justiça Lúcia Iloizio, Coordenadora do CAO, em razão da existência de laços afetivos entre a vítima e o seu agressor, faz-se necessário o acolhimento e atendimento dessas mulheres em todas as suas demandas. A ausência de uma atuação diferenciada pode conduzir ao desestímulo da mulher em denunciar seu agressor. Por isso, é importante acompanhar o desenvolvimento da política pública de enfrentamento à violência contra a mulher, aperfeiçoando o monitoramento dos serviços de atendimento, em especial, dos Centros Especializados de Atendimento à Mulher e Casas-Abrigo, por meio do projeto denominado Mulheres Livres, que está em fase de conclusão. INQUÉRITOS POLICIAIS COM INDICATIVO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA O gráfico abaixo representa os inquéritos em andamento na comarca do Rio de Janeiro, com a indicação do percentual de ocorrências indicando violência doméstica (rosa). Fontes:
4 Boletim CAO nº 01/2016 Quinta-feira, O gráfico abaixo representa a relação percentual dos principais tipos identificados nos inquéritos com indicativo de violência doméstica contra a mulher. Fontes: O gráfico abaixo representa a relação percentual do motivo do tipo de arquivamento. Fontes:
5 Boletim CAO nº 01/2016 Quinta-feira, O gráfico abaixo indica a evolução de denúncias oferecidas pelo entre os anos de 2010 e Fontes: SOLUÇÕES EDUCACIONAIS Ao longo dos últimos anos, constatou-se que o problema da violência doméstica contra a mulher decorre de uma cultura social histórica tolerante a essa modalidade de agressão e sua solução depende, também, da transformação das mentalidades de homens e mulheres. Com esse objetivo, o CAO realiza, nas escolas, o projeto Conversando sobre a Lei Maria da Penha nas Escolas, cujo objetivo é informar aos alunos da rede pública estadual (ensino médio) sobre a Lei, enfatizando a conscientização acerca dos danos provocados pela violência contra a mulher. O CAO realiza, também, ações sociais em conjunto com a Ouvidoria Itinerante do, as quais se destinam à promoção da conscientização de todos os públicos. Além de outro projeto voltado para a conscientização de pessoas em situação de cárcere. O criou uma série de promotorias especializadas em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Além dessas, ainda outras foram criadas para trabalhar com os inquéritos e com os processos criminais que envolvem a PROMOTORIAS ESPECIALIZADAS matéria, unificando as atribuições do perante os juízes com competência para os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. As tabelas abaixo apresentam a relação dessas Promotorias. Relação das Promotorias Especializadas 1ª Promotoria de Justiça junto ao I Juizado de e Familiar contra a Mulher 2ª Promotoria de Justiça junto ao I Juizado de e Familiar contra a Mulher Promotoria de Justiça junto ao II Juizado de e Familiar contra a Mulher Promotoria de Justiça junto ao III Juizado de e Familiar contra a Mulher Promotoria de Justiça junto ao V Juizado de e Familiar contra a Mulher Promotoria de Justiça junto ao VI Juizado de e Familiar contra a Mulher Promotoria de Justiça junto ao Juizado de e Familiar contra a Mulher de Nova Iguaçú Promotoria de Justiça junto ao Juizado de e Familiar contra a Mulher de Duque de Caxias Promotoria de Justiça junto ao Juizado de e Familiar contra a Mulher Niterói Promotoria de Justiça junto ao Juizado de e Familiar contra a Mulher São Gonçalo
6 Boletim CAO nº 01/2016 Quinta-feira, Relação de órgãos com atribuição em violência doméstica criados e redimensionados, em cuja atribuição foram reunidas as atividades de investigação penal e a atuação judicial em matéria de violência doméstica. 3ª Promotoria de Justiça de Itaperuna 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Barra do Piraí 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Maricá 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Valença 3ª Promotoria de Justiça Criminal de Teresópolis Promotoria de Justiça junto ao Juizado da e Familiar contra a Mulher e Especial Adjunto Criminal de Araruama e de Investigação Penal de Araruama e Saquarema 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Magé 2ª Promotoria de Justiça Criminal de Queimados Promotoria de Justiça junto ao Juizado de e Familiar contra a Mulher e Especial Adjunto Criminal de Cabo Frio 1ª e 2ª Promotorias de Justiça Criminais de Rio das Ostras Promotoria de Justiça junto ao Juizado da e Familiar contra a Mulher e Especial Adjunto Criminal de Belford Roxo Promotoria de Justiça de Pinheiral Promotoria de Justiça junto ao Juizado da e Familiar contra a Mulher e Especial Adjunto Criminal de Nova Friburgo 2ª Promotoria de Justiça de Guapimirim Promotoria de Justiça junto ao Juizado Especial Adjunto Criminal de Resende e de Investigação Penal de Resende, Itatiaia, Porto Real e Quatis 1ª e 2ª Promotorias de Justiça Criminais de Valença 1ª e 2ª Promotorias de Justiça Criminais de Barra do Piraí REALIZAÇÃO O INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E PESQUISA DO (IEP-) é uma Escola de Governo criada para promover o aprimoramento técnico e cultural de membros e de servidores do, bem como de gestores públicos e agentes sociais. O IEP- realiza pesquisas e busca estabelecer um profícuo diálogo com a sociedade, a fim de promover a ampla disseminação de novos conhecimentos.
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