FUNDAMENTOS DE LINGÜÍSTICA

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "FUNDAMENTOS DE LINGÜÍSTICA"

Transcrição

1 FUNDAMENTOS DE LINGÜÍSTICA LETRASLIBRAS 167

2 LETRASLIBRAS 168

3 FUNDAMENTOS DE LINGÜÍSTICA CaroAlunoeCaraAluna JAN EDSON RODRIGUES LEITE Estecapítulocontémgrandepartedomaterialnecessárioparaoaproveitamentodadisciplina FundamentosdeLingüística.Adisciplinaqueestudaremosaborda,demodogeral,osprincipaisfenômenosda linguagemhumana.emumcursodeletras,emqueosprofissionaisserãohabilitadosparaoensinodelíngua portuguesa,entenderessesfenômenosécrucial,vistoquealíngua,comoferramentadecomunicação, compreensãoeatuaçãonomundo,abrangedimensõesqueinteressamatodasasatividadeshumanas,ainda maisaoensino. Procuramosapresentardaformamaisclarapossívelasprincipaisquestõesacercadosfenômenos estudadospelaciênciadalinguagem,recorrendosempreaoslivrostextoadotadospeloseupólodeestudo, bemcomoapáginasdainternet,ondeosassuntosdiscutidospoderãoseraprofundados.nossoobjetivoé, pois,munilosdoaparatoteóricobásicoparaodesempenhoeficazdesuasatividades,bemcomoaprofundar seusconhecimentossobreosfatosgeraisqueenvolvemacapacidadedalinguagem. Estecapítulosedivideemseisunidadesquediscutemostextosteóricoseprocuramrelacionálosà práticalingüísticasdosusuários.essasunidadesabordamdesdeosobjetosmaisbásicosdosestudosda linguagem,atéahistóriadalingüística,suasprincipaisteorias,princípioseaanálisedarelaçãolínguae sociedade.lembresedequequalqueraula,presencialouadistância,exigededicaçãoeleituras.assimé importantequeasleiturasobrigatóriassejamfeitasantesdoiníciodecadaunidadetemáticaparaqueoseu aproveitamento seja melhorado. Apresentamos também leituras complementares que ajudarão no entendimentointegraldoassuntoestudado,procuresemprefazêlas. Aoestudaressematerial,mantenhaumcadernodeanotaçõesnoqualpossaregistrarsuasdúvidas, questionamentos,opiniõesesugestões.usesuasanotaçõesnosencontroscomostutorespresenciaise, principalmente,nocontatocomoprofessoreostutoresadistância.asatividadessugeridasnesselivro contribuirãoparaoseuaprendizado,nãodeixedefazêlasediscutilasemgrupo,afimdecompartilharsuas opiniõescomasdosseuscolegas.partedaavaliaçãodadisciplinaconsiste,exatamente,nostrabalhos, pesquisasetextosquesãosolicitadosnessasatividades.aoutrapartedaavaliaçãoseráfeitaatravésde estágiosescolares(avaliações)demodopresencial. Osucessodoseuaprendizadodependemuitodevocê,porissoquestione,critique,analiseposições, compareteorias,proponhasugestões,sejaparteativadessecursoquevocêagoracomeça,paraqueaofinal LETRASLIBRAS 169

4 LETRASLIBRAS 170 das disciplinas suas competências, habilidades e atitudes tenham sido acrescidas não só por meio de construtosteóricos,maspeloacúmulodeexperiênciaspositivas. Umabraçoemuitosucesso!

5 UNIDADE I LINGUAGEM LÍNGUA E LINGÜÍSTICA Semprequecomeçamosaestudarumadisciplinaouteoriaparticular,buscamosapreenderos conceitosbásicosqueadefinemeadiferenciamdeoutrasteoriasedisciplinas.àsvezesessesconceitos básicossãocompletamentedesconhecidoseexigemmuitocuidadoparaquepossamoscompreendêloscom certaprofundidade.outrasvezes,tratasedeconhecimentosquejápossuímos,oudenoçõessobreasquaisjá estudamosequeparecemserdefácilapreensão.noentanto,nodecorrerdenossosestudos,percebemos queoquejásabíamoseraincompleto,superficiale,emcertoscasos,atémesmoinadequado. Alingüísticaéumaciênciaquetrabalhacomosegundotipodeconhecimento.Asnoçõesque compõemessaciênciasão,inúmerasvezes,conhecidasporqualquerpessoa.ora,qualéofalantequenão sabe sua língua, ou que não conhece os aspectos principais da comunicação verbal? Ao estudarmos a lingüística,discutiremosdoisgruposdeconceitosenoçõesbásicas:umquerecuperaosconhecimentosgerais, nãotécnicossobrealinguagemhumanaealínguaemparticular;outroqueapresentaumavisãotécnicae especializadasobreestesmesmosaspectos.nãoraroveremosqueoconhecimentotécnicodalingüísticase assemelhaaalgumasnoçõesquejápossuímos,comoéocasodecertasnormassociaisdafala,adiferença entrenossalínguaeoutrossistemasdecomunicação,entreoutros.algumasvezes,porém,perceberemosque aciênciadalinguagem exatamenteporquesetratadeumaciência sistematizaoconhecimentodaáreaem conceitosquesãomuitoprofundosequeexigemumaaproximaçãomaistécnicaparasuacompreensãoe exploração. LETRASLIBRAS 171

6 Nossoobjetivonessecapítuloéabordardemaneiraespecializadaosconceitosedefiniçõesbásicas dalingüística,correlacionandoos,semprequepossível,comasnoçõesquefazempartedosconhecimentos maisgeraisdosfalantes.assim,vamosaoqueinteressa. Um primeiro conceito a ser descoberto é o de linguagem. Será que esse conceito não é suficientementeóbvioparaserexplicado?ofalantecomum,nãotécnico,costumapensarnoconceitode linguagemhumanacomoseopondoàlinguagemdesinais,gestual,corporal,linguagemdapropaganda,da computação, etc. As diferenças entre essas noções são, no entanto, o bastante para se formular uma definição?oconhecimentotécnicodelinguagemexigeque,paralelamente,estudemostambémanoçãode língua,umavezqueambassãorealidadesmuitopróximasparaseestudarofenômenolingüístico. Algumaslínguasusamapenasumtermoparasereferiràsnoçõesdelínguaelinguagem(por exemplo,otermodoinglêslanguage),tãopróximossãoosdoisconceitos.convencionouseatribuirotermo linguagem à capacidade geral que temos, enquanto seres humanos, de utilizar sinais com vistas à comunicação.assim,essacapacidadechegaanóscomoresultadodeumprocessoevolutivo.todososhomens emulheres,independentedefalaremumalínguanatural(comoportuguês),oudeutilizaremlínguasdesinais nacomunicaçãoentresurdos,oudeseremacometidosdepatologiasqueprejudicamacomunicaçãoverbal, sãoportadoresdessacapacidade,ouseja,têmlinguagem.alíngua,porsuavez,éumanoçãoquesugereque acapacidadedelinguagemseatualizaemummaterialconcreto,disponívelculturalmente,umalínguanatural. Nospróximoscapítulosnosdeteremosemoutrasacepçõesdasnoçõesdelínguaelinguagem.Por enquanto,ésuficientequefiqueclaroquetodoserhumanonascedotadodeumacapacidadegeralchamada linguagem,oufaculdadedalinguagem,equeessacapacidadeseatualiza,seconcretizaemumalíngua específica,umconjuntodesignosenormasquepermitemacomunicaçãoemumacomunidadeparticular. Dificilmente seríamos o que somos hoje, em termos de conhecimento, acesso a informações, desenvolvimentotecnológicoerelaçõesinterpessoais,semumalinguagemesemumalíngua.todasasnossas atividadescotidianasexigemque,diretaouindiretamente,usemosacapacidadelingüística,sejaparanos comunicarcomoutraspessoas,sejaparacontarhistóriasaosnossosfilhos,sejaparanegociarcomogerente denossobanco,sejaparacontarumapiada,umamentira,fazerumafofoca,etc.alíngua/linguagemé atividadeconstitutivaeincontornáveldenossanaturezahumana,porisso,possivelmente,qualquerfalante temahabilidadededefinirsualínguaemoposiçãoaumalínguaestrangeira,reconheceroutrofalantecomo usuáriodesuapróprialíngua,distinguirumalínguanaturaldeumconjuntodesonsouletrassemsentido. Alingüística,porém,comooestudocientíficodalíngua/linguagemhumanas,seocupacomquestões queprovavelmentenãoincomodariamousuáriocomum.poucosfalantes,porexemplo,sepreocupariamem estudaraevoluçãodalíngua,tantodopontodevistadecomoasformasdolatim,porexemplo,evoluíramaté chegaraoqueconstituihojeaestruturadaslínguasromânicas,comooportuguês,ofrancês,oromeno,etc.; quantodopontodevistadecomoacapacidadedalinguagemevoluiunaespéciehumanaaolongodos milharesdeanosqueseparamohomemmodernodosprimeirosprimatas. LETRASLIBRAS 172

7 Alingüística,alémdequestõescomoatratadaacima,estudaomodocomoalínguaseestrutura genericamente,atravésdepropriedadesdeassociaçãoedistribuição,oquecorresponde,parcialmente,às tradicionaisanálisesmorfossintáticasquefazíamosnaescola.outrapreocupaçãodalingüísticaéinvestigar comoumfalantesaideumestadoemquevirtualmentenãoconhecesualínguamaterna(porqueébebê,por exemplo)epassaaoestadoemquedominaasestruturasdesualíngua,ouseja,adquireedesenvolve conhecimentoslingüísticos. Muitas outras são as questões discutidas pela lingüística, as quais serão apresentadas e aprofundadasnaspróximaspáginasdestecapítulo.apresentaremosagoraalgumasdefiniçõeseconceitos elaboradosporlingüistasderenome,queindicamavariedadedeabordagensqueessesfenômenosrecebem nocampodaciêncialingüística. Conceitos FERDINAND DE SAUSSURE (1916) A língua não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. A linguagem é multiforme e heteróclita; a língua, ao contrário, é um todo por si e um princípio de classificação. Ela é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo. MIKHAIL BAKHTIN (1929) A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica e isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal. A língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema lingüístico abstrato das formas da língua nem no psiquismo individual dos falantes. LETRASLIBRAS 173

8 EDWARD SAPIR (1929) A linguagem é um método puramente humano e não instintivo de se comunicarem idéias, emoções e desejos por meio de símbolos voluntariamente produzidos. NOAM CHOMSKY (1957) A linguagem é um conjunto (finito ou infinito) de sentenças, cada uma finita em seu comprimento e construída a partir de um conjunto finito de elementos. NOAM CHOMSKY (2000) A linguagem é um componente da mente/cérebro humanos especificamente dedicada ao conhecimento e uso da língua. A faculdade da linguagem é o órgão da linguagem. A língua é então um estado dessa faculdade. CARLOSFRANCHI(1977) A língua é atividade constitutiva. Pela diversidade dos posicionamentos apresentados acerca da definição de língua/linguagem, percebemosquealingüísticaémarcadapelaconstantediscussãoeretomadadoseuobjetodeestudo.essas LETRASLIBRAS 174

9 posiçõessinalizam,alémdomarcoteóricodefendidoporseusautores,umaposturafilosóficasobreopapelda linguagemnavidadossereshumanos.doconjuntodedefinições,percebemosquealínguaoraseapresenta comoumsistemaderepresentaçãodarealidade,oracomouminstrumentodecomunicação,oracomouma formadeaçãosocial.essasconcepçõesorientamaescolhadeumadefiniçãoteóricadelinguagem. OconceitodelínguaadotadopelolingüistasuíçoSaussureinstaura,noséculoXX,aautonomiada Lingüísticacomociência.Saussuredefinelínguaporoposiçãoàlinguagemeàfala.Oconceitodeciêncianesse períodoeramarcadopelabuscadeteoriascapazesdeexplicarqualquerfenômenodemodouniversal.a linguagemnãoserviriacomobomobjetoparaanovaciênciaporqueera multiformeeheteróclita,istoé,o conhecimentodalinguagemenvolveriaainvestigaçãodesuanaturezamental,abstrata,psicofisiológica,oque extrapolariaoslimitesdalingüística.poroutrolado,afala,comofenômenoindividualizadonãoseprestariaà elaboraçãodeumateoriacapazdeexplicartodasaslínguas.surge,então,oconceitodelíngua,comoum recortefeitopeloautor,paraexplicarocaráterconcreto,homogêneoeobjetivodofenômenolingüístico.a noçãoadotadaporsaussureapontaparalínguacomoumsistema,ouseja,umaestruturaformalpassívelde classificaçãoemelementosmínimosquecompõemumtodo.esseselementosseorganizamporprincípiosde distribuiçãoeassociação,verificáveisemtodasaslínguasnaturais. Mikhail Bakhtin, filósofo e lingüista russo, concebe o fenômeno lingüístico de modo bastante diferentedesaussure.paraesteautor,adiscussãosobreocaráterabstratoouindividualistadalinguagemé simplesmenteinadequada.oqueconstituialínguaésuanaturezasócioideológica,istoé,ocomplexode relaçõesexistentesentrelínguaesociedade.essasrelaçõessematerializamnodiscurso,perceptívelnos enunciadosproferidospelosfalantes,emsituaçõescomunicativasconcretas.bakhtindestacaopapeldas relações intersubjetivas entre o falante e o outro como instaurador de uma concepção adequada de linguagem,privilegiandoaaçãodialógicanocursodahistória,emumasociedade. Para o antropólogolingüista estadunidense, de origem alemã, Edward Sapir, o conceito de linguagemperpassaarepresentaçãoqueumadeterminadacomunidadefazdesuacultura,atravésdos símbolosqueutiliza.alínguaé,portanto,umacategorizaçãosimbólicaorganizada.juntamentecomseu associado,benjaminwhorf,sapirdefendeahipótesedequenósrecortamosanatureza,aorganizamosem conceitoseatribuímolhessignificaçõesporqueconvencionamosculturalmenteorganizáladessaforma.essa LETRASLIBRAS 175

10 convençãofazpartedeumcontratoquesemantématravésdenossacomunidadelingüísticaeestácodificado nospadrõesdenossalíngua.sapirewhorfdefendemquenossouniversomentalédeterminadopelas estruturasdalínguaquefalamos,eestasestruturassãoumrecortearbitráriodarealidade. A lógica natural diznos que a fala é apenas uma manifestação acessória, que diz estritamenterespeitoàcomunicaçãoenãoàformulaçãodasidéias.supõesequeafala,ouo empregodalínguaexprimeapenasoque,emprincípio,jáestáformuladonãoverbalmente.a formulação é um processo independente, denominado pensamento e considerado muito escassamentetributáriodocaráterparticulardasdiferenteslínguas.orelativismolingüístico modificaoveredictodosenhorsensocomum.emvezdedizer asfrasessãodiferentes porqueevocamfatosdiferentes,passaadizer osfatossãodiferentes paraoslocutorescujo panodefundolingüísticoatribuiaessesfatosumaformulaçãodiferente (WHORF,1956,p. 117;160). Para o lingüista Avram Noam Chomsky, a linguagem humana baseiase em uma propriedade elementarbiologicamenteisoladanaespéciehumana:ainfinitudediscreta.estapropriedadeécomparável àquela dos números naturais, ou seja, elementos discretos (símbolos oponíveis entre si) combinamse produzindotodasaspossibilidadesdenúmerosexistentes.noqueserefereàteorialingüística,oautor reproduzopensamentodehumboldt(séc.xvii)dequealínguapossuimeiosfinitosparaproduziruma seqüênciainfinitadeenunciados.esseconhecimentoé,portanto,partedeumfenômenonatural,biológico, quenosalcançouatravésdaevoluçãodaespécie. Chomskyacreditaqueoconhecimentodalinguageméindividualeinternoàmenteeaocérebro humanos.afaculdadedalinguagem,paraessateoria,éumapropriedadedaespéciehumanaquevariamuito poucoentreosindivíduosequenãotemanálogosignificativoemoutrasespécies.alinguagemhumanaé, portanto,umobjetobiológicoedeveseranalisadasegundoametodologiadasciênciasnaturais.assim,um estudoadequadodalínguaprecisatratardeseuconstrutomental,umaentidadeteóricaaquechomskyse referecomolínguai,umapropriedadeinternadoindividuo. Segundooautor,todasaspropriedadesessenciaisdalínguasãoconstruídasdesdeoinício.Acriança nãoprecisaaprenderaspropriedadesdalínguaaqueestáexposta,apenasselecionaopçõesespecíficasdeum conjuntoprédeterminado.oórgãodalinguagem(faculdade)deumacriançaestáemestadol(linguagem internalizada).ateoriadalinguagemdestacriançaéagramáticadesualíngua.alínguadeterminaumagama infinitadeexpressões(som+significado),ouseja,alínguageraexpressõesnalinguagem.estateoriade linguageméchamadadegramáticagerativa. NoBrasil,olingüistaCarlosFranchi,daUNICAMP,nosapresentanoçãodelinguagemqueextrapola oslimitesestruturais,comunicativosecognitivosdentrodosquaisalínguahaviasidopensada.paraluiz AntonioMarcuschi(2003,p.46),eminentelingüistaquecomungacomopensamentodeFranchi, Alínguaé muitomaisdoqueumasimplesmediadoradoconhecimentoemuitomaisdoqueuminstrumentode comunicaçãoouummododeinteraçãohumana.alínguaéconstitutivadenossoconhecimento. LETRASLIBRAS 176

11 BemrepetindoHumboldt,alinguageméumprocessocujaformaépersistente,mascujo escopoemodalidadesdoprodutosãocompletamenteindeterminados;emoutrostermos,a linguagememumdeseusaspectosfundamentaiséummeioderevisãodecategoriase criaçãodenovasestruturas.nessesentidoalinguagemnãoésomenteumprocessode representação,dequesepodemservirosdiscursosdemonstrativoseconceituais,masainda umapráticaimaginativaquenãosedáemumuniversofechadoeestrito,maspermitepassar, nopensamentoenotempo,adiferentesuniversosmaisamplos,atuais,possíveis,imaginários (FRANCHI,1977,p.32). Comoatividadeconstitutiva,alinguageméincontornáveleimprescindíveldasrelaçõeseações humanas,fazendopartedenossanaturezaeativamentemodelandonossacomunicação,nossopensamento, nossainteração. Arigor,paraqueexistirialinguagem?Certamentenãoparagerarseqüênciasarbitráriasdesímbolos nemparadisponibilizarrepertóriosdeunidadessistemáticas.naverdade,alinguagemexisteparaqueas pessoaspossamrelataraestóriadesuasvidas,eventualmentementirsobreelas,expressarseusdesejose temores, tentar resolver problemas, avaliar situações, influenciar seus interlocutores, predizer o futuro, planejarações (SALOMÃO,1999,p.65). História dos estudos da Linguagem Aexistênciadeumaciênciadalinguagemnãoé,emsi,opontodepartidaparaosestudossobrea relaçãoentrealinguagemeoserhumano.antesdealingüísticaseconstituircomociência,seuobjeto,a língua,mantinharelacionamentoestreitocommuitasdisciplinas,tantodoconhecimentocientífico,quantodo conhecimentopopular.seconsiderarmosquedesdeamaisremotaera,ohomemjábuscavaformasdese comunicarpormeiodetrocassimbólicasquepossivelmentederamorigemàlinguagem,talcomoelaéhoje, poderíamospressuporquedesdeentãojáhaviauminteresselatentepeloestudodalinguagem. Esteinteressepelacompreensãodofenômenolingüísticopodeserencontradonomundoantigopor meiodemitos,lendaseritosquesãocomunsaváriasculturas(comoaorigemdohomem,atorredebabel, etc.),equefazempartedoconhecimentopopularsobreofenômenolingüístico,comosuaorigem(várias culturasacreditamquealínguaéumdomdivinoouquetodasaslínguasseoriginamlínguafaladaentreum deuseoprimeirohomem);seupoderdefazercoisasacontecerem(ahistóriadacriaçãodomundoemvárias LETRASLIBRAS 177

12 culturasestárelacionadaaopoderdapalavra: façasealuz! );eanaturezamísticadaspalavrasdeatraíremo bemeomal. Osestudossobrealinguagempodemserreconstituídosàaproximadamentequatrooucincoséculos antesdanossaera.porrazõesreligiosas,oshindusforam,aparentemente,osprimeirosaempreendera tarefalingüísticadepreservarosescritossagradosdovedascontraafalsificação.entreoshindus,ogramático Paninifezdescriçãominuciosadalínguafaladaentreseupovo,queveioaserdescobertanosfinsdoséculo XVIII,popularizandoentreoslingüistasefilólogosoestudodoSânscrito. Entreosgregos,osestudosdalinguagemdebruçavamsesobreasrelaçõesdestacomosconceitos. Investigavaseseanomeaçãodeumconceitopormeiodalínguaeratarefapuramenteconvencional,ouse haviaentrepalavraseconceitosumarelaçãonatural.odiálogoocrátilo,deplatão,investigaessasduas correntes para explicar como a língua referese ao mundo, denominandoas de naturalismo e convencionalismo.odiálogosintetizaestasposiçõesatravésdafaladesuaspersonagens:crátilo,naturalista, acreditaqueosnomesrefletiamomundo,ehermógenes,convencionalista,defendiaqueosnomesdascoisas lhessãoatribuídosporconvenção.outrapersonagem,sócrates,atravésdequemopróprioplatãoexpressa suaopinião,ofereceaseguinteexplicaçãoparaodebate: Tantoascoisasquantoalinguagemestãoemconstantemovimento; Noinício,osnomespoderiamterexprimidoosentidodascoisas,mascomomovimento,aexpressão degenerouseeasconvençõesfizeramsenecessárias; Osnomessãoimitaçõesimperfeitasdascoisas; Alinguagemnãopodenosensinararealidade,masnosimpededeveraessênciadascoisas. Outrofilósofogrego,Aristóteles,acreditavaqueafunçãodalinguagemseriatraduziromundo, representálo.asestruturasdalinguagem,classificadassegundosuanaturezalógicadenomear,qualificar, predicar, etc. refletem as estruturas encontradas no mundo e nos permitem conhecer este. Aristóteles defendiaquealógicapréexistenteaomundoorganizadoeraregentedalógicadalíngua.assim,alinguagem teriaumcarátersecundárioemrelaçãoàlógicanatural.nesseempreendimento,aestruturadalíngua,do discursoedascategoriasgramaticais,descriçãopioneiradearistóteles,eraapenasummeiodesechegarao conhecimentodasestruturasedalógicadarealidade. Entreosromanos,queprimavamporrecuperaraherançahelênica,Varrãosepropôsaformulara noçãodegramática,jápresenteentrehindusegregos,comociênciaecomoarte.suaobrasobrealíngua latinaseconstituiumcompêndiodeteoriassobreetimologia,flexão,erudimentosdesintaxe,nosmoldesde umagramáticaatual. LETRASLIBRAS 178

