JUPRUDÊNCIA DOS CONCEITOS - PUCHTA
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- Matilde Clementino Damásio
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1 JUPRUDÊNCIA DOS CONCEITOS - PUCHTA Ponto de partida: - idéia de sistema (influência de Schelling) - visão do Direito como um organismo vivo; Influência do idealismo alemão (Hegel): identificação entre o real e o racional; interpretação da realidade em referência a um princípio unitário; Influência de Savigny: caráter sistemático do Direito (Direito Romano, pandectista produção de conceitos gerais abstratos); não considera, porém, o caráter histórico (costumes, tradição, história do povo alemão) Influência de Newton: uma teoria científica não trata dos fatos do mundo, mas procura explicar como eles acontecem.
2 JUPRUDÊNCIA DOS CONCEITOS - PUCHTA Conclusão: o sistema deve procurar a unidade na diversidade, com a utilização do método lógicomatemático, através da construção lógico-científica do Direito; Imagem representativa do sistema: a pirâmide, em cujo topo se encontra um conceito supremo não jurídico (ético), do qual os conceitos jurídicos derivam até a base, decompondo-se em espécies e subespécies; Puctha, discípulo de Savigny, propõe a criação da genealogia dos conceitos, através de operações lógicoindutivas e lógico-dedutivas.
3 JUPRUDÊNCIA DOS CONCEITOS - PUCHTA Função da Ciência jurídica: verificar as etapas deste processo de derivação, conferindo a produção de cada conceito, identificando os passos intermediários da sua formação; ciência jurídica formalista e funcionalista. Exemplo prático: conceito de servidão, do Direito Romano: passos = pessoa coisa coisa alheia uso social conceito jurídico geral; A pirâmide jurídica encabeçada por um conceito ético, evolui para um exagerado abstracionismo, desviando o Direito da sua função social, tornando-se um conceitualismo vazio, abrindo caminho para o positivismo.
4 JURISP. CONCEITOS - JHERING primeira fase Ponto de partida: Direito como organismo objetivo da liberdade humana. Atribui ao Direito as qualidades de um produto da natureza. Cria o método históriconatural da ciência do Direito. Rejeita os fins sociais. Função sistemática do Direito consiste em desmontar os institutos jurídicos e as proposições jurídicas em seus elementos lógicos, combiná-los entre si de modo a extrair destes tanto as normas conhecidas como normas novas e em seguida reconstituir tudo lógicamente. Mediante a combinação de elementos diversos, a ciência pode criar novos conceitos e proposições jurídicas: os conceitos são produtivos acasalam-se e geram novos conceitos.
5 JHERING - Método e Conceito do Direito Aproxima o Direito do modelo de pensamento típico das ciências da natureza. O seu método de construção de conceitos não se alicerça num conceito supremo (como em Puchta), mas apenas na indução, semelhante ao estudo das ciências naturais. Compara com os procedimentos do alfabeto para a formação de novas palavras mediante a combinação das letras, e da química para a formação de novos corpos a partir da matéria prima dada. O Direito é como uma química jurídica formando 'corpos jurídicos'. A descoberta de novas proposições jurídicas não se deve a nenhuma necessidade prática da sociedade, mas a uma necessidade lógica: elas não podem não existir.
6 Críticas e mudança de posição Muitas críticas abalaram profundamente as estruturas intelectuais de Ihering, que passou a reconhecer a insuficiência da pandectista e começou a dar mais atenção aos problemas do seu tempo. A partir de 1861, começou a escrever cartas aos jornais, provocando debates sobre a jurisprudência e assinando como um desconhecido. Vinte anos depois (1884) ele publicou essas cartas junto com outros estudos em livro ( O que é sério e o que não é sério na jurisprudência ), reconhecendo a construção jurídica formal como algo imprestável e contraditória com o sadio entendimento. A coerência lógica nem sempre conduz à validade prática.
