Crítica da razão pura Introdução da segunda edição

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1 Crítica da razão pura Introdução da segunda edição I. Da distinção entre conhecimento puro e empírico O conhecimento começa com a experiência. A faculdade de conhecimento é despertada pelos objetos que tocam o nosso sentido. Esses objetos: em parte, produzem por si próprios representações (aqui identificadas às sensações, como um tipo de percepção dos objetos); em parte, põem em movimento a atividade do entendimento, que as compara, conecta ou separa. Assim, assimilam a matéria bruta das impressões sensíveis (sensações) a um conhecimento dos objetos que se chama experiência. Os objetos exteriores são o primeiro estímulo para o exercício da faculdade de conhecer. As impressões sensíveis provocam-na, apenas. Segundo o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós precede a experiência, e todo conhecimento começa com ela. (B 2) Mas embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso ele se origina justamente da experiência. (B2) O próprio conhecimento de experiência seria um composto do que as sensações oferecem e do que a faculdade de conhecimento fornece de si mesma, mas antes de um longo percurso não conseguimos abstrair essa matéria-prima da forma a ela aditada. A questão que exige séria e cuidadosa investigação: há um conhecimento independente da (e anterior à) experiência e mesmo de todas as impressões dos sentidos? Em outras palavras: há, além dos conhecimentos a posteriori, ou seja, derivados da experiência, conhecimentos a priori? 1

2 Mas atenção: De muito conhecimento derivado de fontes da experiência, costumase dizer que somos capazes ou participantes dele a priori porque o derivamos não imediatamente da experiência, mas de uma regra geral que, não obstante, tomamos emprestada da experiência. Assim, diz-se de alguém que solapou os fundamentos de sua casa: ele podia saber a priori que a casa desmoronar-se-ia, quer dizer, não precisava esperar pelo seu desmoronamento efetivo. Contudo, mesmo assim ele não poderia sabê-lo inteiramente a priori, pois o fato de os corpos serem pesados e de portanto caírem quando lhes são tirados os sustentáculos, tinha antes de se lhe tornar conhecido pela experiência. (B 3) Portanto: por conhecimentos a priori entendemos não os que ocorrem de modo independente desta ou daquela experiência, mas absolutamente independente de toda experiência. (B 3) A oposição, bem esclarecida, é então entre: conhecimentos empíricos ou possíveis apenas a posteriori ou pela experiência; conhecimentos puros ou a priori, aos quais nada de empírico está mesclado. Mas o exemplo que Kant oferece em seguida impõe novas dificuldades: a proposição: cada mudança tem sua causa, é uma proposição a priori, só que não é pura, pois mudança é um conceito que só pode ser tirado da experiência. (B 3) II. Possuímos certos conhecimentos a priori e mesmo o entendimento comum jamais está desprovido deles Como distinguir com segurança os tipos de conhecimento? O que a experiência pode ensinar? Apenas que uma coisa é constituída desse ou daquele modo. O que ela não pode ensinar? Que essa mesma coisa não possa ser diferente. Ela não pode ir além do fato, afirmando, a partir da experiência, que algo tenha de ser assim ou de outro jeito. Uma proposição necessária ou seja, cujo contrário não é possível, não pode basear-se na experiência, mas apenas nas leis da razão. 2