13 Evolução das Ciências da Linguagem Apósatradiçãohindu,gregaelatina,osestudosdalinguagemassumiramdiversasorientaçõesque indicavam,decertomodo,acontextualizaçãohistóricoideológicavigenteemumdadoperíodoeemumdado lugar.assim,costumasepensarqueaevoluçãodasciênciasdalinguagempassoupor,pelomenos,três períodosemqueasidéiaslingüísticasrefletiamapredominânciadecertasformasdepensar. Alingüística,noséculoXX,retomaocarátercientíficodosestudosdalinguagem,determinando comoseuobjetoalíngua.antesdisso,porém,línguaelinguagemforamobjetosdeestudodeinúmeras ciências(comoafilosofia,alógica,afilologia,porexemplo).partedasinvestigaçõessobrealinguagem,nessas ciências,tentavaresponderàquestãosobreoquenosdiferencia,enquantohumanos,deoutrosanimais:a línguaerasempreapontadacomarespostaaessapergunta. Naidademédia,porexemplo,ofocodosestudossobrealinguagem,derivadosdanoçãodequea línguatemorigemdivina,eraconceberasestruturaslingüísticascomouniversais,oquetornavaasregras gramaticaisumsistemalógicoautônomoeindependentedaslínguasnaturais.daatitudeteológicocristã, característicadesseperíodo,derivamalgunsmovimentosquecontribuíramparaosestudosdalinguagem: AinvençãodaimprensaporJohannGutenbergdáinícioaomovimentodeestudosfonéticos; LETRASLIBRAS 179

14 AreligiosidadedareformaprotestantefazcomqueseiniciemastraduçõesdaBíbliaparadiversaslínguas diferentesdolatim; Osestudosdetraduçãodãoorigemàsgramáticasdaslínguaschamadasdevulgares; Aslínguasdonovomundo(Américas)passamaserdescritaspelosmissionárioseviajantesdoséculoXVI; Sãoelaboradososprimeirosdicionáriospoliglotas(AmbroiseCalepino); Osestudosdefonéticaprogridem,gerandoadescriçãodecentenasdelínguas; Dasemelhançaentreaslínguasdescritas,surgeahipótesedequetodasderivamdeumamesmaorigem,o Hebraico. Aofinaldesseperíodo,ointeressepelalinguagemcomodomdivinocedeulugaraosestudossobrea lógicaearazão.omovimentochamadodeiluministae,posteriormente,orenascimentodeslocaramo interessedosestudoscientíficofilosóficosdadivindadeparaohomem.nosestudoslingüísticos,umícone dessemovimentoéagramáticadeportroyal,queconcebealinguagemcomofundadanarazãoeno pensamentodohomem,sendo,portanto,universalemodeloparaasgramáticasdeoutraslínguas. OséculoXIXincorporaasdiretrizesracionalistasdaGramáticadePortRoyaleinaugurauminteresse peloestudodaslínguasvivasnacomparaçãocomoutraslínguas.estemovimento,denominadohistórico comparativo,dáorigemaométodohistóricodasgramáticascomparadaseàlingüísticahistórica.oque desencadeiaesseprogramadeinvestigaçõeséadescobertadosânscrito(entre1786e1816),quedemonstra asevidênciasdeparentescoentrelatim,grego,línguasgermânicas,eslavasecélticascomosânscrito.essas descobertasindicamqueàlinguagempodeseaplicarummodelobiológicodeevolução:aslínguassão organismosvivosquenascem,crescememorrem,encontrandoumtempobrevedeperfeição. A lingüística histórica surge da possibilidade de desenvolvimentos de métodos e princípios da gramáticacomparada.acomparaçãoentreaslínguasfacilitavaademonstraçãodoparentescoedaevolução históricadeumalíngua.oestudodapassagemdalínguadeumestadoparaoseguintesedadamediantea análisedasleisquedeterminavamessaevolução,encontradasparticularmentenostextosescritos.assim,a gramáticacomparadaera,efetivamente,oestudodaevoluçãocontinuadaslínguas,oqueaconfundiacoma próprialingüísticahistórica.nessemovimento,aescolaneogramáticaacreditavaqueaquasetotalidadedas transformaçõeslingüísticaspoderiaserexplicadanodomíniodafonética. LETRASLIBRAS 180

15 LETRASLIBRAS 181

16 UNIDADE II A LINGÜÍSTICA E O SEU OBJETO DE ESTUDO Linguagens e Línguas Naturais Aodefinirmoslinguagemelíngua,anteriormente,ressaltamosque,apesardeseremconceitosmuito próximosededifícilrecorte,linguagemécostumeiramenterelacionadaàcapacidadegeraldeutilizarcertos tiposdesinaisparacomunicação,elínguaindicaumadaspossíveisrealizaçõesdessacapacidade.nesse sentido,podemosdizerquequalquerserhumanopossuiumalinguagemporquetemcapacidadedeusaruma línguanaturalcomoofrancês,ojaponêsouoromeno;ouquetodosossereshumanossãodotadosde linguagem,poucoimportandoqualsejaalínguafaladapelaspessoas. Foradodomíniodalingüísticatambémépossívelfalaremlinguagem.Entretanto,esseconceitonão écompreendidocomoreferênciaàcapacidadementaloufaculdadedelinguagem.essasdiferençasficam evidentesquandocontrapomoslinguagemhumanaelinguagemdeprogramação,comoumaferramenta teóricautilizadaparadesenvolversoftwares,ouprogramasdecomputadores,destinados,porexemplo,a expressarinstruçõesparaumcomputadoremtarefascomoediçãodetexto,apresentaçãodepáginasna Internet, etc. Também difere o conceito de linguagem daquilo que chamamos de linguagem corporal, linguagemdapublicidade,etc.aprimeiradizrespeitoaoconjuntodeexpressõesfaciaiseposiçõesdocorpo quesinalizamintençõesesentidosnemsemprepretendidospelosusuários.asegundarefereseaoconjunto deestratégiasverbaisenãoverbais(pormeiodeimagens,porexemplo)quesedestinamapersuadiros consumidorespotenciais,fazendoosaderiraoprodutoanunciado. Essadiscussãoprosseguequandocontrastamos,porexemplo,alinguagemhumanaconcretizadaem umalínguanatural,comoutrossistemasdecomunicaçãotambémhumanos,aexemplodoscódigos(de LETRASLIBRAS 182

17 trânsito,convençõesdeetiqueta,etc.)elinguagensartificiais,comooesperanto;esistemasdecomunicação nãohumanos,comoa linguagem animal. Aciênciadalinguagem,apardaimpossibilidadedeseestudartodasasdimensõesdacomunicação pormeiodetrocassimbólicas,escolheualinguagemverbalhumanacomoobjetoprivilegiadodeinvestigação. Talescolhadefiniuocursodahistóriadalingüísticacomosendoaciênciaqueseocupoudamodalidadeescrita daslínguasnaturaishumanas.noséculoxx,porém,oconceitodelínguasofreurelativatransformação, passandoadispensaraprópriaanálisedalínguanaturalemqualquermodalidade,ereduzindooconceitode linguagemàapenassuaporçãoconcretaehomogênea:alíngua. A linguagem verbal e as linguagens não verbais. ParaMattosoCâmara(1977,p.39),lingüistabrasileiroderenome,alinguageméa faculdadeque temohomemdeexprimirseusestadosmentaispormeiodeumsistemadesonsvocaischamadolíngua,que osorganizanumarepresentaçãocompreensivaemfacedomundoexteriorobjetivoedomundosubjetivo interior. Mattoso Câmara Adefiniçãodoautor,característicadalínguaverbaloralizada( sonsvocais ),aomesmotempoem queconceitua,estabeleceafunçãorepresentativadalínguaemrelaçãoaoosestadosmentaisinterioreseà compreensãodomundoexterior.estanoção,marcadaconcepçãoestruturaldelíngua,apresentaumrecorte saussurianoquedesconsidera,emprimeirolugar,asmanifestaçõesnãooralizadasdalíngua(comoalínguade sinaisutilizadaspelossurdos,porexemplo),opapeldasaçõesintersubjetivasdosfalantes,ahistóriados falantesedalíngua,assimcomoaculturacomocontextolocaldeusodalíngua. Nãoobstantesejaessaumadefiniçãobastanteincompletadelinguagem,nosentidodasnoçõesde deixadefora,seurecorteéimportanteparasedefiniralingüísticacomoaciência,cujoobjetonãoestá afetadopelasidiossincrasiasdofalante,nempelaheterogeneidademultiformedalinguagem.alínguaverbal, LETRASLIBRAS 183

18 recuperandooconceitopostuladoporferdinanddesaussure(supra)ésistemadeondedepreendemos elementosestruturaisquesecombinamesedistribuemsegundoregrasgerais,verificáveisemtodasas línguasnaturais. Alínguasecompreende,dessemodo,comochaveatravésdaqualohomemacessaasleisde funcionamentodasociedade,eseuconhecimentocomohábilanosmostrarnãoapenasasregrasdeseu funcionamento,masarevelaraprópriaordemsocial. Assim,alínguacomoobjetodalingüística,seassume comonormadetodasasoutrasmanifestaçõesdalinguagem. Alínguanãoseconfundecomalinguagem,maséparteessencialdesta,poisconstituiprodutosocial dalinguagemconvencionadopelocorposocial,istoé,pelosfalantesconsideradoscomoumtodo,sendoassim umfenômenoadquiridoeconvencional. Alínguaficasendo,comounidade,umaestruturaideal,queapresentaemsiostraços básicoscomunsatodasassuasvariedades.éainvarianteabstrataevirtual,sobrepostaaum mosaicodevariantesconcretaseatuais (MATTOSOCÂMARA,1975,p.9) OconceitodelínguadaLingüísticatambémexclui,emsuasprimeirasformulaçõesteóricas,aanálise dalinguagemnãoverbal,hojeconsideradaemmuitasabordagenslingüísticas.osestudossobrecomunicação naatualidadenãopodemdesconsideraropapelimportante desempenhadopelasdiversaslinguagense códigosnãoverbais,auxiliaresdacompreensãoedainterpretaçãodasatividadeslingüísticocomunicativas doshumanos. Entreaslinguagensnãoverbaisquetêmsidoobjetodeestudodalingüísticamoderna,aoladoda línguaverbal,destacamosacomunicaçãovisualpresentenafotografia,nocinema,napintura,etc.,alémdas imagensutilizadasnacomunicaçãocotidiana,comoossinaisdetrânsito,oscartazeseplacasindicativasde lugar(banheiros,restaurantes,telefones)eatividades(proibiçõesdefumar,deusarbuzina,etc.). Outrostiposdecomunicaçãonãoverbaissãooscódigossonoros,tambémusadosnotrânsito,ou paraindicaratividadesdeimportânciaprivilegiada(ossonsdoscarrosdebombeiros,polícia,ambulância),ou mesmoocódigomorseusadoparacomunicaçãoondeoutrosveículossãoimpraticáveis. Umtipodecomunicaçãonãoverbaltemganhadodestaquenocenáriocientificoporacreditarse,a partirderecentespesquisascientificas,dequeteriadadoorigemàlinguagemhumana:tratasedosgestos.a linguagemgestualestápresentemesmoondeacomunicaçãoverbalérecomendadaeatuacomoauxiliarna identificaçãodedesejos,intenções,àsvezesnãoexpressoslingüisticamente.apesardesuaimportância,os gestosnãosãodiscretoscomoalínguahumana(nosentidodequeseuselementosnãoformamumseqüência finitacombinávelparaproduzirenunciadosilimitados).osgestosvariambastantedeculturaparaculturae, apesardesuafacilidadededecodificação,nãotêmsignificadosuniversais,nemreconhecíveisemdiversas culturas. LETRASLIBRAS 184

19 Oestudodalinguagemverbal:aLingüísticaesuasinterfaces LETRASLIBRAS 185

20 Alingüísticasedefineporseuobjeto alíngua eporseumétodo,emprincípio,estrutural.como passardosanos,tantooobjetocomoométododalingüísticapassaramportransformações,redefinições, novasabordagens.delínguacomosistemadesignosconvencionaisusadospelosmembrosdeumamesma comunidade à língua como atividade constitutiva, o estudo da linguagem verbal humana evoluiu, redimensionouseuescopoeincorporoupreocupaçõestípicasdeumaciênciaqueestánolimiarentreciências humanas,naturaisesociais. OsestudosdalínguaempreendidosporSaussuresecaracterizavampelasuperaçãodométodo históricocomparativo,datradiçãohistoricistaevolutivadoséculoxix,queprocuravaverassemelhanças entreaslínguas,demodoadescobrirsuarelaçãocomumaprotolíngua(oulínguamãe).saussure,demodo contrário,derivasuaanáliseparaaperspectivaformal,privilegiandoaconcepçãodelínguacomosistemade relações lógicas, inscritas na sociedade. O sistema se compõe de signos arbitrários e com valor representacional dentro da estrutura lingüística. Esse formalismo estruturalista, apesar de conceber a linguagemcomofenômenosocial,aanalisacomoentidadeformal. Essaconcepçãodelínguaéfeitacomosucessivosufocamentodosujeito(arigor,alínguanãoé funçãodofalante,sendoapenasprodutopassivoregistradoporeste),daculturaedahistória(aestritaforma lingüísticanãoabreespaçoparaanálisesemânticaoupragmática).ora,aposiçãosaussurianadelingüísticase sustentaexatamenteemvirtudedeseuobjetoserextremamenteasséptico(livredetraçossubjetivistas)e controladopelopontodevistasincrônico(desconsideraçãodaevoluçãodasformasdalíngua)eformal.éde sepensar,entretanto,quetamanhoreducionismonãoestivessenapretensãoinicialdesaussure,sendo resultadodaleiturainadequadadesuateoria,feitapeloscompiladoresdocursodelingüísticageral. EmdireçãocomplementaràdeSaussure,emdiversosaspectos,Chomskypostulaaconcepçãode língua como fenômeno mental, analisandoa como uma entidade neurobiológica. Chomsky preserva as mesmaspropriedadesformaisdesaussurenométododeanálisedalíngua,diferenciandosedestenoquediz respeitoaaderiraumformalismomentalista,emoposiçãoaoformalismoestruturalistadeseuantecessor.de modosemelhanteasaussure,chomskyignoraacultura,ahistória,asemânticaeapragmáticadosseus objetivos.elege,entretanto,osujeitoapapelprincipalnaatividadelingüística,tendoestefunçãoexclusivana atividadecognitivadalinguagem. Diferedosautoresanteriores,anoçãodelinguagemtrazidaàcenalingüísticaapartirdaleiturano ocidente,dosescritosdeixadospelorussomikhailbakhtin.bakhtinrechaçaasposturasfilosóficasadotadas porsaussuree,portabela,porchomsky,assimcomoaquelasencontradasnalingüísticahistórica,epropõe umanoçãodelínguaqueabrigueosconceitosdeatividadesocialedialogicidade(emtermosmaissimples, interação intersubjetiva). O autor concebe uma visão de linguagem não dissociada da natureza sócio ideológica das atividades humanas, o que supõe compreender língua e sociedade como sendo complementaresetendorelaçõesdinâmicas. LETRASLIBRAS 186

21 AadoçãodasidéiasdeBakhtin,poralgunslingüistas,bemcomoodesenvolvimentodeestudosde pragmáticanocampodafilosofiadalinguagem,levaramalingüísticadasegundametadedoséculoxxa conceberseuobjetocomoformadeação,fortementevinculadaàsatividadesdecomunicação,deinteração, depensamento,deconhecimento,etc.essaredefiniçãoabriuespaçoparaquealínguapercebessesua interfacecomoutrasdisciplinaseparaqueofenômenolingüísticofossecompreendidocomoconstitutivoda vidahumana. Assim,apartirdessanovaabordagem,alingüísticacomeçaaabrigardisciplinasqueseocupamdas relaçõesentreaformalingüísticaeaproduçãotextualdiscursiva,comoéocasodasanálisesdodiscurso,da conversaçãoedalingüísticatextual;entreavariaçãodasformaslingüísticaseosfenômenossociaisquelhe dãoorigem,comonasociolingüística;entreasrelaçõesentrelínguaemente,línguaecérebro,línguae cognição,oquedáorigemàsdisciplinasdapsicolingüística,neurolingüísticaelingüísticacognitiva.estassão apenasalgumasdasinterfacesdosestudoslingüísticosqueserãoestudadascommaisvagarnospróximos textos. Salientese que nossos objetivos aqui são elementares, e algumas vezes, apenas informativos. Remetemos o leitor à bibliografia no final, às sugestões de leitura ao longo do texto e ao material complementarnocdromenoambientevirtual. A Especificidade da Linguagem Verbal Oestudodalinguagemverbal,nãoobstanteaponteparaanaturezaexclusivadessefenômenoentre oshumanos,apresentasemelhançascomoutrasformasdetrocasimbólicaencontradasnanaturezaeem outrasespécies. Oquetornaalínguaobjetoespecíficodalingüísticanãoéseucarátercomunicativo,facilmente encontradoemoutrostiposdelinguagens(comoaquelasquecitamosanteriormente)emesmoentrecertos LETRASLIBRAS 187

22 animais,comoasabelhaseoutrosinsetos.tambémnãoconstituicaracterísticaespecificadalíngua,ofatode contarcomelementossignificativos(osignolingüístico)recortadosarbitrariamentenasociedade.outras linguagens,igualmentesimbólicas,trabalhamcommaterialessencialmentearbitrário,comoéocasoda escolhadecoresusadasnoscódigosdetrânsito,ouossímbolosdasartesgráficas. Anoçãodelínguacomosistema,tãocaraàsprimeirasinvestidasteóricasdalingüística,apesarde inéditanotratamentodalinguagemverbal,nãoéespecificadalínguahumana.outrasformasdecomunicação nãolingüísticas,aexemplodosmapas,oudodesenhoindustrial,adotamanoçãodesistemapararepresentar simbolicamenteoscomponentesdeumaregiãomapeada,demaneiraproporcionalaotodo. Duas outras noções caras ao conceito de língua seu caráter linear e discreto podem ser igualmenteverificadasemoutrossistemasdecomunicaçãonãolingüística.porlinearidade,entendesea característica de dois elementos na língua não poderem ocupar o mesmo espaço no tempo, isto é, a mensagemlingüísticadesenrolasenotempoeoselementosqueacompõemsucedemsesempreumapóso outro. Essa característica, apesar de presente na linguagem verbal humana em oposição às outras modalidades,comoapintura,emqueamensagemépercebidacomoumtodo,tambémépartedanatureza damúsica,doscódigosdetrânsito,docinema,etc. Quantoànaturezadiscretadosignolingüístico,istoé,suapropriedadedeserumtodosignificativo opostoaoutrotodosignificativo,combináveisentresiparaproduziroutrasseqüências,convémlembrarque essapropriedadejáéencontradanamatemática,emqueumelementooué,ounãoé,ouseja,nãohá gradaçõesentreasunidadesquecompõemalinguagemmatemática,assimcomonãohámaisoumenospou maisoumenosb.alinguagemdacomputaçãoéoutroexemplodeumsistemasimbólicoqueutilizaessa propriedadequenãoéexclusivadalinguagemverbal. Oqueparececaracterizarespecificamentealíngua,naopiniãodosteóricosdalinguagem,ésua capacidadedearticularseem,pelomenos,doisníveisdistintos,especificidadenãoencontradaemnenhuma daslinguagensecódigosatéaquicitados.essapropriedadepermitedistinguir,porexemplo,ochoroda criança,ouumgritodedor,ouaindaaproduçãoinvoluntáriadeumruídopeloserhumano,daquiloque chamamosdelínguaarticulada. Quandosedizquealínguahumanasearticulaemdoisníveis,sugeresequenaseqüêncialinear, discretaearbitráriadoselementosdosistemalingüísticopodemserencontradosníveisdiferentesdeanálise. Emprimeirolugar,osignolingüístico,porumapropriedadedecomutaçãodosseuselementosépassívelde desconstruçãoereconstruçãocomnovossignificados.éocasode<menininhas>quesedesarticulaem <menininhas>.aplicandoseacomutaçãodoselementossignificativos,essaseqüênciapodeserrearticulada como:<menininhos>;<menininhaø>(osímboloørepresentaumespaçovazio,referindose,portanto,à formanosingular);<meninonas>;etc.esseníveldeanáliseédenominadodeprimeiraarticulação. Asegundaarticulaçãoéaquelaqueestánoníveldasunidadesmínimasnalinguagem.Estasunidades distinguemseumasdasoutrasporseremdiscretas,istoé,formamparesdeoposiçãoumasemrelaçãoàs LETRASLIBRAS 188

23 outras, e por serem dotadas de propriedades combinatórias. Essas unidades, chamadas de fonema, encontramsenonívelmaisbásicodearticulaçãodalíngua.atribuindolhesamesmafunçãocomutativa, podesegerarformassignificativasdiversas,comoem:/mar/,/mal/,/sal/,/sol/,/som/,etc. Apesardeaduplaarticulaçãoseracaracterísticamaisespecificadalinguagemverbalhumana,um conjuntomaisamplodetraçosdistintivos,algunsdosquaiscitadosnessaseção,éoquediferenciaalínguade outrossistemasdecomunicaçãosimbólica. Os traços característicos do signo lingüístico e da linguagem verbal OlingüistaestadunidenseCharlesHockett,aodescreveraorigemdafala,posicionasearespeitodas características que diferenciam a linguagem verbal de outras linguagens, especialmente os sistemas de comunicaçãoverificadosemalgumasespéciesdeanimais.paraoautor,ohomeméo únicoanimalquepode secomunicarpormeiodesímbolosabstratos,aindaqueessahabilidadecompartilhedemuitascaracterísticas comacomunicaçãoemoutrosanimaisetenhaderivadodessessistemasmaisprimitivos (1960,p.5). O autor apresenta um conjunto de treze características da linguagem, a partir de evidências empíricasdequetodasaslínguascompartilhamcadaumdessestraços.algunsdessestraçospodemser encontradosnacomunicaçãoentreanimais,masapenasnalinguagemverbalhumana,emsuamodalidade oral,todasascaracterísticasseencontramreunidas.vejamos,conformehockett(1960,p.512). Características da Língua Verbal Usodocanalauditivoevocal 1. Uso do canal auditivo e vocal O modo de comunicação da língua humana é preferencialmente auditivo-vocal, ou seja, utilizamos o aparelho vocal (boca, língua, faringe, pregas vocais, etc.) para produzir e emitir os sinais lingüísticos, e o sistema auditivo para compreendê-los. O uso de sistemas diferentes na língua humana, como o táctil-visual, só ocorre quando há impossibilidade de se recorrer ao canal auditivo-vocal, como em caso de patologias do trato vocal ou surdez. O canal olfativo, usado por muitas espécies de insetos que se comunicam pela emissão de feromônios, não é usado na língua humana. 2. Transmissão aberta e recepção direcional A fala humana é transmitida de modo amplo, aberto, ou seja, o sinal lingüístico pode ser ouvido por qualquer pessoa que esteja ao alcance das ondas sonoras emitidas, e não apenas por aquele ouvinte a quem dirigimos nossa mensagem. Por outro lado, qualquer ouvinte é capaz de reconhecer a origem da emissão e identificar o falante, por meio da recepção direcional. LETRASLIBRAS 189