7 JHERING jurisprudência pragmática 2a fase A vida não provém dos conceitos, mas estes sim é que existem por causa da vida. Não é o que a lógica deduz que tem de acontecer, mas o que a vida postula é o que tem de acontecer, seja isso lógico ou ilógico. As fontes primárias dos conceitos jurídicos devem ser buscadas nas razões psicológicas e práticas, éticas e históricas, assim a dialética jurídica, na discussão sobre conceitos e princípios jurídicos, determina-se pela adequação prática do resultado. Jhering lança os pressupostos de uma jurisprudência pragmática, e não mais formalista, e propõe o elemento teleológico como norteador do Direito. Para Jhering, o fim é o criador de todo o Direito, pois não existe nenhuma norma jurídica sem uma finalidade, sem um motivo prático. Ou melhor, toda proposição jurídica deve sua existência a um motivo prático, um fim subsistente em si mesmo.
8 O fim social como criador do Direito Isso não significa que os fins são a motivação criadora do Direito como algo automático, e sim que o sujeito humano estabelece esses fins, ou seja, o novo fio condutor do pensamento de Ihering muda o foco para o sujeito dos fins, o sujeito que está por trás das proposições jurídicas, o sujeito coletivo. Um tal sujeito, que não é o legislador, só se pode descobrir na sociedade, pois esta é uma cooperação para fins comuns, em que cada qual, enquanto trabalha para os outros, trabalha também para si, e enquanto trabalha para si, trabalha também para os outros.
9 Direito, Sociedade e Estado A essência da sociedade é a promoção recíproca dos fins de todos os seus membros. Assim, para assegurar-se de que as condições de existência dos sujeitos será preservada, a sociedade precisa de regras de conduta estáveis e, para isso, cria no Estado um poder coercitivo que garanta o seu cumprimento. Desse modo, surge o Direito, ou seja, todas as proposições jurídicas têm por fim a segurança das condições de existência na sociedade e, portanto, a sociedade é o sujeito do fim de todas as proposições jurídicas. O Estado é o guardião do Direito.
10 Jurisprudência dos Interesses A hierarquização dos fins sociais resulta das necessidades vitais (apetites) de uma sociedade historicamente dada. O que uma certa sociedade humana entende como útil e relevante para si é o que determina a sua exigência de felicidade. Tal relativização dos temas jurídicos vale também para os temas morais, na medida em que as normas morais também têm por fim a subsistência e a prosperidade da sociedade; O Direito como função social e a idéia da jurisprudência pragmática foram o ponto de partida de uma jurisprudência dos interesses, desenvolvida pelos discípulos de Ihering, sobretudo por Philipp Heck.
11 Resumo da doutrina de Jhering A nova teoria de Ihering pode ser disposta em nove pontos: 1 desloca o eixo do problema do legislador (sujeito individual) para a sociedade (sujeito coletivo); 2 defende o monopólio do Estado em matéria de criação do Direito; 3 atribui a cada norma jurídica uma relação de conteúdo com um fim social determinado, motivo da existência da norma; 4 abandona a perspectiva formalista da jurisprudência dos conceitos, pela sua falta de coerência com a vida prática; 5 a compreensão da norma jurídica passa menos por uma análise lógica ou psicológica e mais por uma análise sociológica;
12 Resumo da doutrina de Jhering A nova teoria de Ihering pode ser disposta em nove pontos: 6 a hierarquização dos fins sociais resulta das necessidades vitais (apetites) de uma sociedade historicamente dada. O que uma certa sociedade humana entende como útil e relevante para si é o que determina a sua exigência de felicidade. 7 Tal relativização dos temas jurídicos vale também para os temas morais, na medida em que as normas morais também têm por fim a subsistência e a prosperidade da sociedade;
13 Resumo da doutrina de Jhering A nova teoria de Ihering pode ser disposta em nove pontos: 8 o Direito como função social e a idéia da jurisprudência pragmática foram o ponto de partida de uma jurisprudência dos interesses, desenvolvida pelos discípulos de Ihering, sobretudo por Philipp Heck. 9 A jurisprudência dos interesses considera o Direito como tutela de interesses : as leis são as resultantes dos interesses de ordem material, nacional, religiosa e ética que existem numa comunidade jurídica.
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