3 Características do conhecimento a priori: Necessidade: Se a proposição é pensada com sua necessidade, ela é a priori. Se é derivada apenas de uma outra proposição válida como necessária, é absolutamente a priori. Universalidade: A experiência não dá aos seus juízos uma verdadeira e rigorosa universalidade. Apenas uma universalidade suposta e comparativa (por indução). Nesta universalidade empírica, está-se sempre à espera de uma exceção que possa contradizer a regra. Elevação arbitrária da validade (o que vale para muitos se torna o que vale para todos): todos os corpos são pesados. Necessidade e universalidade: Seguras características de um conhecimento a priori; Inseparavelmente copertinentes. Para Kant, é mais fácil ver a universalidade ou a limitação do que a necessidade ou a contingência. Mas os juízos necessários e universais (ou seja, puros a priori) existem, e não é difícil mostrá-los: Buscando um exemplo nas ciências, escolham-se as proposições da Matemática. Recorrendo a um uso mais comum do entendimento, retome-se a afirmação de que toda mudança tem uma causa: o próprio conceito de causa contém tão manifestamente o conceito de uma necessidade da conexão com um efeito e o de uma universalidade rigorosa da regra que se perderia completamente tal conceito de causa caso se quisesse derivá-lo, como Hume o fez, de uma freqüente associação daquilo que acontece com aquilo que o antecede, e do hábito daí decorrente (por conseguinte, de uma necessidade meramente subjetiva) de conectar representações. 3

4 Também nos conceitos, além dos juízos, se pode demonstrar uma origem a priori: no conceito de um corpo, se se renuncia a tudo o que nele é empírico, restará ainda o espaço (que resta invisível, ou seja, desaparece junto com a abstração das características empíricas daquele corpo) que ele ocupou e que não se pode suprimir. Também a abstração dessas características (propriedades ensinadas pela experiência) não suprimirá a propriedade pela qual aquele objeto corpóreo se pensa como substância ou como aderente a uma substância. Este conceito, pois, reside na faculdade de conhecimento a priori. III. A Filosofia precisa de uma ciência que determine a possibilidade, os princípios e o âmbito de todos os conhecimentos a priori Há certos conhecimentos se produzem muito acima da experiência, sem que ela lhes ofereça qualquer objeto correspondente: E justamente nestes últimos conhecimentos, que se elevam muito acima do mundo sensível, onde a experiência não pode dar nem guia nem correção, residem as investigações de nossa razão que pela sua importância consideramos muito mais eminentes e pelo seu propósito último muito mais sublimes do que tudo o que o entendimento pode aprender no campo dos fenômenos; mesmo sob o perigo de errar, nisto arriscamos antes tudo a dever desistir de tão importantes investigações por uma razão qualquer de escrúpulo, de menosprezo ou de indiferença. Esses problemas inevitáveis da própria razão pura são Deus, liberdade e imortalidade. (B 6-7) A ciência que dessas questões se ocupa é a Metafísica, mas ela empenha aí todos os seus esforços de modo dogmático, ou seja, sem investigação de suas próprias capacidades para tamanho empreendimento. Embora isso não seja natural, no sentido de racional e admissível que aconteça, sempre se viu como natural, no sentido de costumeiro. Por isso tanto tempo para que tal esforço crítico viesse a ocorrer. Alguns desses conhecimentos, como os matemáticos, são confiáveis e, portanto, alimentam a expectativa de que outros (mesmo que de natureza diversa) possam desenvolver-se. 4

5 Além disso, quando se está acima da esfera da experiência, então se está seguro de não ser contestado pela experiência. O estímulo para ampliar seus conhecimentos é tão grande que só se pode ser detido em seu progresso por uma clara contradição em seu caminho. Esta pode contudo ser evitada se as ficções forem forjadas cautelosamente, sem que por isso deixem de ser ficções. (B 8) Mas e a Matemática, qual a sua diferença? A Matemática dá-nos um esplêndido exemplo de quão longe conseguimos chegar no conhecimento a priori independentemente da experiência. Na verdade, a Matemática se ocupa com objetos e conhecimentos apenas na medida em que se deixam apresentar na intuição. Mas essa circunstância é facilmente descurada, porque mesmo tal intuição pode ser dada a priori e, portanto, dificilmente é distinguida de um simples conceito puro. Tomado por tal prova da razão, o impulso de ampliação não vê mais limites. Enquanto no livre vôo fende o ar do qual sente a resistência, a leve pomba poderia representar-se ser ainda mais bem sucedida no espaço sem ar. Do mesmo modo, Platão abandonou o mundo sensível porque este oferece limites tão estreitos ao entendimento, e sobre as asas das idéias aventurouse além do primeiro no espaço vazio do entendimento puro. Não observou que por meio de seus esforços não ganhava nenhum terreno, pois não possuía nenhum ponto em que, como uma espécie de base, pudesse apoiar-se e empregar as forças para fazer o entendimento sair do lugar. (B 8) A especulação costuma concluir seu edifício antes de investigar as condições de sua fundação. Apenas depois, procura-se toda sorte de pretextos para nos convencer de sua solidez ou da desnecessidade de verificá-la. Muitos juízos da razão são desmembramentos analíticos (ver na próxima secção o que isto significa) de conceitos já conhecidos. Isto não estende efetivamente o conhecimento, mas oferece resultados apriorísticos acertados. O problema é que sempre se tende a (e aqueles acertos viram pretexto para isso) acrescentar, também a priori, dados estranhos, sem origem conhecida na experiência e sem questionar a sua ausência, resultando em afirmações de espécie bem diversa daquelas. Por isso é logo necessário distinguir os tipos de conhecimento, o que a próxima secção se encarrega de fazer. 5

