Aprendizagem nas Empresas do Vestuário da Região Sul e Região da Grande Florianópolis Setores de Criação e Modelagem
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- Gabriela Terra da Conceição
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1 Aprendizagem nas Empresas do Vestuário da Região Sul e Região da Grande Florianópolis Setores de Criação e Modelagem Learning the Business of the Southern Region and the Greater Florianópolis Region Clothing - Sectors of Creation and Modeling SILVEIRA, Icléia; Dra; UDESC. icleiasilveira@gmail.com HOLANDA, Dulce; Dra;UDESC. dulceholanda@gmail.com SEIBEL, Silene; Dra. UDESC. silene@silene.com.br Resumo A aprendizagem e seus resultados na criação de conhecimento são a base a partir da qual se pode efetuar mudanças tecnológicas e inovações nos setores produtivos. Este projeto tem como objetivo identificar os procedimentos da aprendizagem individual e organizacional diante da implantação de novas tecnologias e processos produtivos por pequenas, médias e grandes empresas do vestuário das Regiões Sul e da Grande Florianópolis. Para alcançar os objetivos propostos utiliza-se como investigação a pesquisa quantitativa e qualitativa, com caráter exploratório e descritivo. Pretende-se com os resultados encontrados propor requisitos que contribuam com o processo de capacitação dos profissionais destes setores e com a aprendizagem organizacional. Palavras-chave: Aprendizagem. Vestuário. Tecnologia. Abstract Building learning organizations is a key factor to enable the effective introduction of innovation and technological changes into the productive sector. The present research project aims at describing the individual and organizational paths and procedures to master the introduction of new technologies in the apparel manufacturing industry in the South region of the State Santa Catarina, Brazil. The research methodology is based on exploratory and descriptive approaches applying both qualitative and quantitative data collection questionaries. The findings of these ongoing research aim at improving the education processes of apparel and fashion
2 professionals as well as at supporting the learning processes of textile and apparel industries. Key words: Learning. Technologies. Clothing. 1.Introdução As teorias da gestão do conhecimento discutem a forma como o conhecimento é gerado e difundido nos setores produtivos (clientes, fornecedores, instituições econômicas, instituições de ensino, entre outros), sendo o processo de aprendizagem a forma pela qual se pode gerar conhecimento. A aprendizagem ocorre tanto em nível individual quanto organizacional, pois são as pessoas e seus conhecimentos à base de uma organização. Por isso, o gerenciamento do conhecimento e a aprendizagem são vistos como busca intencional para preservar e melhorar a competitividade, produtividade e inovação. Desta forma, a aprendizagem é fundamental na renovação das competências e habilidades dos profissionais. Como a introdução de novas tecnologias e processos produtivos resulta em mudanças no ambiente de trabalho, os profissionais devem ser motivados, treinados e qualificados para que isso ocorra realmente. Por isso, as empresas do vestuário dependem do aprendizado, que está diretamente associado à forma pela qual as capacitações são desenvolvidas e adaptadas às mudanças no ambiente econômico. Assim, os processos de capacitação e o fluxo de informações para uso das tecnologias, se não forem eficientes, podem comprometer a disseminação e criação de conhecimento no âmbito das empresas do vestuário. Nesse sentido, foi formulado como o Objetivo da Geral da Pesquisa: identificar os procedimentos da aprendizagem individual e organizacional diante da implantação de novas tecnologias e processos produtivos por pequenas, médias e grandes empresas do vestuário das Regiões Sul e da Grande Florianópolis. Com os seguintes Objetivos Específicos: a) investigar as inovações tecnológicas disponíveis para o setor de criação e produção do vestuário; b) mapear os procedimentos utilizados pelas empresas do vestuário na busca pelas informações sobre as novas tecnologias disponíveis ao setor; verificar como as empresas do vestuário se beneficiam da difusão das informações, do processo de capacitação e conhecimentos para uso das tecnologias implantadas nos setores produtivos, oferecidas pelos fornecedores e/ou instituições de ensino; Propor requisitos da Gestão do Conhecimento que contribuam com o processo de capacitação, aprendizagem e com a disseminação e
