Metodologia em Serviço Social: uma experiência com oficinas em sala de aula no ensino dos instrumentais técnico-operativo.
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- Geovane Campos Affonso
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1 Metodologia em Serviço Social: uma experiência com oficinas em sala de aula no ensino dos instrumentais técnico-operativo. Autora: Profª Valdilene Viana 1 Eixo Temático: Novos Métodos Pedagógicos Sub eixo temático: Formação Permanente do Assistente Social Tipo de Trabalho: experiência Palavras chaves: Serviço Social, Metodologia, Prática, Sistematização, Oficina. Vários estudos foram realizados sobre o Serviço Social no Brasil, principalmente no que diz respeito a trajetória histórica, paradigma teórico, sistematização, institucionalização, significado e legitimidade social, bem como o espaço socio-ocupacional da ação profissional. Na metodologia da intervenção 2 o processo de trabalho do Serviço Social, com ênfase na relação teoria/prática, consiste na forma de conhecer o objeto e na forma de condução técnico-instrumental e nas respostas dadas as demandas postas para os usuários e/ou instituição. Na prática acadêmica, no ensino de metodologia, percebe-se lacunas na assimilação desse processo dialógico pelos alunos, dificultando a compreensão da prática profissional. Concordamos com Minayo(1992:22) quando afirma que a metodologia é o caminho e o instrumental próprios de abordagem da realidade, pois ela faz parte intrínseca da visão social do mundo veiculada a teoria. Fundamentado no documento Currículo Mínimo para o Curso de Serviço Social da ABESS/CEDEPSS 08/11/96, que define como necessário à formação profissional além de disciplinas, seminários temáticos, atividades complementares as oficinas/laboratórios como sendo um espaço de vivência que permitam o tratamento operativo de temáticas, instrumentos e técnicas, posturas e atitudes, 1 Mestra em Serviço Social. Profª Assistente do Departamento de Serviço Social e Pesquisadora do Núcleo de Saúde Pública da Universidade Federal de Pernambuco/ Brasil. 2 A metodologia no Serviço Social possui várias posições entre autores brasileiros. Sobre o assunto ver: A Metodologia no Serviço Social. Cadernos ABESS, Nº 3, São Paulo: Cortez,
2 utilizando-se de diferentes formas de linguagem. Neste sentido, reestruturamos a disciplina de Metodologia de Serviço social 2, acrescentando ao conteúdo programático o uso de oficinas para aprendizado dos instrumentais técnicooperativos pertinentes a prática do assistente social. Os fundamentos circunscritos na discussão sobre metodologia da ação e do conhecimento resultam dos debates segundo a tradição marxista e as chamadas Ciências Sociais. Esta fundamentação teórica é produto da maturidade intelectual da profissão acumulado nas últimas duas décadas. A perspectiva teórico-metodológica deste trabalho se fundamenta na concepção práxis social e prática pedagógica. De acordo com Minayo(1992:73), é na práxis, na perspectiva dialética, que se dá a emancipação subjetiva e objetiva do homem e a destruição da opressão enquanto estrutura e transformação da consciência. Noutras palavras, a transformação de nossas idéias sobre a realidade e a transformação da realidade caminham juntas. Portanto, parto do pressuposto que há uma relação teoria/prática, que são aspectos inseparáveis do processo de conhecimento e devem ser consideradas na unidade ( Nobuco,1995:101). Neste sentido, o exercício profissional do Serviço Social está inserido na prática social, em outras palavras, como prática profissional abrange uma dimensão teórica e outra prática (intervenção). A teórica envolve o processo permanente de conhecer, de superação de conceitos, sugerindo novas formas de pensar e agir. A prática como uma ação política pedagógica contemplada na formação de sujeitos coletivos, comprometidos com os interesses da maioria da população. Ou seja, de acordo com Maciel (1995:175), o sujeito do conhecimento constrói seu objeto numa relação teoria/realidade, sob o comando da teoria e condicionada pelas determinações do real..., ou ainda, pelas múltiplas determinações mediadas pelo processo de reprodução das relações sociais. Assim, na medida em que o profissional de Serviço Social concebe o conhecimento como algo não acabado, mas como um processo em construção da opção teórica, no que se refere a defesa dos interesses da classe trabalhadora em 2
