DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade

Transcrição

1 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade Aula 1 Olá pessoal! Chegamos à nossa aula sobre macroestrutura das questões discursivas do Cespe. De acordo com o edital do concurso para Policial Legislativo da Câmara, publicado pelo Cespe, o tema da redação abrangerá atualidades. No entanto, já conhecendo a banca e suas manias, recomendo que estudem esta aula e, mesmo havendo nela exemplos de textos que versem sobre conhecimento específico, fiquem atentos à nossa prioridade: a composição estrutural do texto. Esses exemplos foram dispostos, no lugar de exemplos vindos de conhecimentos gerais ou atualidades, por dois motivos: a. Já fazia algum tempo que o Cespe não lançava discursiva, com tema recortado de atualidades. Então, se retomássemos os modelos antigos, correríamos o risco de passar a vocês instruções desatualizações para a composição da macroestrutura. b. A estrutura das discursivas que versam tanto sobre assuntos gerais quanto sobre assuntos específicos é praticamente similar o que muda é o assunto em si, mas a estrutura de composição mantém suas regras. Por que digo isso? Porque, não importando a origem do tema, a estruturação deste e do enunciado que o acompanha é sempre a mesma: texto seguido de tópicos.

2

3 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade Para isso, devemos sempre observar alguns cuidados, que são, na verdade, qualidades que fazem parte da sistematização de respostas num texto dissertativo, praticado na seara dos concursos públicos. i. Objetividade Vocês já sabem que o início da dissertação deverá ser sempre objetivo, ainda que optem, por exemplo, por retomar um caso fictício, presente no tema. Vocês precisam saber também que, no parágrafo, em que forem proceder à resposta de algum tópico, deverão dar preferência para a retomada objetiva do tópico ou seja logo na linha de abertura do parágrafo. Por que digo isso? Pensem no examinador, mais uma vez! Ele precisa localizar, em meio a textos extensos, a passagem em que vocês respondem o tópico. Se vocês deixam para retomar palavras-chave no meio de parágrafo de 10 linhas, por exemplo, ou no final dele, sinceramente vocês não ajudam o examinador a localizar a resposta para aquele tópico. Se o prazo, por exemplo, para a entrega de resultados da correção estiver se encerrando, sua nota poderá ser alvo de uma roleta russa, se o examinador não se comprometer a analisar seu texto com carinho. O risco é o texto seguir para a fase recursal, por avaliação precária. ii. Precisão Amigos, cuidado com o que leem nos tópicos. Muita atenção mesmo com as palavras!

4

5 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade ler cada parte da proposta, encontra no texto do candidato uma correspondência ordinal com o que consta no tema. Por outro lado, diante de uma ordem tópicos temáticos, imposta pela banca, há candidatos que observam alguma incongruência entre a continuidade de um tópico para outro e optam por desenvolver o texto, a partir de uma organização que julgam ser mais harmoniosa. Seria um exercício saudável esse julgamento, se não estivéssemos escrevendo textos em concurso. Não é preciso fazer muito esforço para imaginar que quem corrige texto reza para que o redator não tenha embaralhado, à sua ordem, as peças do tema. Se isso ocorre, a facilidade da leitura e a agilidade da correção ficam muito comprometidas, porque o examinador terá que localizar, em ordenação textual diferente da esperada, o cumprimento de cada um dos tópicos temáticos. É quase, com o perdão da expressão popular, procurar agulha em palheiro. É claro que há examinadores comprometidos com a correção que se dão ao trabalho de não cometerem injustiças, até porque o critério determinado pelo edital é a análise do desenvolvimento do tema, não a ordem. Outros, no entanto, podem não fazer esse esforço pela nota e levar o candidato à fase recursal. Fica a sugestão, portanto, para que mantenham seus textos em correspondência quase biunívoca com os tópicos temáticos: respeitem a ordem dos tópicos, para produzirem suas respostas. - que consiste no texto que, diante de qualquer tema, seja polêmica ou não, apresenta um esclarecimento acerca do