24 3. Transitoriedade O sinal lingüístico tem rápida duração, isto é, as mensagens emitidas oralmente, ao contrário das imagens gráficas, não permanecem no tempo e no espaço após serem produzidas. 4. Intercompreensão Os indivíduos que usam a língua podem enviar e receber qualquer tipo de mensagem permitida no sistema comunicativo. Isto quer dizer que somos capazes de dizer aquilo que compreendemos, ainda que não usemos os termos precisos da mensagem, porque a reconhecemos e a reproduzimos dentro das possibilidades que o sistema lingüístico nos fornece. 5. Monitoração Os usuários da língua podem falar e ouvir ao mesmo tempo. Por isso, são capazes de perceber o que estão transmitindo e corrigir seus erros e incompreensões. 6. Especialização Os sinais que utilizamos lingüisticamente são especializados para a fala. Isto quer dizer que só se prestam primeiramente a este fim. Não é o caso de produções sonoras involuntárias que indicam estados do nosso organismo, como o espirro. Os sons da fala se combinam entre si para evocar uma significação externa a eles. LETRASLIBRAS Semanticidade Existem relações associativas entre os elementos da língua e características do mundo, na produção de significado, isto é, as formas lingüísticas são usadas para denotar algum tipo realidade, como, por exemplo, quando se diz Estou gripado, essa seqüência de sinais formam uma mensagem que indica um estado de saúde do indivíduo. 8. Arbitrariedade Não há uma conexão lógica ente a forma das estruturas lingüísticas e o significado que essas acionam. Os sinais da língua são estabelecidos por pura convenção, assim, não seria razoável pensar que entre a forma da palavra gripe e a condição de saúde que ela indica haveria algum tipo de semelhança. 9. Uso de sinais discretos As mensagens no sistema lingüístico são compostas de elementos menores e repetíveis. Esses elementos não são percebidos analogicamente, isto é, não formam um contínuo. Os sons da língua são percebidos em termos de sim ou não, isto é, não existe mais ou menos p, ou mais ou menos b, a percepção é categórica: ou é p, ou é b. 10. Deslocamento As mensagens lingüísticas não se referem apenas a eventos contextualizados em termo de aqui e agora. Podem se referir a coisas remotas no tempo, no espaço, ou em ambos, a coisas fora do contexto imediato de comunicação. 11. Produtividade Os usuários da língua não têm limite para a produção e compreensão das formas da língua. Podem criar e entender mensagens absolutamente inéditas, combinando os elementos disponíveis na língua para adequar a mensagem aos contextos de uso. 12. Transmissão cultural As convenções de uma língua são apreendidas através da interação com usuários daquela mesma língua. Uma criança só adquire a língua da cultura a que está circunscrita, ou seja, a língua com a qual tem contato através do convívio com outros falantes. 13. Dualidade Um grande número de elementos significativos da língua são constituídos de um conjunto convenientemente pequeno de unidades que, apesar de serem desprovidas de significação, possuem a habilidade de combinar-se para produzir mensagens. Isto dá à

25 língua a flexibilidade de articular-se na produção de suas estruturas, sem recorrer a novas formas cada vez que quiser nomear algo novo. Linguagem e suas funções. Émuitocomum,entrepessoasnãoespecializadasemlingüísticareferirseàlinguagemcomosendo prioritariamente um veículo de comunicação. A idéia de que a linguagem serve para propósitos fundamentalmentecomunicativostambémjáfoidefendidaporlingüistasemépocaspassadas,especialmente quandoasciênciasdainformaçãoeteoriadacomunicaçãodavamsuasprimeiraspassadas,equandoa pesquisatecnológicafomentavaaelaboraçãodemodeloseveículosdecomunicação. Nalingüística,umdosprimeirosteóricosadestacarasfunçõesdalinguagemnacomunicação,foio russoromanjakobson.seumodelodeanálisedalínguaderivavadeoutrosesquemasfeitosespecialmente pelateoriadacomunicaçãoparaexplicarotrajetoqueumamensagempercorriadesdesuaproduçãoatéseu destino.assim,seconsideravacomomodelodecomunicaçãoaqueleemqueamensagem,partindodeuma fontedeinformação,esendocodificadapormeiodetransmissor,dependiadeumsinalfísicoparachegarao receptor,ondeseriadecodificadaeentregueaodestinatário. Essemodelodecomunicação,apardesuaimportância,apresentavaváriasdificuldadesqueo tornavaminadequadoparaexplicarqualquertipodecomunicação,umavezquesimplificavaoprocesso comunicativo verbal, considerandoo linear e mecanicista, ou seja, considerava as questões puramente lingüísticasdacomunicação. LETRASLIBRAS 191

26 ROMAN JAKOBSON Bertil Malmberg e Jakobson foram responsáveis pelo processo de reformulação do modelo de comunicação. Malmberg (1969) introduz no modelo a representação do código, situando a atualização das unidades lingüísticas entre o código e o emissor; introduz também a preocupação com a relação do emissor e elementos extralingüísticos e aponta as diversas fases de codificação e decodificação da mensagem. Jakobson (1969), por sua vez, amplia a proposta teórica de Malmberg, demonstrando a relação entre emissor e destinatário na produção e compreensão da mensagem, assim como a necessidade de consideração de um referente contextual, um código e um canal físico que fossem compartilhados por ambos emissor e destinatário. Omodeloresultantedessaampliaçãoéomaisconhecidoentreosestudiososdalinguagemna atualidade: As funções da linguagem propostas por Jakobson partem da consideração do modelo de comunicaçãoacima,focalizandocadaumdoselementospresentesnacomunicação.assim,emqualquer processocomunicativo,algunselementosassumempapelcentralesãomaisfocalizadosdoqueosoutros.a funçãodalinguagemqueganhadestaqueé,porisso,aquelaquemelhorseadequaàcentralidadedequalquer LETRASLIBRAS 192

27 umdositensconstantesnoprocessocomunicativo.orealceparticulardecadaumdoscomponentesdo modelocomunicativoéfeitoapartirdeumadasfunçõesdalinguagem,apresentadasnoquadroseguinte: A função da linguagem centrada no componente contextual da comunicação é chamada de referencial ou informativa, pois coloca em evidência o conteúdo da mensagem, ou seja, apresenta a informaçãoaserveiculadademodoobjetivoeclaro,semfazerreferênciaaoemissoroudestinatário,esemse valerdaestruturalingüísticotextualdamensagem.èafunçãomaisencontradanodiscursojornalísticoe acadêmico. Afunçãoemotivacolocaemevidênciaocomponentecomunicativoemissordamensagem.Os procedimentos lingüísticos encontrados nessa função destacam o remetente como parte do conteúdo veiculado,expressando,àsvezes,ocaráteremocionaleafetivodoenunciador.osefeitosdessafunçãosãoa subjetividadeeproximidadedosujeitoqueveiculaamensagemdoconteúdodesta.estafunçãopredomina emtextosquedestacamoeulíricoouopróprioenunciador,comoaspoesias. Afunçãoconativadalinguagemtrazaocentrodacomunicaçãoodestinatário.Esteéeleitoo principalfocodoprocessoeamensagemsedestinaaagirsobreele.essafunçãoécotidianamenteutilizada quandoagimossobreoutrem,dandoconselhos,fazendoperguntas,pedidoseordens.emusosmaistécnicos dalinguagem,énalinguagemdapublicidadequesedestacaousodafunçãoconativa,jáquesuastécnicas procuramconvencerepersuadirodestinatário,produzindonelecomportamentosdesejados. Afunçãofáticadalinguagemfocalizaautilizaçãodocanaldecontatoentreemissoredestinatário. Estafunçãoobjetivaquasesempreatestaraexistênciaoumanutençãodocanaldecomunicação,essencialà preservaçãodestaeàveiculaçãodamensagem,alémdeeliminarosruídosqueimpedemacomunicação, sejamestesruídosfísicos,ideológicosoupsicológicos,mantendooambientederelaçõescomunicativas favorávelàsatividadesdosfalantes.osefeitosdessafunçãosãoaaproximaçãodoremetenteaodestinatário, produzindointeressescomuns,eefetivandoamanutençãodainteração. LETRASLIBRAS 193

28 Afunçãopoéticadalinguagemevidenciaaestruturaeanaturezadaprópriamensagemveiculada.A línguaéutilizadaparaproduzirmensagensquechamemàatençãoodestinatáriopelaformacomosão construídas,elaboradas.essafunçãodestacaaestruturaeorganizaçãointernadamensagem,deformaqueo conteúdosejasecundárionamensagemqueseestáaveicular.apublicidadeeomarketing,assimcomoa literatura,sãoformasdeusodalínguaemqueseencontracommaisfreqüênciaaaplicaçãodessafunção. Afunçãometalingüísticaéaquelaemqueautilizaçãodocódigosedefinecomoelementocentralna comunicação,eseprestaaveicularumamensagemsobreoprópriocódigo.geralmenteoentendimentoda metalingüísticasedefinepelofatodeocódigosetornarobjetodacomunicação,possibilitandoassimsua avaliação,suaadequação,esuasignificaçãonoprocessocomunicativo.ametalingüísticaéencontrada,quase sempre,naconversacotidiana,emquenosdeparamoscomdúvidassobreousoousignificaçãodecerta estruturalingüística,ouaindanosglossáriosedicionáriosaplicadosaosusosmaistécnicosdalinguagem. Asfunçõesdalinguagem,comodescritasporJakobson,pressupõemaconcepçãodequealíngua temcomofunçãomaiorevitalosprocessosdecomunicação.assim,cadaumadasfunçõesaquidescritas correspondeàsopçõesdofalantededestacarumaspectodacomunicaçãosobreooutro.noentanto, considerarqueopapeldalínguaéapenascomunicar,éreduzilaaumcódigoqueemnadadiferedeoutros sistemasdecomunicaçãoatéagoraestudados. Alínguanãoé,entretanto,apenasummeiodecomunicação.Algumasdasfunçõesdalínguanemao menossedetémsobreoprocessocomunicativo,comoéocasodeconsiderálaumsistemadecategoriasque nospermiteorganizaroconhecimentoemestruturassignificativas.oconhecimentodarealidadenãochega até nós em formas originais, abstratas. Depende, em grande parte, de uma estruturação cognitiva, da organizaçãodasexperiênciasemtermoscompreensíveis.paraistoservealíngua.dessemodo,asfunções primáriasdalínguanãosãoessencialmentecomunicativas:alínguatemfunçãosimbólica,jáqueéumaforma deconhecimentoconstruídacoletivamentenasociedadequenospermiteestruturaraexperiênciahumanade forma significativa. Tem também função discursivointerativa, pois nos permite compartilhar essas experiênciaseconhecimentosdemodointersubjetivonacultura. M. A. K. HALLIDAY O lingüista britânico Michael Halliday acredita que a função comunicativa proposta por Jakobson se desdobra em duas funções: a interpessoal e a textual, às quais acrescenta uma terceira a função ideacional. Por esta função, compreende-se a linguagem como um sistema organizador dos fenômenos do mundo, capaz de filtrar, a partir do significados das estruturas lingüísticas, a realidade de modo compreensível e acessível aos falantes. A função interpessoal oferece aos falantes a oportunidade de organizar seus LETRASLIBRAS 194

29 papéis na interação, segundo as situações sociocomunicativas do discurso. Por função textual, entende-se que a língua se apresenta de modo pertinente à situação de enunciação, e não como um mero conjunto de palavras e orações gramaticais (HALLIDAY, 1978, p ) LETRASLIBRAS 195

30 UNIDADE III A DIMENSÃO ESCRITA, ORAL E GESTUAL DA LINGUAGEM Modalidades Escrita e Oral Alínguaécompreendidaformalmentecomoumconjuntodesignosconvencionaisusadospelos membros de uma mesma comunidade. Isto é, um grupo social convenciona e utiliza um conjunto de elementos representativos das significações presentes no cotidiano. Desse modo, o signo lingüístico se estruturaemduasfacetasquecorrespondemaosaspectosdalinguagemhumana:umsignificantequeéuma estruturaformaldalínguaaquesechegaapartirdasregrascombinatóriasedistribucionaisdosmenores elementosarticuláveis(osfonemasousons;osmorfemasouformas);eumsignificadoquecorrespondeao conteúdosignificativodaquiloqueasformasdalínguaexpressam. Osignificanteindica,nautilizaçãodalínguahumana,umplanodeexpressão,ouseja,aconcretização dalínguaemumamodalidadeapropriadaparaatransmissãodeconteúdosemensagens.amodalidade primeiradeusodalínguaéafala.cadapessoa,aoutilizaralínguadoseugruposocial,ofazdeumaforma individual,personalizada,dandopreferênciaadeterminadasconstruçõesoupalavras.issoéumacaracterística dafala.entretanto,pormaiscriativaqueseja,afalaestácontidanoconjuntomaisamplodalíngua,demodoa tornarofalanteentendidoportodososmembrosdacomunidadelingüística. Outramodalidadedeexpressãoeconcretizaçãodalínguaéaescrita.Desnecessáriodizerquea escritatemsidoobjetodamaioriadosestudossobrealíngua.desdeosprimeirosgramáticoshindus,aos lingüistashistóricos,atéosdiasdehoje,alínguaescritaéobjetoprivilegiadodeestudos,porrazõesquenão LETRASLIBRAS 196

31 sãonecessariamentelingüísticas,jáqueaescritaexerceumpapelpredominantenassociedadestecnológicas atuais,dandoaosseususuáriosostatusdeletrados,competentes,intelectuais. ApenasapartirdosestudoslingüísticosdoséculoXX,derivadosdopostuladodaigualdadeessencial entreaslínguasedocaráteruniversaldosistemalingüístico,équelínguasnaturaissemescritapassaramaser objetosdadescriçãodoslingüistas.esseavançotrouxeamodalidadefaladaparaosestudosacadêmicos,que passaramaconceber,entreoutrascoisas,aexistênciadevariaçõeslingüísticasimpulsionadasporregras observáveisnafaladosindivíduos.essaconcepçãotemcomorepercussãomaisimportanteaimpossibilidade desetratarvariedadeselínguascomomelhores,maiscomplexasoumaiselaboradasqueoutras,umavezque suacadalínguaadaptaseàsnecessidadedosfalantes,tantotecnológicasquantoculturais. Alingüísticanamodernidadeconsegue,dessemodo,equilibraropesosocialdaescrita,evitandoque falantesdevariedadesfaladassejamobjetodepreconceitossociais.entreosargumentosusadosparaesse fim,estãoodequealínguafaladaexerceprioridadehistórica,estrutural,funcionalebiológicasobreaescrita (Cf.LYONS,1987,p.2528). 1 Porprioridadehistóricaentendeseofatodeafalasercomumatodasassociedadeshumanas, desdequeaespéciehumanadesenvolveuessacapacidade.nãosetemnotíciasdeculturasprivadasdafala, maspodemosencontrarinúmerospovosquenãopossuemumaescrita.atéoséculoxix,porexemplo,amaior partedapopulaçãomundialeraanalfabeta,eomesmoaindaaconteceemváriospaisesdomundo.istonão querdizer,entretanto,queacapacidadelingüísticadessesindivíduossejareduzida,ouquesuaspráticas culturaisnãosejamcivilizadas.grandesdescobertasmundiaisocorreramemépocasemqueaescritaera privilégiodemuitopoucos. 2Porprioridadeestruturalcompreendesequealínguafalada,emumasituaçãoidealizada,tem estruturas mais básicas as quais são reproduzidas na escrita. Por exemplo, o fato de os sons da fala combinaremseentresinaproduçãodeenunciados,refleteumaestruturaqueocorreposteriormentena escrita,comunidadesgráficasquesecombinamdaproduçãodepalavras.nocasodaescritaalfabética, percebese, por exemplo, que os símbolos gráficos são representações dos sons da língua falada. Essa propriedadenãoseaplicaemlínguascomsistemasescritosideacionais,comooshieróglifosouosideogramas daslínguasorientais,comoojaponêseochinês. 3Aprioridadefuncionalindicaqueafala,mesmonasculturasemqueaescritafazparte,de maneirafortementearraigada,dasatividadesburocráticas,tecnológicas,industriais,éaindaamodalidade utilizadanamaioriadassituaçõesdeusodalínguapelosfalantes.cotidianamente,tantoemsituaçõesque exigemmaiorformalidade,quantonaquelasmaisinformais,afalatemprioridadedeuso,sendoaescritausada demaneiracomplementarouacessória,ouquandoocanalvocalauditivosetornaineficiente. 4Aprioridadebiológicadafalasobreaescritafazpartedeumcampoteóricoqueacreditaqueo homemégeneticamenteprogramadoparaalinguagem,sendoessaumprodutodaevoluçãodaespécie,que nospermiteadquiriralínguaaquesomosexpostos,produzindoereconhecendo,primeiramente,eem situaçõesnormais,ossonsdafala.nestesentido,aprioridadebiológicaindicaquenãoaprendemosalíngua emsuamodalidadefalada,masaadquirimosnaturalmente.aescritaporoutrolado,éoresultadodeum processodeaprendizagemnãonatural,etemnaturezatécnica. LETRASLIBRAS 197

32 Fala e Escrita Atravésdostempos,alínguaescritafoialçadaàcondiçãodeprestígionasociedade,tantoporquefoi alvodomaiornúmerodeestudosdasciênciasdalinguagem,dafilologia,dagramática,etc,quantoporque estesempreassociadaàspráticasintelectuais,eruditas,domíniodepoucos iluminados,especialmenteem séculospassados.essasduasrazõesdoprivilégioatribuídoàlínguaescritatêmumabasecomum,oprestígio sóciopolíticoqueosusuáriosdamodalidadeescritasempretiveramnasociedade. Comafinalidadede,cadavezmais,distanciaralínguaescrita(dospoucosesclarecidos)dalíngua oral(amodalidadeda massa )e,comisso,acentuarasdiferençassociaisentreessesdoisgrupos,muitos teóricosgeraramquadroscomparativosemquedemonstravamanaturezacomplexa,eruditadaescrita,em relaçãoàrealizaçãoquasesimplóriadafala.ingedorekoch,lingüistabrasileira,aocriticaressasteorias, apresentaumquadroquesintetizaasposiçõesdosteóricosarespeitodasdiferençasentrefalaeescrita (1992,p.6869). FALA 1. não-planejada 2. fragmentária 3. incompleta 4. pouco elaborada 5. predominância de frases curtas, simples ou coordenadas 6. pouco uso de passivas ESCRITA 1. planejada 2. não-fragmentária 3. completa 4. elaborada 5. predominância de frases complexas, com subordinação abundante 6. emprego freqüente de passivas Outrascomparaçõesencontradasobrefalaeescritadestacamasseguintesdiferenças: FALA 1. Vocabulário restrito, emprego de gírias, neologismos, onomatopéias, etc. 2. Excesso de repetições 3. Emprego restrito de tempos verbais 4. Emprego inadequado de pronomes relativos 5. Omissão de palavras 6. Frases feitas, chavões, provérbios LETRASLIBRAS 198

33 ESCRITA 1. Vocabulário amplo, variado, uso de termos técnicos, eruditos, abstratos 2. Sintaxe elaborada 3. Uso do mais que perfeito, subjuntivo, futuro do pretérito 4. Adequação pronominal 5. Clareza, sem omissões e ambigüidades 6. Uso criativo das frases ParaKoch,asdistinçõesapresentadasnemsempredistinguemfalaeescrita,especialmenteporque umamodalidadepodeseaproximardaoutrasemsituaçõesmaisoumenosformais,ouseja,aescritainformal seaproximadafala,enquantoqueafalaformalseaproximadaescrita,emsituaçõescomunicativasvariadas. Dessemodo,falaeescrita,aoinvésdemodalidadesopostas,estãoemrelaçãocontínuanoprocessode interaçãoverbal. Quantoàsdiferenças,amaiorcríticaquesefazaosquadrosapresentadoséqueelesanalisam modalidadesdiferentesdelíngua,aplicandolhesosmesmocritérios,ouseja,ascaracterísticasencontradas apenasnaescrita.dessemodo,quandosedizqueafalanãoéplanejada,deveseanalisaressecritérioem referênciaàescrita:afalanãopassa,defato,pelomesmoprocessodeplanejamentoprévioporquepassaa modalidadeescrita.oplanejamentodafala,emfunçãodesuanaturezainteracional,élocalmenteplanejada, istoé,ofalanteplanejaereplanejasuacontribuiçãoacadamomentodainteração,emtemporeal. Pelofatodeotextofaladonãoseapresentarpronto,acabado,masemprocessodeconstrução,do qualosprópriosfalantesfazemparte,écomumqueapresentealgumasdescontinuidades,confundidascom incompletudeefaltadeelaboração,seaplicarmososcritériosdaescrita,emqueotextojáéprodutoacabado e,porisso,nãoprecisaderevisão.asdescontinuidades,sejanaprogressãodeidéias,sejanautilizaçãode recursos lingüísticos, são devidas aos fatores sóciocognitivos envolvidos na produção, compreensão e interpretaçãodotextofalado,ouseja,afunçãopragmáticaqueprivilegiaousodalínguaéprioritáriasobreas estruturasusadas.nessesentido,asintaxedalínguafaladaéparticular,nãopodendosermedidacomrelação àsintaxedaescrita.mesmoassim,asestruturasdafalaasestruturasgeraispermitidaspelaorganizaçãoda língua. Oralidade e Letramento LETRASLIBRAS 199

34 Comovimosanteriormente,falaeescritasãomodalidadesquenãopodemserconsideradasno planodasoposições,masnoplanodascontinuidades,umavezquenenhumusuáriodalíngua,independente deníveldeescolaridadeoudograudeformalidadedousodalíngua,usaapenasumamodalidadeououtra. Dessemodo,aoestudarmosfalaeescritademodointegrado,vimosquesãomodalidadesfuncionais,istoé, queseadequamàsvariadassituaçõescomunicativasdeusodalínguapelofalante,equeestãoemrelaçãode complementaridade,aoinvésdeexclusão. Fala e escrita, como modalidades da língua, se inserem no conjunto de práticas sociais desempenhadaspelofalante.essaspráticasexigemodomíniodecertosmodosdecomunicaçãoeinteração social,quesãoadquiridasnoconvíviosocialentreosfalantes,ouaprendidasemambientesformaisde escolarização. Destacaremos como práticas sociais que exigem o domínio de uma das, ou de ambas, modalidadesdalíngua,aoralidadeeoletramento. Oletramentoéapráticasocialderivadadochamado impactosocialdaescrita nassociedades modernas,quepassarampeloprocessodeaquisiçãodamodalidadeescritapormeiodaescolarizaçãoeda alfabetização.apesardisso,oletramentonãoserefereapenasàspráticasdedecodificaçãotextualouà aprendizagemdeumsistemaalfabético.emumasociedadedominadapelaescrita,mesmoasatividades cotidianasdochamados iletrados (melhorseriadizerosnãoalfabetizados)exigemapresençadepráticasde letramento,umavezqueaspráticassociaisdessesindivíduossãocondicionadasaousodaescrita.exemplos nessesentido,sãoasatividadesdetomarumônibus,compraralimentosemsupermercado,venderbens,dar erecebertroco,assistiraumfilme,etc. Oseventosdeletramento,emgeral,nãosãodestacadosdesituaçõesdeoralidade(comonos exemplosacima).embora,cadavezmais,seprocuretratarletramentoeoralidadecomodoispólosdeum contínuo,aindaháumacertaestratificaçãosocialquantoaosusuáriosdaescritaseremusuáriosmaisefetivos daspráticasdeletramento,especialmenteemnívelformal;eosanalfabetosseremusuáriosmaisefetivosda oralidade,viaderegra,informal. Essaanálisesefundamentaexatamentenofatodequedamosàescritaumasuperioridademaciça emrelaçãoàfala.dessemodo,atradiçãografocêntricapressupõequeosindivíduosquepassarampela aquisiçãoformaldaescritasãosocialmentemaiscompetentesemaisdesenvolvidoscognitivamente.essa pressuposiçãonãotemsustentaçãocientíficaeserevelaumaconcepçãodeficitáriadasminoriassociais, calcadaemprofundoetnocentrismo. LETRASLIBRAS 200