3 criação do conhecimento organizacional. Para tanto, seguiu-se a metodologia abaixo registrada, buscando também os procedimentos utilizados pelas empresas na obtenção das informações e conhecimentos sobre as novas tecnologias disponíveis no mercado ao setor e o processo de capacitação para uso das tecnologias que adquirem. A justificativa dessa pesquisa gira em torno da competitividade das empresas do vestuário, diante das rápidas mudanças nos mercados, nas tecnologias, nas formas organizacionais, na capacidade de gerar e absorver inovações. Como o mercado é altamente competitivo, estas empresas precisam se adaptar as condições de imprevisibilidade introduzidas pela rápida transformação econômica e tecnológica, visando à inovação de seus produtos e processos, especializando-se em atividades que agregam maior valor, como moda, design e fortalecimento da marca. Neste sentido, o processo de desenvolvimento de produto ficou mais complexo e teve que incorporar uma gama maior de conhecimentos técnicos, bem como o conhecimento de profissionais especializados. Para isso, se faz necessário identificar onde estão os novos conhecimentos e quais são as inovações oferecidas pelo mercado em termos de máquinas, equipamentos, software, entre outros. Isto tudo envolve, pesquisas e aprendizagem para compreender, conceber, produzir, comunicar, vender, etc. Através da aprendizagem, as empresas conseguem adaptar, transformar, criar e recriar processos e atividades, requisitos fundamentais para as organizações que procuram vantagens competitivas sustentáveis. Mas, o grande desafio é compreender o que significa aprendizagem, onde buscá-la, como ela ocorre à nível individual e como se processa a transferência dessa aprendizagem para a organizacional, a fim de poder gerenciar as novas tecnologias e processos. Entende-se que o gerenciamento da informação e a gestão do conhecimento precisam estar na pauta dos empresários, desde a identificação das necessidades, na busca de novas tecnologias, no uso das informações e das inovações. O investimento financeiro em tecnologias é considerável, mas, não garantem o sucesso deste empreendimento, as pessoas precisam ser capacitadas para o uso de todas as funções de sistemas tecnológicas, das máquinas, equipamentos e processos de trabalho. A tecnologia deve ser aplicada de forma integrada e sistêmica à organização, buscando sempre a integração com os indivíduos e suas
4 expertises, com a visão e propósitos organizacionais e adaptação a infra-estrutura da empresa. O propósito desta pesquisa é propor requisitos e procedimentos para que as empresas promovam o acesso a informação, a transferência e compartilhamento do conhecimento e seu uso efetivo em benefício de todos os membros da organização. O potencial das pessoas e o constante aprendizado garantem que os investimentos em sistemas informatizados aumentem o conhecimento da empresa e não se tornem um problema causado pelo pouco uso. Quando requisitos da gestão do conhecimento são usados no planejamento da capacitação, favorece o processo de aprendizagem individual, de forma compartilhada entre os grupos de trabalho, buscando sempre o desenvolvimento de competências organizacionais. Neste sentido, a aprendizagem está relacionada a um processo cumulativo em que as empresas ampliam seu estoque de conhecimento, aperfeiçoam os seus procedimentos de busca das informações e dos conhecimentos e refinam suas habilidades em desenvolver e fabricar produtos. Portanto, a pesquisa de campo e a observação in loco permitem conhecer a realidade das empresas, do modo como se beneficiam das informações, dos conhecimentos a cerca do uso das tecnologias, da capacitação e dos processos de aprendizagem organizacional. 1.1 Metodologia A presente pesquisa caracteriza-se quanto à forma da abordagem do problema, em pesquisa qualitativa e quantitativa. Quanto aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva. Quanto aos procedimentos técnicos para a coleta de dados, serão utilizadas entrevistas, questionários aplicados na pesquisa de campo e a observação in loco participante. 1.2 Procedimentos Metodológicos 1) Definição e organização das fontes de pesquisa; 2) Fundamentação Teórica; 3) Consulta ao banco de dados do Guia Web SC (inicio no mês de Agosto de 2012). 4) Organização dos endereços eletrônicos de cada empresa, mantendo-se a mesma divisão por regiões e por porte. 5) Encaminhamento do questionário, por , para cada empresa (etapa a ser iniciada no mês de agosto de 2012). Os questionários não respondidos serão
