Janeiro de 2017 INFLAÇÃO
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- Ana Carolina Tavares de Lacerda
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1 Janeiro de 2017 INFLAÇÃO Sabemos que o Brasil detém o título de país com maior juro real do planeta, além disso, sabemos e sentimos na pele que a inflação brasileira insiste em permanecer alta, mesmo com a economia em marcha ré nos últimos anos. Esta semana o Ministro da Fazenda Henrique Meireles verbalizou o desejo de ver o índice oficial de inflação em 3% em Nosso desejo é que suas previsões se concretizem, mas sabemos que para atingir este objetivo, precisamos vencer algumas barreiras que impedem que a inflação brasileira estabilize-se em patamares aceitáveis. A resiliência da inflação em cair por aqui se dá por diversos motivos: 1) Os déficits públicos recorrentes e o alto endividamento do governo, que inclusive já decretou moratória da dívida externa, reduziram bastante sua baixa credibilidade. O modo brasileiro de fazer orçamento público determina uma dinâmica ruim do mesmo. Antes aprovamos as despesas para depois buscar suas fontes de financiamento. Embora a PEC 241, recentemente aprovada, objetive quebrar essa dinâmica 1
2 perversa, limitando o total dos gastos, há um longo caminho de acomodação à essa nova realidade. O Plano Real e seu tripé metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal, foi fundamental para reduzir os efeitos negativos dos fatores elencados acima. A inflação média de 1997 até hoje foi de 6,50% aa. Supondo que 1995 e 1996 foram anos de acomodação da inflação. O benefício nesse sentido é inegável, tanto pela magnitude quanto pela estabilidade relativa da alta de preços em torno da média. ANO INFLAÇÃO ANO INFLAÇÃO ,0% ,9% ,7% ,5% ,5% ,8% ,3% ,9% ,6% ,4% ,7% ,7% ,1% ,3% ,5% ,9% ,3% ANO INFLAÇÃO ANO INFLAÇÃO % % % % % % % % % % % ,4% % ,6% % ,2% % ,7% % ,9% No entanto não combateu outras causas igualmente relevantes que impedem que os preços caiam de um determinado patamar. Apenas por 3 anos tivemos inflação abaixo de 4,50% aa. 2) Os problemas em infraestrutura são notórios e causam ineficiência na base da cadeia produtiva. A cultura paternalista submete o setor produtivo a uma pesada burocracia, seus reflexos nas questões regulatórias e principalmente nas rígidas leis trabalhistas que, além de onerar demasiadamente as empresas, reduzem a flexibilidade de adequar o quadro de funcionários às diferentes condições de mercado, tanto nos 2
3 ciclos de expansão quanto, e principalmente, nos ciclos de retração. Os altos custos decorrentes desses fatores acabam sendo, mais cedo ou mais tarde, repassados aos preços. 3) Os efeitos da crescente monetização das maiores economias do planeta advindos do fim do padrão ouro, quando a impressão de dinheiro era condicionada ao lastro em ouro que cada país possuía, permitiu aos BCs de todo o mundo e seus respectivos bancos comerciais emitir dinheiro sem lastro e eles o fizeram de maneira crescente por anos a fio. No Brasil, isso não foi diferente. Vejam os dados dos agregados monetários M1, M4, do PIB e do IPCA nos últimos 16 anos. ANO M1 (R$ mm) M4 (R$ mm) PIB IPCA ,11% 5,97% ,66% 7,67% ,05% 12,53% ,14% 9,30% ,76% 7,60% ,20% 5,69% ,96% 3,14% ,07% 4,45% ,09% 5,90% ,13% 4,31% ,53% 5,90% ,00% 6,50% ,92% 5,83% ,02% 5,91% ,50% 6,40% ,85% 10,67% ,40% 6,28% M1: Papel moeda em poder do público + depósitos à vista nos bancos comerciais M4: M1 + depósitos especiais remunerados + quotas de fdos de renda fixa de curto prazo + títulos públicos + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições financeiras. Observa-se que ambas as séries de meios de pagamento são crescentes todo o tempo, mesmo em anos em que o PIB cai. 3
