Manifestação da Área Técnica que lastreia a decisão do Senhor Chefe de Gabinete da Pasta:

Transcrição

1 Prezados, Segue resposta à IMPUGNAÇÃO ao Edital da Tomada de Preços n.º 01/2016, que Elaboração de Projetos Básicos de Arquitetura e de Engenharia e Projetos Legais para Posterior Contratação das Obras de Reforma e Ampliação do Hospital Estadual Manoel de Abreu Bauru: A IMPUGNAÇÃO ao Edital desta licitação contém a seguinte estrutura de argumentação: I DA EXIGÊNCIA DE ARQUITETO PARA DETALHAMENTO DO PROJETO ARQUTETÔNICO, MEMORIAL DESCRITIVO, MEMORIAL DESCRITIVO, ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DOS MATERIAIS E COMPATIBILIZAÇÃO DE TODOS OS PROJETOS, COM COMPROVADA EXPERIÊNCIA NA ÁREA HOSPITALARE. ILEGALIDADE. RESTRIÇÃO NÃO ABERCA PELA COMPETÊNCIA REGULAMENTAR DOS ENGENHEIROS PARA O DESEMPENHO DA ATIVIDADE; I.2 DA APLICABILIDADE DESTAS CONSIDERAÇÕES AO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO PREVISTO NA LEI II I. DOS PEDIDOS Assim, pede e requer a licitante o conhecimento da presente impugnação, quanto às matérias nele ventiladas, para que seja retificado e/ou oferecidas explicações sobre: A) EXIGÊNCIA DO PROFISSINAL ARQUITETO PARA COMPOSIÇÃO DA EQUIPE TÉCNICA MÍNIMA, COM CAPACITAÇÃO PARA PROJETO ARQUITETÔNICO E COORDENAÇÃO DE PROJETO, VEZ QUE ESTA ATIVIDADE NÃO É PRIVATIVA DE ARQUITETO, ATO FLAGRANTEMENTE ILEGAL, CONFORME CAT EM ANEXO, EMITIDOS PELO CREA-MG, BEM COMO CERTIDÃO DE HABILITAÇÃO PROFISSIONAL DA SRA. R.M.; E, após, seja dado provimento a este, por imperativo de justiça e de garantia da concorrência ampla no procedimento licitatório, bem como para a salvaguarda do interesse público na obtenção do menor preço global para a execução do objeto licitado, objetivo maior dos procedimentos licitatórios, por imperativo de moralidade e legalidade Constitucionais (art. 37, CF 1988). Manifestação da Área Técnica que lastreia a decisão do Senhor Chefe de Gabinete da Pasta: A empresa IMPUGANTE apresentou, tempestivamente, Impugnação ao Edital, objetando, em síntese, a disposição do edital contida no Item 2. Condições Gerais, subitem B, e subitem 1.2, constante dos Critérios de Pontuação, do Anexo XIII, do edital, abaixo transcritos: 1

2 a. Equipes técnicas mínimas A equipe técnica contratada mínima para a elaboração dos Projetos Completos será composta de: 01 (um) arquiteto responsável pelo detalhamento do projeto de arquitetura, memorial descritivo, especificações técnicas dos materiais e compatibilização de todos os projetos, com comprovada experiência na área hospitalar; (...) E: 1.2 Arquiteto Responsável pelos Projetos de Arquitetura Atestados e respectivas CAT s em que esteja comprovada a participação do profissional do quadro permanente do licitante indicado como responsável pelos projetos de arquitetura: a) 50 pontos para área projetada igual ou superior a m², em, no máximo, 1 (um) atestado; b) 30 pontos para área projetada igual ou superior a m², em, no máximo, 2 (dois) atestados; c) 10 pontos para área projetada igual ou superior a m², em, no máximo, 1 (um) atestado. A pontuação da Equipe Técnica Principal será obtida pelo somatório de pontos acima discriminado, considerando-se o máximo de 100 (cem) pontos EQUIPE TÉECNICA PRINCIPAL ET PROFISSIONAIS ATESTADOS PONTUAÇÃ O 1 atestado 3.000m² 50 pontos COORDENADOR GERAL 2 atestados 30 pontos 3.000m² 1 atestado 1.500m² 10 pontos 1 atestado 3.000m² 50 pontos ARQUITETO RESPONSÁVEL 2 atestados 30 pontos PELOS PROJETOS DE 3.000m² ARQUITETURA 1 atestado 1.500m² 10 pontos TOTAL EQUIPE TÉCNICA PRINCIPAL RESULTADO expor: No entanto, descabe razão ao Impugnante, conforme razões que passamos a Primeiramente, diante das razões expostas na peça de Impugnação apresentada pela Impugnante, percebe-se que a sua insatisfação decorre do inconformismo com a novel legislação instituída pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU-BR, Lei nº , de 31 de dezembro de 2010, cujas atividades, atribuições e campos de atuação privativos vieram a ser normatizados posteriormente, com a edição da Resolução n 51, de 12 de julho de