6 IV. Da distinção entre juízos analíticos e sintéticos JUÍZOS ANALÍTICOS: o predicado B está já contido (ocultamente)[está implícito] no sujeito A (ou no conceito do sujeito A). JUÍZOS SINTÉTICOS: o predicado B advém completamente de fora do sujeito A, mas está em conexão com ele. JUÍZOS ANALÍTICOS: conexão pensada por identidade. (JUÍZOS DE ELUCIDAÇÃO) JUÍZOS SINTÉTICOS: conexão pensada sem identidade. (JUÍZOS DE AMPLIAÇÃO) Com efeito, por meio do predicado aqueles [os juízos analíticos] nada acrescentam ao conceito do sujeito, mas somente o dividem por desmembramento em seus conceitos parciais que já eram (embora confusamente) pensados nele, enquanto que os últimos [os juízos sintéticos] ao contrário acrescentam ao conceito do sujeito um predicado que de modo algum era pensado nele nem poderia ter sido extraído dele por desmembramento algum. (B 11) IV. Da distinção entre juízos analíticos e sintéticos JUÍZOS ANALÍTICOS: o predicado B está já contido (ocultamente)[está implícito] no sujeito A (ou no conceito do sujeito A). JUÍZOS SINTÉTICOS: o predicado B advém completamente de fora do sujeito A, mas está em conexão com ele. JUÍZOS ANALÍTICOS: conexão pensada por identidade. (JUÍZOS DE ELUCIDAÇÃO) JUÍZOS SINTÉTICOS: conexão pensada sem identidade. (JUÍZOS DE AMPLIAÇÃO) Com efeito, por meio do predicado aqueles [os juízos analíticos] nada acrescentam ao conceito do sujeito, mas somente o dividem por desmembramento em seus conceitos parciais que já eram (embora confusamente) pensados nele, enquanto que os últimos [os juízos sintéticos] ao contrário acrescentam ao conceito do sujeito um predicado que de modo algum era pensado nele nem poderia ter sido extraído dele por desmembramento algum. (B 11) 6

