COMPORTAMENTO DA FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES DE IDOSAS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA
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- Valentina Ribas Custódio
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1 COMPORTAMENTO DA FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES DE IDOSAS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA Categoria: Artigo Original Alanna Roslindo de Simas 1,2 Giovana Zarpellon Mazo 3 Adilson Sant'Ana Cardoso 4 Caroline di Bernardi Luft 4 1 Acadêmica do curso de licenciatura em Educação Física Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC; Centro de Ciências da Saúde e do Esporte - CEFID; 2 - Correspondência: Desembargador Pedro Silva, 2202, bl 28, ap 01, Coqueiros - CEP: Florianópolis - Santa Catarina - Brasil. nany_ars@yahoo.com.br 3 Orientadora do artigo de conclusão de curso de licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC; Centro de Ciências da Saúde e do Esporte - CEFID; 4 - Membro da banca avaliadora do artigo de conclusão de curso de licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC; Centro de Ciências da Saúde e do Esporte - CEFID; Esta pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética da UDESC foi aprovado no Comitê de Ética da UDESC em 30/08/2007, processo nº. 96/2007.
2 COMPORTAMENTO DA FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES DE IDOSAS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA RESUMO A expectativa de vida vem aumentando consideravelmente ao longo dos anos, principalmente em países em desenvolvimento, o que os leva ao envelhecimento populacional. Por isso o interesse de investigar a saúde e a qualidade de vida do idoso vem crescendo constantemente. Sabendo-se da necessidade da força para os afazeres diários do idoso e sendo as atividades aquáticas mais adequadas para essa idade, o estudo teve como objetivo analisar o comportamento da força de membros superiores de idosas praticantes de hidroginástica no início (março) e final do programa (dezembro) dos anos de 2004, 2005 e Este estudo comparativo foi realizado utilizando o banco de dados do Grupo de Estudos da Terceira Idade - GETI. Os sujeitos do estudo foram 10 idosas com idade = 64,5 anos (DP=7,692). Os dados foram coletados diretamente do banco de dados pelos pesquisadores. A análise estatística foi feita por meio da análise univariada de variância (ANOVA) para medidas repetidas, com análises de Post-Hoc (Bonferroni). Observou-se uma diferença significativa entre as médias comparadas durante os três anos do programa que foram analisados (F (1) =348,14; p<0,001). Durante o primeiro período de interrupção, a força se manteve já no segundo período ela aumentou. Os períodos de interrupção, de 12 semanas, não resultaram em alterações significativas nos índices de força da amostra. Conclui-se que o programa de hidroginástica resultou em alterações positivas nos índices de força (53%) de membros superiores das idosas, podendo auxiliar com isto nas atividades da vida diária das idosas. Palavras-chave: Força; Hidroginástica; Idosos. ABSTRACT
3 INTRODUÇÃO A expectativa de vida vem aumentando consideravelmente ao longo dos anos em países desenvolvidos e, atualmente, com maior intensidade, nos países em desenvolvimento. Isso os leva a uma realidade semelhante, o envelhecimento populacional. Em 2002, o Brasil tinha de pessoas com 60 anos ou mais representando 9,3% da população. As projeções populacionais realizadas pelo IBGE 1, em 2020 os idosos chegarão a 25 milhões de pessoas, que irão compor 11,4% da população 2. Deste modo, o interesse de investigar a saúde e a qualidade de vida do idoso vem crescendo constantemente 3. O envelhecimento traz alterações fisiológicas caracterizadas por um processo contínuo durante o qual ocorre redução das capacidades funcionais dos sistemas cardiovascular, respiratório, nervoso e músculo-esquelético, e a redução das capacidades motoras, tais como a perda da força muscular, da flexibilidade, velocidade e da capacidade aeróbia 4. A função mais prejudicada pelo avanço da idade é a função muscular. A musculatura quando não usada regularmente perde sua função, com uma previsível atrofia e perda da força. Acredita-se que a sarcopenia seja a principal responsável pelo comprometimento da autonomia do idoso e, conseqüentemente, a dependência do mesmo 5. Segundo Mazzeo et al. 6 geralmente encontra-se na literatura que entre os 50 e 70 anos de idade há uma redução de aproximadamente 30% na força, o que se acentua após os 70 anos. Lexell 7 descreve