5 novamente encaminhados, a cada 15 dias até se esgotarem o tempo previsto (três meses). 6) Arquivamento das respostas recebidas, mantendo-se a mesma ordem de classificação por porte e por região; 7) Etapa da pesquisa por telefone será realizada quando foram esgotadas todas as possibilidades da realização da pesquisa via . 8) Etapa da pesquisa qualitativa realizada in loco, para aplicação do questionário, entrevistas e observação das inovações e tecnologias usadas nos setores de criação e modelagem. 9) Tratamento dos dados quantitativos obtidos para processamento, construção dos gráficos e análise descritiva. 10. Tratamento dos Dados da Pesquisa Quantitativa - Aplicação da Técnica Análise de Conteúdo. 2 Revisão Bibliográfica A fundamentação teórica fornece embasamento ao desenvolvimento da pesquisa de campo, sendo composta de três partes, relacionadas entre si: Conhecimento das inovações tecnológicas disponíveis para os setores de criação e modelagem do vestuário; Aprendizagem Organizacional e Gestão do Conhecimento Organizacional. 2.1 Inovações Tecnológicas As turbulências criadas pelas mudanças tecnológicas nos produtos e processos aumentam as complexidades e incertezas, tanto interna no ambiente interno da empresa como no ambiente externo. A complexidade no desenvolvimento de novos produtos, a diminuição do ciclo de vida, a transformação do processo de manufatura em direção à produção enxuta (lean production), e o crescimento de inovações com base na Manufatura Integrada por Computador (Computer Integrated Manufacturing - CIM) aumentam a necessidade das empresas aprenderem a fazer as coisas de uma forma nova. A adoção da inovação por parte de uma empresa pode assumir duas perspectivas. A primeira se refere a uma postura pró-ativa com relação às mudanças no ambiente externo. Esta postura significa a adoção ou introdução de inovações nos seus produtos, sistemas, estruturas ou processos. A segunda perspectiva de
6 abordar a inovação é incorporá-la como uma premissa básica para o projeto e ação organizacional, isto é, estruturas, sistemas e processos definidos para contribuir para a inovação na empresa e da empresa, nos seus mais diversos aspectos. Inicialmente abordam-se os elementos organizacionais que possam atender às duas perspectivas, uma representando a postura adotada com relação à inovação, e outra se definindo de forma a incorporar a inovação como princípio básico. A proposta teórica a ser tratada na pesquisa vai trabalhar com três eixos básicos para avaliar a inovação na organização (FREITAS DA CUNHA; PINHEIRO DE LIMA; VINHAES et al., 2007): Processo: em que se desenvolvem conceitos relativos ao processo de inovação e à estratégia baseada em inovação. Condicionantes: onde se trabalham fatores internos e externos que conformam o processo de inovação, seja numa perspectiva de potencializar a ação inovadora, ou de restringi-la. Estrutura: onde se trabalham aspectos relativos ao desenho ou estrutura organizacional. Ao final pretende-se ter um conjunto de parâmetros que contribuam para a definição da inovação organizacional. Para tanto, se apoiará em estudos de caso, que auxiliaram na estrutura teórica de análise desenvolvida. Nesse contexto, a criação ou adoção de inovação dependem do modo como às empresas valorizam e investem na aprendizagem focando basicamente em três níveis de aprendizagem nas organizações: o individual, o coletivo e o organizacional. 2.2 Setores de Criação e Modelagem O setor de modelagem do vestuário trabalha com técnicas para o desenvolvimento de modelos do vestuário, de onde são obtidos os moldes usados para o corte do tecido. A modelagem, como etapa do processo de produção do vestuário, é definida como [...] o desenvolvimento do modelo, com detalhes de formas, recortes, aviamentos, acessórios e de caimento, que se transformam em moldes (SILVEIRA, 2003, p.20). Segundo a autora, os moldes são peças que representam as partes do modelo da roupa, oriundos da modelagem, que servirão como gabarito de orientação para o corte do tecido. A modelagem é a técnica responsável pelo desenvolvimento das formas da vestimenta, transformando materiais têxteis em produtos do vestuário.
