Comércio e desenvolvimento. Modelo Centro-Periferia
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- Victorio Machado Canto
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1 Comércio e desenvolvimento Modelo Centro-Periferia Reinaldo Gonçalves Professor titular UFRJ 1
2 Sumário 1. Modelo Centro-Periferia: enfoques 2. Exportação de commodities 3. Progresso técnico e exportação de commodities 4. Substituição de importações 5. Integração regional 6. Brasil: reprimarização das exportações 7. Síntese 2
3 Bibliografia básica R. Baumann, O. Canuto e R. Gonçalves Economia Internacional. Teoria e Experiência Brasileira Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, 2004, cap. 5. 3
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6 1. Modelo Centro-Periferia: enfoques CEPAL: economias primário-exportadoras (Prebisch, 1949) Dependência (Santos, 1970) Pobreza permanente plantations e enclaves (Beckford, 1972) Desenvolvimento do subdesenvolvimento (Frank, 1967) 6
7 Prebisch e a deterioração dos termos de troca ganhos de produtividade transferência para o exterior elasticidade-renda baixa política comercial nos países desenvolvidos restritiva para commodities subsídios tarifas e MNTs 7
8 Período Prebisch: Em outros períodos não há evidência conclusiva 8
9 Centro versus Periferia Centro Homogêneas Diversificadas Manufaturados Industrialização Emprego Equilíbrio BOP ETs: excedente global Instabilidade sistêmica do capitalismo Origem de crises e transmissão Periferia Heterogêneas Concentradas Especialização: commodities Primário-exportadora Desemprego estrutural Déficit crônico BOP ETs: transferências Instabilidade específica (TT e receita de X) Vulnerabilidade externa estrutural 9
10 E o modelo Centro-Periferia continua no século XXI: Exemplos recentes a. dependência em relação às commodities b. instabilidade de preços c. experiência brasileira: TT e CPI d. ETs: apropriação do excedente 10
11 a. Importância das commodities (UNCTAD, 2008) 11
12 b. Instabilidade de preços: commodities vs manufaturados (UNCTAD, 2008) 12
13 c. Brasil - Termos de troca e capacidade de importar: Termos de troca - índice (média 2006 = 100) Capacidade de importar (média 2006 = 100) 13
14 Termos de troca da economia brasileira em perspectiva histórica tendência e volatilidade: Brasil: Termos de troca (índice 1995 = 100)
15 d. ETs: apropriação do excedente (UNCTAD, 2008) 15
16 2. Exportação de commodities : problemas 1. baixa elasticidade-renda da demanda por produtos primários 2. elasticidade-preço da demanda desfavorável 3. reduzida absorção dos benefícios do progresso técnico 4. estruturas de produção retrógradas concentração / excedente / poder econômico 16
17 Exportação de produtos primários: problemas (cont.) 5. efeitos negativos: concentração da riqueza e da renda grandes propriedades (vazamento / mercado interno débil) 6. restrição externa: commodities volatilidade de preços / instabilidade da receita de exportação 7. transmissão internacional dos ciclos econômicos 8. maiores barreiras de acesso ao mercado internacional 17
18 Exportação de produtos primários: problemas (cont.) 9. escalada tarifária 10. menor valor agregado 11. dumping ambiental: custos e riscos crescentes 12. dumping social: custos e riscos crescentes 18
19 Alguma evidência empírica recente a) Brasil: peso das commodities b) Elasticidades-preço e renda c) Produtos agrícolas: baixo dinamismo d) Produtos agrícolas: maior protecionismo e) Produtos agrícolas: subsídios f) Commodities: escalada tarifária g) Commodities: MNTs h) Commodity: valor agregado e cadeia produtiva i) Commodity: dumping ambiental j) Commodity: dumping social 19
20 a) Brasil: Participação dos 10 principais produtos de exportação (%) Produtos Minérios de ferro e seus concentrados (b) Soja mesmo triturada (b) Automóveis de passageiros (m) Óleos brutos de petróleo (b) Carne de frango congelada,fresca ou refrig.incl.miúdos (b) Aviões (m) Farelo e resíduos da extração de óleo de soja (b) Aparelhos transmissores ou receptores e componentes (m) Café cru em grão (b) Partes e pecas para veículos automóveis e tratores (m) ,2 4,5 3,7 3,5 2,8 2,7 2,4 2,3 2,1 2,1 Total dos 10 produtos 32,3 20
21 b) Evidência: elasticidades EUA: Elasticidades das importações Grupo de produtos Matéria-prima Alimentos Alimentos processados Semimanufaturados Є preço da demanda -0,18-0,21-1,40-1,83 Є renda da demanda 0,61 0,30 1,28 1,11 Manufaturados -4,05 2,63 Total -0,88 1,42 (Houthakker e Magee, 1969, p. 21) 21
22 c) Produtos agrícolas: baixo dinamismo 22
23 d) Produtos agrícolas e animais: maior protecionismo 23
24 e) Produtos agrícolas: subsídios 24