que o avanço da idade afeta as unidades motoras, principalmente o motoneurônio inferior, e que este processo, decorrente da degeneração do sistema nervoso, é uma das principais causas da diminuição de massa e força muscular. Essa atrofia muscular reduz a capacidade funcional do indivíduo, e pode comprometer sua mobilidade e a realização de atividades diárias. Para minimizar os efeitos do envelhecimento utiliza-se a atividade física como uma estratégia importante e eficiente para promover, com menos impacto, a qualidade de vida do idoso. Estudos 8,9 indicam que o idoso que pratica atividade física regular e devidamente orientada tem os mais promissores resultados, tanto na prevenção quanto no tratamento da sarcopenia, além de melhorar suas capacidades funcionais, auxilia na manutenção da homeostase hemodinâmica na vida diária, melhora a saúde física e emocional do idoso, reduzindo o risco de doenças crônicas e auxiliando na manutenção das mesmas. Para melhorar a saúde do idoso o Colégio Americano de Medicina Esportiva
4 recomenda a prática de atividade física com uma freqüência mínima de 5 dias na semana com 30 minutos de atividades aeróbias com intensidade moderada ou no mínimo de 3 dias na semana com mínimo de 10 minutos de atividade continua com intensidade vigorosa. Já para o trabalho de força muscular a recomendação é de uma freqüência semanal mínima de 2 dias com 8 a 10 exercícios que envolva o maior número de grupos musculares contendo 10 a 15 repetições por série. Para idosos com risco de queda recomendam-se exercícios de flexibilidade e/ou equilíbrio com freqüência mínima de 2 vezes na semana e incluindo exercícios para manter ou melhorar o equilíbrio 10. Na comunidade observa-se vários programas de atividade física que são oferecidos aos idosos, porém as atividades realizadas na água, como a hidroginástica, estão ganhando espaço. Tais atividades atendem as necessidades desse público, não apresentam contra indicação e proporcionam um ambiente de alegria, descontração e prazer 11. A atividade física em meio aquático aproveita a resistência da água como sobrecarga, fortalecendo os músculos, com ou sem equipamentos, e melhorando o condicionamento físico do idoso. Os exercícios, quando realizados na água, permitem eliminar os efeitos colaterais e são mais cômodos, estimulantes e seguros 12. Para Tahara et al. 13, as atividades realizadas em meio líquido contribuem positivamente para os aspectos físicos, por não causarem impacto as articulações e tendões e estimular toda a musculatura, propiciando a manutenção do tônus muscular, beneficiando os sistemas respiratório e cardiovascular e na recuperação de enfermidades. Em relação aos aspectos psicológicos, alivia o stress, aumenta a auto-estima e a disposição para enfrentar as atividades diárias. Mesmo sendo reconhecidos os benefícios das atividades aquáticas, foram encontrados poucos estudos que relacionam tais benefícios para aptidão física do idoso. Alves et al. 14, observou em seu estudo uma melhora significativa em todos os testes de aptidão física aplicados, após o treinamento de três meses com aulas de hidroginástica. Passos e Oliveira 15, também afirmam que a água e o exercício físico formam uma combinação saudável proporcionando ao praticante uma acentuada melhora na capacidade funcional dos músculos e aumento da amplitude articular. Sabendo-se da importância do trabalho de força e das atividades aquáticas para melhorar sua saúde dos idosos, contudo poucos estudos analisam o comportamento da força dos membros superiores a partir da intervenção de projeto de hidroginástica em longo prazo. O fortalecimento muscular dos membros superiores é fundamental para a
5 manutenção das atividades da vida diárias, como varrer a casa, vestir-se, carregar objetos entre outras. Diante disto, este estudo tem como objetivo analisar o comportamento da força de membros superiores de idosas praticantes de hidroginástica no início (março) e final do programa (dezembro) dos anos de 2004, 2005 e METODOLOGIA Caracterização da Pesquisa Este estudo comparativo, constituindo-se da coleta de dados e registro de variáveis para posteriores análises. Este tipo de pesquisa não permite o isolamento e controle de variáveis supostamente relevantes, mas permite estabelecer relações entre as mesmas 16. Sujeitos do Estudo O Grupo de Estudos da Terceira Idade - GETI da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC mantém em seu banco de dados os resultados dos testes físicos aplicados nos idosos, participantes do programa, sempre no início e no final de cada