Contabilidade: Aspectos Introdutórios

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1 FEA / USP Departamento de Contabilidade e Atuária EAC-106 Contabilidade Introdutória Contabilidade: Aspectos Introdutórios Prof. Fernando Dal-Ri Murcia

2 Aspectos Introdutórios Plano de Aula Afinal, o que é contabilidade? Aspectos Históricos e Evolução da Ciência Interação com outras áreas do conhecimento: Administração, Economia e Direito Regulação em Contabilidade: Convergência - IFRSs 2

3 Afinal o que é Contabilidade? Linguagem dos negócios Informação Modelo Técnica Ciência Arte Sistema de informações úteis ao processo de tomada de decisão econômica e formação de contratos em situações de assimetria de informação, conflito de interesses e risco/incerteza 3

4 Afinal o que é Contabilidade? Etapas do Processo Contábil Reconhecimento o que deve ser tratado? Mensuração como iremos medir os eventos econômicos? Evidenciação como os eventos econômicos serão comunicados? Ex: Estoques de mercadorias, ações, carro, etc. 4

5 Afinal o que é Contabilidade? Produto da Contabilidade: Demonstrações Contábeis 5

6 Aspectos Históricos e Evolução da Ciência Accounting Follows Economics Primeiros registros Séculos XIII e XIV: em centros de comércio no norte da Itália Primeira publicação em 1.494: Frei Luca Pacioli (sistema de escrituração por partidas dobradas) Até século XVI Informação para o proprietário; Sigilo sobre as informações Não havia pressão externa sobre a exatidão; Não havia padrões de divulgação Não havia separação clara entre negócios pessoais e empresariais Dificuldade pela ausência de uma única unidade monetária estável 6

7 Aspectos Históricos e Evolução da Ciência A Era do Descobrimento Surgimento de empresas de capital conjunto Os investidores (financiadores) recebiam direitos de participação proporcionais a seus investimentos (navios) No início eram investimentos para um projeto Depois passaram a ser para vários projetos Finalmente passaram a ser participações permanentes Necessidade de cálculo dos lucros a cada período 7

8 Aspectos Históricos e Evolução da Ciência A Revolução industrial Necessidade de aumento da produção pelo aumento da população; Invenções de máquinas e o desenvolvimento da manufatura Necessidade de capital: surgimento dos bancos para o financiamento Surgimento da Bolsa de Valores de Londres (1773) e de Nova Iorque (1792) Necessidade de informações sobre custos de produção e avaliação de estoques de produção Sistemas de Contabilidade de Custos Grandes demandas de capital separação entre investidor e administrador relatórios para proprietários ausentes Maior demanda de informações por acionistas, investidores, credores, governos Retorno aos investidores versus Retorno do Capital aos proprietários Criação das sociedades por ações e Auditoria obrigatória 8

9 Aspectos Históricos e Evolução da Ciência Hoje Conforme já falamos, a contabilidade evoluiu muito justamente em decorrência da complexidade das transações econômicas. Hoje, existem vários tópicos contábeis extremamente complexos, como por exemplo, a contabilização de instrumentos derivativos exóticos e determinados tipos de combinações de negócios envolvendo diversas entidades e SPEs... Mas veja, essa dificuldade não é derivada da própria contabilidade,mas sim da realidade econômica e das transações... Essas sim são complexas. A contabilidade evoluiu e tornou-se complexa justamente para tentar refletir tais transações (accounting follows economics Veremos a seguir, como se encontra o processo de convergência da contabilidade, mas antes é importante ressaltar a relação da contabilidade com outras áreas do conhecimento correlatas. 9

10 Interação com outras áreas do conhecimento: Administração Gestão da Empresa: parte financeira, como a empresa utiliza os recursos para maximizar seu valor. Administração do Negócio: mortalidade, conhecer custos, lucros, receitas, despesas, etc. Área de Contabilidade de custos: fixos e variáveis, gerencial (contabilidade para dentro da empresa, abc, orçamento. Administração pública: receitas e despesas, orçamento, corte do orçamento publico 10

11 Interação com outras áreas do conhecimento: Economia Economia: alocação dos recursos escassos Os recursos são alocados com base em informações contábeis. Ex. compra de ações, empréstimos, tributação, etc. Bom, se a contabilidade não tiver boa qualidade, isto é, a informação for ruim, os recursos escassos não serão alocados de maneira eficiente certo? O mesmo serve na área publica, a chamada contabilidade pública 11

12 Interação com outras áreas do conhecimento: Direito Devido aos incentivos que os serem humanos possuem para manipular a contabilidade e dada sua importância para a economia, a contabilidade precisa ser regulada: isto é, torna-se uma lei Lei ou Conselho: Necessidade de enforcement e punição Regulação em contabilidade: Órgãos reguladores/normatizadores: CFC e CRCs; CVM; CPC e IASB (dentre outros) Vamos discutir de maneira mais detalhada, como se encontra o processo de convergência ou harmonização das normas contábeis no mundo e no Brasil 12

13 Harmonização da Contabilidade no Mundo I. Cada país tem suas normas de contabilidade nacionais (Ex: Brasil, Argentina, EUA, Austrália, etc.). Isto é similar às leis de direito de cada país. II. III. A harmonização (convergência): ideia de se ter uma única norma de contabilidade societária para todos os países. É como se tivéssemos a mesma lei em todos os países do mundo. IMPORTANTE: Continuam existindo diferentes contabilidades no mundo para fins de impostos, regulação setorial e gerencial.

