Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde: Revisão da RDC 306

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2 26 e 27 de novembro de 2015 Hotel Everest Porto Alegre RS Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde: Revisão da RDC 306 Noil Amorim de Menezes Cussiol Doutora em Saneamento e Meio Ambiente Pesquisadora do CDTN/CNEN

3 Linha do Tempo Portaria n o 618/2009: GT para discussão sobre normatização do descarte de produtos e insumos farmacêuticos dos serviços de saúde (Regina Barcelos e Luiz Carlos / 5 reuniões / inconclusivo). 2010: Descarte de medicamentos sujeitos a controle especial - Os produtos e suas embalagens podem/devem, conforme determinação da VISA, ser descaracterizados física ou quimicamente pelo responsável, antes de seu acondicionamento (proposta não aceita). Portaria n o 1.577/2011: Art. 1 o Instituir GRUPO DE TRABALHO, composto pelos membros abaixo designados, com o objetivo específico de proceder a revisão e atualização do regulamento de que trata a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 306 de 7 dezembro de 2004 (Luiz Carlos com RPM texto grande/restrições MMA ausente). 2012: somente 2 reuniões presenciais MMA só em dez/ (maio): fecharemos internamente uma versão do texto da revisão da RDC 306/2004. Colaborações virtuais. 2014: Sem RPM / versão menor consultas isoladas. 3/22

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6 PL 1.109/2015 6/22

7 PL 1.109/2015 7/22

8 AÇÕES COM INTERESSE ECONÔMICO NA CP 20/2015 REDAÇÃO DA ANVISA na REVISÃO: Art. 61 Os resíduos do Subgrupo A4 não necessitam de tratamento prévio. Parágrafo único. Os resíduos do Subgrupo A4 devem ser acondicionados em saco branco leitoso e encaminhados para a disposição final ambientalmente adequada. SUGESTÃO do novo texto para REVISÃO: Foco Art. 61 Art. 61 Os resíduos do subgrupo A4 não necessitam de tratamento prévio, desde que não haja contaminação com sangue, fluidos ou por agentes biológicos de qualquer natureza. (sic) Parágrafo único. Os resíduos do Subgrupo A4 que não necessitarem de tratamento prévio devem seguir a mesma orientação de embalagens e destinação que foi adotada para os resíduos do Subgrupo D, em consonância com o definido no PGIRS do Município. 8/22

9 AÇÕES COM INTERESSE ECONÔMICO NA CP 20/2015 Foco Art. 61 Sugestões de respostas oferecidas às perguntas feitas no formulário de contribuições da ANVISA Especifique como tomou conhecimento desta Consulta Pública: SITE ANVISA. Pergunta: De um modo geral, qual sua opinião sobre a proposta de norma em discussão? Resposta: (X) Concordo parcialmente com a proposta Pergunta: Na sua opinião, qual o grau de impacto da proposta sobre as suas rotinas e atividades? Resposta: (X) Impacto negativo alto Pergunta: Por favor, descreva resumidamente os impactos mais significativos nas suas rotinas e atividades: Resposta: Alguns dos procedimentos assim regulados colocam em risco a saúde pública e o equilíbrio do meio ambiente. 9/22

10 AÇÕES COM INTERESSE ECONÔMICO NA CP 20/2015 Foco Art. 61 Justificativas A proposta de revisão da RDC 306 contraria os princípios e diretrizes que norteiam a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal n /2010), e a própria Constituição Federal, além de afrontar os princípios de Direito Ambiental e as boas práticas de gestão de resíduos sólidos, ao autorizar o encaminhamento de resíduos perigosos com contaminação biológica para unidades de disposição final sem nenhum tipo de tratamento prévio: 10/22

11 AÇÕES COM INTERESSE ECONÔMICO NA CP 20/2015 Foco Art. 61 Justificativas 1) A alteração da nova redação da ANVISA referente ao artigo supra citado contraria o princípio da preservação ambiental e da hierarquia na gestão de resíduos tais como previstos pela PNRS. Ou seja, o referido artigo 61 ao obrigar a disposição final de resíduos do grupo A4 diretamente no meio ambiente, sem que haja nenhum tipo de ação prévia à mesma, afronta diretamente a Lei /2010 bem como o artigo 225 da Constituição Federal. Conforme definido na PNRS, para a preservação do meio ambiente equilibrado deve-se seguir a hierarquia na gestão, onde a disposição final é sempre a última opção. 11/22

12 AÇÕES COM INTERESSE ECONÔMICO NA CP 20/2015 Foco Art. 61 Justificativas 2) Ao lado da legislação que rege o assunto Constituição Federal e Lei Federal n /2010 (PNRS) - o país já conta com uma regulação específica que aborda o tema. Nesse sentido, a Instrução Normativa nº 01 de 25/01/2013 do IBAMA*, órgão ambiental de âmbito federal, competente para a definição sobre a periculosidade e forma de destinação final de resíduos, classifica os resíduos de serviços de saúde como resíduo perigoso. Isso implica na necessidade de encaminhar o gerenciamento dessa classe de resíduos de maneira totalmente especializada e não simplesmente dispor os mesmos numa unidade de disposição final, que em sua grande maioria não estão preparadas para receber resíduos classificados perigosos e sequer dispõem de autorizações (licenças) dos órgãos ambientais e autoridade competentes para tal. * códigos a /22