ano. O projeto de hidroginástica ocorre nos períodos matutino e vespertino, sendo uma turma matutina e duas turmas vespertinas, numa piscina medindo 25m x 12,5m, com água na temperatura aproximada de 28 a 30 C, duas vezes por semana, com duração de 50 minutos. As aulas consistiam em três fases: 1 - Fase de Aquecimento (alongamento e flexibilidade, método estático, pequenas corridas pouco intensas, durante 5 minutos); 2 - Fase Principal (exercícios aeróbicos e exercícios localizados, por 40 minutos) 4 - Relaxamento (exercícios de volta à calma, ou sociabilização, por 5 minutos). Para selecionar do banco de dados do GETI os sujeitos do estudo foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: - idosos com idade igual ou superior a 60 anos de idade; - que participaram do programa de hidroginástica durante os anos de 2004,
6 2005 e 2006; - que realizaram todos os testes de força dos membros superiores no início (março) e final do projeto (dezembro) durante os anos de 2004, 2005 e Os sujeitos deste estudo são 10 idosas com idade = 64,5 anos com DP=7,69, que praticaram hidroginástica durante 35 semanas - entre março (T1) e dezembro (T2) - no ano de 2004, com uma interrupção de 12 semanas, entre dezembro de 2004 (T2) e março de 2005 (T3), devido às férias do programa. Por mais 35 semanas - entre março (T3) e dezembro (T4) - no ano de 2005, com uma interrupção de 12 semanas, entre dezembro de 2005 (T4) e março de 2006 (T5), devido às férias do programa, e por mais 35 semanas - entre março (T5) e dezembro (T6) - no ano de Instrumentos e Coleta de Dados O instrumento de coleta de dados deste estudo foi os resultados do banco de dados do GETI/UDESC quanto ao teste de força dos membros superiores dos idosos que praticavam hidroginástica, nos anos de 2004, 2005, e A coleta de dados foi realizada no banco de dados do GETI/UDESC, após a autorização da coordenadora do GETI/UDESC para utilização deste para esta pesquisa e da aprovado no Comitê de Ética da UDESC em 30/08/2007, processo nº. 96/2007. O resultado do teste de força dos membros superiores dos idosos foi obtido pelo GETI/UDESC a partir do seguinte protocolo da bateria de testes da American Aliiance for Health, Physical Education and Recreation - AAHPERD para idosos: Medida: teste de flexão de braço 30. Instrumentos: halteres, cronômetro e cadeira sem braços. Mulheres (halteres de 2,27 Kg) e homens (halteres com 3,63 Kg). Posição do avaliado: Sentado e encostado na cadeira com o peso na mão direita estendida com a mão voltada para trás. Posição do avaliador: ajoelhado atrás do avaliado tocando no músculo tríceps para que durante o teste este não se mova para trás. Procedimento: Ao sinal, o avaliado deverá virar a palma da mão para frente, flexionar o antebraço sobre o braço e estender novamente, o maior número de vezes durante 30 segundos. Observação: O avaliador deverá cuidar para que o braço não ultrapasse a linha do ombro. Os resultados do teste de força de membros superiores (braço direito) dos idosos foram registrados no programa Excel, onde foi colocado no banco de dados o maior
7 número de repetições realizado em 30 segundos pelos idosos. Tratamento dos Dados Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS 11.0 para Windows. Para comparar as médias de força dos membros superiores nos diferentes períodos de avaliação (2004, 2005 e 2006) utilizou-se a análise univariada de variância (ANOVA oneway) para medidas repetidas, com análises de Post-Hoc com graus de liberdade (gl) ajustados pela fórmula de Bonferroni. O intervalo de confiança (C.I.) que será adotado é de 95%. RESULTADOS Sendo o objetivo do estudo verificar se existe diferença nos níveis de força de membros superiores dos idosos participantes de hidroginástica entre os diferentes períodos (março e dezembro dos anos de 2004, 2005 e 2006) foi utilizado o teste de análise univariada de variância (ANOVA one-way), o qual indicou diferença significativa entre as médias comparadas (F (1) =348,14; p<0,001). Na Tabela 1 podem ser observados os principais resultados derivados do teste ANOVA. Por meio das análises de comparação, percebeu-se que as médias das forças de membros superiores foram significantemente diferentes apenas no primeiro ano (2004), no início e no final do mesmo, e do primeiro ano (2004) para o final do terceiro ano (2006). Sendo que durante os anos de 2005 e 2006 a diferença dessas médias não foram significativas. TABELA 1 - Comparação das médias e efeitos principais das variáveis: Força de Membros superiores (MMSS) testados antes ( 1) e depois ( 2) no ano de 2004, antes ( 3) e depois ( 4) no ano de 2005, antes ( 5) e depois ( 6) no ano de 2006 da realização do programa de hidroginástica, bem como no retorno das férias. 