7 Todas as etapas do desenvolvimento da modelagem do vestuário podem ser feita com o uso de sistemas computadorizados. Foi nos setores de criação, modelagem e corte que a tecnologia mais avançou, especificamente com o sistema CAD/CAM Projeto Assistido por Computador e Manufatura Assistida por Computador, traduzidos do inglês Computer Aided Design e Computer Aided Manufacturing. A tecnologia CAD (Computer Aided Design Projeto Assistido por Computador) é definida por Voisinet (1997, p.13) [...] como um sistema computacional para o auxílio na criação, modificação, análise e/ou otimização de um projeto. Em termos gerais, entendem-se os sistemas CAD/CAM [...] como uma aplicação da informática cujo propósito está no desenho e fabricação [...] (CASTELLTORT, 1988, p. 2). As siglas CAD/CAM tratam, na verdade, de duas tecnologias distintas, que podem interagir junto a sistemas de automação da produção, como o CAM (Computer Aided Manufacturing Manufatura Assistida por Computador), que utiliza computadores e equipamentos de controle numérico nos processos de produção. Todos os projetos produzidos pelo CAD podem ser transformados em um programa que será executado pelo CAM, ou seja, o CAD analisa o programa e demonstra na tela do computador o novo produto e o CAM, através de máquinas computadorizadas com controle numérico, executa a sua fabricação. Considera-se que esta é uma das características e potencialidades do sistema CAD, por integrar os setores de projeto, produção, controle e gestão. Por isso, a empresa que o possui caracteriza-se como inovadora e moderna. O sistema, neste caso, pode funcionar como parte de um processo de atualização tecnológica visando à valorização da empresa no mercado. O mais importante, porém, é a capacitação tecnológica dos profissionais da empresa, tendo em vista o mercado altamente competitivo. Esta pesquisa visa, portanto, identificar as demais tecnologias disponíveis para estes setores, focando os procedimentos para a capacitação, aprendizagem individual, da equipe e da organização para uso efetivo das tecnologias implantadas. 2.3 Aprendizagem Organizacional
8 Apesar de não se tratar de um tema recente, a aprendizagem organizacional vem despertando interesse crescente de pesquisadores, empresários e da comunidade em geral sobre o seu significado, princípios, implicações, metodologia e procedimentos. Acredita-se que isto vem acontecendo pela crescente valorização do ser humano e como um meio consistente de apropriação de conhecimento e de melhoria contínua que agrega valor às atividades e aos processos industriais. Além disso, para se manterem atuantes no mercado, as empresas devem adaptar-se às modificações, sob pena de ser superada pela concorrência e tornar-se desqualificada. Portanto, ela necessita dispor de elementos internos que monitorem essas mudanças e funcionem de forma adequada para garantir sua sobrevivência; elementos que irão agora manipular, não somente força e energia, mas também informações. As pessoas que fazem parte da organização disponível para tal tarefa. São elas que têm a incumbência de perceber as mudanças que ocorrem no ambiente, interpretá-las e promover os ajustes internos necessários. Ajustes esses, tanto em sua estrutura quanto em suas metas, necessários para garantir a continuidade da organização. São os meios que a organização dispõe para atingir suas metas. Poderíamos chamar esta tarefa de auto-reorganização, promovida por uma aprendizagem organizacional. Busca-se, nas teorias, uma compreensão do conceito de aprendizagem organizacional, a atualização da definição de seus processos e fatores que facilitam ou dificultam a aplicação de seus objetivos. Nesta abordagem, toma-se como referência modelos de aprendizagem, como o proposto por Peter M. Senge (2008) em seu livro A Quinta Disciplina Arte e Prática da Organização que Aprende. Do ponto de vista da teoria organizacional pesquisada, o aprendizado é estimulado pela necessidade organizacional de ajuste em resposta a estímulos externos. Por isso, os empresários não podem permanecer focados nos sucessos passados. O gerenciamento do conhecimento e a aprendizagem são vistos como uma busca intencional para preservar e melhorar a competitividade, produtividade e inovação. Desta forma, a aprendizagem parece ser fundamental na renovação das competências e habilidades dos profissionais. Para Argyris (1978, p. 116), aprendizagem organizacional é um processo de detecção e correção de erros. Para Sveiby (1998, p. 95), aprendizagem organizacional é um processo que ocorre através de insights compartilhados, conhecimento e modelos mentais, e se baseia no conhecimento e nas experiências