13 AÇÕES COM INTERESSE ECONÔMICO NA CP 20/2015 Foco Art. 61 Justificativas Conforme definido pela PNRS, quanto à periculosidade, existem somente as classificações de perigosos ou não perigosos: "Art. 13. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação:... II - quanto à periculosidade: a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica; b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea a." 13/22

14 AÇÕES COM INTERESSE ECONÔMICO NA CP 20/2015 Foco Art. 61 Justificativas 3) Além disso, vários especialistas questionam o não tratamento dos resíduos do subgrupo A4 antes de serem enviados para a disposição final. Renomados profissionais na área de gestão de resíduos, infectologia, de saúde pública e ambiental militam pela necessidade e obrigatoriedade de tratamento prévio dos resíduos que contenham contaminação biológica (classificados no subgrupo A4 pela RDC). Dentre os mesmos, identificamos o parecer da Professora Doutora Maria Helena Matté, do Departamento de Prática de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, de 16/01/ /22

15 AÇÕES COM INTERESSE ECONÔMICO NA CP 20/2015 Foco Art. 61 Justificativas 4) No mesmo sentido deve-se considerar, ainda, a recomendação de segregação simples e segura da Organização Mundial da Saúde encontrada na página 77 do Guia para Gestão Segura de Resíduos de Estabelecimentos de Saúde - "Safe management of wastes from healthcare activities" - Second edition, capítulo 7 Segregation, Storage and transport of health-care waste Segregation systems. Achei em: < 7.2 Sistemas de segregação... O sistema mais básico de segregação de resíduos é separar os resíduos perigosos da maior quantidade de lixo que são os não perigosos. No entanto, para fornecer um nível mínimo de segurança para funcionários e pacientes, a fração dos resíduos perigosos é comumente dividida em duas partes: os perfurocortantes e os potencialmente infecciosos. Neste último, os componentes são comumente tubos, curativos, itens médicos descartáveis, algodão e tecidos. Em consequência, a segregação dos resíduos gerais, não perigosos, lixo potencialmente infecciosos e perfurocortantes usados em recipientes separados, é referido como o "three-bin system" /22

16 Na mesma fonte In the absence of clear laws and guidelines, determining the proper classification of specific waste items should be based on an understanding of the principles of disease transmission and hazardous chemical exposure. The infection control officer at larger health-care facilities plays an important role in this process. An item should be considered an infectious waste if there is the likelihood that disease transmission can occur during the handling and disposal of the item in question. For disease transmission to occur, the chain of infection requires the presence of pathogens of sufficient virulence and dose, a mode of transmission (e.g. spills or breakage of containers, resulting in skin contact or airborne transmission), a portal of entry (such as an open wound, inhalation or exposure through the mucous membranes) and a susceptible host (e.g. cleaner, waste worker, scavenger at an open dump site). Fonte: "Safe management of wastes from health-care activities" - Second edition, Page: 10. Disponível em: < 16/22

17 Subsídio técnico-científico para sustentar o descarte de resíduos do subgrupo A4 sem tratamento, em aterro sanitário Marcos Paulo Gomes Mol (Pesquisador da Fundação Ezequiel Dias FUNED/Universidade Federal de Minas Gerais UFMG) Noil Amorim de Menezes Cussiol (Doutora em Saneamento e Meio Ambiente e Pesquisadora do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear - CDTN/CNEN). A principal e única argumentação comumente utilizada por esses grupos de empresas para exigir o tratamento do Subgrupo A4 baseia-se tão somente no Art. 9 o da Lei no /10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece a ordem de prioridade de gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, a saber: Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Exigir o tratamento dos resíduos do subgrupo A4 baseado na determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos não representa uma decisão embasada na análise de risco efetivo dos resíduos, mas um cumprimento legal que desconsiderou as discussões científicas sobre o contexto. Literatura técnica-científica: 1 ½ páginas 17/22

18 CONSULTA PÚBLICA ANVISA 20/2015 Ações necessárias de âmbito político: 1. Acabar com as ações sem embasamento técnicocientífico sobre o Art. 61 (A4). 2. Exigir a implantação de aterros sanitários com licença para receber os RSS que não precisam ser tratados (= rejeitos, pois não podem ser aproveitados). 18/22

19 CONSULTA PÚBLICA ANVISA 20/2015 Ações necessárias junto à ANVISA: 1. Apoiar a proposta de não precisar tratar o A4. 2. Melhorar texto da RDC (conteúdo, classificação, definições). 3. Harmonizar a classificação dos RSS possivelmente com a UE, que é parecida com a IN do IBAMA. 4. Rever exigências impossíveis de serem cumpridas (p.e., Gr A2). 5. Coletor de PC mais seguros, de preferência os retornáveis. 6. Inclusão de conteúdo sobre descarte de Resíduos Perigosos de Medicamentos. 7. Manual não! 19/22

20 A saúde não tem preço,... mas tem custo 20/22

21 Desenvolvimento Sustentável Socialmente justo Ambientalmente consciente Economicamente viável 21/22

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