14 O IASB O International Accounting Standards Board (IASB) é uma organização independente, com sede em Londres, que trabalha para o interesse público, responsável pela elaboração das normas contábeis internacionais, denominadas international financial reporting standards (ifrs). Objetivo: To develop a single set of high quality, understandable, enforceable and globally accepted financial reporting standards based upon clearly articulated accounting principles. Pontos importantes: NORMA ÚNICA, GLOBAL, BASEADA EM PRÍNCIPIOS CONTÁBEIS!

15 Harmonização no Mundo: mais de 100 Países 15 IFRS - Toda a UE a partir de 2005 (Acordo de 2002) EUA Memorando de Entendimento Brasil: 2010 Balanço publicado em 2011 (comparativo )

16 Produção de Normas Contábeis (IFRSs)

17 Justificativas para Harmonizar I. EMPRESAS REDUÇÃO DE CUSTOS empresas presentes em diversos países e também as empresas de auditoria. II. USUÁRIOS UNIFORMIDADE diversidade de práticas contábeis entre as diversas economias prejudicava a comparabilidade pelos investidores (Comparação entre Empresas Embraer Bombardier) MELHOR QUALIDADE DE NORMAS foco na essência, normas especificas para cada tipo de operação e/ou atividade (informações mais relevantes aos usuários OBJETIVO DA CONTABILIDADE Informação de mais qualidade). III. PAÍS MERCADOS MAIS ABRANGENTE MAIS LIQUIDEZ MENOR CUSTO DE CAPITAL dinheiro entrando no Brasil mais crédito menor custo de capital. IV. NÓS CONTADORES Possibilidade de trabalhar em outros países.

18 Resultados Esperados da Convergência: Valorização do Profissional Contábil (i) Países desenvolvidos: contador profissional muito valorizado. (ii) Contador: exerce mais julgamento; necessário conhecer também: (i) economia, (ii) finanças e (iii) direito. (iii) Contabilidade de Boa Qualidade : impacto real na sociedade a partir da contabilidade os recursos são alocados na economia: (i) pagamento de dividendos e jscp, (ii) remuneração dos funcionários PLR, (iii) compra e venda de empresas, (iv) empréstimos para as empresas, etc.

19 Panorama Geral do Processo de Convergência 2010: Ano da 1ª adoção das IFRS (First Time Adoption) para os balanços consolidados das companhias abertas no Brasil Encerrou um processo iniciado há alguns anos. Com o objetivo de ilustrar o processo de convergência, podemos dividí-lo em três etapas: 2006/ / /2011 Criação do CPC 1a Fase da Convergência 2a Fase da Convergência

20 Composição do CPC Processo Democrático: Quem produz a informação, Quem audita, Quem analisa, Quem estuda, quem regula. ABRASCA - Associação Brasileira das Companhias Abertas (EMPRESAS) APIMEC - Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais; (INVESTIDORES) BMF-BOVESPA; (BOLSA) Conselho Federal de Contabilidade (CONTADORES) FIPECAFI (ACADEMIA) IBRACON (AUDITORES) Importante: Além desses membros são sempre convidados (CVM, Receita, Bacen, Susep

21 CPC: Questões Técnicas Produtos do CPC: Pronunciamentos Técnicos (43), Interpretações (17) e Orientações (5) (Até o momento, 02/2012) Os Pronunciamentos Técnicos são obrigatoriamente submetidos a Audiências Públicas, pelo prazo mínimo de 30 dias. Importante: todos podem enviar contribuições, críticas, sugestões etc. De fato, nós profissionais de contabilidade devemos ser mais ativos nesse processo.

22 CPC: Questões Técnicas Uma vez aprovadas as normas contábeis necessitam ser adotadas pelos respectivos órgãos já que o CPC não possui papel de enforcement. Assim, o CFC emite uma NBC, a CVM uma Deliberação etc. Importante: para estar em linha com as normas internacionais, os CPCs são constantemente revisados (R1, R2 etc.)

23 CPC: Questões Técnicas No processo de elaboração de um CPC, o primeiro passo é sempre a tradução do correspondente IFRS (IAS). Em seguida, verifica-se a necessidade de adaptações. Vejamos o exemplo do Ativo Imobilizado.

24 CPC: Questões Técnicas E quando o Comitê não concorda com uma norma do IASB? Bom nesse caso, não se pode emitir um norma que esteja em conflito com as normas internacionais, pois nesse caso a convergência estaria comprometida Em outras palavras, as normas precisam ser alteradas primeiramente pelo IASB. Nesse contexto, o CPC tem enviado contribuições ao IASB com o objetivo de promover as alterações desejadas.

25 Convergência no Brasil Análise dos Sites de do CPC e artigos relacionados

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