9 passadas. Senge (2008, p.14) afirma que uma organização está continuamente expandindo sua capacidade de criar o futuro. De acordo com os conceitos dos autores, a aprendizagem é a capacidade de criar novas ideias, multiplicada pela capacidade de generalizá-las por toda a empresa. Referem-se também a um processo, algo em contínuo movimento, com interação de pessoas, estruturas, estratégias e ambiente, que se projeta com uma visão no futuro. São as pessoas que compõe a empresa que gerenciam o conhecimento por meio do processo de aprendizagem organizacional. O que vai determinar o sucesso da empresa é sua eficiência nesse processo de transformação do conhecimento existente no plano das ideias para o conhecimento aplicado no plano das ações (DAVENPORT E PRUSAK, 2008). Para Garvin (2004), a aprendizagem organizacional são processos que desenvolvem as habilidades para criar, adquirir, transferir conhecimentos e modificar comportamentos, refletindo o novo conhecimento e o novo insight. Segundo o autor, as organizações de aprendizagem possuem habilidades em cinco principais atividades: resolução sistemática de problemas, experimentação de novas abordagens, aprendizado a partir da própria experiência e história passada, aprendizado através de experiências e melhores práticas de outros e transferência do conhecimento de forma rápida e eficiente por toda a organização. Contextualizando a ideia dos autores, a aprendizagem é um processo de mudança, resultante da prática ou experiência anterior, que pode vir, ou não, a manifestar-se em uma mudança perceptível de comportamento, que permite aprender os novos saberes. As organizações tendem a valorizar profissionais que estão abertos ao aprendizado e demonstrem atributos específicos como habilidade e flexibilidade ao mesmo tempo. Isto significa ter visão sistêmica e holística, para conhecer todas as etapas do trabalho, ou seja, cada parte que compõe o todo. Por isso, defende-se a ideia de que o profissional que trabalha no setor de criação deve ter, além dos saberes necessários à sua formação, conhecimentos de todos os processos produtivos, desde pesquisa, criação, confecção do produto e sua análise técnica, que vai definir a sua viabilidade produtiva. É o gestor da empresa que proporciona a seus membros a aprendizagem, dando oportunidades para desenvolverem capacidades operativas e analíticas, que se ampliam quando este interage com os conhecimentos de todas as etapas dos processos que envolvem o trabalho que realizam dentro da organização (SENGE,
10 2008). Por isso, os profissionais não devem ficar restritos apenas ao conhecimento das suas funções. Quando o conhecimento dos indivíduos e suas experiências são compartilhados, criam-se novas competências e novos saberes. Neste sentido, a capacitação profissional é direcionada para uma nova estrutura organizacional, cuja aprendizagem torna possível a obtenção de conhecimentos e o desenvolvimento de novas ideias e competências. Para proporse um caminho em que os resultados acrescentem na criatividade, na capacidade de aprender e na flexibilidade, é importante mapear a formação dos profissionais que estão atuando nas empresas, para planejar a capacitação a nível individual, em equipe e empresarial. 2.4 Gestão do Conhecimento Organizacional A teoria da gestão do conhecimento, a ser utilizada nesta pesquisa, coloca o conhecimento como sendo a base da formação das competências organizacionais que propicia, às empresas, condições para a sua sobrevivência e competitividade. As organizações que são capazes de gerir conhecimentos com maior eficiência, incentivando o compartilhamento e a aprendizagem organizacional, conseguem aperfeiçoar suas habilidades estratégicas e alcançar níveis mais altos de eficiência técnica, recurso que confere diferencial competitivo (SVEIBY, 1998). Neste sentido, a gestão do conhecimento reflete a capacidade organizacional para criar novos conhecimentos, disseminá-los por toda a organização e incorporálos aos seus processos, produtos e serviços. Isso exige, das empresas que produzem sistemas informatizados, maior ênfase no gerenciamento do conhecimento, como um dos principais desafios na definição de etapas e procedimentos para o modelo de capacitação dos usuários, que facilitem o uso das tecnologias, como por exemplo, as implantadas nos setores de criação e modelagem, objeto da pesquisa. O objetivo da gestão do conhecimento é desenvolver e implantar mecanismos e procedimentos para que as empresas promovam o acesso, a transferência e o uso efetivo do conhecimento em benefício de todos. O potencial das pessoas e o constante aprendizado garantem que os investimentos em novas tecnologias aumentem o conhecimento da empresa e não se tornem um problema. Quando requisitos da gestão do conhecimento são usados no planejamento do modelo de capacitação, o potencial oferecido pelos softwares, máquianas e demais
11 equipamentos tecnológicos podem ser utilizado totalmente, garantindo o investimento, a preservação e criação de novos conhecimentos no ambiente empresarial. O suporte teórico da pesquisa justifica-se, porque a gestão do conhecimento está ligada diretamente ao problema da pesquisa, indicando metas que valorizam as pessoas, preservam os conhecimentos que já existem nas organizações, contribuindo no melhor aproveitamento destes recursos humanos e da aprendizagem profissional. Na sequência apresentam-se considerações sobre estes resultados. 3. Resultados Parciais e Considerações Finais A presente pesquisa encontra-se em pleno funcionamento. A consulta ao terminal Guia Web das Indústrias Catarinenses do CIESC (Centro das Indústrias do Estado de Santa Catarina) foi realizada na primeira semana do mês de Agosto de 2012, para selecionar todos os dados referentes às empresas do vestuário. De acordo com os dados da CIESC (2012) estão associadas 932 empresas do vestuário, separadas por atividade, regiões, municípios, ramo de atividades, número de funcionários e por porte. Quadro1- Classificação das Empresas Catarinense. EMPRESAS GRANDE SUL CATARINENSE FLORIANÓPOLIS MICRO - 56 EMPRESAS 56 PEQUENO 41 PORTE 52 MÉDIO PORTE GRANDE PORTE 1 0 TOTAL Fonte: Organizado com Base dos Dados CIESC (2012). O cronograma inicial teve que ser reformulado. Além de os empresários serem muito ocupados, alguns selecionados não se interessaram a participar. No