25 f) Escalada tarifária: tarifa cresce em proporção direta do valor agregado 25
26 Escalada tarifária na América do Norte 26
27 g) Protecionismo: Medidas não-tarifárias Grau de cobertura 27
28 MNTs: principais 28
29 h) Cadeia produtiva e valor agregado: couro 29
30 i) Dumping ambiental e pecuária 30
31 Amazônia: Arco do desmatamento e Arco do boi 31
32 j) Dumping social e pecuária 32
33 Commodities => maior vulnerabilidade externa estrutural (esfera comercial) 33
34 No entanto... Será que, no Brasil, foi descoberta a teoria do padrão ótimo de comércio internacional? Marco Aurélio Garcia: Estratego dos governos Lula e Dilma. Entrevista: Por SINAL, Sindicato Nacional dos Funcionários do BACEN, Ano 3, No. 13, p , maio
35 Esquecendo a história... Relembrando: Produtos agrícolas - baixo dinamismo 35
36 3. Progresso técnico e exportação de commodities E o gênio continua... O historiador que não aprendeu história? 36
37 Entretanto, 4 séculos antes... Progresso técnico e o ciclo da cana de açúcar ( ) Frei Vicente de Salvador, História do Brasil, 1627, p
38 Mais evidência para o século XVII... Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram o conhecimento de todos os aspectos técnicos e organizacionais da indústria açucareira. Esses conhecimentos vão constituir a base para a implantação e desenvolvimento de uma indústria concorrente de grande escala, na região do Caribe. Celso Furtado, Formação Econômica do Brasil, 1959, p
39 Evidência para o século XIX O emprego da máquina a vapor, o uso do bagaço de cana como combustível e as novas variedades de canas introduzidas facilitariam o surto açucareiro, verificado no século XIX. Roberto Simonsen, História Econômica do Brasil, 1937, p
40 4. Substituição de importações Argumento da indústria nascente Longo prazo Relembrando: os países atualmente desenvolvidos (PADs) recorreram a políticas industrial, comercial e tecnológica intervencionistas a fim de promover as indústrias nascentes. (Chang, 2006, p. 210) 40
41 4.1 Argumento da indústria nascente a proteção gera resultados positivos no longo prazo geração de vantagem comparativa setor específico dimensão temporal vantagem comparativa dinâmica economias de aprendizado economias de escala 41
42 Economia aberta: equilíbrio 42
43 Economia fechada: tarifa proibitiva perda de bem-estar no curto prazo 43
44 Entretanto, no longo prazo... 44
45 Economias de escala (Q) e economias de aprendizado (t) 45
46 4.2 ISI: Política comercial importante instrumento pró-ativo: strategic trade policy e ISI impactos significativos renda emprego BOP distribuição desenvolvimento etc. 46
47 Protecionismo, indústria nascente nos países atualmente desenvolvidos (PADs) (Chang, 2006, p. 114) 47
48 ISI: Pontos a favor transformações estruturais acumulação de capital economias de escala economias de aprendizado vantagens comparativas dinâmicas (processo sequencial) necessária para romper com o modelo Centro-Periferia upgrade do padrão de comércio 48
49 4.3 ISI: Problemas ineficiência alocativa ineficiência técnica ineficiência sistêmica reduzida geração de emprego baixa contestabilidade concentração de riqueza e renda 49
50 ISI: problemas... vulnerabilidade externa estrutural esfera produtiva: ETs - desnacionalização esfera tecnológica: escolha de técnicas ineficientes esfera financeira: passivo externo Estado contaminado : sistema político clientelista e corrupto governança (falhas de governo): seletividade temporal e setorial/produto inviabilidade técnica (tamanho do mercado) => integração regional 50
51 5. Integração regional: 5.1. Razões viabilizar ISI maior eficiência alocativa reestruturação produtiva economias de escala economias de aprendizado diversificação do comércio exterior balanço de pagamentos hedge: conjuntura internacional desfavorável 51
52 Razões não-econômicas cultural política segurança acordos bem sucedidos objetivos políticos convergência de modelos 52
53 5.2 Divergência de modelos e integração regional Hipótese Avanço da integração regional depende da convergência de modelo/estratégia de desenvolvimento 53
54 América Latina no início do século XXI 54
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56 56
57 5.3 Questão central Qual é a importância da integração regional na América do Sul para o desenvolvimento de longo prazo do Brasil? 57
58 Hipótese 1 a política interna e externa do Brasil deve ter como objetivo fundamental a construção do espaço econômico e político sul-americano, sem qualquer pretensão hegemônica, com base na generosidade decorrente das extraordinárias assimetrias entre o Brasil e cada um dos seus vizinhos Samuel P. Guimarães, Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes
59 Hipótese 2 o Brasil deve se integrar em si mesmo a integração regional é um objetivo secundário e que se realiza na dimensão bilateral Reinaldo Gonçalves, O Brasil e o Comércio Internacional,
60 6. Brasil: Reprimarização das exportações produtos manufaturados forte tendência de queda 2002 = 56,8% 2010 = 45,6% produtos básicos aumento da participação 2002 = 25,5% 2010 = 38,5% 60
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65 Mundo Brasil 65
66 7. Síntese Modelo Centro-Periferia diferentes enfoques divisão internacional do trabalho obstáculo ao desenvolvimento Exportação de commodities dependência => instabilidade e vulnerabilidade restrições sérias (acumulação, produção, distribuição; oferta, demanda) 66
67 ISI: Rejeitando o livre comércio Países atualmente desenvolvidos: experiência histórica (Chang, 2006, p. 114) 67
68 Entretanto... Cuidado com o protecionismo não garante o desenvolvimento pode prejudicar o desenvolvimento Entretanto, pode ser instrumento eficaz se seletividade e temporalidade Estado: não capturado pelos setores/grupos beneficiados diretamente Fundamental 68
69 Síntese, cont... progresso técnico e exportação de commodities questão central: transferência de benefícios substituição de importações resultados variam questão central: Estado versus setores/grupos dominantes 69
70 Síntese, cont... limites do processo de substituição de importações Hipótese do esgotamento: errada progresso tecnológico: janela permanentemente aberta de oportunidades 70
71 Síntese,... integração regional benefício-custo econômico questões não-econômicas dimensões: bilateral e plurilateral divergência de modelos e inviabilidade da integração questão central: Estado versus setores dominantes 71
72 Síntese... Enquanto isso, no Brasil, foi descoberta a teoria do padrão ótimo de comércio internacional. Marco Aurélio Garcia: Estratego do governo Lula Entrevista: Por SINAL, Sindicato Nacional dos Funcionários do BACEN, Ano 3, No. 13, p , maio
73 Et pour cause, China, Índia, Alemanha e EUA preocupadíssimos... Distribuição das exportações segundo os principais grupos de produto Brasil (%, 2009) China Alemanha EUA Índia Prods. agrícolas 37,7 3,4 6,9 11,3 10,2 Minerais e combustíveis 21,3 2,9 4,7 8,4 20,6 Manufaturados 38,0 93,6 86,1 75,8 66,0 Participação exportações mundiais de bens % 1,22 9,60 8,94 8,43 1,32 Participação exportações mundiais de serviços % 0,78 3,80 6,67 14,07 2,67 Fonte: OMC 73
74 Brasil Importância relativa de manufaturados nas exportações e participação nas exportações mundiais de bens: 2009 (%) 100,0 93,6 12,00 90,0 86,1 80,0 75,8 10,00 70,0 60,0 9,60 8,94 8,43 66,0 8,00 50,0 6,00 40,0 38,0 30,0 4,00 20,0 10,0 1,32 1,22 2,00 0,0 China Alemanha EUA Índia Brasil Manufaturados Participação exportações mundiais de bens % 0,00 74
75 Centro e Periferia no século XXI: China e Brasil 8/Junho/2011: Trem versus carne suína 75
76 Centro e Periferia no século XXI: China e Brasil 8/Junho/
77 77
78 Enquanto isso, menos de um mês depois, na Rússia... 04/05/ :02:37 Embargo russo à carne suína brasileira deve terminar em breve Especialistas acreditam que o embargo não deve durar muito tempo Fonte: Notícias agrícolas Representantes dos Ministérios da Agricultura do Brasil e da Rússia se reuniram ontem (3), sem sucesso, para discutirem saída para o embarco das importações russas de carne suína. Alegando problemas sanitários, a Rússia suspendeu parte das exportações de três frigoríficos catarinenses da BRF Brasil Foods. Especialistas acreditam que o embargo não deve durar muito tempo. O assunto deve ser resolvido em até 35 dias, na opinião do vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), Eroni Barbieri. O presidente do Instituto Nacional da Carne Suína (INCS), Wolmir de Souza, lembra que os russos fazem estoque para atravessar o inverno, mais um motivo para solução rápida. 78
79 O Globo, 12 de março de 2012, p
80 Será que os chineses já aprenderam a fazer o ERJ-145? 80
81 Governos FHC, Lula e Dilma e o NADA: (Nacional-desenvolvimentismo às Avessas) Esfera Comercial Erro estratégico Desindustrialização Dessubstituição de importações Reprimarização Tecnológica Produtiva Financeira Perda de competitividade internacional Maior dependência tecnológica Desnacionalização Maior concentração de capital Crescente vulnerabilidade externa estrutural Dominação financeira 81
82 Prêmio Brasil de Economia 2013 Categoria: Livro 1º lugar 82
83 Perspectivas: Questão central erros estratégicos comprometem estruturalmente o desenvolvimento do país 83
84 84
85 Obrigado!
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