7 Exemplos: JUÍZO ANALÍTICO: todos os corpos são extensos. Corpo é res extensa. Extensão é parte necessariamente constitutiva do conceito de corpo, como também o são: impenetrabilidade, figura etc. Todas estas são características pensadas neste conceito. JUÍZO SINTÉTICO: todos os corpos são pesados. Não é este um predicado pressuposto ao mero conceito de corpo em geral. Reflexões importantes: Juízos de experiência são todos sintéticos. (Entenda-se bem: não foi dito que todos os juízos sintéticos são juízos de experiência, mas o contrário. Logo, como se verá, os juízos sintéticos são um conjunto mais abrangente do que os juízos de experiência) Os juízos analíticos, ao contrário, não precisam sair do próprio conceito; logo, não carecem de qualquer testemunho da experiência. Quanto à relação entre o sujeito corpo e o predicado peso, um não está contido no outro por definição, mas ambos acidentalmente se pertencem de modo recíproco, por meio da experiência (ela mesma uma ligação sintética das intuições). Mas como se dá no caso dos JUÍZOS SINTÉTICOS A PRIORI? Sai-se do conceito A e reconhece-se um conceito B como a ele ligado. Se esses juízos são a priori, significa que não me apóio na experiência; logo, o que torna essa síntese possível? Retome-se a proposição tudo o que acontece tem uma causa. Em parte, o sujeito ( algo que acontece ) remete analiticamente à noção de existência e à noção de tempo. Mas o conceito de causa, referido ao predicado, não está presente àquele conceito de algo que acontece. Reside fora dele. Então como acerca daquilo que em geral acontece consigo dizer algo completamente diverso do mesmo e conhecer o conceito de causa, embora não contida naquilo que acontece, como lhe pertencendo e até necessariamente? (B 13) Esta universalidade e esta necessidade não podem ter sido oferecidas pela experiência. 7

8 Os princípios sintéticos ou de ampliação são aqueles sobre os quais repousa todo o objetivo último do nosso conhecimento especulativo a priori. Sobre os juízos analíticos, Kant acrescenta: são, na verdade, altamente importantes e necessários, mas somente para chegar àquela clareza dos conceitos exigida para uma síntese segura e vasta ao invés de a uma aquisição realmente nova. (B 14) Ou seja, os juízos analíticos não produzem conhecimento, mas conferem clareza aos instrumentos da faculdade de conhecimento. V. Em todas as ciências teóricas da razão estão contidos, como princípios, juízos sintéticos a priori. JUÍZOS MATEMÁTICOS SÃO TODOS SINTÉTICOS. Os juízos matemáticos podem, sim, dada a exigência das certezas apodícticas, conhecer-se a partir do princípio de contradição. Mas isso apenas de um modo que pressuponha uma outra proposição sintética da qual a primeira possa ser inferida. Jamais o princípio de contradição permitirá conhecer uma proposição em si mesma. As proposições matemáticas são sempre sintéticas e sempre a priori. Por quê? São a priori porque implicam necessidade, o que a experiência, por si, não pode oferecer. Se se quer vê-lo de perto, consideremos diretamente a matemática pura, cujo nome já revela a natureza de seu conhecimento não-empírico. 8

9 7 + 5 = 12 parece uma proposição analítica. Mas não é: quando se observa mais de perto, descobre-se que o conceito da soma de 7 e 5 nada mais contém que a união de ambos os algarismos num único, mediante o que não é de maneira alguma pensado qual seja este único algarismo que reúne ambos (...) É preciso sair desse conceitos tomando como ajuda a intuição correspondente a um deles, por exemplo, os seus cinco dedos ou (como Segner na sua Aritmética) cinco pontos, e assim acrescentar sucessivamente as unidades do cinco dado na intuição ao conceito de sete. (B 15) Quando pensamos 7 + 5, apenas pensamos que o conceito 5 deveria ser acrescentado ao conceito 7, mas não que isso resultasse 12. A proposição aritmética é, portanto, sempre sintética; isso se reconhece bem mais claramente quando se tomam números um pouco maiores. (B 16) Neste caso, não conceberemos o predicado apenas desmembrando conceitos, sem a ajuda da intuição. Tampouco é analítico qualquer princípio (Grundsatz: proposição fundamental) da Geometria pura. A LINHA RETA É A MAIS CURTA ENTRE DOIS PONTOS. O conceito de reto não refere quantidade, apenas uma qualidade. O conceito do mais curto ou menos curto é inteiramente acrescentado, em nada sendo desmembrável do conceito de reta. Somente a intuição permitirá que se faça a síntese. [Sobre o caráter construtivo da Matemática, retomá-lo-emos já nas próximas aulas, já ao abordar o Prefácio da Segunda edição da Crítica.] Alguns poucos Grundsätze dos geômetras são analíticos. Servem contudo apenas à cadeia do método, não como princípios: A = A (o todo é igual a si mesmo); (a + b) > a (o todo é maior que sua parte). Mas mesmo estas intuições (que podem atuar como simples conceitos) só valem na Matemática por poderem ser admitidas na intuição. [Eis um ponto bem polêmico na abordagem kantiana: que as construções matemáticas se restrinjam às formas da intuição humana. Mesmo posições anteriores de sua reflexão acolhiam a possibilidade de geometrias não confinadas aos limites de três dimensões espaciais] 9

