Literatura na Idade Média
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- Isaque Gil Furtado
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1 ORIGENS EUROPEIAS 1 Literatura na Idade Média >> Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 5. Estes meus olhos nunca perderam, senhor, gran coita, mentr eu vivo for. E direi-vos, fremosa mia senhor, d estos meus olhos a coita que ham. Choram e cegam quand alguem non veem, Guisado temm de nunca perder meus olhos coita e meu coraçom. E estas coitas, senhor, minhas som; mais los meus olhos, per alguem veer, choram e cegam quand alguem non veem, E nunca já poderei haver bem, pois amor ja non quer, nem quer Deus. Mais os cativos d estes olhos meus morreram sempre por veer alguem: choram e cegam quand alguem non veem, GUILHADE, J. G. de. In: VIEIRA, Y. F. Poesia medieval. São Paulo: Global, Coita: sofrimento. Mentr : enquanto. Guisado: conveniente, justo. Cativos: escravos. 1. Como o eu lírico se caracteriza neste poema? 2. Uma das principais características das cantigas de amor é a relação entre o eu lírico e sua amada. 4 De que maneira o eu lírico se refere à mulher? 4 O que isso revela a respeito da relação entre eles? 3. Identifique os versos que se repetem no poema todo. Que nome se dá a eles? 4. O poema todo se constrói a partir de uma contradição de ideias (um paradoxo). 4 Qual é o paradoxo a que nos referimos? 4 Explique esse paradoxo.
2 ORIGENS EUROPEIAS 2 5. Quanto ao desenvolvimento do poema, responda às seguintes questões. 4 As estrofes apresentam conteúdo diferente ou semelhante umas das outras? 4 O que isso sugere a respeito da poesia trovadoresca? 6. Levando em consideração a imagem a seguir, responda às questões. Biblioteca de Chantilly Deus como arquiteto do universo, miniatura do Velho testamento francês, séc. XIII. 4 Quais eram as características gerais da produção cultural durante a Idade Média? 4 Que motivos sociais e culturais fizeram do servilismo uma característica definidora da produção literária dos trovadores? >> Leia a cantiga a seguir para responder às questões de 7 a 9. Senhor fremosa, pois que me non queredes creer a coita n que me tem amor, por meu mal é que tan bem parecedes e por meu mal vos filhei por senhor, e por meu mal tan muito bem oi dizer de vós, e por meu mal vos vi, pois meu mal é quanto bem vós avedes. E, pois vos vós da coita non nembrades, nen do afan que m amor faz prender, por meu mal vivo mais ca vós cuidades e por meu mal me fezo Deus nacer e por meu mal non morri u cuidei como vos viss e por meu mal fiquei vivo, pois vós por meu mal ren non dades.
3 ORIGENS EUROPEIAS 3 D esta coita n que me vós te~edes, em que oj eu vivo tan sen sabor, que farei eu, pois mia vós non creedes? que farei eu, cativo pecador? que farei eu, vivendo sempr assi? que farei eu, que mal dia naci? que farei eu, que me vós non valedes? E, pois que Deus non quer que me valhades nem me queirades mia coita creer, que farei eu, por Deus que mi o digades? que farei eu, se logo non morrer? que farei eu, se mais a viver ei? que farei eu, que conselho non sei? que farei eu, que vós desamparades? SOARES, Martim. In: Poesia e prosa medievais. 2. ed. Lisboa: Biblioteca Ulisseia de autores portugueses, s.d. 7. O poema transcrito é uma cantiga de amor. Como o eu lírico se dirige a seu interlocutor? O que isso indica a respeito da relação entre os dois? 8. De que forma o teocentrismo medieval é sugerido nesta cantiga? 9. Há uma expressão repetida muitas vezes na cantiga, e que dá a ela o tom característico desse tipo de poesia. Que expressão é essa, e o que ela indica sobre a cantiga de amor? >> Leia o poema a seguir para responder às questões 10 e 11. Quantas sabedes amar amigo treides comig a lo mar de Vigo: Quantas sabedes amar amado treides comig a lo mar levado: Treides comig a lo mar de Vigo E veeremo-lo meu amigo: Treides comig a lo mar levado e veeremo-lo meu amado: CODAX, Martim. Literatura galega medieval II. Antologia (lírica e prosa). Santiago de Compostela: Edicions Gotelo Blanco, 1990.
4 ORIGENS EUROPEIAS Você deve ter percebido que a estrutura deste poema é repetitiva, característica das cantigas de amigo. 4 Faça um esquema dos versos da cantiga, utilizando letras diferentes para versos diferentes. Os versos paralelos devem ser identificados (por exemplo, use a para um verso, e a para um verso semelhante). Indique o refrão com a letra R. 4 O eu lírico do poema é masculino ou feminino? A quem ele dirige seu convite? 4 Qual o cenário sugerido pela cantiga? 11. Compare essa cantiga com a analisada anteriormente. Qual delas apresenta uma estrutura poética mais elaborada? Explique essa diferença a partir da origem de cada tipo de cantiga. 12. Leia atentamente o texto a seguir. (Gornemant de Goort ensina ao jovem Perseval os deveres do cavaleiro) Querido irmão, se precisares lutar contra um cavaleiro, lembra-te do que vou dizer: se és tu quem ergue a cabeça [...] e se ele se vê forçado a pedir piedade, não o mates estupidamente, mas concede-lhe a misericórdia. Por outro lado, não sejas nem muito tagarela nem muito curioso [...]. Aquele que fala demais comete um pecado; previne-te, pois. E se encontrares uma dama ou uma donzela em apuros, eu te imploro: faze o que estiver ao teu alcance para lhe prestar socorro. Termino com um conselho que não convém sobretudo desdenhar: entra seguidamente num mosteiro, e reza ao Criador de todas as coisas, para que Ele tenha piedade da tua alma e que nesta vida terrena te proteja enquanto cristão. TROYES, Chrétien de. In: PASTOREAU, Michel. A vida cotidiana no tempo dos Cavaleiros da Távola Redonda. São Paulo: Companhia das Letras, (Fragmento). 4 O texto acima foi extraído de uma novela de cavalaria. Ele mostra Gornemand de Goort aconselhando um cavaleiro iniciante, Perseval. Quais deveriam ser as virtudes de um cavaleiro, segundo o texto? 13. Procure, no quadro a seguir, identificar resumidamente as características da produção poética do trovadorismo galego-português. CANTIGAS LÍRICAS CANTIGAS SATÍRICAS Características Cantiga de Amor Cantiga de Amigo Cantiga de Escárnio Cantiga de Maldizer Eu lírico Temas mais frequentes Personagens Cenário
5 ORIGENS EUROPEIAS 5 >> O texto a seguir apresenta considerações sobre os temas desenvolvidos pelos trovadores provençais. Com base no texto e em seus conhecimentos sobre o assunto, responda às questões 14 e 15. Quanto aos temas, elaboraram os provençais o ideal do amor cortês, muito diferente do idílio rudimentar nas margens dos rios ou à beira das fontes. [ ] Não se trata agora de uma experiência sentimental a dois, mas de um estado de tensão que, para permanecer, nunca pode chegar ao fim do desejo. Manter este estado de tensão parece ser o ideal do verdadeiro poeta, como se o movesse o amor do amor, mais do que o amor a uma mulher. SARAIVA, A. J. e LOPES, O. História da Literatura Portuguesa. 17. ed. Porto: Porto, s.d. (Fragmento). 14. O texto transcrito faz referência a que modalidade da poesia trovadoresca? Justifique sua resposta. 15. Explique o significado da frase: mas de uma aspiração, sem correspondência, a um objeto inatingível.
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