35 Aindaqueaescritatenhaprestígioímparnasociedadeatual,emvistadesuaimportânciaparaas atividadesdiáriasdosindivíduos,nãoépossível,porumaquestãodeprioridadehistóricadafala,afirmarque aquelasejaaformamaisnaturalemaisfuncionaldecomunicaçãoerepresentaçãohumana.afala,porser anterioràescrita,temaceitaçãoirrestritaemqualquerculturahumana,enquantoqueemalgunslugaresdo mundo,ascivilizaçõessobrevivemrazoavelmentebemsemousodaescrita. Nãodevemos,entretanto,equilibrarescritaefalaemumabalançaparaverquemémelhoroupior. A linguagem humana não funciona assim, e pensar dessa maneira é o grande erro dos seguidores da supremacia da escrita sobre a fala. Enquanto muitas práticas sociais da nossa cultura são práticas de letramento,fortementevinculadasàescrita,outrastantassãopráticasdeoralidadee,porisso,vinculadas maisdiretamenteàlínguafalada. A oralidade, segundo Marcuschi (2001, p. 25) é uma prática social interativa que tens fins comunicativoseseapresentaemdiversasformasegênerostextuaisfundadosnarealizaçãosonoradalíngua. Aspráticasdeoralidade,numasociedadecomoanossa,sãointensase,poucasvezes,dissociadasdaspráticas deletramento.ouseja,amaioriadoscontextosemqueusamosamodalidadefaladadalínguasãocontextos quetambémpermitemeexigempráticasdeletramento.dessamaneira,dissociarfaladeescritanessa sociedadeédesconsiderarquealínguapodeserealizardemodotantofaladoquandoescritoemcontextos queexigempráticasdeletramentoeoralidade. Modalidadegestual Ográficoacimailustraasituaçãodasmodalidadeslingüísticasemnossodiaadia.Aoescrevermos umbilhete,utilizamosamodalidadeescritadalíngua.essamodalidade,entretanto,seaproximamuitomais daspráticasdeoralidadedoquedeletramento.bastacomparar,porexemplo,umbilhetecomumacarta LETRASLIBRAS 201

36 formal,oucomumtextocientífico,parapercebermosanaturezaquasefaladadaqueletexto.poroutrolado, aoproferirmosumapalestraouconferência,utilizamosumamodalidadefaladadalíngua.estetexto,porém, vinculasemuitomaisfortementeàspraticasdeletramentodoquedeoralidade,dadasuaformalidadeesua correlaçãocomosusosespecializadosdaescrita.assim,entreopólodaoralidadeeopólodoletramento, encontramosapossibilidadedeproduçãodetextosoraiseescritosquesevinculamoraaumpólo,oraa outro. Estudamosque,apesardealingüísticainteressarseapenaspelalinguagemverbal,acomunicação humanapodeserfeitapeloacessoadiversoscódigoselinguagens,comoosgestos. Osgestos,hoje,estãonocentrodasdiscussõessobreaorigemdalinguagemhumana.Alguns teóricos,ocupadoscomosmodosdecomunicaçãoentreosanimais,apontamparaamodalidadegestual comoaprimeiraformadecomunicaçãodohomemprimitivo.entreasevidênciasparaisso,estãoofatode quegrandepartedenossacomunicação,mesmonosdiasatuais,dependedautilizaçãodegestos,que complementame,àsvezes,sinalizamnossasignificação;bemcomoofatosdeinúmerosanimais,entresos quais, primatas como chimpanzés, gorilas e bonobos, que são muito próximos do homem em termos biológicos,desenvolveremcomrelativacomplexidadeformasdecomunicaçãoatravésdosgestos. Asdiscussõesnãorepousamapenassobreosgestoscomplementaresaousodalínguaverbal,jáque seuusoédeterminadoculturalmenteeexplicadopordiversasteoriascomoapublicidade,apsicologia,a lingüísticaforense,etc.tambémtemganhadodestaqueousodosgestosporcomunidadesquenãotêm acessoàlinguafalada,comonocasodossurdos.esseuso,diferentementedadenominadalinguagemgestual, quasesempreapontadacomoformadecomunicação,seriasemelhanteemváriasaspectosàmodalidade falada,naturalmentesemrecorreraocanalvocalauditivo,masaogestovisual.essaverdadeiramodalidade deusodalinguagemhumanatemstatusdelínguaeapresentacaracterísticasencontradasnamodalidade verbal,comoousoderegrasestruturaispróprias,entoação,prosódiaetc.veremosagoraascaracterísticas quediferenciamessasduasformadecomunicaçãopromeiodegestos. A linguagem gestual Ossinaisnãoverbaisassumemumpapeldetamanhaimportâncianacomunicaçãoque,muitas vezes,ossignificadosdenossosenunciados,quandoacompanhadosdegestos,expressõesfaciaisoucorporais, assumemumadimensãobastantediferentedossentidosoriginais,literais,comonocasodasironias. Amanifestaçãodossentidosnacomunicaçãonãoverbalpodesedarpormeiodegestosmanuais, quando,porexemplo,levantamosopolegarparasinalizarquetudoestábem,ouquandoacenamosadeusou olá.outrasvezes,pormeiodenossasexpressõesfaciais,sinalizamosemoções,sentimentos,atitudes,que combinadoscomalinguagemverbal,revelamsignificaçõesalémdasprópriaspalavras. LETRASLIBRAS 202

37 Alinguagemgestualsebeneficiatambémdoqueosteóricoscostumamchamardeproxêmica,isto é,oestudodoespaçopessoalnosatoscomunicativos.porexemplo,aproximidadequemantemoscomnossos interlocutorespodeindicarintimidade,interesse,simpatia,oufrieza,distanciamentoeformalidade.assim comoadistância,aposturaemrelaçãoàcomunicaçãopodeindicardesinteresse,quandocruzamososbraços, porexemplo. As línguas de sinais ALeiN ,de24deabrilde2002,noseuartigo4º,dispõeque: O sistema educacional federal e sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente. A Língua Brasileira de Sinais constitui, portanto, um sistema lingüístico de comunicação e representaçãodefatosefenômenos,emcomunidadesdesurdosnobrasil,cujaformadeexpressãoéde naturezavisualmotora,comestruturagramaticalprópria.ossinaisdalibrassãoformadospormeioda combinaçãodeformasedemovimentosdasmãosedepontosdereferêncianocorpoounoespaço. ALIBRASfoidesenvolvidaapartirdalínguadesinaisfrancesa.Nãoexisteumalínguadesinais comunsatodosospaíses.assim,comoalínguaverbal,cadaculturaadotaalínguadesinaisqueseadequaàs necessidadescomunicativasdosseususuários.nocasodobrasil,alibraspossuiestruturaprópria,diferente daestruturadalínguaportuguesa.nãoépossívelmaisdizerquealibrassetratedeumalinguagem,pois possuicaracterísticasprópriasdelíngua,entreelas:aarbitrariedadedosseussímbolos;anaturezalingüística doseusistema;ofatoserumaformanaturaldeexpressão,partilhadaporumacomunidade;propriedadesde criatividade e recursividade; propriedades de renovação e evolução; sua aprendizagem/ aquisição é cultural/natural. Domesmomodoqueaslínguasfaladas,cadalínguadesinaisusadaemdiversospaísesapresentaas variações,osfalaresregionaisouosdialetosdaslínguasorais.essasvariaçõessedevemaculturasdiferentese ainfluênciasdiversasnosistemadeensino,porexemplo. Não se sabe quando as línguas de sinais foram criadas, mas sua origem remonta possivelmente à mesma época ou a épocas anteriores àquelas em que foram sendo desenvolvidas as línguas orais. Uma pista interessante para esta possibilidade das línguas de sinais terem se desenvolvido primeiro que as línguas orais é o fato que o bebê humano desenvolve a coordenação motora dos membros antes de se tornar capaz de coordenar o aparelho fonoarticulatório. As línguas de sinais são criações espontâneas do ser humano e se aprimoram exatamente da mesma forma que as línguas orais. Nenhuma língua é LETRASLIBRAS 203

38 superior ou inferior a outra, cada língua se desenvolve e expande na medida da necessidade de seus usuários. Para ver o Dicionário de Libras, acesse: LETRASLIBRAS 204

39 UNIDADE IV A NORMA LINGÜÍSTICA Descrição do Sistema Da Língua Alíngua,comoobjetodalingüística,éumsistemaformalcompostodeunidadesquesecombinam entresiapartirderegraspotencialmenteconhecidasportodososusuários.apesardeaslínguasnaturais diferirementresi(compare,porexemplo,oportuguêseoalemão),grandepartedasleisgeraisdalínguasão aplicáveisaqualquerrealizaçãolingüísticaadotadaporumpovo.porexemplo,todasaslínguasdescritasna atualidadepossuemumsistemaverbal,ouadotamumaseqüênciasintáticaparaconstruirfrases,ouainda, possuemelementosquesearticulamemdoisníveisparaformarenunciadosinteligíveis. Aindaquealgumasregrasgeraissejamcomunsatodasaslínguas,certosprincípiosaplicamsea umasenãoaoutras,comoocorrecomossistemasdecasos terminaçõesnaspalavrasquemarcamafunção sintáticadoelemento emlínguascomoogrego,olatimeoalemão.emportuguês,afunçãosintáticado elementoéobservadaapartirdaordemdaspalavrasnafraseenãopelaterminaçãodoelemento.quantoà ordem das palavras, algumas línguas adotam a estrutura SVO (sujeitoverboobjeto), enquanto outras adotamordensdiferentes. Alingüísticadescreveosistemadalínguasobduasóticas:aprimeiraconsisteemteorizarsobreo sistemalingüísticoapartirdaobservaçãodolingüistasobreaslínguasqueanalisa.estaatividadeproduzum conhecimentoteóricogeralaplicávelaqualquerlínguaparticular.dentreascaracterísticasdescritivasda LETRASLIBRAS 205

40 língua,sobessaprimeiraótica,podemserapontadasasregrascombinatóriasdosseuselementos,asregrasde suaprodutividade,aspropriedadesdaduplaarticulação,etc. Asegundapossibilidadededescriçãoconsisteemanalisarumalínguaparticulareperceberasregras efetivamenteutilizadaspelosseusfalantes,correlacionandoasàspropriedadesgeraisdalínguaeapontando suasespecificidades.alingüísticanorteamericanafoibastanteprodutivanestesegundotipodeanálise, descrevendoedocumentandodiversaslínguasindígenasemriscodeextinção,graçasaoaparatoteórico recebidodaantropologia. Deveseteremmentequealingüística,aofazerumadescriçãocientificadaslínguas,contribuiunão apenasparadocumentarfalaresedialetos,geralmentenegligenciadospelaculturaescritadediversospaises, mastambémparaapontarumaigualdadeessencialentretodasaslínguas,independentementedonívelde civilizaçãoocidentalencontradoentreosseusfalantes.comisso,avisãoetnocêntricadequealgumaslínguas, notadamente as européias, seriam mais complexas do que as línguas indígenas americanas, perdeu sustentaçãocientíficapelopostuladodequetodasaslínguassãocomplexaseseadequamàtotalidadede situaçõescomunicativasexigidaspelosfalantes. Prescrição Normativa Adescriçãocientificadaslínguassurgiuemummomentoemqueseperpetuavaumatradição puristaeutópicadalinguagem.essatradição,pedagógicaenãocientífica,concebiaalínguacomoum instrumentoderepresentaçãodopensamentoquedeviaseguir,damaneiramaisestritapossível,asregrasde usoverificadasnopensamentodosgrandesautoresdaliteratura.assim,atradiçãopedagógicareforçava(e aindareforça)ahomogeneidadedocódigolingüístico,istoé,desconsideravaqualquertipodevariaçãonão LETRASLIBRAS 206

41 previstaparaaquelepadrão,econsideravaanormapadrãoescritaaúnicaaseralmejadapelosfalantes, exatamenteporqueerasuperioràsoutras. Chamamos essa tradição de pedagógica precisamente porque é aquela encontrada nos livros, dicionáriosegramáticas,usadosnaescolacomafinalidadeúnicadefazeroalunoadquirirtalcódigopadrão. Essatradiçãonãoconcebealínguacomoumfenômenodinâmico,quevarianotempoenoespaço,ese adaptaàculturaeàsnecessidadesdosseususuários.pelocontrário,adotaaperspectivaidealistadequea línguaéumbemasercultivadoepreservado,inclusivequantoàpresençadeestrangeirismos,regionalismos, gírias,etc.queadesvirtuameacorrompem. Essatradiçãoprescritivanãodescrevealínguadosfalantes.Descreveumamodalidadedelíngua, encontradaentreosintelectuais,cristalizadaemlivros,textoscientíficoseobrasliterárias,eelegeasregras dessamodalidadecomoopadrãoaserimpostoatodososmembrosdaquelacomunidadelingüística.tal descrição,emgeral,seconfundecomalínguautilizadapelaselitesintelectualizadas,nosgrandescentros urbanos,masseseparadalínguadostrabalhadores,dosmoradoresderegiõeseconomicamentemenos desenvolvidas,domeiorural,etc,gerandodiscriminaçãoepreconceitocontrasessasminorias,bemcomo interferindonosistemaescolarpúblico. Ocombateaessaconcepçãoédedifícilexecução,jáopreconceitoquedelaadvémestáarraigadono imagináriodopovoeéconstantementereforçadopelamídiaepelaescola,queperpetuammitossecularese errôneossobreopapeldalínguanasociedade. Gramática e Norma A norma lingüística consiste no consenso mínimo estabelecido em uma cultura, a partir das propriedadesinternasdeumalíngua,sobreasregrasdeusoslingüísticosadotadospelosfalantes.agramática, em geral, pode ser reconhecida como o conjunto dessas normas; tradicionalmente, porém, chamamos gramáticaadescriçãodomodelolingüísticodemaisprestígiodentrodeumacultura,adotadocomopadrãoa serseguidoportodososfalantes. Emlingüística,quandofalamosemnorma,pensamosemumconjuntodepreceitosdestinadosa organizaraexpressãodalínguaemsuamodalidadefalada.essespreceitosserelacionamaosusosfonológicos aceitosemumalíngua,àutilizaçãodetraçossuprasegmentais(entoação,altura,etc.)reconhecidoscomo pertencentesaessalíngua,aoconjuntoderegrassintáticasinteligíveiseinterpretáveisportodososfalantes,e aoconjuntoderegrasdeformação,produçãoecompreensãodeitenslexicais(palavras),compatíveiscoma línguaemquestão. Agramática,poroutrolado,emboraenfatizeanecessidadedeseguir,nafala,umpadrãolingüístico prestigioso,estabeleceumconjuntodepreceitosqueorganizamacorreçãodalínguaescrita,aplicadoatravés daortografia,dasregrasdesintaxe,concordância,regência,etc.asregrasdaescrita,mesmoemsetratando LETRASLIBRAS 207

42 delínguapadrão,nãoseaplicamdomesmomodoàlínguafalada.paracomprovaressefato,bastaseapenas compararafaladosindivíduosdasgrandescapitaisdobrasil,comnívelsuperiordeescolaridade,comsua escrita.ambassãoconsideradaslínguapadrão,porémanormaescritanãoreproduzanormadafala. Alingüística,nosúltimosanos,temdemonstradoatravésdeprojetoscomooNormaUrbanaCultado Brasil(NURC),queadescriçãodalínguautilizadapelosbrasileirosdemaiorescolarizaçãoeresidentesnos grandescentrosurbanosdobrasiltemsedistanciadodopadrãoescritoprescritopelagramáticatradicional. Istosugereumaadequaçãonotratamentodalínguaqueexploreasmodalidadesoraleescritasobpreceitos diferentesequeincorporenanormagramaticalasvariaçõesnousodoportuguês. Conceito de Gramática Oconceitodegramáticasevinculafortementeànoçãodesistemaaquenosreferimosacimaeà noçãodesincronia,ouseja,orecortedoestadoatualdalínguafeitoparaadescriçãoeanálisedoseusistema, sempreocupaçõesprimáriascomaevoluçãodessesistemaaolongodotempo. Comosistema,alínguaéestruturadaporunidadesquesecombinamatravésderegrasque,porsua vez,delimitamasconstruçõespossíveisparaosusuáriosdeumacomunidade.essasregras,emgeral,são denominadasdegramáticadalíngua.oestudodessasregrastambémédenominadodegramática. Otermogramáticanoschegoudogrego,porintermédiodolatim,coma artedeleredeescrever. Nessesentido,apesardeabrangente,nãoéinadequadoidentificaragramáticacomoumconjuntoderegras quedeterminamousodeumalínguaemumacomunidade.esteconjuntoderegrasadotadopelosfalantesde uma língua de maneira convencional implica considerar corretos todos os usos aceitos por aquela comunidade.entretanto,naatualidade,afunçãodagramática,especialmentenaescola,éprescreverregras quedevemserusadasportodososfalantes. Alingüística,comociênciadalíngua,postulaumaconcepçãodegramáticaquetemavercomas regrasquesãoefetivamenteusadaspelosfalantes,limitandose,metodologicamente,adescreveressasregras eanalisálas,semprescrevernormasdeuso.apresentaremos,emseguidatrêsconcepçõesdegramática:duas científicaseumapedagógica. LETRASLIBRAS 208

43 Gramática Interna Oconceitocientíficodegramáticaéaquelequepressupõeumsaberinternoaoindividuoqueo habilitaausarsualínguaemtodasassituaçõessignificativamentepossíveiseacompreenderosusosfeitos poroutrosfalantesquedetêmessemesmoconhecimento. Assim a gramática interna ou internalizada é o conhecimento sobre o sistema de unidades e conteúdosdalíngua,distintosentresi,equemantêmrelaçõesobrigatóriasfinitas.essasrelaçõessãoleis geraisounormasqueregemousodaatividadelingüísticadofalante. Agramáticainternalizadapodeserexplicadaapartirdefatoslingüísticostípicosdalinguagemda criançae,ainda,poroutrosfatosencontradosnalínguaadulta.noprocessodeaquisiçãodalinguagema criança,aopôrempráticaasregrasdeusodalíngua,criahipótesesquediferemdalinguagemdosadultos, comoéocasodasconjugaçõesverbais.seacriançaapenasimitasseporaprendizadoafalaadulta,épossível queusasseosverbosdomesmomododestes,ouque errasse naquiloemqueeles erram.noentanto,ao utilizarosistemadeconjugaçãodosverbos,elausaregrasinternalizadasquepressupõemaregularidadedos verbos.destemodo,acriançapornãoteracesso,nestafase,àsirregularidades,produzasconstruções eu comi e eutrazi,ou eucanto e eusabo comosefossemtodasregulares. Tambémnalinguageminfantil,ecommaisfreqüêncianalinguagemadulta,ahipercorreçãoéum fatolingüísticoqueconfirmaavalidadedeumateoriadegramáticainternalizada.porhipercorreçãoentende seaavaliaçãoqueumfalantefazdasestruturaslingüísticasqueeleempregaemsuaprópriafala,apartirdo conhecimento,geralmenteprecário,deoutrasestruturassupostamentemaiscorretasdoqueasqueutiliza. Porexemplo,algunsfalantesdazonaruralutilizamumvariávellingüísticapelaqualrealizamumdeterminado fonema,representadonaescritapor/lh/,atravésdeoutrofonema,representadograficamentepor/i/,como emvelha/véia,filho/fio,melhor/meió.quandoconfrontadoscomooutrosfalantesquerealizamessefonema segundooportuguêspadrão,esseusuários,pelanecessidadedeusarumalínguamais correta dopontode vistapedagógico,passamasubstituirpor/lh/todososusosde/i/,inclusiveaquelesdalínguapadrão.assim, passamnãoapenasausarvelha,filhoemelhor,comoadizercoisasdotipo telhadearanha, estádemala pilhor, pilhadobanheiro,etc. Gramáticas descritivas Adescriçãodasnormasdeusodeumalínguaverificadasemumacomunidadeesistematizadasde acordocomosconhecimentostécnicocientíficosdoanalistaéoqueconstituiumagramáticadescritiva. Assim,aprincípio,adistinçãoentregramáticainternalizadaedescritivanãoénecessária,senãoparafins didáticos,umavezqueestaésimplesmenteaanálisecientificadaquela. LETRASLIBRAS 209

