Supremo Tribunal Federal

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1 RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO PERNAMBUCO RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA RECTE.(S) :TATIANA IRLA TAVARES NUNES RÊGO PINHEIRO ADV.(A/S) :ALEXANDRE AUGUSTO SANTOS DE VASCONCELOS E OUTRO(A/S) RECDO.(A/S) :UNIÃO PROC.(A/S)(ES) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO DECISÃO AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. MILITARES TEMPORÁRIOS. ESTABILIDADE. LEI N /1980. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL E DE REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO- PROBATÓRIO. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. AGRAVO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO. Relatório 1. Agravo nos autos principais contra inadmissão de recurso extraordinário, interposto com base na al. a do inc. III do art. 102 da Constituição da República contra o seguinte julgado do Tribunal Regional Federal da Quinta Região: ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. MILITARES TEMPORÁRIOS. AERONÁUTICA. LICENCIAMENTO EX OFFICIO. DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA. ATO DE LICENCIAMENTO SUSPENSO. GRAVIDEZ. DIREITO SUBJETIVO À ESTABILIDADE. INEXISTÊNCIA. AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DA ISONOMIA E DA IGUALDADE.

2 INOCORRÊNCIA. APELAÇÃO DA UNIÃO E REMESSA OFICIAL PROVIDAS. APELAÇÃO ADESIVA PREJUDICADA. 1. Mandado de segurança impetrado contra o Comandante do Segundo Comando Aéreo Regional (II COMAR) a fim de ser reconhecida a ilegalidade do ato de licenciamento da impetrante, que desconsiderara a estabilidade estatutária por ela adquirida após 9 (nove) anos de efetivo serviço militar prestado à Força Aérea Brasileira, na forma da Lei nº 6924/ A apelante foi incorporada às fileiras da Força Aérea Brasileira em 02 de fevereiro de 1998, tendo sido concedidas a ela várias prorrogações de tempo de serviço, sendo a última em caráter excepcional, para a autora desempenhar suas atividades pelo nono e último ano, no Quadro de Oficiais Convocados de Médicos, Enfermeiros, Dentistas e Veterinários QOCON MEDV (período de 03/02/2006 a 30/01/2007). 3. A teor do art. 121, II, 3º, a, da Lei nº 6880/80, é cabível o licenciamento ex officio do militar temporário convocado para prestação de serviço militar em regime transitório por conclusão do tempo de serviço ou de estágio. 4. O ato de licenciamento por conveniência do serviço é discricionário, descabendo ao julgador se imiscuir no mérito dos critérios de oportunidade e adequação utilizados pela autoridade militar. 5. No caso concreto, foi editada a Portaria II COMAR Nº 14/A- 1, de , cujo teor versava sobre o licenciamento ex officio da postulante a partir de 31 de janeiro de 2007 em razão da conclusão do tempo de serviço, por força do art. 94, inc. V e art. 121, inciso II, 3º, a, ambos da Lei nº 6880/80 c/c os itens e da ICA Posteriormente, a Administração Pública, em obediência aos itens e da ICA nº 33-1, suspendeu o mencionado ato de licenciamento, em face do estado gestacional da impetrante, até os 05 (cinco) meses posteriores ao parto. 7. Mesmo gozando da estabilidade gestacional, a impetrante tinha plena consciência do termo final do prazo de prestação do serviço militar, em razão do caráter temporário do seu vínculo com a Administração Pública. 2

3 8. O ato de desligamento da autora foi apenas suspenso durante o lapso de tempo de sua gravidez, o que não legitima o cômputo desse período para efeito de transmudar o caráter do seu vínculo com a Administração Militar, de temporário para definitivo (militar de carreira). 9. Situação em que não há, nos autos, como determinar a nulidade do ato de desligamento da impetrante, por ser ato discricionário da Administração. 10. Apelação da União e remessa oficial providas. Recurso adesivo prejudicado (doc. 8, grifos nossos). Os embargos de declaração opostos foram rejeitados. 2. A Agravante alega ter o Tribunal de origem contrariado os arts. 5º, caput, e 142, 3º, incs. I, VI e X, da Constituição da República. Afirma que já ultrapassou todos os prazos limites previstos na legislação específica para aquisição da estabilidade: oito anos para as integrantes do corpo feminino; dez anos para médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários; e dez anos para praças. ( ) E não se venha argumentar que a ora recorrente não é praça, mas sim oficial temporária e por isso não haveria aplicabilidade do disposto no artigo 50, inciso IV, alínea a, da Lei n /1980. Até mesmo por uma questão de isonomia deve ser garantida a estabilidade da ora recorrente. Após a reintegração da ora recorrente ao serviço ativo por força de decisão judicial, a Aeronáutica não mais exigiu a renovação anual prevista na legislação que regula os oficiais temporários, o que demonstra, de per si, que a ora recorrente era considerada pela própria União Federal como militar de carreira (doc. 9). 3. O recurso extraordinário foi inadmitido sob o fundamento de ofensa constitucional indireta. 3

4 Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO. 4. Razão jurídica não assiste à Agravante. 5. A apreciação do pleito recursal demandaria a análise da legislação infraconstitucional aplicável à espécie (Leis ns /1980 e 6.924/1981) e o reexame do conjunto fático-probatório constante do processo. Assim, a alegada contrariedade à Constituição da República, se tivesse ocorrido, seria indireta, o que inviabiliza o processamento do recurso extraordinário. Incide, na espécie, a Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal: ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ESTABILIDADE DE MILITAR TEMPORÁRIO. COMPUTAÇÃO DE FÉRIAS NÃO GOZADAS. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. PRECEDENTES. 1. O Tribunal de origem entendeu que o período de férias não gozadas não é considerado para fins de aquisição da estabilidade, como exige o art. 50, IV, da Lei 6.880/ Discussão que envolve o reexame de legislação infraconstitucional. A alegada ofensa à Constituição Federal, se existisse, seria indireta ou reflexa, o que elide o processamento do recurso extraordinário. Precedentes. 3. Agravo regimental improvido (RE AgR, Relatora a Ministra Ellen Gracie, Segunda Turma, DJe ). AGRAVO DE INSTRUMENTO - ALEGADA VIOLAÇÃO A PRECEITOS INSCRITOS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - AUSÊNCIA DE OFENSA DIRETA À CONSTITUIÇÃO - CONTENCIOSO DE MERA LEGALIDADE - RECURSO IMPROVIDO. - A situação de ofensa meramente reflexa ao texto constitucional, quando ocorrente, não basta, só por si, para viabilizar o acesso à via recursal extraordinária (AI AgR, Relator o Ministro Celso de Mello, Primeira Turma, DJe ). AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO 4

5 EXTRAORDINÁRIO. MILITAR TEMPORÁRIO DAS FORÇAS ARMADAS. LICENCIAMENTO DOS QUADROS. O TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO DECIDIU A CONTROVÉRSIA COM BASE NA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL PERTINENTE (LEI FEDERAL N /1980 E DECRETO N. 880/1993). OFENSA INDIRETA À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. Questão restrita ao âmbito infraconstitucional, que não enseja apreciação em recurso extraordinário. 2. Agravo desprovido (RE AgR, Relator o Ministro Ayres Britto, Segunda Turma, DJe ). Nada há, pois, a prover quanto às alegações da Agravante. 6. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo (art. 544, 4º, inc. II, al. a, do Código de Processo Civil e art. 21, 1º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 18 de agosto de Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora 5