12 entanto, estamos dando continuidade, a esta etapa, na tentativa de melhorar o número de participantes. Foi constatado que as empresas do vestuário espalham-se agora por todas as Regiões do Estado, em especial na Região Sul. Entre as recentes diversificações da produção em Santa Catarina, a mais rápida foi a que ocorreu na Região Sul, especialmente em Criciúma. O setor carbonífero cedeu espaço para a indústria de revestimentos cerâmicos, de plásticos e descartáveis, do vestuário, de calçados e metal-mecânica. A cada ano que passa as marcas sul-catarinenses do vestuário, principalmente as de jeans, conquistam maior parcela do mercado nacional, ampliando a capacidade produtiva, e como resultado a abertura de novos postos de trabalho. O desenvolvimento destas empresas foi alcançado pelos avanços tecnológicos ocorridos nos últimos anos e pela melhor qualidade da formação acadêmica dos profissionais deste setor. A pesquisa iniciada na Região da Grande Florianópolis evoluiu mais rapidamente, pela proximidade geográfica. Quando ao primeiro objetivo específico: investigar as inovações tecnológicas disponíveis para o setor de criação e produção do vestuário. Verificou-se que as novas tecnologias são de fundamental importância para as indústrias do vestuário adequarem seus processos produtivos, fornecendo a flexibilidade no desenvolvimento dos produtos, na qualidade e precisão da modelagem e na redução do tempo de trabalho. Dentro das etapas de produção do vestuário, foi nos setores de criação, modelagem e corte que a tecnologia mais avançou, especificamente com o sistema CAD/CAM Projeto Assistido por Computador e Manufatura Assistida por Computador, traduzidos do inglês Computer Aided Design e Computer Aided Manufacturing. As siglas CAD/CAM tratam, na verdade, de duas tecnologias distintas, que podem interagir junto a sistemas de automação da produção, como o CAM (Computer Aided Manufacturing Manufatura Assistida por Computador), que utiliza computadores e equipamentos de controle numérico nos processos de produção. Todos os projetos produzidos pelo CAD podem ser transformados em um programa que será executado pelo CAM, ou seja, o CAD analisa o programa e demonstra na tela do computador o novo produto e o CAM, através de máquinas computadorizadas com controle numérico, executa a sua fabricação. Apenas em uma empresa de grande porte da Região Sul de Santa Catarina foi verificado a interação das duas tecnologias CAD/CAM. Na grande maioria das
13 empresas que participaram da pesquisa (em andamento) é o setor de modelagem onde os investimentos são maiores, no setor de criação utilizam para o desenho no processo criativo o CorelDRAW, o Adobe Photoshop e o Illustrator. Há uma série de softwares de moda e desenho especificamente para as pequenas empresas e designer freelancer, mas as grandes empresas de vestuário são mais propensas a usar o poderoso CAD para vestuário e programas têxteis produzidos pela Audaces, Lectra, Gerber, etc. Estes programas têm sido desenvolvidos para integrar todas as áreas do processo de vestuário e design têxtil, fazendo modelagens, classificações, e criação de vestuário através do merchandising e gerenciamento de dados. Consequentemente, estes programas são caros, mas permitem criar modelos com mais veracidade, alcançados com os recursos disponíveis para a representação automática de textura e de caimento de tecidos. As soluções tecnológicas para o setor de modelagem tornaram-se mais acessíveis, resultado da grande concorrência nesse mercado. Atualmente, buscamse muitas alternativas para não perder mercado e conquistar outras parcelas, principalmente das microempresas e pequenas empresas, que, pelo elevado custo, não compravam este tipo de tecnologia. Por isso, algumas empresas que desenvolvem software para a modelagem do vestuário, usam como estratégia ter também uma versão mais simplificada do programa, com custo menor, para conquistar esta parcela do mercado. Muitas microempresas e pequenas empresas também assumem financiamento para informatizar o setor de modelagem. Observando os dados (Gráfico 1) constata-se as médias empresas, são praticamente informatizas. Os 5% das empresas que declararam não possuir sistema computadorizado, significa que terceirizam esta etapa da produção do vestuário. As pesquisas junto às grandes empresas do vestuário comprovaram que 100% destas trabalham com a modelagem computadorizada, sendo que algumas, inclusive, possuem mais de um tipo de software, provavelmente para aproveitar diferentes benefícios. Gráfico 1 Utilização do Sistema CAD por Porte nas Empresas Catarinenses.