10 Os princípios das Ciências da Natureza também são juízos sintéticos a priori. Não são extraídos da experiência ou da análise de um conceito particular. Por exemplo, O PRINCÍPIO DE CONSERVAÇÃO DA MATÉRIA NÃO ADVÉM DA EXPERIÊNCIA, MAS A PERMITE. Não é tampouco um juízo analítico, pois a idéia de permanência NÃO está contida na idéia de matéria. À (nova) metafísica não pode caber apenas desmembrar conceitos dados; ela, ao inventariar os conhecimentos a priori nela contidos, TRANSFORMA UMA DISPOSIÇÃO NATURAL DA RAZÃO NUMA VERDADEIRA CIÊNCIA: INDICAR AS CONDIÇÕES A PRIORI DE POSSIBILIDADE DE TODA CIÊNCIA. VI. Problema geral da razão pura O verdadeiro problema da razão pura se representa na questão: como são possíveis juízos sintéticos a priori? A Metafísica PERMANECEU NA SITUAÇÃO EM QUE ESTÁ, tão vacilante entre incertezas e contradições, SIMPLESMENTE POR NÃO SE TER FEITO ESSA PERGUNTA, OU MESMO ANTES, A DISTINÇÃO ENTRE JUÍZOS ANALÍTICOS E SINTÉTICOS. David Hume apenas aproximou-se do problema mais do que todos os outros, mas não conseguiu efetivamente pensá-lo de forma determinada e em sua universalidade. Creu estabelecer que o princípio de causalidade, como proposição a priori, fosse impossível: tudo o que denominamos Metafísica desembocaria em mera ilusão de uma pretensa compreensão racional daquilo que de fato foi simplesmente tomado emprestado da experiência e que, pelo hábito, revestiu-se da aparência de necessidade. (B 19-20) Se tivesse tido adiante dos seus olhos o nosso problema na sua universalidade, jamais teria incidido em semelhante afirmação destruidora de toda filosofia pura, uma vez que teria então compreendido que, segundo o seu argumento, também não poderia haver uma matemática pura, pois esta certamente contém proposições sintéticas a priori, e neste caso o seu bom senso talvez o teria preservado de semelhante afirmação. (B 20) 10

11 Apenas a crítica da razão conduz necessariamente à ciência. O dogmatismo (o uso da razão sem crítica) acaba por produzir apenas afirmações infundadas, e ainda suscitar uma contraposição por meio de negações igualmente aparentes, o ceticismo, como crítica apenas negativa da razão dogmática. Por que a crítica é da razão pura? Porque ela não lida com a multiplicidade infinita dos objetos da razão (que pode ser de uma vastidão desencorajante ), mas somente com a própria razão, isto é, com problemas que surgem inteiramente do seu seio e não lhe são propostos pela natureza das coisas, as quais são diferentes dela, mas pela sua própria natureza. Em tal caso, quando a razão aprendeu a conhecer completamente a sua própria faculdade no tocante aos objetos que podem lhe ocorrer na experiência, tem de tornar fácil determinar completa e seguramente o âmbito e os limites do seu tentado uso acima de todos os limites da experiência. (B 23) Abandonar as pretensões da velha e dogmática Metafísica não requererá muita abnegação, pois as inegáveis contradições levadas por ela a cabo já abalaram há muito a sua reputação. Não há muito o que perder, reflete Kant. Kant quer salvar a Metafísica, renovando-a criticamente: Será necessária maior firmeza para que a dificuldade interior e a resistência exterior não nos dissuada de finalmente promover, por abordagem completamente oposta à até agora adotada, o crescimento próspero e frutífero de uma ciência indispensável à razão humana, da qual se pode cortar cada ramo despontado, mas não exterminar raízes. (B 24) 11