44 Aáticadescritivasepropõeapenasadescreverasregrasdecomoumalínguaérealmentefalada, semjulgarousocomocorretoouincorreto,comofazagramáticaprescritiva.agramáticadescritivasanalisa, pois,osusosdalínguaqueumadeterminadacomunidadelingüísticaadotacomoadequados,osquaisse constituemdetodasasestruturasreconhecidaseaceitaspelosfalantesdacomunidade. Agramáticadescritivanãoapontaerrosdosfalantes,inclusiveporqueanoçãodeerrodizrespeito aos usos não autorizados pela comunidade. A gramática descritiva aponta na língua falada por uma comunidadeopçõesdeexpressãoquenãoseexcluem,masquecoexistemeseprestamàsfinalidades comunicativasdofalante.dessemodo,todososfalantesnativosdeumalíngua,afalamadequadamentee isentosdeerro,porqueconhecemeusamasregrasinternasdisponibilizadasparaaquelalíngua.anoçãode erroseaplicariamaisaosusosdaescritadoqueaosusosdalínguafalada. Gramáticas prescritivas Asgramáticasprescritivasounormativasconsistemnoestudodasregrasqueumindividuoprecisa conhecerparafalareescrevercorretamenteumalíngua.evitaremosusarotermo normativa parasereferirà gramáticaprescritivaporque,tecnicamente,todagramáticaénormativa,umavezqueestudaasregrasou normasquefazemdeumalínguaoqueelaé.oquediferenciaagramáticaprescritivadadescritiva,tratada anteriormente,éofatodequeseuconceitoémaispedagógicodoquelingüístico,alémdereduziroconceito de língua a um conjunto de regras de boa comunicação, aceitas em segmentos privilegiados de uma comunidade.expliquemos. Anoçãoprescritivadegramáticaestevesempreassociadaàtradiçãoescolar,fortementearraigada namodalidadeescritadalíngua.vimosqueopapeldaescritanasociedadefoisempresuperestimado, tornandoanãoapenasinstrumentodetrabalhoparapoucosprivilegiados,mastambéminstrumentode discriminaçãocontraindivíduoseculturasfundadasapenasempráticasorais.aescola,lugarondeaescritaé tradicionalmenteadquirida,natentativadetornarseusalunosusuáriosmaisefetivosdalíngua,adotouum modelodegramáticabaseadonasnormasdamodalidadeescrita,empregadasporintelectuais,cientistas, jornalistas e autores famosos. Esse modelo, não obstante servir para dirigir as práticas de escrita dos indivíduos,começouaser cobrado comopadrãolingüísticogeral,istoé,tantoparaaescritacomoparaafala. Ao descrever as normas da língua de uma minoria e tornála padrão de todos, a Gramática demonstraqueseucompromissonãoélingüístico,umavezquedesconsideraquealingüísticapressupõea igualdadeessencialentretodasaslínguas,assimcomoofatodequeasnormassãorelativasàsconvenções adotadasporumacomunidadelingüística,masdidáticopedagógico,istoé,oconhecimentodopadrão lingüísticoprivilegiadoéobjetodeensinoquedeveseraprendidoportodososindivíduos.talcompromisso evidenciaoconceitodegramáticaprescritivacomoindissociadodousodeumlivroderegraschamadode Gramática,cujaexistênciasedeveàcrençadequeousuáriosóaprendeafalarbemsualíngua,seestudar LETRASLIBRAS 210

45 sistematicamentesuasregras.esseconceitonãodiferencia,aprincipio,oestudodalínguamaternaelíngua estrangeira. Umoutroefeitodanoçãodegramáticaprescritivaéomitodequeapenasosfalantesdalíngua padrão(legitimadapelaescola)sãobonsusuáriosdalínguaesecomunicammelhordoqueoutros.mais ainda,dessemitosurgeadiscriminaçãoepreconceitocontrausuáriosdevariedadesnãopadrãodalíngua, comoosmoradoresdazonarural,oudecertasregiõesdobrasil.talcrença,difundidamaciçamenteemtodas asmídias,einclusivenasescolas,pressupõeaignorânciadofalantenativosobresuapróprialínguamaterna,e sedesdobraemdiversasfaláciassobre,porexemplo,oportuguêsseralínguamaisdifícildomundo,sobreo fatodeoindividuonãoescolarizadonãosaberfalarportuguês,ousobreanecessidadedesefalaranorma cultaparaascendersocialmente. Diferentemente dos dois conceitos apresentados anteriormente (gramática interna e gramática descritiva),agramáticaprescritivasóseaplicaàvariedadepadrãodalíngua,nãoconsiderandoparaalémda comunicação,osusosvariadosecontextuaisqueaspessoasfazemdalíngua.alemdisso,emoposiçãoaos outrosdoisconceitos,anoçãoprescritivadagramáticadáaberturaparaojulgamentodevalordofalantede umavariedadenãopadrão,oportunizandomensuraralínguaemtermosdemelhor/pior,bonito/feio,e atribuindoaofalantearesponsabilidadecognitivaeculturalportornarsualínguaaceitável/nãoaceitável, como se este pudesse interferir na norma convencionada por sua comunidade. Essa concepção é simplesmentenãocientíficaediscriminatória. LETRASLIBRAS 211

46 UNIDADE V UNIDADE E DIVERSIDADE NA LÍNGUA A Idealização da Norma A norma lingüística, como vimos anteriormente, é o conjunto de regras consensualmente estabelecidasqueorganizamoconhecimentogeraldalínguae,particularmente,sistematizamosusosdeuma línguanaturalqualquer,comooportuguês,porexemplo.nessesentido,anormapodesertomadacomoum conjuntogeraldeprincípiosqueservemparatodasaslínguas(entreessesprincípiosestãoascategorias distintasdodiscurso,comoosnomes,osverbos,etc.bemcomoasregrasfonológicas,ospadrõesdeordem daspalavras,aduplaarticulação,avariaçãoemudança,emuitosoutros),etambémpodeserpensadanoque dizrespeitoaosparâmetrosdeumalínguaparticular(aordemsujeitoverboobjeto,doportuguêsbrasileiro, osistemacasosdoalemão,aflexãosimplesdosverbosdoinglês,aflexãocomplexadosverbosdoportuguês, aconcordâncianominaleverbaldaslínguasromânicas,etc.) Osprimeirosestudiososdalingüística,aoobservaropapeldanorma,preferiramrecortarapenas aquiloquetornavasemelhantesaslínguas,postulandooidealdeumanormauniversal,aplicávelatodosos usos,demodoaaproximaralínguadopensamentouniversalhumano.essaobservação,geralmentefeitaa partir de textos escritos e fundada na concepção lógica de um movimento na ciência denominado LETRASLIBRAS 212

47 racionalismo,concebeuaescritacomoolugarondeanormapoderiaserobservadacommaispropriedade, vistoqueaspropriedadesdaescritarevelavamcommaisrigoralógicadomundoealógicadopensamento. Estemovimentoprovocoudoismitosnoquedizrespeitoàlínguaemsuamodalidadefalada.O primeiro,quejávimosanteriormente,éodequealínguafalada,emoposiçãoàescrita,éolugardocaos,da desordem,dasimplificação.osegundo,sobreoqualnosdebruçaremosnessaseção,éodequeaslínguas escritasefaladas,parateremvalorsocial,precisamobedeceraumalógicapréestabelecida,essalógicaé refletidanostextosescritosqueseguemestritamenteanormalingüísticaculta.aquinãoseentendenorma cultacomoaquelaefetivamenteusadapelosfalantesdascamadasmaisescolarizadasdacomunidade,mas como a norma idealizada, que obedece rigorosamente os padrões clássicos da escrita, impostos pela concepçãodequetaispadrõesrefletemalógicauniversal. As variedades lingüísticas Umaconcepçãoidealizadadenormanegaqualquertipodevalidaçãoàsvariedadeslingüísticas. Estas,aocontráriodanormaideal,dizemrespeitoaosparâmetroslingüísticosquecadacomunidadeadotaem função não apenas nas necessidades comunicativas, sociais e contextuais, mas em respeito a regras lingüísticasdemudanças,queoperaramnodecorrerdotemposobreosprincípiosgeraisdaquelalíngua. Porexemplo,alínguaportuguesafaladanoBrasilsofreu,aolongodosquinhentosanosdeseuuso emnossoterritório,inúmerastransformações,sejapelocontatocomoutraslínguasdacolonização(aslínguas indígenas,aslínguasafricanas,aslínguasdosinvasores),sejapeloconvíviocomaslínguasdosimigrantes (japoneses,italianos,alemães),sejapeladistânciageográficaemrelaçãoaoscentrosondeasmudançassociais erammaisfreqüentes(ossertõesemrelaçãoàscapitaisdoimpério,porexemplo),sejapelasnecessidadesde cadalugar(ainstalaçãodasindústriasnosudeste,aagriculturadesubsistêncianonortenordeste,aprodução canavieiranoslitorais). Essas transformações são observadas com muita clareza no Brasil, basta que constatemos os contrastesentreasdiversasregiões.oresultadoéquetemosumpaísemquealínguautilizadapelamaioria dosfalanteséoportuguês,equenoentanto,nãosepodeconsideraressalínguacomohomogênea,jáque apresenta variações que a tornam muito particular em relação às comunidades que as adotam. Essas variedadestêmnormasdiferentesumasdasoutras,eessasnormassãoconsensualmenteutilizadaspelos falantes.nãosepodedizer,portanto,queumavariedadedoportuguêssejamaisbemempregadadoque outra,vistoqueseuusoésemprecoerentecomanorma. Assim,omitodequetodososfalantesdevemfalardemodosemelhante,utilizandoasmesmas regrasnaconstruçãodoseudiscurso,sejaescrito,sejafalado,nãoprocededopontodevistacientificoesóse justificapelatentativadospseudointelectuaisdaelite,completamenteleigosdopontodevistadasciências dalinguagem,emdisseminarpreconceitoscontraaspopulaçõesqueadotammodosdefalardiferentes LETRASLIBRAS 213

48 daqueledenominadopadrão.aescolaeamídiacolaboramcomdisseminaçãodessapráticadiscriminatória, umavezqueosfalantesdasvariedadeslingüísticasquemaissedistinguemdopadrãosãooshabitantesdas regiõesnorteenordeste,especialmenteosmoradoresdaszonasruraiseribeirinhas,quevêmsofrendo processodeexclusãosocialhácentenasdeanos,sendoolingüísticoapenasumdeles. Variedadelingüísticanãoéerrooudesvio.Éumaformalegitimadeusodeumalínguaquesofreu processosnaturaisdevariaçãoemudançanoseudesenvolvimento.avariaçãolingüísticanãoocorreapenas nobrasil,todasaslínguasdomundopassamporesseprocesso,masémaisfácildenotálaemumpaíscoma dimensãodonosso,poisoprocessodemudançanãoéhomogêneo,ouseja,nãoocorreaomesmotempoem todasasregiõesemquealínguaéfalada. Asvariaçõeslingüísticassão,pois,asdiferentesrealizaçõesdeumadadalíngua,queresultamde fatoresdenaturezahistórica,regional,socialoucontextual.essasvariaçõespodemocorrernosníveisfonético efonológico(arealizaçãoefetivadeumdeterminadosomnalíngua,porexemploorretroflexo,utilizadono interior de São Paulo, para indicar pejorativamente a fala caipira), morfológico (a realização de uma concordânciadenúmero,emqueapenasumtermorecebeamarcadoplural,comoemasmeninaø),sintático (comoacolocaçãopronominal,amplamenteusadanobrasil,emoraçõesdotipo medáumcigarro )e semântico(encontradanadiferençalexicaldediversasregiões,comoosadjetivosdoceemelado). Oestudodavariaçãolingüísticapodeserfeitoapartirdaobservaçãodasmudançassobvários aspectos:a)oaspectodiacrônico(dogregodia+kronos=aolongodotempo),queexplicaasmanifestações diferentesdeumalínguaatravésdostempos.noportuguêsbrasileiro,épossívelobservaramudançado português colonial com relação ao português moderno, especialmente pela presença de dados escritos daquela variedade, como também pelo uso de formas típicas do português colonial, preservadas nas variedadesdealgumasregiõesdobrasil.b)oaspectosincrônico(dogregosy n=simultaneidade),queexplica asvariaçõesnummesmoperíododetempo,comoosusosdeumavariedadedaatualidadeemrelaçãoa outra,aexemplodoportuguêsfaladonosulenonordeste.osdemaisaspectos,porsuarelevânciana explicaçãodoportuguêsbrasileiro,serãoanalisadosemseçãoprópria. Variação diatópica, diafásica e diastrática Entreosdiversosprocessosdevariaçãoqueocorrememumadeterminadalíngua,destacaremos aquelesquedizemrespeitoaoscontextossociaisqueimpõemaessalíngua,normasdeusoespecíficas, diferentesdeoutrasnormasencontradasemoutrasvariedades. Avariaçãodiatópica(dogregotopos=lugar),tambémreconhecidacomovariaçãogeolingüísticaou variaçãodialetal,éotipodeprocessorelacionadoafatoresgeográficos,comoousodepronúnciadiferente emdiferentesregiões,diferentespalavrasparadesignarosmesmoconceitos,acepçõesdiferentesdeum termoderegiãopararegião,expressõesouconstruçõesfrásticasprópriasdeumaregião,etc. LETRASLIBRAS 214

49 Avariaçãodiatópicadizrespeitoaosprocessosdeidentificaçãodanormalingüísticacomosusos aceitáveisemlugaresouregiõesdiferentesdeondesefalaalínguapadrão.assim,podeseperceberqueos lugares que se afastam geograficamente do centro onde se usa a variedade padrão, adotam normas lingüísticasdiferentesdaquele.issopodeacontecerpordiversosmotivos:asregraslingüísticasqueafetarama padrãopodemnãoterafetadoessavariedade,osusossociaisdalínguanessaregiãopodemserdiferentesde outra,influênciasdeoutraslínguaspodemsermaispresentesnocentrodoquenaregiãoondesefalaa variedadenãopadrão,etc.oexemploclássicodavariaçãodiatópicaéofalarruralemoposiçãoaourbano. Nesseexemplo,percebesequeamudançaocorreucommenosfreqüêncianavariedaderural,quepreserva váriasformasdoportuguêsmedieval,enquantoqueofalarurbanosofreuinfluênciasdediversostipos,como processosdeindustrialização,deimigração,etc. Avariaçãodiafásica(dogregophasis=fala)érelacionadaàsdiferentessituaçõesdecomunicaçãoea fatoresdenaturezapragmáticaediscursiva,quesãoimpostosemfunçãodocontextodeusodalíngua.esses fatoreslevamofalanteaadaptarseàscircunstânciascomunicativas,pormeiodavariaçãodoregistrode língua,sejaparamaisformal,ouparamaisinformal. Emlingüística,otermoregistrodesignaavariedadedalínguadefinidadeacordocomoseuusoem situaçõessociais.assim,registroslingüísticossãoosdiversosestilosqueumfalantepodeusaremuma situaçãocomunicativadada.emumaconversainformalcomosamigos,porexemplo,utilizaráumregistro diferentedoqueutilizaemfamília,ounoemprego,ounauniversidade. A variação diastrática (do grego stratos = camada, nível) referese aos modos de falar que correspondem a códigos de comportamento de determinados grupos sociais. A variedade diastrática correspondeaousolingüísticopartilhadoporumgruposocial,cujosmembrosmantêmentresirelaçõesde identidade que os diferenciam em relação a outros grupos (por exemplo, o uso de gírias, de jargão profissional,etc.).entreosfatoresrelacionadosàvariaçãosocial,encontramosaclassesocial,situaçãoou contextosocial,idade,sexo,etc. Aclassesocialéumfatorquetemestreitaligaçãocomaescolhadevariedadeslingüísticasdeuso. EmpaísescomoaÍndia,emqueosistemadeestratificaçãosocialébastantefechado,alínguautilizadapor umacastasuperior,nãopodeserusadaporumainferior.nobrasil,algunsmembrosdaeliteintelectual insistememidentificaravariedadepadrãodalínguacomaclassealta.essaidentificaçãonãoprocede,uma vezquetalclassesedefineemtermosdepodereconômico,enãoemfunçãodeescolaridade.podesedizer quenumpaísmaisagrícoladoqueindustrializado,comoobrasil,opodereconômicoseconcentramaisnas mãosdosgrandesprodutoresefazendeirosedosaltosempresáriosdaindústriadoquenaeliteintelectual. Assim,avariedadelingüísticaemtornodeclasses,noBrasil,émaisaberta,nãopodendoseridentificadacom umaclasseapenas.éimportantequesecompreendaqueumfalantedeumavariedadesocialpodeutilizar outravariedadeparacomunicação,oquedestacaarelevânciadetodasasvariedadesesuaadequaçãoàs necessidadesdeuso. LETRASLIBRAS 215

50 Asituaçãooucontextosocialdefineavariedadelingüísticaaserutilizadaapartirdarelaçãomútua entredoisfalantesaodiscutirumdadoassunto,emumadadasituação.hácontextosqueexigemmaior formalidade,comoosinstitucionais,relacionadosàescola,aotrabalho,àsatividadespúblicas;econtextosem queainformalidadeéaregraaseseguir,comonoscontextosprivados.assim,emrelaçãoàpessoaaquemse dirige,ofalantepodeutilizarumavariedademaisoumenosformal,dependendoseoseuinterlocutorémais velho,ousuperiorhierarquicamente,ousetratadeumpar;dependendotambémdolugarondeosfalantesse encontram,seemumbar,umaigrejaouumaescola;bemcomodotemasobreoqueseconversa,umassunto sério,amenidades,etc. Noquedizrespeitoàvariaçãosocial,segundoosfatoressexoeidade,observasequealguns recursosexpressivos,comooalongamentodevogais,ousofreqüentedediminutivos,entreoutros,sãomais comunsnafaladamulherdoquenadohomem,enquantoqueoregistrosocialpormeiodegírias,palavrões, etc.sãomaisfreqüentesnavariedadeusadaporesses.gírias,palavrõeseoutrasmarcasdoregistroinformal sãotambémmaisfreqüentesnasvariedadesusadasporjovens(homensemulheres)doquenafaixaetáriade maisidade.ousodecertospronomes(comootu)ocorremcommaisfreqüênciaentrejovens,enquanto certaspronúncias(comosenhora,comofechamentodavogalo)sãomaiscomunsentreosmaisvelhos. Comunidade Lingüística e norma padrão Acomunidadelingüísticaoucomunidadedefaladizrespeitoaogrupodefalantesquecompartilha umconjuntoderegraslingüísticasquegovernam asestratégiasdecomunicaçãoedeinterpretaçãodo discurso.acomunidadelingüísticafuncionacomoumamatrizderepertóriosdecódigosoudeestilosde discursodequeosfalantesdispõemnassituaçõesconcretasdeuso. UmconjuntodedefiniçõesparacomunidadelingüísticaéencontradonaobradeSilvioElia(2000), queretomaconceitosclássicosapontadosporlingüistasinternacionais. LEONARD BLOOMFIELD Uma reunião de pessoas que usam do mesmo sistema de sinais lingüísticos é uma comunidade lingüística. (ELIA:2000, 7). Uma comunidade lingüística é uma reunião de pessoas que interagem por meio da linguagem. (ELIA:2000, p.7). LETRASLIBRAS 216

51 JOSHUA FISHMAN Por uma comunidade lingüística se entende aquela cujos membros participam pelo menos de uma variedade lingüística e das normas para o seu uso adequado. (ELIA:2000,7). JOHN J. GUMPERZ Comunidade lingüística é um grupo social que pode ser monolíngüe ou multilíngüe mantido coeso pela freqüência de padrões de interação social e separado de áreas vizinhas pela insuficiência dos meios de comunicação. As comunidades lingüísticas podem consistir em pequenos grupos interligados por um contato face a face ou ocupar largas regiões, tudo dependendo do nível de abstração em que nos situamos. (ELIA:2000,7). WILLIAM LABOV A comunidade lingüística define-se menos por um acordo explícito em relação ao emprego dos elementos da língua do que por uma participação num conjunto de normas comuns. Essas normas podem ser observadas ou em tipos abertos de comportamento susceptíveis de avaliação ou pela uniformidade de padrões abstratos de variação, que são invariantes no respeitante a níveis particulares de uso. (ELIA:2000,7). Oconceitodecomunidadelingüísticaseassenta,portanto,nanecessidadedereconhecimentode umanormacomumaosfalantesdeumadadavariedade.todasasdefiniçõesacima,pormaisoumenos LETRASLIBRAS 217

52 completasquesejam,têmemcomumofatodequeosfalantescompartilhampadrõescomunsparapertencer amesmacomunidadedefala.assim,oquedefineumacomunidadenãoéofatodeaspessoasfalaremdo mesmomodo,maspororientaremseucomportamentoverbal,emsituaçõescomunicativasdiversas,através deumconjuntoderegrascompartilháveis. Anormapadrão,aqueamplamentealudimosnocapítuloprecedente,étambémoelementoque reúneusuáriosemtornodealgocomum,umavariedadecompartilhadaporfalantesqueconstituemuma comunidadelingüística.éprecisoqueseesclareça,entretanto,quenãoháelementointrínsecoaessa variedadequeatornesuperioroumelhoremrelaçãoàsoutras.emtodacomunidadedefala,pormaiorou menor que seja, há sempre variação lingüística decorrente de fatores sociais que se definem nessa comunidade.assim,almejamosalínguapadrãomaisporumquestãodeimposiçãosocial,comostatus,doque porfatoresespecíficosdesuanorma. Língua Padrão conceitos e mecanismos de imposição Ofatodequehávariedadeslingüísticasporque,emqualquercomunidadedefala,alínguanãoé utilizadademodohomogêneoéumaverdadequesóhápoucotempotemganhadoespaçonasdiscussões extraacadêmicas,emboraaindacomalgumadescrença.háalgunsanos,adiscussãoemtornodalíngua comportavaapenasduasalternativas:ousefalavaalínguapadrão(ounormaculta),ousefalavaerrado.essa últimaalternativa(queenglobavaoquehojeconhecemoscomovariedades,masqueanteseramconsideradas errosoudesvios)eraoquerestavaàmaioriadapopulaçãodobrasilque,oraconsistianoshabitantesdas regiõesnorteenordeste,osquesofreramosmaisvariadosprocessosdeexclusãonahistóriadopaís,ora consistianaparceladosanalfabetos,semialfabetizadoseintegrantesdaclassetrabalhadorabrasileira.a línguapadrãoera,portanto,avariedadedaselitesresidentesnaporçãosulsudestedopaís. Contribuiuparaessaconcepção casagrandeesenzala delíngua,umconjuntodeidéiasdifundidas, ainda hoje com muita força, em veículos públicos institucionais que, por gozar de muito prestígio na sociedade,angariouumbatalhãodeadeptospoucocríticos,crentesdairrefutávelveracidadedesseideário. Essesveículossãooensinotradicional,agramáticatradicional,oslivrosdidáticoseaimprensa(Cf.BAGNO, 1999,p.73). Munidosdemuitoprestígioedenenhumaética,essesveículosiniciaramumacampanhaquese propunha restaurar anormaculta,aomesmotempoemqueapregoavaopreconceitocontraosfalantesde variedadesnãopadrão,ouseja,asminoriaseclassessociaismenosfavorecidas.entreasfalácias(idéiasfalsas proclamadascomoverdadeiras)maisfreqüentesusadascontraalegitimidadedasvariedadesnãopadrão,o ensino,agramática,oslivrosdidáticoseaimprensaapregoavam(deacordocombagno,1999)que: 1Oportuguêsbrasileiroéumalínguahomogênea. LETRASLIBRAS 218