1 (DP) 2 (DP) 3 (DP) 4 (DP) 5 (DP) 6 (DP) ANOVA one-way F gl p Força MMSS 14 A (3,266) 18,6 B (4,926) 18,6 B (4,926) 17,50 AB (3,206) 17,90 AB (4,280) 21,50 B (4,503) 348,14 1 <0,001* * Significante ao nível de p<0,01 Médias seguidas por letras iguais, nas colunas, não diferem nas análises de Post-Hoc com graus de liberdade corrigidos pelo Teste de Bonferroni (p>0,05). Com relação aos efeitos derivados do programa de hidroginástica sobre a força, observou-se que a força de MMSS aumentou do T1 para o T2 (p=0,013) e estabilizou-se
8 depois do período de interrupção de 12 semanas (T3), apresentando médias iguais entre o T2 e T3. Comparando-se os dois períodos nos quais os idosos haviam retornado de um período de interrupção, foi observado um aumento significativo entre T1 e T3 (p=0,013). Entre os períodos compreendidos entre T2 e T6 não foram observadas diferenças significativas nas médias (p>0,05). Porém, ao compararmos o T1 com o T6 o aumento foi significativo (p=0,016), observando-se um acréscimo de 53,5% na força. Para uma melhor visualização do comportamento das médias das MMSS o mesmo está expresso na Figura 1. 25,0 22,5 20,0 95% CI 17,5 15,0 12,5 10,0 FORÇAM04 FORÇAD04 FORÇAM05 FORÇAD05 FORÇAM06 FORÇAD06 FIGURA 1. Comportamento das médias das forças MMSS. Legenda: FORÇAM04= força março de 2004 FORÇAD04= força dezembro de 2004 FORÇAM05= força março de 2005 FORÇAD05= força dezembro de 2005 FORÇAM06= força março de 2006 FORÇAD06= força dezembro de 2006 DISCUSSÃO Inicialmente devemos destacar o fato de que as médias de força apresentam alterações estatisticamente significativas somente entre T1 e T2, T1 e T3, T1 e T6. Tal aspecto indica que um programa de atividade física mesmo tendo dois intervalos longos de descanso (12 semanas), propiciou a manutenção da força de membros superiores. Em relação à força muscular, é importante destacar alguns fatores fisiológicos característicos dessa faixa etária. Estudos 17,18 evidenciam que a força muscular atinge seu pico por volta dos trinta anos de idade e é satisfatoriamente preservada até os cinqüenta
9 anos. Entre os 60 e 70 anos de idade há um declínio de 15% e após a sétima década, ocorre um declínio de 30% da força máxima individual a cada década. As fibras do tipo I (aeróbias, de contração lenta) parecem ser resistentes à atrofia associada ao envelhecimento, pelo menos até os 70 anos, enquanto a área relativa das fibras tipo II (anaeróbias, de contração rápida) declina de 20 a 50% com o passar dos anos 19, 20. Com o envelhecimento, os homens têm maior perda muscular devido ao declínio do hormônio do crescimento (GH), fator de crescimento relacionado à insulina (IGF-1) e testosterona. No entanto, apesar da perda muscular ser maior em homens, é importante ressaltar a importância da sarcopenia em mulheres idosas, uma vez que possuem maior expectativa de vida e alta prevalência de limitações funcionais 21. Considerando as características fisiológicas e os resultados encontrados, é possível afirmar que o programa de hidroginástica contribuiu para a manutenção da força de membros superiores em idosas, evitando os prejuízos decorrentes da perda fisiológica natural da idade. A prática regular de exercícios, desde jovem, lentifica a perda muscular do idoso. E a intervenção mais eficaz para prevenção e recuperação da perda muscular são os exercícios de resistência 22. A hidroginástica utiliza a água como resistência auxiliando na manutenção da força 12. Em um estudo semelhante Alves et al 14 avaliou 74 idosas, um grupo de 37 mulheres recebeu duas aulas semanais de hidroginástica durante três meses, e as outras 37 mulheres serviram como controle, na cidade de Recife e para avaliar a aptidão física utilizaram a bateria de testes desenvolvida por Rikli e Jones, que avaliou a força de membros superiores com o teste de "flexão do antebraço". Os testes foram realizados no inicio do estudo e após três meses as aulas de hidroginástica. As aulas eram realizadas duas vezes por semana, com duração de 45 minutos e dividida em quatro fases: 1 - Aquecimento (duração de 5 min), 2 - Exercícios aeróbicos (duração de 20min), 3- Exercícios localizados (duração de 15 min) e 4 - Relaxamento (duração de 5 min). Eles constataram que a prática da hidroginástica colabora para a melhoria e manutenção da aptidão física do idoso e com ganho de força de membros superiores.
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