3 detrimento da classe hegemonia. Ao elaborar as estratégias de ação, exige-se do profissional práticas de organização e mobilização da classe trabalhadora, no sentido de garantir a formação da vontade coletiva como resposta à coesão e alienação da consciência individual. Portanto, a prática interventiva trata-se de uma ação global de cunho sócio-educativa ou socializadora, voltada para mudanças na maneira de ser, de sentir, de ver e agir dos indivíduos, que busca a adesão dos sujeitos; incide também nas relações imediatas, sobre a visão de mundo dos clientes ( Iamamoto, 1995: 101). Neste estudo, utilizamos a metodologia participativa na perspectiva de descontruir e reconstruir o real. A partir da técnica de dramatização, os alunos do 6º período experinenciam discutir/refletir o cotidiano dos estágios, através da linguagem cênica, vivenciando a relação teoria/prática através de oficinas em que são discutidos conceitos, temáticas, problemas, posturas e atitudes, instrumentais técnico-operativos, entre outros. Segundo Minayo (1992:23), se a teoria, se as técnicas são indispensáveis para a investigação social, a capacidade criadora e a experiência do pesquisador jogam também um papel importante. Elas podem relativizar o instrumental técnico e superá-lo pela arte. Esta qualidade pessoal do trabalho científico, verdadeiro artesanato intelectual que traz a marca do autor, nenhuma técnica ou teoria pode realmente suprir. O uso e apropriação da linguagem, a fala, o saber escutar e a resposta, consiste num instrumento fundamental ao exercício profissional. Segundo Iamamoto, o Serviço Social, como uma das formas institucionalizadas de atuação nas relações entre os homens no cotidiano da vida social, tem como recurso básico a linguagem (Iamamoto, 1995:101). Para escutar não basta ouvir, é preciso estar atento, é fundamental conhecer quem está falando, é preciso conhecer o sujeito, usuário dos serviços sociais, nem sempre conhecedor de sua subjetividade e dos seus direitos. Leitão afirma que observa-se pouca preocupação nos trabalhadores, ou muitas vezes os mesmos não percebem a importância em entender algumas características próprias do usuário, que serviriam de pistas para realizarem os seus trabalhos. Tais características estão 3
4 diretamente relacionadas com sus classe social, cultura, visão de mundo, crenças, etc.( Leitão, 1995: 47). As oficinas consistem de vários momentos. O primeiro, consta de apresentação sobre o instrumental técnico que ordenam a prática do Serviço Social, dentre eles destacamos: questionário, entrevista, grupo eventual, grupo focal, grupo operativo, aconselhamento ( atendimento individual), visita domiciliar, sala de espera. O segundo momento, consta de apresentação das temáticas incorporando o uso do instrumental técnico, através de dramatização pelas equipes, auxiliados por um roteiro e cenário previamente elaborado. Os atores são as equipes envolvidas e os alunos voluntários e observadores, todos participam interagindo/apreendendo. O uso de dinâmicas de grupos facilita a descontração, bem como, o elemento supresa na mudança por vezes do roteiro e/ou cenário, atores favorece a criatividade. O terceiro momento, é sistematizada a avaliação, que ocorre durante todo o momento da apresentação das equipes. Nas oficinas o professor tem o papel de coordenador/facilitador. Todo o processo é construído coletivamente, criando uma relação horizontal, de troca de saberes. Os alunos e a equipe também participa avaliando o conteúdo apresentado, com críticas construtivas, contribuindo para a socialização dos conteúdos e do aprendizado. O uso de oficinas em sala de aula facilita a compreensão da realidade profissional quando favorece a criatividade na elaboração do cenário, articulando a teoria/prática, reorientando aspectos da própria intervenção, apropriando-se de conceitos discutidos, provoca o uso de linguagens específicas para os diversos segmentos sociais que o Serviço Social trabalha e, ainda, dinamiza a didática do ensino superior. A técnica de oficinas se constitui em uma ferramenta de apoio para orientar a formação de alunos, como sujeitos ativos, críticos e criadores da construção da sua prática profissional. Durante três semestres do uso da experiência podemos considerar que as oficinas é um eficaz instrumento didático capaz de trazer a tona as experiências vivenciadas cotidianamente pelos alunos nos campos de estágio extracurriculares, possibilitando a discussão e a prática reflexiva necessária a intervenção profissional. 4
5 Bibliografia ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira de. Retomando a temática da Sistematização da Prática em Serviço Social. In Em Pauta. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Nº 10, Pp ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO EM SERVIÇO SOCIAL. A metodologia em Serviço Social. In Cadernos ABESS. São Paulo: Cortez, Nº 3, IAMAMOTO, Marilda. Renovação e conservadorismo no Serviço Social. ensaios críticos. São Paulo: Cortez, LEITÃO, Luzeni Regina Gomes. Não Basta Ouvir., É Preciso Escutar. In Saúde em Debate. Londrina: CEBES, Nº 47, junho, KAMEYMA, Nobuco. Metodologia: uma questão em questão. In Cadernos ABESS. São Paulo: Cortez, Nº 3, Pp MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo/Rio de Janeiro: HUCITEC/ABRASCO, NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo: CORTEZ,
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