53 Essa idéia não é cientifica porque desconsidera uma característica natural das línguas humanas: sua variabilidade.alémdisso,emsetratandodeumpaiscomasdimensõesdobrasil,essapretensa unidade mascaraasdiferençassociais,regionaiseeconômicas,fatoresqueatuamnavariaçãolingüística.osadeptos dessemitoesquecemquemuitasoutraslínguas,alémdoportuguês,tambémsãofaladasnobrasilemerecem serobjetodeestudopelaescola. 2.ObomportuguêséfaladoapenasemPortugal. Essaafirmação,geralmenteveiculadaporpuristasdalíngua,preocupadoscomasinfluênciasqueoPortuguês Brasileirosofreuaolongodotempo,especialmentedaslínguasindígenaseafricanas,étãovaziaquantoos argumentosqueusa.oportuguêsbrasileiroéumalínguadiferentedairmãeuropéia.nenhumalínguaéimune ainfluênciasexternas.cadapovoésenhordesuapróprialíngua,jáqueela(s)é(são)umdosformadoresda identidadenacional. 3.Alínguaportuguesaéumadasmaisdifíceisdomundo. Qualquerfalante,sejaescolarizadoounão,conheceedominaasregrasnaturaisdalínguaqueutiliza.Não existelínguanativadifícil,nemsepodecompararlínguasdiferentesemtermosdedificuldade.todasaslínguas sãocomplexaseatendemàsnecessidadesdeuso.nenhumfalanteaprendesualínguamaterna,aadquire.a escolaéolugarondeaprendemosapenasaescritadeumalíngua. 4.Aspessoassemescolaridadefalamerrado. Estemitorelevaprofundopreconceitocontraofalanteenãocontraalínguaouvariedadequeelefala.Aidéia aquiéridicularizarofalante,dasregiõesnortenordesteespecialmente,porfalaremdiferentedosfalantesdo sudeste.nãosetrataaquideapontaroerro,jáquepaulistasfalam ospão,asmão enordestinosdizem nóis fumo porqueanormadesuavariedadepermite,enãoporerro.oqueaescolaeamídiafazemétratarafala donordestinocomoridículaemaiserradadoqueadopaulista. 5.OestadodoMaranhãoéondesefalamelhoroPortuguês. Omelhorportuguêséfaladoporqualquerbrasileiro.Lembresequeoportuguêsnãoéhomogêneo.Anorma davariedadeparaibanaéempregadatãobempelofalantedaparaíba,comoanormadavariedadegaúchaé empregadapelofalantedoriograndedosul. 6.Devesefalardojeitoqueseescreve. Estemitodesconsiderafalaeescritacomomodalidadesdistintasdalínguaqueseprestamafinalidades distintasdeuso.nãoprecisamosfalardamesmamaneiraqueescrevemospoistemosrecursosnafalaquese prestamapenasàfala,assimcomoosdaescritanãofuncionamanãosernaescrita.essaidealéreflexodo pensamentografrocêntricoqueconfundelínguacomescritaougramática. 7.Éprecisosabergramáticaparaseexpressarcomqualidade. LETRASLIBRAS 219

54 Aexpressãonalínguanãodependedoconhecimentoderegrasgramaticais,contidasemumlivro,masdo conjuntodenormasdalínguaquecadafalantepossuiinternalizado.aexpressãocomqualidadedependede competênciascomunicativas,sociais,textuais,auxiliadaspeloprocessodeescolarização,masnãoapenaspor ele. 8.Anormacultaéinstrumentodeascensãosocial. Aescolaeseusinstrumentos(livrodidático,gramática,ensino,etc.)desempenham,portanto,ummecanismo deimposiçãodavariedadepadrãonavidadoaluno,noquedizrespeitoàaquisiçãodeconhecimentos lingüísticogramaticais e culturais destinados a completar e/ou compensar a cultura verbal recebida no ambientefamiliar.maisdoqueisso,aoingressarnaescola,oalunoentraemcontatocomumavariedadede língua diferente daquela que utiliza em casa, ou com os amigos, que exige uma postura de correção gramatical aoqualestásóparcialmenteacostumado. Oditopopulardeque ospaisensinamofilhoafalarerradoparadepoismandáloàescolapara aprenderafalarcorretamente écompletamenteabsorvidopelaescolatradicional,poisalinguagemaqueo alunoestáexpostonãocoincidemuitocomaqueutilizacomosamigos;dopontodevistadalingüística,no entanto,esteditocontémquestãobastanteobscura:oquevemaserfalarcertoouerrado?parecemuito claroqueotipodelinguagemquedevemosusarnaescola,comosprofessores,nãodeveseromesmoque usamoscomnossosamigosíntimos,oucomnossospais,masafirmarqueoprimeirotipoémaiscorretodo queosegundorefleteapenasaideologiaquesustentaumasuperioridadeintrínsecadalínguaconsiderada padrão. Bortoni(1997,p.12)consideraanoçãodelínguadaescolabastanteobscuraeultrapassadae apresentaummodelosegundooqualoportuguêsbrasileiroéanalisadoemtrêscontinua:ocontinuumrural urbano,que propõeumadistinçãoentreaheterogeneidaderelacionadaafatoresestruturais(dicotomia rural/urbano;regiãogeográfica;redesderelaçõessociais,etc.)efatoresfuncionais(graudeformalidade, registros,etc.),ocontinuumdeoralidadeletramento,noqualumdospóloséconstituídodeatividadesde letramento, ou seja, os falantes desse continuum ora fazem uso de um linguajar mais cuidado, ora de atividadesdeoralidade conduzidasemvariedadesinformaisdalíngua ;eocontinuumdemonitoração estilística,que,grossomodo,seprestaàproduçãodeestilosmaismonitoradosdefala. LETRASLIBRAS 220

55 A Natureza das mudanças Lingüísticas ParaDavidCrystal(1987),existeumacrençade,amplarepercussãonasociedade,dequeamudança lingüísticasignificaadecadênciaouadegradaçãodeumalíngua.essacrençaésustentadapelaobservação dosconservacionistasdequealínguadehojejánãotemomesmopadrãodeantigamente,especialmente pelainfluênciadelínguasestrangeirascomooinglêsnafalacasualdosjovens,bemcomopelaescolaemeios decomunicaçãoquecometemfreqüentesdesviosdasnormastradicionaisdalíngua. Paraoautor,ascríticasàmudançalingüísticasãoinfundadas,nãoapenasporquetodageração experimentaasensaçãodedeterioraçãodalínguaemrelaçãoàgeraçãoanterior,mastambémporque,viade regra, as mudanças lingüísticas atingem partes tão minúsculas em comparação ao que é imutável, que dificilmentequalquermudançasobressaiesefaznotar. Há,entretanto,casosdemudançaqueocorremcomtantarapidez,quepodemprovocarproblemas decomunicação,levandoàininteligibilidade,aambigüidadeseàdivisãosocial.épreciso,pois,umcerto cuidado no interesse de manter a comunicação precisa e efetiva, mas não há razão para o excessivo conservadorismodaquelesquequerem preservaralínguadecamões.amudançanalínguaé,paracrystal, reflexodamudançanasociedade.nãohácomocriarpolíticasquedetenhamumaououtra. Aslínguasnãosedesenvolvem,nãoprogridem,nãodecaem,nãoevoluem,nemagemde acordocomnenhumadasmetáforasqueimplicamumpontofinalespecíficoouumnível deexcelência.elassimplesmentemudam,comoassociedadesmudam.seumalíngua morreéporqueseustatusnasociedadesealterou,namedidaemqueoutrasculturase línguasasobrepujaram:elanãomorreporque ficouvelhademais ouporque setornou muitocomplicada,comoàsvezessepensa. Assim,amudançalingüísticaéinevitáveleraramenteprevisível,daíanecessidade,segundoCrystal, de se desenvolver uma consciência lingüística e uma maior tolerância com a mudança lingüística, especialmentenumasociedademultiétnica,comoéocasodobrasil. Apolítica,nessecaso,nãoédedeteroucontrolarasmudanças,masadedotarasescolas,epor conseqüência,asociedade,doconhecimentonecessárioparaensinaravariedadepadrão,aomesmotempo emquereconheceaexistênciaeovalordadiversidadelingüística.essapolíticaofereceria umaalternativa LETRASLIBRAS 221

56 construtivaaosataquesemocionadosquesãodesferidostãofreqüentementecontraodesenvolvimentode novaspalavras,significados,pronúnciaseconstruçõesgramaticais. LETRASLIBRAS 222

57 UNIDADE VI A LINGÜÍSTICA COMO CIÊNCIA EstudosPréSaussurianos Apesardeaspreocupaçõescomofenômenolingüísticoocuparemboapartedotempodeestudiosos antigos,apenasnapassagemdoséculoxviiiparaoséculoxixaintensificaçãodessesestudosresultouem açõesquepossibilitaram,jánoséculoxx,aidealizaçãodeumaciênciaautônomadalinguagem. Entreascontribuiçõesmaisimportantesparaessaautonomiaestãoosestudosrealizadosnoséculo XIX,denominadosdeGramáticaComparada.CostumasechamardeGramáticaComparadaomovimento desencadeadopelaredescobertadosânscrito(línguahinduantiga)entreosanosde1786e1816,que protagonizou uma revolução nos estudos da linguagem por evidenciar relações de parentesco entre o Sânscritoeoutraslínguasantigas,comoolatim,ogrego,aslínguasgermânicas,célticaseeslavas.Este movimentoprovocouoabandonodadiscussãoemtornodeumalínguamãe,aorigemdivinadetodasas línguas,einstaurouumapreocupaçãomaiorsobreaorigemdalinguagem. Na verdade, o estudo do sânscrito e de suas relações com as línguas antigas e atuais, foi desencadeadopelaobradebopp(1816)sobreosistemadasconjugaçõesdaslínguasindoeuropéiasque,ao investigaraorigemdessaslínguas,encontrouummodelocomparativoentresuasgramáticas.arelaçãoentre asgramáticas,propostaporbopp,baseiaseemelementospuramentelingüísticosnacomparaçãoentreas LETRASLIBRAS 223

58 línguas,adotandoosmétodosdasciênciasnaturaisparaempreenderumaespéciedepaleografiadaslínguas antigas. O modelo das ciências naturais, notadamente da biologia, utilizado pelo comparativismo para explicaralínguaproduzametáforadosorganismosvivos,ouseja,aslínguasseriamorganismosquenascem, crescem e morrem, após conhecerem um tempo de perfeição breve, como qualquer ser vivo. Vimos, entretanto,nocapítuloprecedentequetalmetáforanãoexplicasatisfatoriamenteoprocessodemudança lingüística: Seformosusarmetáforasparafalardamudançalingüística,umadasmelhoreséadeum sistemaquesemantémnumestadodeequilíbrio,enquantoasmudançasocorremdentro dele.outraéadamaré,quesempreeinevitavelmentemuda,masnuncaprogride, enquanto flui e reflui. (David Crystal. The Cambridge Encyclopedia of Language, CambridgeUniversityPress,1987,pp.45.Tradução:MarcosBagno) Um dos problemas da Gramática Comparada era a falta de simultaneidade cronológica na comparaçãoentreaslínguas,nãoimportandoseaporçãodosânscritoasercomparadacomolatimerade umestadodaquelalínguarelativo1.000a.c.,enquantoqueoestadodolatimreferiaseaoséculovdenossa era,oquetornavadifícilademonstraçãodoparentescoentreaslínguas. Seguiramse,então,algunsestudoscomparativosqueseocupavamdaseqüênciacronológicana investigaçãodaslínguas.oescalonamentodostextosanalisadospelaordemdosséculosemqueocorreram tornou o trabalho de comparação mais fácil, no entanto, provocou o deslocamento do interesse das investigações das relações de parentesco entre as línguas para o estudo das leis que determinavam a passagemdeumdadoestadodalínguaaoestadoseguinte. Agramáticacomparadatornavase,pois,oestudodaevoluçãocontinuadaslínguas,oquedava origemàlingüísticahistórica.essemovimento,queocorreuentreosanosde1876e1886,contoucomaforça da Escola do NeoGramáticos, corrente de estudos que se propõe a explicar a quase totalidade das transformações lingüísticas por meioda fonética. Entretanto, a História permanece no centro da teoria lingüística como ciênciapiloto do século XIX. Em função disso, a concepção da língua como organismo biológicosofreintensofogodebarragem,especialmentepeloprimeirograndetratadodelingüística,de HermannPaul(1880)queafirmarseralingüística,assimcomooutrosprodutosdacivilizaçãohumana,uma ciênciahistórica. LETRASLIBRAS 224

59 O Curso de Lingüística Geral e a abordagem estruturalista da Linguagem OfinaldoséculoXIXfoiopalcoparaasidéiasrevolucionáriasdeFerdinanddiSaussureque,mesmo concebendoalínguacomoinstituiçãosocial,estabelecequeaprimeiraprovidênciadeumaciênciaautônoma dalinguageméestudarofuncionamentodalínguaenãosuaevolução.assim,saussuredesconstróiaprimazia dalingüísticahistórica,pondoemseulugarumalingüísticadescritiva. AnovaorientaçãooferecidaporSaussureindicaaprevalênciadosistemanaabordagemdescritiva dalíngua.emvezdesepreocuparcomaevoluçãohistóricadaslínguas,elepassaapriorizarafunçãoqueos elementoslingüísticosdesempenhamdentrodeumsistema. Oestudodocomportamentohumanoperdesuasmelhoresoportunidadesquandotenta traçar as causas históricas dos acontecimentos individuais. Em vez disso, ele deve concentrarseemprimeirolugarnasfunçõesqueoseventostêmnumaestruturasocial geral.devetratarosfatossociaiscomopartedeumsistemadeconvençõesevalores. (Saussure,1916,p.93). Saussurerompecomseusantecessoresimediatos(oscomparatistas),rompecomoevolucionismoe privilegiaainvestigaçãosincrônicaparateracessoaosistema.ilustraoprivilégiodoaspectosincrônicoda linguagemametáforadojogodexadrez: Numapartidadexadrez,qualquerposiçãodadatemcomocaracterísticasingularestar libertadadeseusantecedentes;étotalmenteindiferentequesetenhachegadoaelapor umcaminhoououtro;oqueacompanhoutodaapartidanãotemamenorvantagem sobreocuriosoquevemespiaroestadodojogonomomentocrítico;paradescrevera posição,éperfeitamenteinútilrecordaroqueocorreudezsegundosantes.tudoissose aplicaigualmenteàlínguaeconsagraadistinçãoradicaldodiacrônicoedosincrônico (Saussure,1916,p.104). LETRASLIBRAS 225

60 Essenovoparadigmametodológicopossibilitouarealizaçãodegrandesprogressosnadescriçãodas línguas,permitiuàlingüísticalibertarsedatutelahistoricista,favorecendoasuaautonomiacomociência,mas tudoisso,segundoalgunsdeseuscríticos,aoaltocustodeumaahistoricidade. Objeto e Método da Lingüística Damesmamaneiraquereservaàdiacroniaumsecundáriodentrodosestudoslingüísticos,Saussure defendeaidéiadequeafalatambémconstituiumobjetosemgrandeinteresseparaolingüista.nostermos saussurianos,afalaéheterogênea,multifacetadaeassistemática,éarealizaçãoconcreta,circunstanciale variáveldalíngua.alíngua,porsuavez,éconceituadacomosendo apartesocialdalinguagem,exteriorao indivíduo,queporsisónãopodenemcriálanemmodificála. Apesardenãoafirmarexplicitamentequealínguaéumsistemaabstrato,anoçãodesistemade Saussureexpressaumaposturaabstrataconceitualdalíngua.Saussuredeixaclaroqueaciêncialingüísticasó temacessoaoestágiodeciêncianacondiçãodedelimitarmuitobemoseuobjetodeestudo:alíngua.para tanto,alingüísticadevedesembaraçarsedosresíduosdafala. LETRASLIBRAS 226 Alínguanãoconstitui,pois,umafunçãodofalante:éoprodutoqueoindivíduoregistra passivamente[...]elaéapartesocialdalinguagem,exterioraoindivíduo,que,porsisó, nãopodenemcriálanemmodificála;elanãoexistesenãoemvirtudedumaespéciede contratoestabelecidoentreosmembrosdacomunidade.alínguaéumacoisadetal mododistintaqueumhomemprivadodousodafalaconservaalíngua,contantoque compreendaossignosqueouve.alíngua,distintadafala,éumobjetoquesepode estudar separadamente. Não falamos mais as línguas mortas, mas podemos perfeitamenteassimilarlhesoorganismolingüística.alíngua,nãomenosafala,éum objeto de natureza concreta, o que oferece grande vantagem para o seu estudo. (Saussure,1916,p.2223). AconseqüênciadestaposiçãodeSaussureéaexclusãodosujeitofalanteporpartedalingüística.A descobertasaussurianadequealínguatemumfuncionamentoqueindependedofalante,independedo indivíduo,constituiopontochaveparaaexpulsãodosujeitodaspreocupaçõescientíficascomalinguagem. Nestaperspectiva,pordetrásdalínguanãoestariamfalantes,motivações,etc,estariamoutrasestruturas. Comojádissemos,Saussureconceituaalínguacomosistemaecomofatosocial.É,essencialmente,porserum sistemaautosuficiente,nãoporsersocial,quealínguaindependeriadoindivíduo. Nalínguasóexistemdiferenças.(...)Querseconsidereosignificado,quero significante,alínguanãocomportanemidéiasnemsonspreexistentesaosistema lingüística,massomentediferençasconceituaisediferençasfônicasresultantes destesistema.oquehajadeidéiaoudematériafônicanumsignoimportamenos queoqueexisteaoredordelenosoutrossignos.aprovadissoéqueovalorde

61 umtermopodemodificarsesemqueselhetoquequernosentidoquernossons, unicamentepelofatodeumtermovizinhotersofridomodificação (Saussure, 1916:139). Oessencialdateoriasaussurianaestá,portanto,emmostrarquealínguaéumsistemadevalores constituídonãoporconteúdosouprodutosdeumavivência,maspordiferençaspuras.defato,saussure estabeleceaidéiadequecadaelementodalínguasóadquirevalornamedidaemqueserelacionacomotodo dequefazparte.paraele,nãosepodetratarosignocomoentidadeautônoma,masdevesevêlocomoparte deumsistema,ondeasdistinçõeséquesãoimportantese,portalrazão,eleafirmaqueasunidades lingüísticastêmumaidentidadepuramenterelacional. AindadeacordocomSaussure,enquantotodasasinovaçõesdafalapermaneceremindividuais,não háporqueleválasemconta,poisoobjetodeestudodalingüísticaéalíngua;asinovaçõesdafalasóentram nocampodeobservaçãodolingüistanomomentoemqueacoletividadeasacolhe. Tudoquantosejadiacrôniconalíngua,nãooésenãopelafala.Énafalaqueseachao germedetodasasmodificações:cadaumadelasélançada,aprincípio,porumcerto númerodeindivíduos,antesdeentraremuso (Saussure,1916:115). Aosepararalínguadafala,Saussureseparouaomesmotempoosocialdoindividual,oessencialdo acessório.conformedosse(1991),aoposiçãoformuladaporsaussureentrelínguaefala,entreumcódigo objetivoeautilizaçãodessecódigopelossujeitos,resultanoantihumanismoteórico,eessanegaçãodo homem(comotambémdahistória)vaipassaraserumelementoessencialdoparadigmaestruturalista, tudo sepassacomoseninguémfalasse.defato,oestruturalismocaracterizasetantoporabstrairalínguada práticasocialnaqualelasemanifestacomopordestituíladeseucaráterhistórico,comosealínguaestivesse desvinculadadasociedadeeimuneàscontingênciasdotempo.ecomoahistóriasefizesse,designandoeste SEalgoabsolutamenteanônimo. DiantedapredileçãodeSaussurepeloestudodalíngua,alingüísticalimitouseaoestudorestritivo docódigo,separadadesuascondiçõesdeaparecimentoedesuasignificação.assim,saussureescapaatodae qualquercorrelaçãoentreduasdesuasproposições:aquelasegundoaqualalínguaéumsistemadesignos,e aquelasegundoaqualalínguaéumfatosocial,privilegiandoosignoenãoosentido.estaopçãopelosignose converteránumadasprincipaiscaracterísticasdoparadigmaestruturalistaenumdeseusprincipais furos teóricos.aoconceberalínguacomoestrutura,comocódigo,deixasedeladoofatodeumapalavraou enunciadopoderterváriossentidos.desaussure,portanto,decorreopostuladodamonofonia. Noentanto,seaposturasaussurianaépordefiniçãorestritiva,elaseinscrevenumprojetomuito amplodeconstruçãodeumasemiologiageralqueintegratodasasdisciplinasqueseinteressampelavidados signosnoseiodavidasocial: LETRASLIBRAS 227

62 Ascategoriassaussurianasserviramdeinstrumentoepistemológicoaoestruturalismoemgeral.Uma vezestabelecidasasregrasprópriasdalingüística,ela,porseurigoreseugraudeformalização,arrastouem suaesteiratodasasoutrasdisciplinasefazendoasassimilarseuprogramaeseusmétodos,mesmoqueos diversostrabalhostomassemcertasliberdadescomaletrasaussurianaafimdeadaptálaàespecificidadede seusrespectivoscampos.tornousecorrenteaceitarquetudofuncionamaisoumenoscomoumalinguagem (ossistemasdeparentesco,oinconsciente,atrocadebens,etc).alingüística,nasuafasepóssaussuriana, serviu de ciênciapiloto em domínios variados: na antropologia (LéviStrauss), na psicanálise (Lacan), na literatura(barthes),dentreoutros. Panorama dos estudos Pós-saussurianos OEstruturalismo,aolongodotempo,tevequeenfrentarvárioslimites,especialmentedentrode suasprópriasfronteiras.algumasdascriticasaoprogramaestruturalistaincluemadesconsideraçãoquefaz dosaspectoscruciaisdofenômenolingüístico,comoopapeldosujeitoedafala,comoelementosprevistosno sistemadalíngua;avisãoreducionistadasrelaçõesentrediacroniaesincronia;oapagamentodefenômenos semânticotextuaisnoestudodalíngua.criticasmaispesadasacusamoestruturalismodeserantihistoricista, antiidealistaeantihumanista. EmmeadosdoséculoXX,asdescriçõesproduzidaspeloestruturalismogeraraminsatisfaçãoem algunslingüistasformalistas.sabiasecomoeramasmuitaslínguas;faltavasesaberporqueeramassim. Deveriahaverumpassoalémdadescrição:aexplicação.Sódessemodosepoderiafalaremteorialingüística. Iniciava,assim,umnovoprogramadeinvestigação:agramáticagerativa. A gramática gerativa, conhecida inicialmente como gramática gerativotransformacional, desenvolveuseapartirdostrabalhosdolingüistanorteamericanonoamchomskyetambémseinseredentro deumasperspectivaformalistadalíngua.umagramáticagerativanãosepropõeaserumadescriçãodedados deumadeterminadalíngua,masuma teoriaquesevoltaparaaformaeosignificadodasexpressõesnessa língua. AGramáticaUniversal,naversãogerativa,éumahipóteseparaexplicaroconhecimentolingüístico que propõe a existência de uma base genética para a faculdade da linguagem. A base genética está representadanosprincípiosobrigatóriosparatodasaslínguasenosprincípiosabertos(ouparâmetros),quea elessesomam.ocontatocomosdadosencontradosnoambientedesencadeianamente/cérebrodacriança um processo que resultará numa gramática particular, ao serem estabelecidos os valores para cada LETRASLIBRAS 228