12 VII. Idéia e divisão de uma ciência especial sob o nome de uma Crítica da razão pura Por que o nome dessa ciência especial que se há de constituir será Crítica da razão pura? Pois a razão é a faculdade que fornece os princípios do conhecimento a priori. (B 24) a razão pura é aquela que contém os princípios para conhecer algo absolutamente a priori. Um órganon da razão pura seria um conjunto daqueles princípios segundo os quais todos os conhecimentos puros a priori podem ser adquiridos e efetivamente realizados. A aplicação detalhada de um tal órganon proporcionaria um SISTEMA DA RAZÃO PURA. (B 24) Então Kant se propõe exatamente isso, compor um órganon da razão pura e ainda expor detalhadamente a sua aplicação? Na verdade, não. Kant se propõe uma empreitada que julga mais modesta, pois não sabe ser capaz de uma doutrina da razão pura. Propõe apenas uma crítica da razão pura, que teria função precipuamente negativa: uma ciência do simples julgamento da razão pura, das suas fontes e seus limites, como A PROPEDÊUTICA AO SISTEMA DA RAZÃO PURA. (B 25) A crítica é uma preparação para tal órganon, o sistema completo da razão pura, uma completa filosofia transcendental. sua utilidade seria apenas negativa com respeito à especulação, servindo não para a especulação, mas apenas para a purificação da nossa razão e para mantêla livre de erros, o que já significaria um ganho notável. (B 25) Este tipo de conhecimento, produzido pela Crítica da razão pura, conceber-se-á como TRANSCENDENTAL. Entenda-se: Denomino transcendental todo conhecimento que em geral se ocupa não tanto com objetos, mas com o nosso modo de conhecer objetos na medida em que este deva ser possível a priori. (B 25) Visa-se unicamente à compreensão DOS PRINCÍPIOS DA SÍNTESE A PRIORI EM TODA A SUA EXTENSÃO. (B 26) A filosofia transcendental é a idéia de uma ciência para a qual a Crítica da razão pura deverá projetar o plano completo, arquitetonicamente, isto é, a partir de princípios, com plena garantia da completude e segurança de todas as partes que perfazem este edifício. Ela é o sistema de todos os princípios da razão pura. Que esta Crítica já não se denomina ela mesma filosofia transcendental repousa simplesmente no fato de que, para ser um sistema completo, precisaria conter também uma análise de todo o conhecimento humano a priori. (B 27) 12

13 Então, mais uma vez, a Crítica ainda não é a filosofia transcendental consumada? Ela não analisa todo o conhecimento humano a priori? Exatamente isso é o que afirma Kant. A Crítica é o sistema de todos os princípios da razão pura, ela inventaria completamente os conceitos primeiros que perfazem o referido conhecimento puro, mas não analisa detalhadamente os mesmos conceitos. Também não recenseia (não cataloga nem analisa completamente) os conceitos que derivam daqueles conceitos primeiros. À Crítica da razão pura pertence, portanto, tudo o que perfaz a filosofia transcendental, e ela é a idéia completa da filosofia transcendental, mas ainda não é esta ciência mesma, pois a Crítica avança na análise apenas até o quanto é requerido para o julgamento do conhecimento sintético a priori. (B 28) Dois troncos do conhecimento humano: SENSIBILIDADE e ENTENDIMENTO. Pela sensibilidade, os objetos são-nos dados; pelo entendimento, os objetos são pensados. Mas por que a sensibilidade pertenceria à filosofia transcendental? Porque ela deve conter representações a priori, sem cuja condição os objetos não se nos podem dar. 13

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