3 Anteriormente, a Lei nº 5.194/1966 regulava o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, em conjunto com o Decreto nº /33, Decreto nº /33 e Resoluções n os 218 e do CONFEA. Ocorre que a legislação então vigente foi se tornando obsoleta, na medida em que as atividades dos profissionais vinculados a esta regulamentação eram tratados de forma genérica pelo Sistema CONFEA/CREA, sendo que várias atividades, atribuições e campos de atuação, que, por sua natureza, caberiam exclusivamente aos arquitetos e urbanistas, eram compartilhadas pelos profissionais das outras áreas de atuação reguladas sob a égide desta legislação. Tal problemática foi então solucionada, ao menos, parcialmente, com o advento da Lei nº /2010, que efetivou a individualização da área de Arquitetura e Urbanismo e para sua diferenciação em relação às demais profissões regulamentadas. Assim, fica claro que o legislador editou norma especial, que prevalece sobre a geral, ao diferenciar as atividades/atribuições do profissional de arquitetura e urbanismo dos outros profissionais regulamentados pelo CONFEA/CREA, dada a especificidade de suas atividades. O próprio impugnante narra, em seu documento, que as atividades elencadas pela Lei nº 5.194/1966 foram normatizadas de forma genérica. Não é o que acontece na Resolução nº 51/2013, que em seu artigo 2º, a, destaca expressamente que se trata de atividade privativa do arquiteto e urbanista o desenvolvimento de projeto arquitetônico de edificação ou de reforma de edificação. Oportuna a transcrição dos artigos mencionados: Lei nº 5.194/1966 Art. 7º As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e do engenheiro-agrônomo consistem em: a) desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, paraestatais, autárquicas, de economia mista e privada; b) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária; c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica; d) ensino, pesquisas, experimentação e ensaios; e) fiscalização de obras e serviços técnicos; f) direção de obras e serviços técnicos; g) execução de obras e serviços técnicos; h) produção técnica especializada, industrial ou agro-pecuária. Parágrafo único. Os engenheiros, arquitetos e engenheiros-agrônomos poderão exercer qualquer outra atividade que, por sua natureza, se inclua no âmbito de suas profissões. (grifos nossos) 3