6

7 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade Lendo os exemplos A e B, fica nítido que o texto A está comprometido com a finalidade de esclarecer o que é o sistema de cotas e como ele funciona. Notemos que autor não toma partido contrário ou favorável ao objetivo de discussão: o sistema de cotas. Já o texto B presta breves esclarecimentos sobre o sistema de cotas, mas vê-se que a finalidade maior é acusar as falhas do referido sistema, ou seja, o autor manifesta opinião nítida sobre tema proposto. Assim, A é uma dissertação expositiva, ao passo que B é trecho de dissertação opinativa. Obs: tanto a dissertação opinativa quanto a expositiva são textos que precisarão ser amparados por argumentos (provas), não importando se assumem partido diante de um tema ou não. Na hora da prova, diante da proposta temática, é que saberemos que a banca nos exigirá opinião sobre um fato temático ou mera explicação, para testar nossos conhecimentos sobre o assunto proposto.. Então, por enquanto, vamos estudar os aspectos de estruturação da DISSERTAÇÃO, de um modo geral. A Introdução A MACROESTRUTURA DO TEXTO Atualmente, quanto mais objetivo for o texto, nas provas do Cespe, maiores são as chances de não se perder ponto na discursiva. Assim, já temos nossa primeira sugestão:

8

9 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade Diante desse tema, o candidato deve, logo na linha 1, sem apontar título, ou fazer qualquer outra introdução, definir o que é crime de contrabando. Se ele quiser desdobrar a continuidade do tópico para o segundo parágrafo, a fim de esclarecer as circunstâncias pedidas ainda no tópico 1, ele poderá fazê-lo. Mas, como não há nada que motive uma introdução, se ele desenvolver introdução, nesse caso, corre o risco de perder pontos por falta de objetividade. Consideremos, agora, outra proposta: Tema 2 MPU/2013/Cespe Notemos que, antes do tópico 1, há um pedido para que o candidato disserte acerca da relação entre os princípios institucionais do Ministério Público e a competência para promover atividades investigatórias...

10

11 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade do tópico 1 e o restante das respostas propostas para os tópicos seguintes. temas. Antes de seguir, vamos rever como o Cespe estrutura seus Feito o primeiro parágrafo com introdução ou com tópico 1-, vamos seguir para a abordagem dos demais tópicos. Para isso, devemos sempre observar alguns cuidados, que são, na verdade, qualidades que fazem parte da sistematização de respostas num texto dissertativo, praticado na seara dos concursos públicos. Objetividade Vocês já sabem que o início da dissertação deverá ser sempre objetivo, ainda que optem, por exemplo, por compor uma introdução. Vocês precisam saber também que, no parágrafo, em que forem proceder à resposta dada a algum tópico, deverão dar preferência para a retomada objetiva do tópico ou seja logo na linha de abertura do parágrafo. Por que digo isso? Pensem no examinador, mais uma vez! Ele precisa localizar, em meio às suas linhas, a passagem em que vocês respondem o tópico. Se vocês deixam para retomar palavras-chave no meio de parágrafo de 7 linhas, por exemplo, ou no final dele, sinceramente vocês não ajudam o examinador a localizar a resposta para aquele tópico. Se o prazo, por exemplo, para a entrega de resultados da correção estiver se encerrando, sua nota poderá ser alvo de uma roleta russa, se o examinador não se comprometer a

12

13 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade Então, para não haver erro, o melhor a fazer é reproduzir os termos do tópico com precisão no texto. Ordem Uma Dissertação fácil de ser lida é a aquela que se compromete com a ordem da demanda temática: o examinador, ao ler cada parte da proposta, encontra no texto do candidato uma correspondência ordinal com o que consta no tema. Por outro lado, diante de uma ordem tópicos temáticos, imposta pela banca, há candidatos que observam alguma incongruência entre a continuidade de um tópico para outro e optam por desenvolver o texto, a partir de uma organização que julgam ser mais harmoniosa. Seria um exercício saudável esse julgamento, se não estivéssemos escrevendo textos em concurso. Não é preciso fazer muito esforço para imaginar que quem corrige texto reza para que o redator não tenha embaralhado, à sua ordem, as peças do tema. Se isso ocorre, a facilidade da leitura e a agilidade da correção ficam muito comprometidas, porque o examinador terá que localizar, em ordenação textual diferente da esperada, o cumprimento de cada um dos tópicos temáticos. É quase, com o perdão da expressão popular, procurar agulha em palheiro. É claro que há examinadores comprometidos com a correção que se dão ao trabalho de não cometerem injustiças, até porque o critério determinado pelo edital é a análise do desenvolvimento do tema, não a ordem. Outros, no entanto, podem não fazer esse esforço pela nota e levar o candidato à fase recursal.