4 Observa-se também que a inflação é alta em e 2.016, anos em que o PIB caiu (estagflação). Quanto mais moedas os agentes econômicos têm para um determinado nível de produtos disponíveis, mais pressão exercem sobre os preços. 4) Ainda não nos libertamos completamente da indexação. Diversas tarifas, salário mínimo e outros salários de muitas categorias profissionais são corrigidos pela inflação passada. Ainda que o novo governo provisório de Michel Temer tenha gerado uma onda de otimismo e reduzido substancialmente os primeiros fatores, os entraves burocráticos descritos em 2, os monetários descritos em 3 e os advindos de um certo paternalismo descritos em 4 ainda precisam ser equacionados. Diante disso e dos dados históricos da inflação brasileira (IPCA) apresentados a seguir, nossa percepção é que as atuais projeções de 4,50% aa do mercado para o IPCA para os próximos 4 anos são extremamente otimistas pois além do exposto ao longo da carta, em raros períodos num passado recente, pudemos observar índices tão baixos. 4
5 Portanto, estrategicamente em nossas carteiras seguiremos a investir em títulos indexados à inflação para prazos de 3, 4 ou 5 anos pois, há uma assimetria nas probabilidades da inflação ficar abaixo ou acima de 4,50% aa, com forças que insistem em mantê-la acima disso. O custo de deixá-la abaixo por 3 anos seguidos tem sido muito alto. O juro real médio de 1995 a 1998 foi de fantásticos 21,4% aa. A esse custo tivemos IPCA de 5,2% e 1,7% em 1997 e 1998 respectivamente. Depois tivemos juro real médio de 11,2% Fonte: IBGE Nos últimos 16 anos: Em 180 observações, a inflação 12 meses ficou apenas 25 vezes abaixo de 4,50% ao ano. Nessas 25 ocasiões, a média foi de 3,73% aa. Em 180 observações, a inflação 24 meses ficou apenas 18 vezes abaixo de 4,50% ao ano. Nessas 18 ocasiões, a média foi de 3,91% aa entre 2003 e 2006 e colhemos IPCAs baixos apenas em 2006 e 2007, 3,1% e 4,5% respectivamente. O juro real ex-post por aqui tem ficado entre 2% e 4% aa desde Ano passado ficou em 7,3% aa. Pouco para baixar tanto a inflação se comparado a outros períodos recentes. No final de 2015 tivemos uma grande discussão sobre dominância fiscal, ou eficácia da política monetária, mas isso já foi assunto de outra carta... Em 180 observações, a inflação 36 meses ficou apenas 11 vezes abaixo de 4,50% ao ano. Nessas 11 ocasiões, a média foi de 4,37% aa. 5
6 As informações contidas neste material são de caráter meramente informativo e não constituem promessa de rentabilidade, bem c omo não se trata de qualquer tipo de aconselhamento para a realização de investimento, não devendo ser utilizadas com este propósito, nem entendidas como tal, inclusive em qualquer loc alidade ou jurisdição em que tal oferta, solicitação ou venda possa ser contra lei. Os dados aqui apresentados foram obtidos ou baseados em fontes consideradas confiáveis, mas que não foram verificadas de form a independente e, portanto, não aceitamos nenhuma responsabilidade pela sua precisão e/ou integridade. A Ativa Wealth M anagement não garante que tais dados sejam precisos ou completos, nem poderá ser responsabilizada por quaisquer perdas diretas advindas do aqui contido. Desempenho passado não representa garantia de resultados futuros e resultados futuros podem não cumprir com as expectativas devido a diversos fatores. Seu único propósito é dar transparência à gestão executada pela Ativa Wealth Management Gestão de Investimentos Ltda. ( Ativa WM ). Antes de tomar a decisão de aplicar em qualquer operação, os potenciais investidores devem considerar cuidadosamente, tendo em vista suas próprias situações financeiras, seus objetivos de investimento, todas as informações disponíveis e, em particular, avaliar os fatores de risco aos quais o investimento está su jeito. As decisões de investimento são de responsabilidade total e irrestrita do Investidor. A Ativa WM não pode ser responsabilizada por prejuí zos oriundos de decisões tomadas com base nas informações aqui apresentadas. Os produtos são distribuídos pela ATIVA Investimentos S.A Corretora de Títulos, Câmbio e Valores ( Ativa Investimentos ), para maiores informações, acesse ou ou entre em contato com a nossa Central de Atendimento: Ouvidoria: ATENDIMENTO Capitais e Regiões Metropolitanas Demais Regiões OUVIDORIA
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