4 Resolução CAU-BR nº 51/2013 Art. 2 No âmbito dos campos de atuação relacionados nos incisos deste artigo, em conformidade com o que dispõe o art. 3º da Lei n , de 2010, ficam especificadas como privativas dos arquitetos e urbanistas as seguintes áreas de atuação: I - DA ARQUITETURA E URBANISMO: a) projeto arquitetônico de edificação ou de reforma de edificação; b) projeto arquitetônico de monumento; c) coordenação e compatibilização de projeto arquitetônico com projetos complementares; d) relatório técnico de arquitetura referente a memorial descritivo, caderno de especificações e de encargos e avaliação pós-ocupação; e) desempenho de cargo ou função técnica concernente à elaboração ou análise de projeto arquitetônico; f) ensino de teoria, história e projeto de arquitetura em cursos de graduação; g) coordenação de curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo; h) projeto urbanístico; (grifos nossos) i) projeto urbanístico para fins de regularização fundiária; j) projeto de parcelamento do solo mediante loteamento; k) projeto de sistema viário urbano; l) coordenação e compatibilização de projeto de urbanismo com projetos complementares; m) relatório técnico urbanístico referente a memorial descritivo e caderno de especificações e de encargos; n) desempenho de cargo ou função técnica concernente à elaboração ou análise de projeto urbanístico; e o) ensino de teoria, história e projeto de urbanismo em cursos de graduação; Ora, é exatamente este o objeto da licitação: Elaboração de Projetos Básicos de Arquitetura e de Engenharia e Projetos Legais para Posterior Contratação das Obras de Reforma e Ampliação do Hospital Estadual Manoel de Abreu - Bauru, estando, portando, adequado o edital, em total conformidade com a legislação em vigor, não havendo fundamento as razões invocadas pelo Impugnante. Outrossim, na hipótese de se considerar um conflito aparente de normas entre a legislação primária (CONFEA) e a legislação posterior e específica (CAU-BR), o deslinde não cabe ao Administrador que, no seu crivo para efetivar a contratação, deve se ater apenas em não extrapolar os ditames legais, não estipulando requisitos desproporcionais ou inadequados ao objeto da licitação, estando totalmente respaldados os requisitos impostos para o efetivo êxito na contratação. Noticia o Impugnante que há, ainda, um certo dissenso entre CONFEA e CAU- BR acerca de quais atividades seriam particularizadas ao profissional de arquitetura e urbanismo. Esta situação ensejou, recentemente, a recomendação da Consultoria Jurídica da Secretaria da Habitação, documento CJ/SH nº 434/2015, que data do dia 26/08/2016, p.p., no sentido de que os projetos urbanísticos e de parcelamento de solos doravante recebidos para análise pelo Órgão devem seguir a disposição normativa em vigor, vale dizer, devem ser elaborados e subscritos por arquitetos, no que toca às áreas de arquitetura e urbanismo. Não obstante, ainda que se entenda haver conflito de normas entre a Lei nº 5.194/66, as leis editadas posteriormente, e o edital, certo é que a legislação não proíbe as 4

5 exigências de qualificação de aptidão, não restando dúvida sobre a coesão do edital em tela, devendo prevalecer a estipulação que prescreve a especialidade do profissional de arquitetura. Certo é que a Lei nº 8.666/93 estabelece imposições ao Administrador, mas a determinação prevista no edital consentânea à necessidade da presença do profissional de arquitetura é de suma importância para a execução do objeto do certame, já que este profissional possui formação diferenciada, haja vista que conhece, com profundo vigor, aspectos diferentes da formação do engenheiro, como formas de organização, fluxo de pessoas, bens, mercadorias, informações, o atendimento às boas práticas de acessibilidade, e por fim, uma visão mais humanística, diferentemente do profissional de engenharia, que tem uma formação acadêmica mais voltada a área técnica como estabilidade das construções, desenvolvimento de novos materiais, de novas técnicas construtivas, melhor desempenho dos materiais, economicidade, menor tempo de construção, melhor custo/benefício. Sendo assim, inconteste que o edital não viola o princípio da isonomia, já que a atividade discricionária do administrador se coaduna exatamente com o objeto da contratação, NÃO PROSPERA A IMPUGNAÇÃO apresentada, sendo que as exigências contidas no edital não violam qualquer disposição legal ou regulamentar, amoldando-se perfeitamente aos princípios que regem a atividade administrativa, mais precisamente, os procedimentos licitatórios, estando em conformidade com os ditames constitucionais e infraconstitucionais que regem a Administração Pública. Por certo que a Administração Pública adotou as providências legais e úteis, vislumbrando as peculiaridades da presente licitação, que visa, sobretudo, resguardar o interesse público, sem restringir imotivadamente a livre participação dos licitantes. Sugere-se NEGAR PROVIMENTO à Impugnação, mantendo-se as condições ali exigidas. Teor da Decisão em Despacho do Senhor Chefe de Gabinete de 30/08/2016 À vista da IMPUGNAÇÃO apresentada pela empresa, de acordo com os documentos acostados sob fls. 400/446, apresentamos a manifestação do Grupo Técnico de Edificações, em Informação GTE n.º 876/2016 às fls. 447/451, que acolho, encaminhe-se o presente processo ao Senhor Chefe de Gabinete para conhecimento e apreciação, com proposta de ser NEGADO PROVIMENTO pelos fundamentos da área técnica, Equipe de Licitação 5