14

15 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade Isso que acabamos de expor tem a ver com organização de ideias e com clareza. Falemos um pouco mais deste item final. A clareza das informações é uma das qualidades estruturais mais exigidas nas provas discursivas que versam sobre temas muito específicos. O desenvolvimento de um texto que verse sobre um assunto pouco universal (de conhecimento restrito) é uma prática que requer muito cuidado da parte de quem o faz, porque no texto, muitas vezes, o automatismo de ideias impera e os redatores tendem a redigir seus conhecimentos, sem se preocupar com a estruturação escrita deles. Como consequência disso, surgem frases longas, parágrafos com tamanhos não calculados, enumerações mal coordenadas e descuidos com a linguagem. Então, vale anotar cuidados que devem ser observados para que a clareza das ideias seja respeitada: as frases devem ser curtas evitam-se frases com mais de três linhas. Para isso, é bom empregar mais o ponto final do que qualquer outro tipo de pontuação. Cada parágrafo deve ser uma célula a conter determinado assunto, ou seja, começamos a resposta pelo tópico, desenvolvemos a resposta e concluímos a ideia, fechando a resposta para aquele tópico demandado. Enumerações exaustivas devem ser evitadas em provas da área fiscal, em especial, os redatores tendem a criar extensos blocos de enumeração, incentivados por armadilhas temáticas. A linguagem deve permanecer formal e o uso de siglas deve ser contido. Assim, só se empregarão siglas oficiais e estas deverão ser usadas quando realmente for necessário. Complementando nossa explicação, vamos abordar agora o assunto fundamentação de ideias.

16

17 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade possa ser abatido montante pago na etapa anterior. Exemplos típicos destes tributos são a COFINS, a contribuição para o PIS e a CPMF. 3. Autoridade: considero estes os mais eficazes para as provas discursivas. Trata-se do suporte dado por Leis, pela Constituição ou por doutrinadores ou professores renomados do direito. Exemplo: Descriminalizar o uso de drogas, segundo o professor Roberto Lent, é dar ao país a chance de tratar o problema do consumo de entorpecentes como uma questão séria que merece mais atendimento por parte das autoridades de saúde pública. Assim, pessoal, qualquer resposta que produzamos, é necessário que nela contenham alguns desses mecanismos de fundamentação, para que a resposta correta ganhe status de cientificidade argumentativa. Já esclareci que conheço provas com boas notas que não se valeram disso, mas faço questão de frisar que é raro um examinador considerar a correção total da resposta nesse caso. Lembremo-nos de que os examinadores trabalham com tempo exíguo para ler os textos e muitos, por essa razão, são condicionados (é um quase automatismo) a investigar a existência do cumprimento de regras discursivas, quando estão avaliando provas. Logo, recomendo que façam esforço em comprovar as respostas de todos os tópicos. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DOS CONHECIMENTOS

18

19 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade h. Preocupação com conclusão geral. Se cada tópico for bem explicado, o candidato não precisa tecer uma conclusão, já que muitas representam mera formalização textual. Agora vamos analisar o primeiro exemplo da aula de hoje. Temos a seguir uma proposta temática que foi aplicada numa das provas do MPU-2/2013 posterior a ela há uma redação desenvolvida por um ex-aluno.

20

21

22

23 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade temática é exigência do Cespe. Portanto, é preciso respeitar essa composição temática simples e levar a termo a ideia de transpor cada tópico para o texto, no parágrafo em que houver dissertação sobre ele (entenda-se início do parágrafo). Vamos, então, verificar mais um exemplo para reforçar isso que eu falei há pouco e para reforçar as demais dicas de macroestrutura. Tomarei, para isso, um exemplo de Estudo de Caso, extraído do concurso do Banco Central. Aqui, temos o tema e, seguinte a ele, a redação de uma exaluna: Tema 2 BC área 3/2013

24

25

26

27 DISCURSIVA CÂMARA DOS DEPUTADOS POLÍCIA LEGISLATIVA Profas. Luciana Ferreira e Júnia Andrade riscos, tal modelo consagra-se como a melhor escolha e é com ele que gente vem ajudando cada vez pessoas a conquistarem vagas no serviço público. Portanto, não deixem de praticar essa forma macroestrutural, pois ela será objeto da avaliação da profa. Luciana. Bom estudo para todos! Júnia Andrade