14 Utilização do Sistema CAD no Setor de Modelagem Grandes Empresas 100% 0% Médias Empresas 5% 95% Pequenas Empresas 84% 16% Microempresa 40% 60% Sim Não Fonte - Dados da Pesquisa de Campo (2012). O Gráfico 2 mostra os softwares mais utilizados nas empresas do Estado de Santa Catarina. Constavam no questionário, como alternativas, todos os softwares comercializados no Brasil, os nacionais e os importados. São eles: o Sistema Audaces Vestuário, Moda 01, Lectra Modaris, Gerber AccuMark, Investronica PGS, Polynest PDS, Optitex PDS, Vetigraph Optimum, PAD Elite - Pad System e RZ CAD Têxtil e outros. Gráfico 2 - Sistemas Computadorizados Usados em Santa Catarina. Sistemas Computadorizados Usados em S.C. Gerber RZ CAD Têxtil Optitex Moda 01 Investronica 4% 1% 4% 1% 3% Lectra 14% Audaces Vestuário 73% Fonte - Dados da Pesquisa de Campo (2012). Em relação ao pólo confeccionista da Região da Grande Florianópolis, a pesquisa revela que predominam micro e pequenas empresas de confecção, com a família na liderança do empreendimento. A região da Grande Florianópolis encontra-se dividida em 13 (treze) municípios: Águas Mornas, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos, Biguaçu,
15 Florianópolis, Governador Celso Ramos, Palhoça, Rancho Queimado, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, São José e São Pedro de Alcântara. O município de Florianópolis tem as suas principais atividades econômicas nos setores de comércio e serviços, estes, sobretudo nas áreas de administração pública, turismo e educação (Secretaria do Estado de Santa Catarina, 2005). Em relação ao pólo do vestuário da Região da Grande Florianópolis, a pesquisa realizada mostra que predominam micro e pequenas empresas de confecção, com a família na liderança do empreendimento. As empresas do vestuário desta região estão a muitos anos buscando a formação de uma identidade regional para a produção de moda, como as existentes em outras regiões de Santa Catarina. Uma das iniciativas na década de 1990 foi à luta para a criação do curso de moda na universidade do estado, que foi conquistado. As empresas do vestuário se ajustam perfeitamente às características ambientais desta região, por apresentar baixíssimo impacto ambiental. Além de ser, um dos pilares de sustentação da economia em razão de seu número, abrangência e capacidade de geração de empregos. Devido a alguns incentivos por parte dos órgãos públicos, há uma maior presença de empresas de vestuário nos municípios de Biguaçu, São José e Palhoça. Quanto à pesquisa de campo, esta foi realizada com junto à micro, pequenas e médias empresas de vestuário da região da grande Florianópolis. De um total de 43 (quarenta três) e empresas obteve-se 36 (trinta e seis) respondentes, ou seja 83,70% (oitenta e três e setenta por cento). Todas as pequenas e médias empresas responderam ao questionário e, dentro das microempresas 7 (sete) delas não foi possível estabelecer contato telefônico ou por . A utilização de sistemas computadorizados como pode ser constatado no Gráfico 3, na Região da Grande Florianópolis é modesta, 48% (quarenta e oito por cento). Isto se justifica pelo predomínio das micro empresas como atividade econômica complementar da família, com pouca visão empreendedora para o crescimento dos negócios. Gráfico 3 Uso do Sistema CAD - Região da Grande Florianópolis.