63 parâmetro.osparâmetrosrepresentamomecanismoquelevaàseleçãodagramáticadalínguamaterna, dentremuitasgramáticaspossíveiscombasenumafaculdadeuniversalquetodooindivíduoteriaaonascer. Emoutraspalavras,acriançadesenvolveumalínguacomooresultadodeumseveroprocessoderestrições dasmuitaspossibilidadesquelheestariamdisponíveisaonascer. Oenfoquegerativistaassumequeumalínguanãoéaprendida.Alinguagemnãoseconstituinum hábitoquealguémouasociedadeensinaaumserquenãopossuiqualquerhabilidadeespecialparaissoeque aprendeumalínguaporummisteriosomecanismodeimitação.aocontrário:oorganismohumanojánasce preparado para, a partir da exposição a uma língua, selecionar as características nela presentes, e daí desenvolvêla.poressarazão,qualquercriançadominasualínguanativatãorapidamente mesmoaquela que,portadoradedeficiênciasmentais,nuncaalcançarãograndesprogressosescolares.estavisãotemlevado acompreenderaslínguasnaturaiscomoepifenômenos,istoé,comoresultadoacidentaldainteraçãode váriosprincípiosindependentes. Talconcepçãodelinguagemcoincideapenasempartecomaquelaquepodemosencontrarem textosmaisantigosdelingüística.comotermotécnicodalingüística,otermolinguagemestevesempre restritoapenasàfaculdadehumana.noentanto,lingüistasestruturalistas,comoobrasileiroj.mattoso CâmaraJr.,emboradefinissemalingüísticacomoaciênciadalinguagem,nãoseinteressavampropriamente pelalinguagem,maspelaslínguas,umavezqueestasconcretizavamosdiferentessistemasdecomunicação humana.paraalingüísticaestruturalnãointeressa,arigor,alinguagememsimesma,consideradacomouma faculdadeabstratadohomem.oseuobjetoéoestudodossistemasdelinguagem,oulínguas,asquais podemosassimdefinir:conjuntodeconvençõesnecessárias,adotadaspelocorposocial,afimdepermitiro exercíciodalinguagemporpartedoindivíduo. Alingüísticaestruturalpartiudahipótesedequeaslínguaspodemdiferirentresisemlimitesede modosimprevisíveis,umavezqueaprenderumalínguaeraformarhábitospormeiodemecanismosde imitação.ointeresseearelevânciaemsepesquisarumagramáticauniversalinexistemnesseperíodo. Para o gerativismo, a competência gramatical ou conhecimento da gramática ou sistema computacionaloulínguaiéexclusivamentehumano.éelequepermiteaoindivíduocriarecompreenderum númeroinfinitodefrasesdesualíngua.umindivíduoquesabeasualínguaéaquelequealcançouoestágio relativamenteestáveldafaculdadedalinguagem.esseestágioestávelétambémchamadoconhecimento lingüístico.nogerativismo,aosefocalizarumalínguacomoconhecimentolingüístico,passasetambéma concebêlacomoumfenômenoindividualenãosocial.paraoestruturalismo,alínguaprovémdeumcorpo social. Acompetênciagramaticaléapenasumdosmódulosdoconhecimentolingüístico,aquelequelida comasestruturasgramaticaisquepodemexistirnumalíngua.ficamdeforadessaperspectiva,aspectos relevantesparaapesquisasobreofuncionamentodeumalíngua,como,porexemplo,oconhecimentoqueos LETRASLIBRAS 229

64 membrosdeumacomunidadetêmdasregrasquetornamousolingüísticoadequadoàsdiferentessituações sociais.numapropostafuncionalistasãoosaspectoscomunicativosesociaisquerecebemaênfasedaanálise. Nagramáticagerativa,paraexplicaroporquêdeagramáticadaquelalínguaseapresentardetalou qualmodo,olingüistadeveesclarecerdequemaneiraelaconcretizapossibilidadesprevistaspelagu,deque modoosprincípiosdaguinteragemcomosdados,fixandodeterminadosvaloresparaparâmetrosque, inicialmente,estariamemabertoparaacriança.setodosossereshumanostêmcérebrosrelativamente semelhantesesetodospodemtercomolínguamaterna,emprincípio,qualquerdaslínguashumanas,deve haveralgodecomumatodasaslínguas,apesardasdiferençasóbviasentreelas.aoconseguirfazertalrelação dizsedeseutrabalhoquealcançouaadequaçãoexplicativa.essaéarazãodeseafirmarqueoobjetivoda gramáticagerativaéodeconstruirumateoriasobreafaculdadedalinguagemenão apenas descreveras línguasdomundo. Referências BAGNO,Marcos;STUBBS,M.&GAGNÉ,G.LínguaMaterna.Letramento,Variação&Ensino.SãoPaulo:Parábola,2002. FIORIN,JoséLuiz(org.)IntroduçãoàLingüística.Vol.1ObjetosTeóricos.SãoPaulo:Contexto,2002. PAVEAU,MarieAnne&SARFATI,GeorgesÉlia.Asgrandesteoriasdalingüística.Dagramáticacomparadaàpragmática. SãoCarlos:Claraluz,2006 PFEIFFER,CláudiaCastellanos&NUNES,JoséHorta(orgs.)IntroduçãoàsCiênciasdaLinguagem.Linguagem,Históriae Conhecimento.Campinas:PontesEditores,2006. WEEDWOOD,Bárbara.HistóriaConcisadaLingüística.Trad.MarcosBagno.SãoPaulo:ParábolaEditorial,2002. LETRASLIBRAS 230

Linguagem. Prof. Veríssimo Ferreira

Linguagem. Prof. Veríssimo Ferreira Linguagem Prof. Veríssimo Ferreira Linguagem Sistema de sinais convencionais que permite a realização de atos comunicativos. Linguagem Capacidade humana de articular significados coletivos e compartilhá-los.

Leia mais

Conceituação. Linguagem é qualquer sistema organizado de sinais que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos.

Conceituação. Linguagem é qualquer sistema organizado de sinais que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos. Linguagem e Cultura Conceituação Linguagem é qualquer sistema organizado de sinais que serve de meio de comunicação de ideias ou sentimentos. Cultura é todo saber humano, o cabedal de conhecimento de um

Leia mais

FUNÇÕES DE LINGUAGEM

FUNÇÕES DE LINGUAGEM AULAS 1 À 4 Prof. Sabrina Moraes FUNÇÕES DE LINGUAGEM As funções de linguagem são recursos utilizados pelo emissor ou destinatário (pessoa que fala ou escreve) no momento de transmitir uma mensagem, com

Leia mais

Aula 6 GERATIVISMO. MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2012, p

Aula 6 GERATIVISMO. MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2012, p Aula 6 GERATIVISMO MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2012, p. 113-126 Prof. Cecília Toledo- cissa.valle@hotmail.com Linguística Gerativa Gerativismo Gramática Gerativa

Leia mais

Perspectivas da Abordagem Sistêmico-Funcional

Perspectivas da Abordagem Sistêmico-Funcional Perspectivas da Abordagem Sistêmico-Funcional Ariel Novodvorski UFU Mestre em Estudos Linguísticos, Linguística Aplicada UFMG Fone: (34)3087-6776 E-mail: ariel_novodvorski@yahoo.com.br Data de recepção:

Leia mais

Pensamento e linguagem

Pensamento e linguagem Pensamento e linguagem Função da linguagem Comunicar o pensamento É universal (há situações que nem todos sabem fazer), mas todos se comunicam Comunicação verbal Transmissão da informação Características

Leia mais

DICOTOMIA LÍNGUA-FALA ESTRUTURAS EQUIVALENTES SINCRONIA E DIACRONIA SINTAGMA E RELAÇÕES ASSOCIATIVAS

DICOTOMIA LÍNGUA-FALA ESTRUTURAS EQUIVALENTES SINCRONIA E DIACRONIA SINTAGMA E RELAÇÕES ASSOCIATIVAS DICOTOMIA LÍNGUA-FALA ESTRUTURAS EQUIVALENTES SINCRONIA E DIACRONIA SINTAGMA E RELAÇÕES ASSOCIATIVAS 1 DICOTOMIA LÍNGUA-FALA (SAUSSURE) 1) Língua: entidade puramente abstracta, uma norma superior aos indivíduos,

Leia mais

REVISÃO CONCEITOS BÁSICOS DE LINGUÍSTICA SAULO SANTOS

REVISÃO CONCEITOS BÁSICOS DE LINGUÍSTICA SAULO SANTOS REVISÃO CONCEITOS BÁSICOS DE LINGUÍSTICA SAULO SANTOS 06.04.18 PROGRAMA DA AULA 1. Ferdinand de Saussure 2. Langue e parole 3. A dupla articulação da linguagem 4. Abstrato vs. concreto 5. Eixo sintagmático

Leia mais

Signo. Prof. Veríssimo Ferreira

Signo. Prof. Veríssimo Ferreira Signo Prof. Veríssimo Ferreira Signo Numa perspectiva bem ampla, podemos entender como signo tudo aquilo que substitui alguma coisa para alguém. Unidade Perceptível Unidade, perceptível pelos sentidos,

Leia mais

elementos da comunicação

elementos da comunicação elementos da comunicação Observe o seguinte esquema, criado pelo linguista Jakobson A comunicação está associada à lin guagem e in teração, de form a que representa a transmissão de mensagens entre um

Leia mais

DO TEXTO AO DISCURSO TV Aula 5 : DISCURSO. Prof.ª Me. Angélica Moriconi

DO TEXTO AO DISCURSO TV Aula 5 : DISCURSO. Prof.ª Me. Angélica Moriconi DO TEXTO AO DISCURSO TV Aula 5 : DISCURSO Prof.ª Me. Angélica Moriconi Do texto para o discurso O texto é um elemento concreto da língua. Os discursos materializam-se através dos textos (orais ou escritos).

Leia mais

Comunicação Visual. Introdução

Comunicação Visual. Introdução Comunicação Visual Introdução Comunicar é a capacidade de partilhar, pôr em comum, o que pensamos ou sentimos; é transmitir uma determinada mensagem. Para que a comunicação exista é necessária a existência

Leia mais

Português. 1. Signo natural

Português. 1. Signo natural Português Ficha de apoio 1 1 os anos João Cunha fev/12 Nome: Nº: Turma: Signos O signo é objeto de estudo de ciências como a Semiologia, a Semiótica e a Linguística, entre outras. Existem várias teorias

Leia mais

Línguas. Os principais sistemas de sinais empregues pelo ser humano para a transmissão de informação, se bem que não os únicos, são as línguas.

Línguas. Os principais sistemas de sinais empregues pelo ser humano para a transmissão de informação, se bem que não os únicos, são as línguas. John Lyons Línguas Os principais sistemas de sinais empregues pelo ser humano para a transmissão de informação, se bem que não os únicos, são as línguas. Um sinal é informativo se tornar o receptor sabedor

Leia mais

Semiótica. A semiótica é a teoria dos signos.

Semiótica. A semiótica é a teoria dos signos. A semiótica é a teoria dos signos. Segundo Umberto Eco, um signo é algo que está no lugar de outra coisa. Ou seja, que representa outra coisa. Uma árvore, por exemplo, pode ser representada por uma série

Leia mais

Língua e Produção. 3º ano Francisco. Análise do discurso

Língua e Produção. 3º ano Francisco. Análise do discurso Língua e Produção 3º ano Francisco Análise do discurso Elementos básicos da comunicação; Texto e discurso/ a intenção no discurso; As funções intrínsecas do texto. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO Emissor emite,

Leia mais

Questões-chave da lingüística da enunciação A lingüística da enunciação constitui um campo científico de estudos?...

Questões-chave da lingüística da enunciação A lingüística da enunciação constitui um campo científico de estudos?... Sumário Apresentação... 7 Por que um livro sobre enunciação?... 11 O primeiro pós-saussuriano: Charles Bally... 15 O lingüista da comunicação: Roman Jakobson... 21 A lingüística comporta a enunciação:

Leia mais

TESTE SEUS CONHECIMENTOS sobre o MESTRE GENEBRINO! Faça o teste, conte os pontos e veja no final comentários sobre a sua pontuação.

TESTE SEUS CONHECIMENTOS sobre o MESTRE GENEBRINO! Faça o teste, conte os pontos e veja no final comentários sobre a sua pontuação. TESTE SEUS CONHECIMENTOS sobre o MESTRE GENEBRINO! Faça o teste, conte os pontos e veja no final comentários sobre a sua pontuação. Você encontra as leituras de apoio ao exercício neste link: http://www.revel.inf.br/pt/edicoes/?mode=especial&id=13

Leia mais

Linguagem e Fala nos Distúrbios de Aprendizagem

Linguagem e Fala nos Distúrbios de Aprendizagem Linguagem e Fala nos Distúrbios de Aprendizagem Disciplina - Aspectos Fonoaudiológicos nos Distúrbios de Aprendizagem Fga. Ms. Adriana de Souza Batista adrianabatista@gmail.com CRDA Curso de Pós-Graduação

Leia mais

Professora: Jéssica Nayra Sayão de Paula

Professora: Jéssica Nayra Sayão de Paula Professora: Jéssica Nayra Sayão de Paula Conceitos básicos e importantes a serem fixados: 1- Sincronia e Diacronia; 2- Língua e Fala 3- Significante e Significado 4- Paradigma e Sintagma 5- Fonética e

Leia mais

Língua, Linguagem e Comunicação O homem, ser de linguagem Sentido, significação e signo

Língua, Linguagem e Comunicação O homem, ser de linguagem Sentido, significação e signo Língua, Linguagem e Comunicação O homem, ser de linguagem Sentido, significação e signo Aula 1 Português 1 Faculdade Pitágoras Vale do Aço Jaider Fernandes Reis, Marcélia Marise Vieira dos Santos Martha

Leia mais

NOVO PROGRAMA DE PORTUGUÊS CONCEITOS-CHAVE

NOVO PROGRAMA DE PORTUGUÊS CONCEITOS-CHAVE NOVO PROGRAMA DE PORTUGUÊS CONCEITOS-CHAVE Filomena Lemos / 13 Janeiro 2010 COMPETÊNCIA Competência é o: Conjunto de conhecimentos e das capacidades que permitem a realização de acções, bem como a compreensão

Leia mais

COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM (conceitos)

COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM (conceitos) Faculdade de Tecnologia SENAC Pelotas Curso Superior de Tecnologia em Marketing/Processos Gerenciais UC: Comunicação e Expressão COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM (conceitos) A comunicação verbal baseia-se na interação

Leia mais

Linguagem e comunicação interpessoal

Linguagem e comunicação interpessoal Linguagem e comunicação interpessoal Aspectos pragmáticos uso da linguagem Aspectos contextuais Significado social do sentido Elementos não verbais da comunicação COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL Design de Comunicação,

Leia mais

TEORIA DA LINGUAGEM Prof ª Giovana Uggioni Silveira

TEORIA DA LINGUAGEM Prof ª Giovana Uggioni Silveira TEORIA DA LINGUAGEM Prof ª Giovana Uggioni Silveira COMUNICAÇÃO LINGUAGEM LÍNGUA FALA ESCRITA DISCURSO Forma de linguagem escrita (texto) ou falada (conversação no seu contexto social, político ou cultural).

Leia mais

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4 NÍVEL 5. * Consegue compreender aquilo que ouve.

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS NÍVEL 2 NÍVEL 3 NÍVEL 4 NÍVEL 5. * Consegue compreender aquilo que ouve. PORTUGUÊS 3º CICLO CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO COMPREENSÃO DO ORAL Compreensão de formas complexas do oral, exigidas para o prosseguimento de estudos e para a entrada na vida profissional. * Capacidade de extrair

Leia mais

Material Para Concurso

Material Para Concurso Material Para Concurso Assunto: Resumo Referencial Curricular Nacional - RCN OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL São objetivos específicos da Educação Infantil de acordo com o Referencial Curricular Nacional

Leia mais

INTRODUÇÃO À ANÁLISE DO(S)/DE DISCURSO(S) UNEB Teorias do signo Lidiane Pinheiro

INTRODUÇÃO À ANÁLISE DO(S)/DE DISCURSO(S) UNEB Teorias do signo Lidiane Pinheiro INTRODUÇÃO À ANÁLISE DO(S)/DE DISCURSO(S) UNEB Teorias do signo Lidiane Pinheiro PARA ALÉM DA FRASE Ex.: Aluga-se quartos FRASE mensagem significado TEXTO/ discurso sentido ENUNCIADO Traços de condições

Leia mais

Aula 5 ESTRUTURALISMO

Aula 5 ESTRUTURALISMO Aula 5 ESTRUTURALISMO MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2012, p. 113-126 Prof. Cecília Toledo- cissa.valle@hotmail.com Sistema, estrutura, estruturalismo SISTEMA: resultado

Leia mais

Expressividade da Voz em Programas de Radiojornalismo nas Emissoras de Rádio de Mossoró

Expressividade da Voz em Programas de Radiojornalismo nas Emissoras de Rádio de Mossoró Expressividade da Voz em Programas de Radiojornalismo nas Emissoras de Rádio de Mossoró Leila LIMA 1 Marco ESCOBAR 2 Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró, RN RESUMO O estudo da Expressividade

Leia mais

O que é Comunicação?

O que é Comunicação? A Importância da O que é Comunicação? É transmitir ideias, sentimentos ou experiências de uma ou mais pessoas para outra, ou outras. A comunicação se estabelece quando o emissor leva a mensagem até o receptor

Leia mais

CELM. Linguagem, discurso e texto. Professora Corina de Sá Leitão Amorim. Natal, 29 de janeiro de 2010

CELM. Linguagem, discurso e texto. Professora Corina de Sá Leitão Amorim. Natal, 29 de janeiro de 2010 CELM Linguagem, discurso e texto Professora Corina de Sá Leitão Amorim Natal, 29 de janeiro de 2010 A LINGUAGEM Você já deve ter percebido que a linguagem está presente em todas as atividades do nosso

Leia mais

H003 Compreender a importância de se sentir inserido na cultura escrita, possibilitando usufruir de seus benefícios.

H003 Compreender a importância de se sentir inserido na cultura escrita, possibilitando usufruir de seus benefícios. 2ª Língua Portuguesa 5º Ano E.F. Objeto de Estudo Usos e funções: código oral e código escrito Usos e funções: código oral e código escrito Usos e funções: norma-padrão e variedades linguísticas. Usos

Leia mais

FICHAMENTO: COLEÇÃO OS PENSADORES, Saussure, Jakobson, Hjelmslev, Chomsky, tradução Carlos Vogt, 2 edição, abril Cultural, 1978

FICHAMENTO: COLEÇÃO OS PENSADORES, Saussure, Jakobson, Hjelmslev, Chomsky, tradução Carlos Vogt, 2 edição, abril Cultural, 1978 FICHAMENTO: COLEÇÃO OS PENSADORES, Saussure, Jakobson, Hjelmslev, Chomsky, tradução Carlos Vogt, 2 edição, abril Cultural, 1978 Definir como ciência que estuda a linguagem com métodos próprios, a Lingüística

Leia mais

LEITURA E ESCRITA: UMA REFLEXÃO A PARTIR DE TEORIAS ENUNCIATIVAS

LEITURA E ESCRITA: UMA REFLEXÃO A PARTIR DE TEORIAS ENUNCIATIVAS - SEPesq LEITURA E ESCRITA: UMA REFLEXÃO A PARTIR DE TEORIAS ENUNCIATIVAS Ana Paula Sahagoff Doutoranda UniRitter anasahagoff@gmail.com Resumo: O presente artigo decorre de um estudo que resultará em um

Leia mais

A Didáctica das Línguas. Síntese do Ponto 1. Língua Portuguesa e Tecnologias de Informação e Comunicação. Docente: Prof.

A Didáctica das Línguas. Síntese do Ponto 1. Língua Portuguesa e Tecnologias de Informação e Comunicação. Docente: Prof. A Didáctica das Línguas Síntese do Ponto 1 Língua Portuguesa e Tecnologias de Informação e Comunicação Docente: Prof. Helena Camacho Teresa Cardim Nº 070142074 Raquel Mendes Nº 070142032 Setúbal, Abril

Leia mais

Gramática e seu conceito. Mattoso Câmara Jr. (1986) 16 ed. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes. p

Gramática e seu conceito. Mattoso Câmara Jr. (1986) 16 ed. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes. p Gramática e seu conceito Mattoso Câmara Jr. (1986) 16 ed. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes. p.11-16. Gramática descritiva ou sincrônica Estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona

Leia mais

O fonema como unidade básica da semiose Sebastião Elias Milani

O fonema como unidade básica da semiose Sebastião Elias Milani O fonema como unidade básica da semiose Sebastião Elias Milani No Curso de Linguística Geral, Ferdinand de Saussure (1854-1913) explicou muitas coisas importantes para todos os pensadores da linguagem.

Leia mais

TEXTO E TEXTUALIDADE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

TEXTO E TEXTUALIDADE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO TEXTO E TEXTUALIDADE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO O que é texto? TEXTO - escrito ou oral; O que as pessoas têm para dizer umas às outras não são palavras nem frases isoladas, são textos; TEXTO - dotada de unidade

Leia mais

VYGOTSKY Teoria sócio-cultural. Manuel Muñoz IMIH

VYGOTSKY Teoria sócio-cultural. Manuel Muñoz IMIH VYGOTSKY Teoria sócio-cultural Manuel Muñoz IMIH BIOGRAFIA Nome completo: Lev Semynovich Vygotsky Origem judaica, nasceu em 5.11.1896 em Orsha (Bielo- Rússia). Faleceu em 11.6.1934, aos 37 anos, devido

Leia mais

Gêneros do discurso: contribuições do Círculo de Bakhtin. Profa. Sheila Vieira de Camargo Grillo

Gêneros do discurso: contribuições do Círculo de Bakhtin. Profa. Sheila Vieira de Camargo Grillo Gêneros do discurso: contribuições do Círculo de Bakhtin Profa. Sheila Vieira de Camargo Grillo Gêneros do discurso: notas sobre o artigo Ø Artigo publicado, pela primeira vez, após a morte de Bakhtin,

Leia mais

Atividades de Leitura: Uma Análise Discursiva

Atividades de Leitura: Uma Análise Discursiva Atividades de Leitura: Uma Análise Discursiva Jeize de Fátima Batista 1 Devido a uma grande preocupação em relação ao fracasso escolar no que se refere ao desenvolvimento do gosto da leitura e à formação

Leia mais

Aula6 MATERIALIDADE LINGUÍSTICA E MATERIALIDADE DISCURSIVA. Eugênio Pacelli Jerônimo Santos Flávia Ferreira da Silva

Aula6 MATERIALIDADE LINGUÍSTICA E MATERIALIDADE DISCURSIVA. Eugênio Pacelli Jerônimo Santos Flávia Ferreira da Silva Aula6 MATERIALIDADE LINGUÍSTICA E MATERIALIDADE DISCURSIVA META Discutir língua e texto para a Análise do Discurso. OBJETIVOS Ao fi nal desta aula, o aluno deverá: Entender a língua como não linear e que

Leia mais

Conteúdo. Histórico. Linguagem Verbal e Não-Verbal. O que é a Linguística? Linguística e Gramática. O Estruturalismo. O Objeto de Estudo de Saussure

Conteúdo. Histórico. Linguagem Verbal e Não-Verbal. O que é a Linguística? Linguística e Gramática. O Estruturalismo. O Objeto de Estudo de Saussure Conteúdo Histórico Linguagem Verbal e Não-Verbal O que é a Linguística? Linguística e Gramática O Estruturalismo O Objeto de Estudo de Saussure Signo Significado Significante Disponível em: http://profsandroalex.blogspot.com.br/2013/03/palavra-linguagem-esentido.html

Leia mais

POLÍGRAFO PARA USO EXCLUSIVO PARA A DISCIPLINA TEORIA DO TEXTO TURMA B 2018 TEXTO E CONTEXTO O QUE É TEXTO

POLÍGRAFO PARA USO EXCLUSIVO PARA A DISCIPLINA TEORIA DO TEXTO TURMA B 2018 TEXTO E CONTEXTO O QUE É TEXTO POLÍGRAFO PARA USO EXCLUSIVO PARA A DISCIPLINA TEORIA DO TEXTO TURMA B 2018 TEXTO E CONTEXTO O QUE É TEXTO Para compreendermos melhor o fenômeno da produção de textos escritos, importa entender previamente

Leia mais

ECO, Umberto. A estrutura ausente

ECO, Umberto. A estrutura ausente FONTE COMPLEMENTAR: SANTAELLA, Lúcia. Comunicação e Semiótica ECO, Umberto. A estrutura ausente Influência: filosofia, estética, teorias da informação, da comunicação e da cibernética Crítica ao estruturalismo

Leia mais

9. A skrita na internet. Estudos linguísticodiscursivos procuram mostrar que internetês não é mera reprodução da fala na escrita, mas, sim, uma forma

9. A skrita na internet. Estudos linguísticodiscursivos procuram mostrar que internetês não é mera reprodução da fala na escrita, mas, sim, uma forma 2 9. A skrita na internet. Estudos linguísticodiscursivos procuram mostrar que internetês não é mera reprodução da fala na escrita, mas, sim, uma forma de aproximação entre os falantes (Fabiana Cristina

Leia mais

CONTEÚDO ESPECÍFICO DA PROVA DA ÁREA DE LETRAS GERAL PORTARIA Nº 258, DE 2 DE JUNHO DE 2014

CONTEÚDO ESPECÍFICO DA PROVA DA ÁREA DE LETRAS GERAL PORTARIA Nº 258, DE 2 DE JUNHO DE 2014 CONTEÚDO ESPECÍFICO DA PROVA DA ÁREA DE LETRAS GERAL PORTARIA Nº 258, DE 2 DE JUNHO DE 2014 O Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no uso de suas

Leia mais

Teoria da Informação. Profa. Lillian Alvares Faculdade de Ciência da Informação Universidade de Brasília

Teoria da Informação. Profa. Lillian Alvares Faculdade de Ciência da Informação Universidade de Brasília Teoria da Informação Profa. Lillian Alvares Faculdade de Ciência da Informação Universidade de Brasília Claude Elwood Shannon, 1948 Autor que estabeleceu os fundamentos da Teoria da Informação Teoria da

Leia mais

Uma Introdução à Engenharia Semiótica: Conceitos e Métodos Slides Selecionados e adaptados para aula de INF2706

Uma Introdução à Engenharia Semiótica: Conceitos e Métodos Slides Selecionados e adaptados para aula de INF2706 1 Uma Introdução à Engenharia Semiótica: Conceitos e Métodos Slides Selecionados e adaptados para aula de INF2706 Carla Faria Leitão (PUC-Rio) Milene Selbach Silveira (PUCRS) Clarisse Sieckenius de Souza

Leia mais

18 Introdução à. Semântica

18 Introdução à. Semântica 18 Introdução à Semântica 5 Introdução UNIDADE 1: O significado 9 1. Objectivos da Unidade 1 9 1.1. Em busca do sentido 13 1.2. A semiótica 22 1.3. A semântica 30 1.4. A semântica e a cognição UNIDADE

Leia mais

Comunicação: Linguagem verbal e não verbal 6 ANO CENTRO EDUCACIONAL LA SALLE 2019 PROF. PRYSLLA LIMA

Comunicação: Linguagem verbal e não verbal 6 ANO CENTRO EDUCACIONAL LA SALLE 2019 PROF. PRYSLLA LIMA Comunicação: Linguagem verbal e não verbal 6 ANO CENTRO EDUCACIONAL LA SALLE 2019 PROF. PRYSLLA LIMA NÃO, PORQUE O ESTRANGEIRO NÃO ENTENDEU A LÍNGUA DO BRASILEIRO. HOUVE COMUNICAÇÃO? SIM, PORQUE AS DUAS

Leia mais

COESÃO REFERENCIAL E SEQUENCIAL LEITURA E ARGUMENTAÇÃO TEXTO ARGUMENTATIVO

COESÃO REFERENCIAL E SEQUENCIAL LEITURA E ARGUMENTAÇÃO TEXTO ARGUMENTATIVO AULA 4 COESÃO REFERENCIAL E SEQUENCIAL LEITURA E ARGUMENTAÇÃO TEXTO ARGUMENTATIVO Profa. Dra. Vera Vasilévski Comunicação Oral e Escrita UTFPR/Santa Helena Atividades da aula 3 Comente as afirmações a

Leia mais

significados que pretende comunicar em um determinado contexto sócio-cultural. A Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) leva em consideração que as

significados que pretende comunicar em um determinado contexto sócio-cultural. A Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) leva em consideração que as 1 Introdução No nosso dia-a-dia, estamos a todo momento emitindo opiniões, defendendo ideias. Opinamos em casa, no trabalho, na escola, na rua, em todos os lugares. Opinar, argumentar, persuadir o outro

Leia mais

Curso: Letras Português/Espanhol. Disciplina: Linguística. Docente: Profa. Me. Viviane G. de Deus

Curso: Letras Português/Espanhol. Disciplina: Linguística. Docente: Profa. Me. Viviane G. de Deus Curso: Letras Português/Espanhol Disciplina: Linguística Docente: Profa. Me. Viviane G. de Deus AULA 2 1ª PARTE: Tema 2 - Principais teóricos e teorias da Linguística moderna Formalismo x Funcionalismo

Leia mais

Linguística CORRENTES MODERNAS DA LINGUÍSTICA (PARTE I) Profª. Sandra Moreira

Linguística CORRENTES MODERNAS DA LINGUÍSTICA (PARTE I) Profª. Sandra Moreira Linguística CORRENTES MODERNAS DA LINGUÍSTICA (PARTE I) Profª. Sandra Moreira Conteúdo Programático O Funcionalismo As Funções da Linguagem de Roman Jakobson A Linguística Sistêmica de Michael Halliday

Leia mais

manifestações científicas, gêneros literários (provérbio, poesia, romance) etc. AULA GÊNEROS DISCURSIVOS: NOÇÕES - CONTINUAÇÃO -

manifestações científicas, gêneros literários (provérbio, poesia, romance) etc. AULA GÊNEROS DISCURSIVOS: NOÇÕES - CONTINUAÇÃO - AULA GÊNEROS DISCURSIVOS: NOÇÕES - CONTINUAÇÃO - Texto Bakhtin (2003:261-305): Introdução Campos da atividade humana ligados ao uso da linguagem O emprego da língua se dá em formas de enunciados o Os enunciados

Leia mais

MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA O ENEM 2009

MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA O ENEM 2009 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA MATRIZ DE REFERÊNCIA PARA O ENEM 2009 EIXOS COGNITIVOS (comuns a todas as áreas de conhecimento) I. Dominar

Leia mais

Ficha de acompanhamento da aprendizagem

Ficha de acompanhamento da aprendizagem Escola: Professor: Aluno: Legenda: Plenamente desenvolvido; Parcialmente desenvolvido; Pouco desenvolvido; Não trabalhado no bimestre. Oralidade 1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. Identificar gêneros textuais

Leia mais

Afinando os instrumentos da comunicação do líder nas organizações.

Afinando os instrumentos da comunicação do líder nas organizações. Afinando os instrumentos da comunicação do líder nas organizações Mirieli Colombo, Fga Fga. Especialista em Voz Especialista em Dinâmica dos Grupos Master em PNL Personal e Profissional Coaching EUA, 70

Leia mais

O DISCURSO CITADO: UM ESTUDO SOBRE A OBRA DE BAKHTIN

O DISCURSO CITADO: UM ESTUDO SOBRE A OBRA DE BAKHTIN 103 de 107 O DISCURSO CITADO: UM ESTUDO SOBRE A OBRA DE BAKHTIN Priscyla Brito Silva 7 (UESB) Elmo Santos 8 (UESB) RESUMO Dentre as várias maneiras de abordagem do fenômeno discursivo, surgem, a partir

Leia mais

Disciplina: Comunicação e Extensão Rural O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO EM EXTENSÃO RURAL ANTONIO LÁZARO SANT ANA

Disciplina: Comunicação e Extensão Rural O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO EM EXTENSÃO RURAL ANTONIO LÁZARO SANT ANA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO CAMPUS DE ILHA SOLTEIRA Disciplina: Comunicação e Extensão Rural O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO EM EXTENSÃO RURAL ANTONIO LÁZARO SANT ANA OUTUBRO 2016

Leia mais

CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM EM MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM

CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM EM MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM 62 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM EM MARXISMO E FILOSOFIA DA LINGUAGEM RIZZO, Joselma de Souza Mendes jsmrprofessora@yahoo.com.br Resumo: Este trabalho tem por finalidade apresentar, em linhas gerais, o diálogo

Leia mais

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico Plano de Trabalho Docente 2012 Ensino Técnico ETEC Santa Isabel Código: 0219 Município: Santa Isabel Eixo Tecnológico: Gestão e Negócios Habilitação Profissional: Técnico em Logística Qualificação: Sem

Leia mais

O TRABALHO COM TEXTOS NUMA TURMA DE CINCO ANOS

O TRABALHO COM TEXTOS NUMA TURMA DE CINCO ANOS O TRABALHO COM TEXTOS NUMA TURMA DE CINCO ANOS Mônica Cristina Medici da Costa 1 Introdução O presente texto traz um recorte da nossa pesquisa que teve como objetivo analisar as práticas de uma professora

Leia mais

10 Seminário de Extensão ERA UMA VEZ... LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

10 Seminário de Extensão ERA UMA VEZ... LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA 10 Seminário de Extensão ERA UMA VEZ... LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA Autor(es) VALERIA BRAIDOTTI Co-Autor(es) RODRIGO FIDELES FERNANDES Orientador(es) VALÉRIA BRAIDOTTI 1. Introdução

Leia mais

DACEX CTCOM Disciplina: Análise do Discurso. Profa. Dr. Carolina Mandaji

DACEX CTCOM Disciplina: Análise do Discurso. Profa. Dr. Carolina Mandaji DACEX CTCOM Disciplina: Análise do Discurso cfernandes@utfpr.edu.br Profa. Dr. Carolina Mandaji Análise do Discurso Fernanda Mussalim Condições de produção do discurso Formação discursiva, formação ideológica

Leia mais

COMUNICAÇÃO APLICADA MÓDULO 4

COMUNICAÇÃO APLICADA MÓDULO 4 COMUNICAÇÃO APLICADA MÓDULO 4 Índice 1. Significado...3 1.1. Contexto... 3 1.2. Intertextualidade... 3 1.2.1. Tipos de intertextualidade... 3 1.3. Sentido... 4 1.4. Tipos de Significado... 4 1.4.1. Significado

Leia mais

PERFIL DO ALUNO NAS ÁREAS CURRICULARES NO FINAL DO 1.º CICLO. Em cada área curricular disciplinar, o aluno apresenta as seguintes competências:

PERFIL DO ALUNO NAS ÁREAS CURRICULARES NO FINAL DO 1.º CICLO. Em cada área curricular disciplinar, o aluno apresenta as seguintes competências: PERFIL DO ALUNO NAS ÁREAS CURRICULARES NO FINAL DO 1.º CICLO De acordo com o currículo proposto pelo ME, a Escola propõe o desenvolvimento de diversas competências, de forma a criar condições ao desenvolvimento

Leia mais

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS - INEP DIRETORIA DE AVALIAÇÃO PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS - INEP DIRETORIA DE AVALIAÇÃO PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS - INEP DIRETORIA DE AVALIAÇÃO PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e

Leia mais

D.N.: NOME: ESCOLA: ANO: ENC. EDUC.: Funções do Corpo

D.N.: NOME: ESCOLA: ANO: ENC. EDUC.: Funções do Corpo NOME: ESCOLA: ANO: ENC. EDUC.: D.N.: Funções do Corpo Nota: Assinale com uma cruz (X), à frente de cada categoria, o valor que considera mais adequado à situação de acordo com os seguintes qualificadores:

Leia mais

O PARADOXO DA COMUNICAÇÃO NA EAD ONLINE. Profª Drª Adriana Clementino Centro Universitário Senac/FIPEN

O PARADOXO DA COMUNICAÇÃO NA EAD ONLINE. Profª Drª Adriana Clementino Centro Universitário Senac/FIPEN O PARADOXO DA COMUNICAÇÃO NA EAD ONLINE Profª Drª Adriana Clementino Centro Universitário Senac/FIPEN Pode-se dizer que uma das principais vantagens que a Educação a Distância via Internet apresenta sobre

Leia mais

O que significa Morfologia

O que significa Morfologia Morfologia Revisão O que significa Morfologia A palavra Morfologia tem sua origem a partir das formas gregas morphê, 'forma' e logos, 'estudo, tratado'. Então: Morfologia significa 'o estudo da forma'.

Leia mais

Linguística. Prof. Veríssimo Ferreira

Linguística. Prof. Veríssimo Ferreira Linguística Prof. Veríssimo Ferreira Linguística Ciência que estuda as línguas naturais, no quadro das ciências humanas e no interior da Semiologia. Ferdinand Saussure O desenvolvimento da Linguística

Leia mais

Ficha de acompanhamento da aprendizagem

Ficha de acompanhamento da aprendizagem Escola: Professor: Aluno: Legenda: Plenamente desenvolvido; Parcialmente desenvolvido; Pouco desenvolvido; Não trabalhado no bimestre. Oralidade 1º bim. 2º bim. 3º bim. 4º bim. Participar das interações

Leia mais

Semiótica. Prof. Veríssimo Ferreira

Semiótica. Prof. Veríssimo Ferreira Semiótica Prof. Veríssimo Ferreira Natureza e Cultura Domínio da Natureza Universo das coisas naturais. Domínio da Cultura Universo das práticas sociais humanas. Cultura Fazer humano transmitido às gerações

Leia mais

NOÇÕES DE PRAGMÁTICA. Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa II Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves Segundo

NOÇÕES DE PRAGMÁTICA. Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa II Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves Segundo NOÇÕES DE PRAGMÁTICA Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa II Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves Segundo 14.08-16.08.2017 Situando a Pragmática no seio das disciplinas da Linguística O aspecto pragmático

Leia mais

DELL ISOLA, Regina Lúcia Péret. Aula de português: parâmetros e perspectivas. Belo Horizonte: FALE/ Faculdade de Letras da UFMG, 2013.

DELL ISOLA, Regina Lúcia Péret. Aula de português: parâmetros e perspectivas. Belo Horizonte: FALE/ Faculdade de Letras da UFMG, 2013. 189 RESENHA DELL ISOLA, Regina Lúcia Péret. Aula de português: parâmetros e perspectivas. Belo Horizonte: FALE/ Faculdade de Letras da UFMG, 2013. Palavras-chave: Linguística textual; Língua Portuguesa;

Leia mais

Linguagem em (Dis)curso LemD, v. 9, n. 1, p , jan./abr. 2009

Linguagem em (Dis)curso LemD, v. 9, n. 1, p , jan./abr. 2009 Linguagem em (Dis)curso LemD, v. 9, n. 1, p. 187-191, jan./abr. 2009 RESENHA DE INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS DA LINGUAGEM: DISCURSO E TEXTUALIDADE [ORLANDI, E.P.; LAGAZZI- RODRIGUES, S. (ORGS.) CAMPINAS, SP:

Leia mais

Modelo de Roman Jackobson

Modelo de Roman Jackobson Modelo de Roman Jackobson LRI Tecnologias da Informação e Comunicação Trabalho elaborado por: Carlos Morais (16619); Flávio Morais (17849); Paulo Diegues (18402) Introdução Nascido a 11 de Outubro de 1986

Leia mais

Qual a natureza da língua? O que é a língua? Comecemos pelo princípio no princípio era o verbo

Qual a natureza da língua? O que é a língua? Comecemos pelo princípio no princípio era o verbo European Union Comenius Multilateral project: Teacher Learning for European Literacy Education (TeL4ELE) Formação de professores para o desenvolvimento da literacia na Europa Ação de formação de professores

Leia mais

AEE PARA DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ

AEE PARA DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ AEE PARA DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ Aluno: Matrícula: Curso: Unidade de Estudo: Data Prova: / / AEE PARA DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SURDEZ 1 A B C D 2 A B C D 3 A B C D 4 A B C D 5 A B C D 6 A B C D 7 A

Leia mais

Unidade II COMUNICAÇÃO APLICADA. Profª. Carolina Lara Kallás

Unidade II COMUNICAÇÃO APLICADA. Profª. Carolina Lara Kallás Unidade II COMUNICAÇÃO APLICADA Profª. Carolina Lara Kallás Unidade II Semiótica Signo Linguagens Origem Vertentes Significado e significante Aplicação Prática Fases do processo de comunicação: Pulsação

Leia mais

A SOCIOLINGUÍSTICA E O ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA BASEADA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

A SOCIOLINGUÍSTICA E O ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA BASEADA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS A SOCIOLINGUÍSTICA E O ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA: UMA PROPOSTA BASEADA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS Fabiana Gonçalves de Lima Universidade Federal da Paraíba fabianalima1304@gmail.com INTRODUÇÃO

Leia mais

I CIED Congresso Internacional de Estudos do Discurso 06, 07 e 08 de Agosto de 2014

I CIED Congresso Internacional de Estudos do Discurso 06, 07 e 08 de Agosto de 2014 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Programa de Pós-graduação em Filologia e Língua Portuguesa Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas I CIED Congresso Internacional

Leia mais

A TEORIA SÓCIO-CULTURAL DA APRENDIZAGEM E DO ENSINO. Leon S. Vygotsky ( )

A TEORIA SÓCIO-CULTURAL DA APRENDIZAGEM E DO ENSINO. Leon S. Vygotsky ( ) A TEORIA SÓCIO-CULTURAL DA APRENDIZAGEM E DO ENSINO Leon S. Vygotsky (1896-1934) O CONTEXTO DA OBRA - Viveu na União Soviética saída da Revolução Comunista de 1917 - Materialismo marxista - Desejava reescrever

Leia mais

Fichas de avaliação; Máx. 40% 70%

Fichas de avaliação; Máx. 40% 70% O presente documento define os critérios de avaliação de cada área curricular do 3.º ciclo do Externato de Santa Joana que, após ratificação pelo Conselho Pedagógico e tendo em conta a legislação em vigor,

Leia mais

Plano de Trabalho Docente 2011

Plano de Trabalho Docente 2011 Plano de Trabalho Docente 2011 Ensino Técnico ETEC SANTA ISABEL Código: 219 Município: Santa Isabel Área Profissional: Informação e Comunicação Habilitação Profissional: Técnico em Informática para Internet

Leia mais

Aula 2 A linguagem na sociedade

Aula 2 A linguagem na sociedade Aula 2 A linguagem na sociedade LANGACKER, Ronald W. A linguagem e sua estrutura: alguns conceitos fundamentais. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1972. cap. 3 (p. 51-74). Prof. Cecília Toledo- cissa.valle@hotmail.com

Leia mais

CADA PAÍS TEM UMA LÍNGUA DE SINAIS PRÓPRIA E A LIBRAS É A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

CADA PAÍS TEM UMA LÍNGUA DE SINAIS PRÓPRIA E A LIBRAS É A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS CADA PAÍS TEM UMA LÍNGUA DE SINAIS PRÓPRIA E A LIBRAS É A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS Desse modo, a língua de sinais não é uma língua universal, pois adquire características diferentes em cada país e,

Leia mais

Instância Terciária. Culturais/Sociais. ESSÊNC IA Substâncias da Expressão. Valores. Estéticos

Instância Terciária. Culturais/Sociais. ESSÊNC IA Substâncias da Expressão. Valores. Estéticos Instância Terciária 3 ESSÊNC IA Substâncias da Expressão Valores Estésic os Estéticos Culturais/Sociais Esta terceira instância procura dar conta dos elementos de significação específicos, afetivos e cognitivos,

Leia mais

Filosofia (aula 7) Dimmy Chaar Prof. de Filosofia. SAE

Filosofia (aula 7) Dimmy Chaar Prof. de Filosofia. SAE Filosofia (aula 7) Prof. de Filosofia SAE leodcc@hotmail.com Linguagem Existe entre o poder da palavra e a disposição da alma a mesma relação entre a disposição dos remédios e a natureza do corpo. Alguns

Leia mais

Atualização. Perfil de Funcionalidade

Atualização. Perfil de Funcionalidade Agrupamento de Escolas de Montelongo Escola: Atualização do Perfil de Funcionalidade (Informação por referência à CIF-CJ) (Decreto-Lei nº 3/2008 de 7 de janeiro) Identificação do aluno: N.º processo: Ano:

Leia mais

Módulo 01: As distintas abordagens sobre a linguagem: Estruturalismo, Gerativismo, Funcionalismo, Cognitivismo

Módulo 01: As distintas abordagens sobre a linguagem: Estruturalismo, Gerativismo, Funcionalismo, Cognitivismo Módulo 01: As distintas abordagens sobre a linguagem: Estruturalismo, Gerativismo, Funcionalismo, Cognitivismo Sintaxe do Português I 1º semestre de 2015 sim, ele chegou! Finalmente! Prof. Dr. Paulo Roberto

Leia mais

Linguística O Gerativismo de Chomsky

Linguística O Gerativismo de Chomsky Linguística O Gerativismo de Chomsky Profª. Sandra Moreira Conteúdo Programático A Gramática Gerativa Inatismo versus Behaviorismo Competência e Desempenho Estrutura Profunda e Estrutura Superficial Objetivos

Leia mais

Síntese da Planificação da Área de Português - 2º Ano

Síntese da Planificação da Área de Português - 2º Ano Dias de aulas previstos Período 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª 1.º período 13 13 13 12 13 2.º período 9 9 9 11 11 3.º período 9 11 10 10 11 Síntese da Planificação da Área de Português - 2º Ano (Carga horária: Português

Leia mais

Inteligência Lingüística:

Inteligência Lingüística: Inteligência Lingüística: Capacidade de lidar bem com a linguagem, tanto na expressão verbal quanto escrita. A linguagem é considerada um exemplo preeminente da inteligência humana. Seja pra escrever ou

Leia mais

Usos e funções: código oral e código escrito

Usos e funções: código oral e código escrito 3ª Objeto de estudo A linguagem como espaço de interação. A linguagem como espaço de interação. A linguagem e a formação para a cidadania A linguagem e a formação para a cidadania Língua Portuguesa 1º

Leia mais