16 O setor de modelagem utiliza o sistema CAD para executar a modelagem do vestuário? não 52% sim 48% sim não Fonte - Dados primários, Embora a pesquisa de campo tenha revelado que as pequenas empresas da Região da Grande Florianópolis possuam modelistas, 56 % (Gráfico 4) não usam sistemas computadorizados. Neste caso, estes profissionais realizam este trabalho em um processo manual. Os profissionais da modelagem de todas as médias empresas da Região da Grande Florianópolis desenvolvem a modelagem através de sistemas computadorizados. Gráfico 4 Sistema CAD Usado na Região da Grande Florianópolis. Sistema CAD - Vestuário Utilizado Audaces Vestuário Lestra Vetigraph Molde e Encaixe Investronica Polynest Pad System Moda 01 Optitex RZ CAD Têxtil Gerber Opticad Fonte - Dados primários, Concluí-se que os resultados parciais indicam que as empresas catarinenses, independentemente do seu porte, posicionaram-se rapidamente para enfrentar os novos desafios que vieram com os avanços tecnológicos e com as novas estratégias, a fim de enfrentarem os mercados globalizados e altamente competitivos. Para as empresas do vestuário, o setor mais favorecido pela tecnologia foi o
17 de modelagem e corte. Porém, os equipamentos que mais contribuíram para este avanço são os sistemas CAD/CAM (Computer Aided Design/ Computer Aided Manufacturing). Embora as indústrias ainda considerem alto o custo destes equipamentos, já houve uma redução significativa dos preços e aumento do acesso a estes produtos por parte das empresas do vestuário. São muitos os softwares comercializados para o setor de modelagem do vestuário, mas o que lidera o mercado nesta região é o sistema Audaces Vestuário. As novas tecnologias são de fundamental importância para as indústrias do vestuário adequarem seus processos produtivos, fornecendo a flexibilidade no desenvolvimento dos produtos, na qualidade e precisão da modelagem e na redução do tempo de trabalho. Estas tecnologias contribuem na diversificação e na agilidade da produção para o lançamento das coleções. A busca por maiores índices de produtividade e competitividade, porém, depende do processo de capacitação para o uso das tecnologias e que têm que ser constantes. A aprendizagem profissional, diante da nova realidade do perfil do mercado, não deve somente voltar-se para uma etapa específica do trabalho, mas também para uma concepção evolutiva que permita a melhoria constante do aprendizado individual e organizacional. Os dados das demais etapas da pesquisa estão sendo tratados e analisados. Pretende-se descrever os procedimentos utilizados pelas empresas do vestuário do processo de capacitação e conhecimentos para uso das tecnologias implantadas nos setores produtivos, e sugerir requisitos da Gestão do Conhecimento para o processo de capacitação e aprendizagem organizacional. Referências Bibliográficas Argris, C. & Shon, D. Organizational Learning. London, Addison-Wesley, CASTELLTORT, X. CAD/CAM: metodologia e aplicações práticas. São Paulo: McGraw-Hill, DAVENPORT, Thomas H; PRUSAK, Laurence. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. 9. ed. Rio de Janeiro: Campus, FREITAS DA CUNHA, Carlos Eduardo; PINHEIRO DE LIMA, Edson; VINHAES, Elbia Aparecida Silva et al. A adoção de inovação na empresa: critérios e estratégias. Seminários de gestão da inovação tecnológica PPGEP/EPS/UFSC. Florianópolis, KUPFER, David. Padrão de concorrência e competitividade. Texto para discussão IEI/UFRJ. Rio de Janeiro, n. 265, Garvin, D. Building a Learning Organization. Harvard Business Review. July/aug., 1993
18 Hobday, M. Telecommunications in Developing Countries: The Challenge From Brazil. London, Routledge, LEMOS, C. Inovação na era do conhecimento. In: LASTRES, H. M. M.; ALBAGLI, S. (orgs). Informação e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, p OLIVEIRA DC. Análise de conteúdo temática: uma proposta de operacionalização. Texto didático e instrumentos. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro; SENGE, P. M. A Quinta Disciplina. São Paulo: Best-Seller, SILVEIRA, Icléia. Implantação da tecnologia CAD na Indústria do Vestuário um estudo de caso. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnológico, Santa Catarina, SVEIBY, K. E. A nova riqueza das organizações: gerenciado e avaliando patrimônios de conhecimento. São Paulo: Campus, UNICAMP IE UFRJ IEI FDC FUCEX Relatório final, 2000, Campinas (SP). Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira. VOISINET, D. D. CAD, Projeto e Desenho Auxiliado por Computador: Introdução, Conceitos e Aplicações. Tradução por Ricardo e Roberto Bertini Renzetti. São Paulo: McGraw-Hill, 1997, 450 p.
Modapalavra E-periódico CONHECIMENTOS DOS MODELISTAS CATARINENSES E OS SOFTWARES UTILIZADOS NOS SETORES DE MODELAGEM DO VESTUÁRIO
CONHECIMENTOS DOS MODELISTAS CATARINENSES E OS SOFTWARES UTILIZADOS NOS SETORES DE MODELAGEM DO VESTUÁRIO Icléia Silveira Doutoranda do Curso de Design PUC/RIO, Mestre em Engenharia de Produção/ UFSC;
EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO. Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui. Complexidade das tecnologias critério de avaliação que
ANEXO II Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui registro em base de patentes brasileira. Também serão considerados caráter inovador para este Edital os registros de patente de domínio público
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